O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA VISÃO DOS (AS) MESTRANDOS (AS) DO PROFLETRAS/CH/UEPB Carlos Valmir do Nascimento (Mestrando Profletras/CH/UEPB) E-mail: Valmir.access@hotmail.com Orientador: Prof. Dr. Juarez Nogueira Lins (CH/UEPB) E-mail: Junolins@yahoo.com.br RESUMO O ensino de Língua Portuguesa encontra-se em uma situação bastante crítica, pois os estudantes não estão se apropriando dos conteúdos ministrados, não aprendem a norma padrão do nosso idioma, não se tornam leitores assíduos e proficientes, nem melhoram a sua competência comunicativa ao ponto de serem bons produtores de textos escritos, de acordo com os gêneros mais usados na sociedade. Diante desse quadro, o que pensam os (as) mestrandos (as) sobre o ensino de Português? O Profletras é uma tentativa institucional de minimizar essas dificuldades, uma vez que uma de suas finalidades é a capacitação de professores efetivos, que estudam as novas teorias, discutem os problemas relacionados ao ensino da língua materna, para posteriormente aplicarem, na sua prática docente, por meio de ações interventivas, esses conhecimentos adquiridos. Atualmente em nossas escolas, nota-se um ensino de língua voltado para as questões gramaticais, de maneira descontextualizada e pouco atrativa. Este trabalho, cuja metodologia foi uma entrevista, por meio de questionário, com três professores cursistas do Mestrado Profissional em Letras, tem o objetivo de refletir sobre os processos de ensino e aprendizagem desse componente curricular, a partir da visão dos (as) professores (as) que atuam no Profletras. Assim, chegamos à conclusão de que a instituição escolar precisa conscientizar os seus alunos, quanto à importância e valorização da língua materna para a formação de cidadãos críticos e conscientes dos seus direitos e deveres e, então, utilizar práticas realmente eficazes para se ampliar e desenvolver as habilidades discursivas e linguísticas dos educandos, ao ponto de formar leitores e bons produtores de textos escritos. Palavras-chaves: leitura, escrita, competência comunicativa. INTRODUÇÃO As práticas pedagógicas utilizadas nas aulas de Português não estão contribuindo para a formação de leitores assíduos nem para a ampliação da competência comunicativa dos educandos, de forma a se tornarem bons produtores de textos orais e escritos.
Nas Considerações gerais sobre o ensino de Português, discutimos algumas contradições existentes entre a teoria e a prática do nosso idioma. Em seguida, enfatizamos algumas perspectivas para as aulas de língua materna, apresentamos a metodologia da nossa pesquisa e a discussão dos dados. Nas considerações finais, realizamos uma breve reflexão sobre o papel da escola. O nosso aporte teórico baseou-se nas obras de Antunes (2009), Almeida (2002) e PCN (1998). Como procedimentos metodológicos, realizamos uma entrevista com três mestrandos do Profletras, através de um questionário, e fizemos uma análise reflexiva das respostas para chegarmos aos resultados. Dessa forma, este trabalho tem o objetivo de refletir sobre o ensino de Língua Portuguesa a partir da visão dos (as) professores (as) cursistas que atuam no Mestrado Profissional em Letras. 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA O ensino da nossa língua materna tem-se mostrado um tanto contraditório em relação àquilo que é ensinado na teoria e o que se observa na prática cotidiana do nosso idioma. Diferentemente das escolas particulares, onde há um professor para gramática, outro para leitura e compreensão de textos e ainda um terceiro para ensinar apenas produção textual, havendo, assim, uma prática pedagógica esfacelada da nossa língua, nas escolas públicas, apenas um professor é responsável para ministrar todos os conteúdos de Português. E isso possibilita ao profissional uma visão mais completa do educando acerca da aprendizagem da língua. Porém, o educador corre o risco de enfocar mais um aspecto do conteúdo em detrimento de outros. Quando o docente trabalha mais a leitura e a compreensão de textos, muitas vezes não é compreendido pela comunidade escolar, que começa a cobrar o ensino da gramática da forma tradicional. A grande contradição existente reside no fato de que mesmo aqueles docentes que privilegiam o ensino da gramática tradicional, às vezes até mesmo em detrimento das aulas de leitura e compreensão textual, não conseguem fazer com que os educandos ponham em prática, nas produções de textos orais ou escritos, as
regras gramaticais estudadas, devido à grande dificuldade na aquisição da norma padrão. E que, para muitos, esse é um dos fatores do fracasso escolar. E assim a escola, que deveria proporcionar meios para que os educandos se tornem leitores críticos e bons produtores de textos, perde-se em críticas infundadas. E tudo isso só vai contribuir para o fracasso escolar no componente curricular da nossa língua materna. 2. PERSPECTIVAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: A VISÃO DOS (AS) MESTRANDOS (AS) Linguistas e outros especialistas criticam a forma como a gramática da nossa língua é ensinada nas escolas. Um ensino descontextualizado, em que se explicam as regras do idioma, pautadas em frases isoladas. Um ensino de Português que não está voltado para o uso real da língua, para a formação de leitores assíduos, de produtores textuais eficientes. Há todo um processo que, na prática, não contribui para ampliar a competência linguística dos estudantes. 