PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO N /

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1 PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO N / Relator: Requerente: Requerido: Conselheiro LUCIANO NUNES MAIA FREIRE LUIZ FERNANDO BANDEIRA DE MELLO FILHO Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul D E C I S Ã O Vistos. Trata-se de procedimento de controle administrativo, com pedido liminar, instaurado por provocação de LUIZ FERNANDO BANDEIRA DE MELLO FILHO, Conselheiro Nacional do Ministério Público, em face do Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul. De acordo com o requerente, o eminente Corregedor Nacional de Justiça, Ministro HUMBERTO MARTINS, proferiu decisão, nesta data, nos autos do Pedido de Providências nº , determinando que o Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul se abstenha de pagar auxílio-transporte a seus magistrados, até que haja pronunciamento definitivo sobre a matéria por aquele egrégio Órgão de Controle Externo. A par disso, e considerando ter conhecimento que o Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul também vem realizando o pagamento de tal verba a seus membros, requer, com base no princípio da simetria entre as carreiras do Ministério Público e da Magistratura, o deferimento de medida liminar, inaudita altera pars, para a adoção de medida semelhante em relação ao MP/MS, até o julgamento, em definitivo, da matéria pelo Plenário deste CNMP. 1/5

2 Vieram-me os autos, por força no disposto no art. 2º 1, da Portaria CNMP- PRESI nº 66, de 5 de julho de 2017, ou seja, por ser o Conselheiro de plantão em razão do recesso forense. É o relatório; passo a decidir o pedido liminar. Nos processos de competência do Conselho Nacional do Ministério Público, cabe ao Conselheiro Relator conceder liminar ou cautelar, quando existentes a probabilidade do direito pleiteado e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo em razão da demora do provimento em definitivo, conforme art. 43, VIII, do RICNMP. O que se põe em foco no presente procedimento de controle administrativo é a simetria constitucional existente entre as carreiras da magistratura e do Ministério Público (art. 129, 4º, da Constituição Federal), notoriamente reconhecida pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, conforme se extrai, por exemplo, dos seguintes julgados: Agravo regimental na reclamação. Súmula Vinculante nº 37. Óbice ao pagamento de parcela. Ato normativo editado pelo Conselho Nacional de Justiça (Resolução nº 133/2011). Simetria constitucional entre as carreiras da magistratura e do Ministério Público (CF/88, art. 129, 4º). Competência do Plenário do STF. Agravo regimental provido e reclamação julgada parcialmente procedente. 1. Não há competência originária do Supremo Tribunal Federal para solucionar, caso a caso (CF/88, art. 102, I, n), controvérsia que envolva pretensão ao reconhecimento do direito de magistrado com base na simetria entre sua carreira e a do Ministério Público (AO nº 2.126/PR-AgR). 2. Com a sistemática da repercussão geral, a competência do STF para julgar a matéria constitucional é exercida no representativo da controvérsia (RE nº /AL Tema 966; RE nº /SC Tema 976), competindo aos demais órgãos do Poder Judiciário a concretização do precedente, mediante juízo de adequação da ratio decidendi do STF nos processos de matéria constitucional idêntica. 3. A tutela jurisdicional na presente reclamatória deve ser eficaz no sentido de obstar o pagamento a magistrado de vantagem pecuniária instituída pelo Poder Legislativo à carreira do Ministério Público (SV nº 37), sem, contudo, esvaziar a competência do Plenário para decidir seja na ADI nº 4.822/PE, seja nos RE nºs /AL e /SC - a matéria constitucional específica debatida no caso concreto. 4. Agravo regimental provido e reclamação julgada 1 Art. 2 No período de 20 de dezembro a 6 de janeiro, inclusive, não haverá expediente na Secretaria do CNMP. 1 No período previsto no caput, o CNMP funcionará em regime de plantão, das 13h às 18h, para atendimento de demandas urgentes. 2 Por deliberação plenária, serão indicados os conselheiros que responderão pelo plantão. 2/5

