Luana Santos Gisele Brandelero Camargo Universidade Estadual de Ponta Grossa Apoio: PIBID/CAPES ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: a experiência da contação de histórias. Resumo O respectivo artigo possui como objetivo retratar as experiências vivenciadas em uma escola municipal da rede pública de Ponta Grossa, de uma acadêmica bolsista do projeto PIBID Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O referido projeto é desenvolvido em três escolas públicas municipais da cidade e possui como foco principal de estudo e investigação a alfabetização e letramento desde a Educação Infantil até o final dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a partir do eixo central: a ludicidade. O desenvolvimento do PIBID Pedagogia ocorre em três etapas, sendo: diagnóstico do meio, intervenção e pesquisa. Nos inserimos em uma turma de Educação Infantil, em uma das escolas que o projeto abarca e acompanhamos desde o início desse ano, uma turma cuja faixa etária é de três a quatro anos. No decorrer de primeira etapa foi possível analisar cada um dos alunos com suas especificidades, conhecer suas necessidades e suas habilidades individuais e coletivas e perceber como a prática docente pode contribuir ainda mais com seu desenvolvimento. A partir do diagnóstico do meio, fomos interagindo com as crianças e absorvendo o cotidiano da sala de aula. Considerando isso, a experiência que relataremos nesse artigo se refere à atividade permanente de contar histórias para as crianças, hábito iniciado e mantido por nós, acadêmicas bolsistas nessa turma. Corroborando com isso, entendemos que contar histórias de maneira lúdica, gerando prazer e satisfação, proporciona à criança uma inserção mais significativa e feliz no mundo letrado, favorecendo seu gosto pela leitura e escrita, ampliando seu vocabulário e sua capacidade de interpretação e imaginação. Assim, nossa experiência, enquanto acadêmicas bolsistas do PIBID Pedagogia, vai ao encontro da proposta de Alfabetização e letramento na Educação Infantil. Palavras chave: Educação Infantil; PIBID; Ludicidade; Alfabetização e letramento. Introdução O projeto PIBID está nos proporcionando um contato direto com a rotina escolar o que é de suma importância para nossa formação enquanto futuros docentes, portanto nesse momento da implementação do projeto PIBID Pedagogia da UEPG, a observação participante, articulamos nossa vivencia na escola com os conteúdos que aprendíamos enquanto acadêmicas no curso de Pedagogia, e os conceitos de infância e de ludicidade foram expressamente abordados em nosso curso de formação durante esse ano. Sabemos que esse projeto é uma oportunidade de aprimorar a formação inicial da nossa graduação, então buscamos em nossa inserção articular a teoria com a prática. O projeto PIBID Pedagogia foi implementado em três escolas municipais de Ponta Grossa, atendendo a Educação Infantil e os Anos Iniciais dessas escolas, com o objetivo de
compreender como a alfabetização e o letramento ocorre nesse continuum da escola da infância, considerando o eixo da ludicidade. Com vinte e seis bolsistas, o projeto envolve aproximadamente quinhentas crianças, além de professores, equipe pedagógica e comunidade escolar e tem favorecido os estudos sobre a infância, alfabetização e letramento e ludicidade. A idéia de infância se constituiu ao decorrer dos anos (ARIÈS, 1991), e atualmente possuímos a consciência que a Educação Infantil é o alicerce na vida educacional do aluno. O projeto nos insere não apenas na escola enquanto estrutura física, mas na escola no seu contexto mais amplo, ou seja, na vida educacional do aluno. A implementação foi organizada em três etapas distintas: a) Observação participante; b) planejamentos e intervenções; c) investigação ação. Em todas as escolas e turmas esse foi o procedimento pelo qual as bolsistas do PIBID Pedagogia foram inseridas no contexto escolar. Esse primeiro momento, a observação de nossa turma de Infantil IV com crianças de idade entre três a quatro anos, teve fundamental importância e será a base para as outras etapas do projeto. Visando isso, consideramos que a observação nos permitiu compreender os alunos, entender quais são as características que propiciam seu desenvolvimento, perceber suas necessidades e anseios e é por esta compreensão que iniciamos o hábito de contar histórias, pois percebemos que essa prática contribui com a construção do conhecimento, estreitam os laços afetivos do relacionamento professor e alunos, facilitam a compreensão de regras sociais, estimula a criatividade e a imaginação etc. Desse modo, através da contação de histórias possuíamos os seguintes objetivos: inserir os alunos no mundo letrado; auxiliar no desenvolvimento da oralidade; propiciar momentos de interação entre a turma; e desenvolver nos alunos a capacidade de imaginar. Analisando a ludicidade como eixo central no PIBID Pedagogia, e compreendendo sua importância no desenvolvimento da aprendizagem na Educação Infantil, consideramos que as atividade lúdicas são construtivas e propiciam ao aluno um desenvolvimento cognitivo, social, cultural e intelectual. No período da Educação Infantil o aluno passa por um processo de conhecimento de si próprio e do meio no qual está inserido, neste contexto é importante ressaltar que o agir lúdico influenciará no processo de aprendizagem da criança propiciando um desenvolvimento pleno. (LUCKESI, 1998) Logo, o presente artigo foi organizado com o intuito de retratar os seguintes aspectos: a ludicidade na Educação Infantil, considerando que a mesma possui grande importância para o processo de desenvolvimento da aprendizagem, e insere o aluno de um modo feliz e marcante no contexto educacional; a literatura infantil, que em suas diferentes formas proporciona a criança uma riqueza de conhecimentos, ressaltamos nessa seção a união que deve existir entre a literatura infantil e ludicidade com o objetivo de favorecer o desenvolvimento do aluno; e na última seção retratamos sobre a experiência da contação de histórias e as contribuições que essa experiência ocasionou no desenvolvimento dos alunos.