2.1. Metodologia e Instrumento da Pesquisa A nossa pesquisa foi realizada com três mestrandos do Profletras da UEPB, do campus III de Guarabira, todos professores da Educação Básica, aos quais fizemos uma entrevista por meio de um questionário, perguntando sobre o seu ponto de vista em relação ao ensino de Língua Portuguesa. Com a devolução do material prontamente respondido, tratamos de ler e analisar as respostas dadas, de forma a verificar as opiniões dos alunos do Mestrado acerca dos processos de ensino e aprendizagem do nosso idioma. 2.2. Apresentação e Discussão dos Dados da Pesquisa Após a leitura do material, transcrevemos a seguir as respostas dadas. Depoimento 01: Por causa das diversas formas de fazer uso da Língua Portuguesa, o ensino da norma culta ou variedade padrão tem sido bastante complexa. O seu uso depende do contexto social no qual cada indivíduo está
inserido. A escola precisa priorizar o ensino da língua, mas isso exige que o professor estabeleça um paralelo entre as variedades linguísticas presentes em vários grupos da sociedade e a variedade padrão. [...] Depoimento 02: Considero [o ensino] complexo, quando desvinculado do contexto dos alunos. Até o século XIX e meados do século XX, o ensino de Língua Portuguesa se restringia basicamente em ensinar o aluno a ler e escrever bem; [...] baseavam-se nas características descritivas e normativas da língua. [...] Atualmente, o ensino da Língua Portuguesa [...] passou a ter foco nas práticas de oralidade e de comunicação do cotidiano dos alunos, mesclando atividades de fala, leitura e produção de textos [...], interagir com o outro de forma oral, escrita [...]. Depoimento 03: Acho que o ensino de Língua Portuguesa deve ser melhorado em nível nacional. As escolas, especificamente as públicas, têm falhado muito, pois priorizam o ensino de uma gramática descontextualizada, em vez de enfatizar as importantíssimas aulas de leitura e compreensão textual, de maneira a formar leitores e bons produtores de textos. Que a gramática normativa seja ensinada em sintonia com os diversos gêneros textuais. Realizando uma análise acerca das respostas dos mestrandos, observamos que a primeira enfoca a importância de priorizar o ensino da norma padrão, dependendo do contexto social do aprendiz e estabelecendo-se um paralelo entre as variedades linguísticas dos grupos sociais. O cursista não frisou a importância de se trabalhar as questões relacionadas à leitura. O segundo depoimento estabelece uma breve comparação do ensino de Português realizado no século passado com o da atualidade, ressaltando principalmente a leitura e a escrita como formas de interação, em atividades de compreensão e reflexão de textos orais e escritos. O terceiro tece uma crítica ao ensino nacional de Português e, principalmente às escolas que falham na formação de leitores proficientes e bons produtores de textos. Enfatiza, essencialmente, a importância da leitura e da escrita de textos. Mediante as situações expostas anteriormente, a escola envolve-se em uma grande problemática, em que sua maior preocupação deve ser a leitura e a escrita dos alunos. O que observamos é que o estabelecimento de ensino não atinge seus objetivos, principalmente em relação a esses dois aspectos. Recomenda-se um ensino de língua materna voltado para a prática de leitura, compreensão e produção
dos mais variados gêneros textuais, de forma a ampliar a competência comunicativa dos alunos. Almeida (2002, p.16) assevera: Sem fazer a crítica verdadeira, histórica, do saber que coloca aos alunos, a escola considera todo e qualquer conteúdo válido, muitas vezes baseado em preconceitos, ignorâncias, verdades incontestáveis, dogmáticas. Ao selecionar os conteúdos a ser ministrados durante o ano letivo, a escola deve fazê-lo levando-se em consideração a realidade de sua clientela estudantil. O ato de ler precisa acontecer, de forma que o discente [...] compreenda a leitura em suas diferentes dimensões o dever de ler, a necessidade de ler e o prazer de ler [...]. (PCNs, 1998, p. 51). CONSIDERAÇÕES FINAIS São muitos os desafios a serem enfrentados pelo estabelecimento de ensino. No entanto, é preciso que a escola supere as suas próprias dificuldades e reflita sobre o seu verdadeiro papel na sociedade, para que possa atuar no processo de orientação da sua clientela estudantil, de modo a conscientizá-la quanto à importância do ato da leitura e, assim, começar a utilizar uma prática pedagógica realmente eficaz, para que o educando aprenda a língua padrão, amplie a sua competência comunicativa e, então, consiga habilidades linguísticas ao ponto de produzir bons textos orais e escritos. Para a maioria dos mestrandos, o ato de ler é essencial. É preciso que essa ação seja de Uma leitura diversificada [...] no sentido de que os textos propostos sejam de gêneros diferentes [...] (ANTUNES, 2009, p. 82), pois só com a formação de leitores é que teremos bons escritores. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Milton. Práticas de sala de aula. In: GERALDI, João Wanderley (Org). O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2002. ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. 8 ed. São Paulo: Parábola editorial, 2009. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa 5ª a 8ª séries. Brasília: MEC/SEF, 1998.