3 parcialmente procedente, de modo a se cassar a decisão impugnada e determinar o sobrestamento do processo em referência perante a autoridade reclamada até que sobrevenha decisão do STF na ADI nº 4.822/PE ou nos Temas 966 e 976 de repercussão geral (o que ocorrer primeiro), após o que, deverá ela proceder a novo julgamento da causa como entender de Direito. (Rcl AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 14/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-216 DIVULG PUBLIC ) Agravo regimental na reclamação. Súmula Vinculante nº 37. Simetria constitucional entre as carreiras da Magistratura e do Ministério Público (CF/88, art. 129, 4º, e Resolução nº 133/2011). Princípio da colegialidade. Agravo regimental provido, com a ressalva do posicionamento pessoal do Relator, para julgar parcialmente procedente a reclamação e, cassando a decisão impugnada, determinar o sobrestamento do processo em referência perante a autoridade reclamada até que sobrevenha decisão do STF na ADI nº 4.822/PE ou nos Temas 966 e 976 de repercussão geral (o que ocorrer primeiro), após o que deverá ela proceder a novo julgamento da causa como entender de direito. 1. Até que sobrevenha decisão do STF na ADI nº 4.822/PE ou nos Temas 966 e 976 de repercussão geral (o que ocorrer primeiro), a eficácia da Súmula vinculante nº 37 obsta que o Poder Judiciário, no exercício da jurisdição, defira o pagamento de parcela remuneratória a magistrado com fundamento na alegada simetria constitucional com a carreira do Ministério Público (CF/88, art. 129, 4º) ou na Resolução nº 133/2011 do CNJ. 2. Agravo regimental provido, com a ressalva do posicionamento pessoal do Relator, para julgar parcialmente procedente a reclamação e, cassando a decisão impugnada, determinar o sobrestamento do processo em referência perante a autoridade reclamada até que sobrevenha decisão do STF na ADI nº 4.822/PE ou nos Temas 966 e 976 de repercussão geral (o que ocorrer primeiro), após o que deverá ela proceder a novo julgamento da causa como entender de direito. (Rcl AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 07/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-192 DIVULG PUBLIC ) Com efeito, em recente decisão proferida nos autos da Ação Ordinária nº 1773/DF, em que se discute o direito ao auxílio-moradia aos magistrados e membros do Ministério Público, o eminente Ministro Luiz Fux ressaltou que a a simetria representa, também, a necessidade de que se assegure aos magistrados um regime de garantias e benefícios funcionais não inferior àquele existente para os que presentam o Ministério Público. Ademais, conforme ressaltou o Ministro Luiz Fux, na decisão proferida 3/5

4 recentemente nos autos da Ação Ordinária nº 1773/DF, em um Estado Democrático de Direito, há de se ter em foco a justa equalização das situações sub judice, não podendo o Judiciário se afastar completamente do cenário econômico e da realidade orçamentária. Sendo assim, não bastasse o princípio da simetria, a controvérsia trazida à lume neste feito também possui relevância do ponto de vista econômico. Isso porque, sob esse prisma, não se pode perder de vista que o estado brasileiro atravessa um dos momentos mais delicados de sua história. Nesse contexto, o CNMP assume um papel fundamental no controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público brasileiro e, notadamente, no que tange à definição de parâmetros relacionados ao subsídio dos agentes ministeriais. Destarte, a plausibilidade jurídica do pedido encontra-se consubstanciada no princípio da simetria existente entre as carreiras do Ministério Público e magistratura, a considerar a decisão proferida pelo eminente Corregedor Nacional de Justiça, Ministro HUMBERTO MARTINS, nesta data, nos autos do Pedido de Providências nº De outro giro, o perigo da demora encontra-se configurado ante a possibilidade de dano irreversível ao erário, na hipótese de restar demonstrada, futuramente, a ilegalidade da verba indenizatória em apreço. Impede destacar, por oportuno, que muito embora o tema pagamento de auxílio-transporte a membros do MP/MS tenha sido analisado, em momento anterior, nos autos do Pedido de Providências nº / , é inegável que, no atual cenário, existe um fato superveniente capaz de alterar o entendimento adotado em decisão monocrática proferida naquele feito, qual seja: a decisão proferida pelo eminente Corregedor Nacional de Justiça, Ministro HUMBERTO MARTINS, nesta data, nos autos do Pedido de Providências nº , determinando que o Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul se abstenha de pagar auxíliotransporte a seus magistrados, até que haja pronunciamento definitivo sobre a matéria 4/5

5 pelo CNJ. Nesses termos, em juízo precário e urgente, próprio das medidas liminares, tem-se por plausível a medida requestada pelo eminente Conselheiro Nacional requerente. Ante o exposto, com base no poder geral de cautela; no princípio da simetria constitucional existente entre as carreiras da magistratura e do Ministério Público (art. 129, 4º, da Constituição Federal); e na decisão proferida pelo Corregedor Nacional de Justiça nos autos do Pedido de Providências nº , concedo tutela provisória de urgência para determinar ao Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul que se abstenha, imediatamente, de pagar auxílio-transporte a seus membros, até que haja pronunciamento definitivo sobre a matéria pelo Plenário deste Conselho Nacional do Ministério Público. Notifique-se, com urgência, o Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul para cumprimento desta decisão e para que, no prazo de 15 (quinze) dias, preste informações que julgar pertinentes ao deslinde da controvérsia, nos termos do art. 126, do RICNMP. Demais expedientes necessários. Brasília-DF, 21 (vinte e um) de dezembro de LUCIANO NUNES MAIA FREIRE Conselheiro Nacional Plantonista assinado digitalmente (artigo 6º, 2º, da Portaria/PRESI nº 63/2015) 5/5