3 A ludicidade na Educação Infantil O termo ludicidade possui um conceito amplo, mas o que buscaremos retratar nesse artigo é o conceito de que pode ser considerada atividade lúdica toda aquela que nos proporciona um envolvimento pleno e prazeroso. (LUCKESI, 1998) Corroborando com isso, a atividade lúdica está presente em diferentes momentos da vida de qualquer ser humano, portanto os adultos também passam por momentos lúdicos quando de fato se envolvem em alguma atividade, da mesma forma que algo prazeroso é marcante aos adultos. A ludicidade ao ser usada na Educação Infantil torna aprendizagem feliz e marcante. É a partir do agir lúdico que o conhecimento é verdadeiramente transmitido nesta fase da infância, pois é durante sua interação e envolvimento com o meio que está inserido que o aluno pode ser favorecido no seu processo de desenvolvimento, de aprendizagem. Ao participar de uma atividade lúdica não nos preocupamos com outras coisas, e não pensamos em resultados apenas participamos e nos tornamos inteiramente envolvidos em tal atividade, desse modo quando atividades assim são aplicadas com crianças transmitem para elas conhecimento de uma maneira prazerosa e eles participam com o corpo e a mente. Nesse sentido, Luckesi (1998, p. 5) nos explica: Enquanto estamos participando verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na nossa experiência, para qualquer outra coisa além dessa própria atividade. Não há divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis. Poderá ocorrer, evidentemente, de estar no meio de uma atividade lúdica e, ao mesmo tempo, estarmos divididos com outra coisa, mas ai, com certeza, não estaremos verdadeiramente participando dessa atividade. Estaremos com o corpo ai presente, mas com a mente em outro lugar e, então, nossa atividade não será plena e, por isso mesmo, não será lúdica. Portanto as atividades lúdicas proporcionam às crianças um entendimento do mundo formando-as de uma maneira feliz e marcante. Há uma diversidade de atividades lúdicas para trabalhar em sala de aula, afinal o ser humano age ludicamente quando vivencia uma experiência plena (LUCKESI, 2000). Analisando esse significado de ludicidade consideramos que a proposta de contação de histórias infantis às crianças, é uma estratégia para inserir o aluno no mundo letrado e se revela numa atividade envolvente e prazerosa. Contamos histórias ludicamente deixando aflorar a imaginação e propiciando um envolvimento pleno, pois dessa forma a aprendizagem não será algo entediante, mas prazeroso, e todo e qualquer indivíduo deve receber uma boa formação desde o início de sua vida, mas devemos usar métodos que sejam adequados para cada estagio de desenvolvimento na vida do indivíduo, e a infância é uma fase que deve ser marcada pelo agir lúdico, educar crianças ludicamente é estar auxiliando-as a viver bem o presente e preparar-se para o futuro (LUCKESI, 1998, p. 6). Na próxima seção retrataremos sobre as contribuições que a literatura infantil trás para o desenvolvimento da aprendizagem, relatamos sobre as diferentes formas que os livros são criados e apresentados para as crianças, e ressaltamos que ao agregarmos a ludicidade com a literatura infantil o desenvolvimento do aluno ocorre de uma maneira mais significativa. Os livros por si só já auxiliam muito na aprendizagem, mas através
de uma mediação lúdica a criança conhece as letras, os números e as palavras que compõem a história, e as articulam com as imagens presentes nos livros, deixando agir a imaginação e aprendendo por esse meio. A literatura infantil As histórias de literatura infantil começaram a surgir quando a criança deixou de ser vista como um adulto e começou a ser analisada com suas próprias necessidades (ZILBERMAN, 1985), os famosos contos infantis como A chapeuzinho vermelho, A branca de neve, O gato de botas e A gata borralheira, existem desde o século XVII quando foram criados pelo francês Charles Perrault que criou uma literatura de cunho popular e ao decorrer de séculos esses contos passaram por adaptações e atualmente são clássicos, que ao serem contados envolvem e conduzem as crianças por um mundo imaginário. Outro famoso escritor deste século é Jean de La Fontaine que criou fábulas que continham histórias de animais e em seu final uma moral, e atualmente ainda são aprimoradas e contadas em nossa sociedade. Atualmente as histórias são produzidas em diversas formas, existem vários livros, com muitas imagens, com formatos diferentes, que possuem sons, variadas texturas, entre outros adereços, esses livros são denominados pelo francês Jean Perrot de livros-vivos, e muitos ao serem produzidos podem ser comparados a brinquedos o que se torna muito mais atraente para as crianças. Estes livros possuem em si uma riqueza de cultura e conhecimento que desenvolvem na criança a impressão de formas e texturas, que possibilitam o conhecimento das cores e dos números, e que as insere no mundo letrado de uma maneira lúdica. As imagens e as formas dos livros são importantes ferramentas que se encaixam no lúdico, fazendo com que a criança seja levada pelo faz-de-conta, ao ver todas aquelas imagens com cores fortes e formatos diferentes a criança se transporta em sua imaginação para dentro da história. Os livros-vivos instigam e atraem os leitores e não-leitores para o universo literário, sendo assim eles devem ser usados no processo de letramento e alfabetização. Esses livros são criados com muitas intenções e podem ser usados em diferentes contextos, mas na Educação Infantil eles se são muito mais atraentes e interativos, as crianças inseridas neste âmbito escolar não devem aprender durante essa fase da infância a ler ou a escrever textos longos, mas é nesse período que começam a ser inseridas no mundo letrado, corroborando com isso os livros-vivos transmitem a criança um conhecimento de forma lúdica, ao ver as imagens e as formas ela deduz e cria a história desenvolvendo sua capacidade de imaginar, a criança retrata o que ela sabe e cria sua autonomia de leitura quando ela recria a história de acordo com a sua interpretação, [...] toda produção de faz-de-conta precisa ser compreendida funcionalmente: imagens e representações têm a função de reatualizar às figuras de autoridade, que tornam a autonomia possível. (JEAN PERROT, 1998, p. 35) Dessa maneira consideramos que devemos usar os livros infantis como materiais de ensino na Educação Infantil, desse modo propusemos apresentar para as crianças, que estão inseridas em uma turma de Infantil IV, os famosos e instigadores livrosvivos acompanhados de uma contação da história de forma lúdica, com o propósito de
5 estimular o prazer pela leitura, e favorecer o desenvolvimento intelectual da criança. A seguir revelaremos a experiência vivida pela implementação do PIBID Pedagogia na turma de Infantil IV de uma das escolas abarcada pelo projeto, mostraremos que para vivenciar essa experiência utilizamos a literatura infantil em conjunto com a ludicidade, como ferramentas para o desenvolvimento da aprendizagem. Acreditamos que esse conjunto causou um impacto positivo na aprendizagem das crianças, possibilitando a inserção plena e feliz das mesmas no mundo letrado. Contando histórias Analisando a importância da ludicidade e da literatura infantil na educação, em conjunto com a professora regente da turma, iniciamos o hábito da contação de histórias, no qual eram consideradas todas as histórias e formas possíveis de serem contadas. Ao observarmos a turma de um modo geral notamos a dificuldade de alguns alunos em desenvolver a oralidade e a identificar as letras, avaliando isso em um momento de reflexão com a professora regente tentamos encontrar um método que auxiliasse no desenvolvimento dos alunos. Admitimos que contar histórias foi ao encontro das necessidades desses alunos e além de ajudar na aprendizagem, alegrava serenamente a turma que chegava agitada do refeitório. Ao contar as histórias ludicamente observávamos quais eram as maiores dificuldades de interação de alguns alunos. Quando voltávamos do refeitório todos nós nos sentávamos em roda no tapete da sala de aula, pois isso possibilitava um contato maior com os alunos e por estarmos próximos uns dos outros a atenção era maior e eles interagiam com a história que estava sendo contada. Ao contar histórias fazíamos perguntas como, por exemplo, E agora o que será que vai acontecer?, com o intuito de que eles participassem e que desenvolvessem a oralidade. Ao contar os conhecidos clássicos como A chapeuzinho vermelho, que no decorrer da história encontra o lobo porque percorre um caminho diferente do indicado pela mãe, os próprios alunos interferiam dizendo mas não pode desobedecer à mamãe né ou a mamãe disse que não posso falar com gente estranha. Essa interação para nós foi muito importante, pois foi nesse momento que a criança trouxe para a história elementos comuns no seu cotidiano e ao interagir escutando palavras diferentes e falando sobre isso ela está desenvolvendo a oralidade. Outro fator importante a ser analisado é a inserção no mundo letrado que ocorre neste período na Educação Infantil. Durante a história fazemos perguntas para as crianças sobre as palavras como, por exemplo, com que letra começa lobo? e eles logo respondem a letra L, e nesse momento de pergunta e resposta eles reconhecem as letras que compõe a palavra e que podem ser encontradas em diversas palavras. A capacidade de imaginação também deve ser estimulada durante a infância, pois possibilita que o aluno crie uma ponte entre a realidade e a fantasia, e através disso a criança cria todo um contexto que favorece e auxilia na aprendizagem. A criança só consegue criar e imaginar algo novo porque ela já conhece a realidade, no caso das histórias ela imagina os personagens, o meio em que a história ocorre e aproxima a história do seu cotidiano, criando um novo mundo para ela. Nesse sentido de fantasia e
realidade Vygotsky, citado por Ana Beatriz Cerisara, relata que: [...] a combinação destes elementos constitui algo novo, criador, que pertence à criança sem que seja apenas a repetição de coisas vistas ou ouvidas. Esta faculdade de compor um edifício com esses elementos, de combinar o antigo com o novo é a base da criação. (CERISARA, 1998, p. 124) Através da imaginação a criança cria e recria e isso faz parte da aprendizagem e do desenvolvimento. Isso foi percebido com nossa atuação, pois durante a contação da história Minha escova de dentes uma das crianças falou que se a pasta de dente fosse feita de chocolate, ela escovaria mais os dentes. Esse momento de articulação entre a realidade e a fantasia, mostra que os alunos sabem o que é necessário na realidade, mas é no imaginário que as coisas ganham um novo sentido e se tornam mais atraentes. Nós acreditamos que a quando a criança está desenvolvendo a capacidade de imaginar ela está envolvida em vários fatores como, por exemplo, a interação com outras crianças, o desenvolvimento intelectual, o conhecimento cultural do meio em que está inserida e a criação de outras possibilidades para uma mesma história, e em nossa opinião, esses aspectos auxiliam de um modo significativo para o desenvolvimento da aprendizagem. Além disso, quando a criança usa a imaginação, ela reproduz e cria regras articulando sua vida social com a situação imaginária. As situações imaginárias criadas pela criança quando ela brinca estão interligadas com a capacidade de imitação, além de trazerem consigo regras de comportamento implícitas, advindas das formas culturalmente constituídas de os homens se relacionarem e com as quais as crianças convivem. O fato de estas regras estarem ocultas ou ao explicitadas no jogo de papéis, não significa que elas não existam. (CERISARA, 1998, p. 130). A cada história contada percebíamos uma pequena, porém significativa evolução do desenvolvimento da turma, de um modo geral todos estão mais criativos, participativos, conhecendo novas palavras, e estão lúdicamente aprendendo. Para todos da turma as histórias propiciaram algo diferente, contudo um caso que nós chamou muita atenção nesse processo de contação de histórias, foi do aluno que chamaremos ficticiamente de José. Ele é um aluno que já completou os quatro anos de idade, mas que falava pouquíssimas palavras, e não gostava muito do contato com outros alunos, nem durante a brincadeira. Quando contávamos histórias sentadas no chão próximas aos alunos, José ficava sempre bem perto do livro e cada folha ele tocava, mexia, apontava como se ele quisesse entrar no livro, entrar naquela história, no início ele apenas olhava sem fazer nada aos poucos ele passou a apontar para o livro. Assim passamos a instigar José com perguntas como mostra pra tia onde está à letra A e ele repetia A procurando a letra na história, a cada história mudávamos a pergunta fazendo com que ele interagisse com a história e com a turma. Certo dia, levamos um livro que tinha um quebra-cabeça para ser montado e quando as imagens estivessem formadas contávamos a história, quando chegamos à sala com o livro José nos olhou e balbuciando algumas palavras ainda de forma pouco compreensível, perguntou se contaríamos a história. Olhamos para ele animadas e falamos Hoje você vai nos ajudar a montar uma história bem legal, você ajuda? ele apenas balançou a cabeça concordando que ajudaria, quando dividimos as peças do quebra-cabeça pela sala para que em grupo os alunos fossem formando as
7 imagens chamamos José e deixamos as peças perto dele e de mais três alunos, quando percebemos ele estava montando o quebra cabeça e conversando com os outros alunos, atitude que ele habitualmente não executava. Ele estava participando ludicamente da atividade e não reclamou e nem brigou quando outras crianças encostavam nele, mas ao contrário solicitou ajuda aos colegas. Quando todas as imagens já estavam montada começamos a contar a história e a cada imagem os alunos contavam o que eles viam e acrescentávamos o que eles falavam na história. José permaneceu o tempo todo ativo na atividade, imaginando, criando e principalmente aprendendo. Observamos que ele está se desenvolvendo cada vez mais, agora ele já consegue pronunciar novas palavras, e aos poucos está participando de algumas atividades a serem realizadas em grupo, propostas pela professora. O caso de José nos chamou muita atenção porque quando chegamos à escola nos deparamos com um aluno que praticamente não falava, com quatro anos de idade, e nesse curto período no qual contamos histórias ele desenvolveu a oralidade e passou a reconhecer letras e alguns números. Entendemos que isso é inserção no mundo letrado, que é assim que se inicia o processo de alfabetização na Educação Infantil, favorecendo que todos os alunos tenham acesso ao processo de aprendizagem por meios diversificados. Nós acreditamos que as histórias estão proporcionando a José uma aprendizagem feliz e uma inserção no mundo letrado eficiente e, aos poucos, buscaremos durante as intervenções, realizar atividades que envolvam o lúdico e que propiciem um progresso intelectual na vida de José e dos demais alunos desta turma de Infatil IV. Considerações finais Nesse artigo buscamos retratar em síntese nossa experiência com a vivência de uma atividade lúdica: a contação de histórias, na qual envolvemos diferentes aspectos. Muitos não vêem as histórias infantis com a importância que de fato elas possuem, mas nós nesta primeira etapa de diagnóstico do meio tentamos conhecer e auxiliar ao máximo os alunos e a professora da turma. Podemos dizer que aos poucos nossos objetivos estão sendo atingidos. As histórias infantis possuem todo um processo histórico e são de grande relevância quando o assunto é a educação na primeira infância, dessa forma o que retratamos nesse artigo é apenas o início de um processo. Nossa primeira ação dentro da instituição foi contar histórias ludicamente e estamos percebendo o quanto às mesmas contribuem para o desenvolvimento da criança. Algumas mudanças significativas já ocorreram, como foi o caso de José citado no desenvolvimento deste artigo. Esse primeiro momento para nós foi imensamente significativo nos mostrando um pouco sobre as especificidades da escola, e principalmente dos alunos. Iniciamos com a contação de histórias nesse primeiro momento de observação, com o objetivo de propiciar aos alunos um desenvolvimento educacional pleno, mas ainda temos mais duas etapas do projeto. As nossas intervenções na escola serão relativas ao que absorvemos da turma nessa primeira etapa. Passamos por um momento importante ao criarmos um vínculo com a turma, no sentido de conhecimento e respeito
entre todas as partes, conhecemos as especificidades de cada aluno, por conseguinte nossas intervenções serão elaboradas a partir disso possuindo como finalidade ensinar, ressaltando mais uma vez, o agir lúdico, afinal não adiantaria participar de um projeto tão importante como o PIBID, e não passar por um processo de transformação da nossa práxis. REFERÊNCIAS LUCKESI, Cipriano Carlos. Ludicidade e atividades lúdicas: uma abordagem a partir da experiência interna. Cadernos de Pesquisa- Núcleo de Filosofia e História da educação, Programa de Pós- Graduação em Educação, UFBA, vol. 2, no. 1, p. 09-25, 1998. LUCKESI, Cipriano Carlos. Educação, Ludicidade e Prevenção das Neuroses Futuras: uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese. II Congresso de Biossíntese: Salvador/ Bahia, outubro de 2000. < http://www.graudez.com.br/litinf/autores/perrault/perrault.htm> acesso em 25 de setembro de 2014. BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland de Souza. Entrando na roda; as histórias na Educação Infantil. In:. Ler e escrever na Educação Infantil: Discutindo Práticas Pedagógicas. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. p. 33-52. KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 172 p. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 4. Ed. São Paulo: Global, 1985. 235 p. ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2. Ed. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.