Informe Epidemiológico CHIKUNGUNYA N O 03 Atualizado em 24-11-2014, às 11h. Vigilância Epidemiológica de Febre Chikungunya No Brasil, a febre chikungunya é uma doença de notificação compulsória e imediata, conforme a Portaria 1.271 de 6 de junho de 2014. Os casos suspeitos devem ser imediatamente notificados para a autoridade sanitária local, para fins de adoção das medidas de intervenção pertinentes. No HNSC e no HCC, o NHE desempenha o papel de autoridade sanitária de segunda a sexta-feira das 7h às 17h, através dos ramais 2091 e 2744. À noite, fins de semana e feriados, a notificação imediata dever ser feita diretamente para o celular de plantão da Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis (EVDT) da SMS de Porto Alegre, através do número (51) 93185191. Este celular é de uso exclusivo de profissionais da saúde. A notificação é apenas a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo, já no momento da suspeita. Após esta etapa, segue-se a investigação do caso, que se divide em investigação epidemiológica, clínica e laboratorial. Na prática, essa etapa representa o preenchimento da ficha de notificação específica para o agravo em questão. A ficha proporciona otimização na coleta dos dados que posteriormente serão utilizados no aprimoramento das ações em saúde, sem sobrecarregar os serviços com o preenchimento desnecessário de formulários. Investigação Epidemiológica A investigação epidemiológica é uma das etapas mais importantes desse processo. No caso de chikungunya, é importante investigar histórico de viagens para regiões que atualmente mantém transmissão da doença, como, por exemplo, o município de Feira de Santana, na Bahia, ou diversos países no Caribe, como República Dominicana, Haiti, Martinica, por exemplo. É importante lembrar que as informações a respeito das áreas de transmissão sustentada de doenças infecciosas são dinâmicas. Outro aspecto importante da investigação epidemiológica é a avaliação de contato com um possível caso. Em Feira de Santana (BA), os primeiros casos de chikungunya não tinham histórico de viagem. O primeiro provável caso importado só foi identificado posteriormente, através de investigação retrospectiva. Investigação Clínica No caso específico da chikungunya, a invesigação clínica deve contemplar os sinais e sintomas clássicos da doença, como febre alta, mialgias e artralgias. Pode haver também fadiga, náuseas, conjuntivite e exantema. Entretanto, deve-se sempre lembrar das apresentações mais
graves, principalmente em recém nascidos e idosos e dos quadros atípicos, com acometimento neurológico, cardiovascular, renal ou dermatológico. Investigação Laboratorial A investigação laboratorial contempla os exames específicos para o diagnóstico de infecção pelo vírus da chikungunya (CHIKV). No Brasil, o diagnóstico está sendo centralizado em laboratórios de referência, já capacitados. Na Região Sul, a referência é o Lacen do Estado do Paraná. O fluxo de envio é feito pelo Lacen/RS. Os três tipos principais de testes de laboratório utilizados para o diagnóstico de CHIKV são o isolamento viral, a reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) e a sorologia. As amostras colhidas na primeira semana após o início dos sintomas devem ser testadas por dois métodos: sorológico (IgM e IgG ELISA) e virológico (RT-PCR e isolamento). As amostras geralmente são sangue e soro, podendo também ser líquor nos casos com acometimento neurológico. Os exames podem ser coletados a qualquer momento. Por isso, é muito importante saber a data do início dos sintomas. Essa informação vai definir quais métodos serão utilizados. Para fins de coleta, é considerada fase aguda os primeiros 8 dias da doença. Amostras coletadas nesse período serão submetidas a exames virológicos e sorológicos. Uma nova coleta deve ser feita 15 dias após a primeira coleta, independente do momento da primeira coleta. A segunda amostra será submetida apenas a exames sorológicos. De acordo com o Plano de Contingência Nacional para Febre Chikungunya, a partir da confirmação de casos de CHIKV por transmissão autóctone ou situação de epidemia em determinada área, o diagnóstico deve ocorrer somente por critério clínico-epidemiológico, exceto para formas atípicas e óbitos. No caso de chikungunya, é considerada epidemia a situação com transmissão sustentada com taxa de ataque maior ou igual a 30%. A vigilância epidemiológica em diferentes contextos A vigilância epidemiológica se baseia em critérios dinâmicos, assim é preciso estar sempre atento para orientações da autoridade sanitária local. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana, na Bahia, até a semana epidemiológica (SE) 46/2014 foram notificados 1271 casos de chikungunya em residentes do município. Destes, 563 casos foram confirmados, 112 foram descartados e 596 continuam em investigação. Não foram notificados óbitos relacionados ao chikungunya. Dentre os casos confirmados, 21 foram confirmados por critério laboratorial e 542 foram confirmados por critério clínico-epidemiológico, uma vez que o município de Feira de Santana já mantém transmissão sustentada local. O critério clínico-epidemiológico considera os aspectos clínicos e o vínculo
epidemiológico como o critério de confirmação de caso, sem necessidade de confirmação laboratorial. Em Porto Alegre não há registro de casos autóctones até o momento. Por isso, todos os casos suspeitos devem ter investigação laboratorial realizada. Ainda com base na situação epidemiológica atual de Porto Alegre, a Equipe de Vigilância de Doenças Transmissíveis (EVDT) da SMS/PoA está orientando coletas de amostras pareadas para dengue e chikungunya. Por isso, havendo suspeita clínica, há necessidade de coletar dois frascos de sangue: uma que será enviada ao Lacen/RS para pesquisa de DENV e outra que será enviada ao Lacen/PR para pesquisa de CHIKV. Definição de caso Caso suspeito Paciente com febre de início súbito maior do que 38,5 C E artralgia ou artrite intensa não explicadas por outras condições e residindo ou tendo visitado áreas endêmicas (ou epidêmicas) até 2 semanas antes do início dos sintomas ou que tenha vínculo epidemiológico com caso confirmado. Caso confirmado Caso suspeito com um dos seguintes parâmetros laboratoriais nos testes específicos para diagnóstico de CHIKV: Isolamento viral positivo; Detecção de RNA viral por RT-PCR; Detecção de IgM em uma única amostra de soro (coletada durante a fase aguda ou convalescente); Demonstração de soroconversão (negativo positivo ou aumento de quatro vezes) nos títulos de IgG por testes sorológicos (ELISA ou teste de Inibição da Hemaglutinação-IH) entre as amostras nas fases aguda (preferencialmente primeiros oito dias de doença) e convalescentes, preferencialmente de 15 a 45 dias após o início dos sintomas, ou 10-14 dias após a coleta da amostra na fase aguda; PRNT positivo para CHIKV em uma única amostra de soro (coletada durante a fase aguda ou convalescente). Caso descartado Todo caso suspeito de febre de Chikungunya que possui um ou mais dos critérios a seguir: Diagnóstico laboratorial específico negativo (dois resultados negativos em amostras pareads de IgM), desde que se comprove que as amostras tenham sido coletadas oportunamente e transportadas adequadamente, conforme recomendado pelo MS.
Possuir diagnóstico laboratorial de outra enfermidade. Seja um caso suspeito sem exame laboratorial, cuja investigação clínica e epidemiológica seja compatível com outras doenças. Óbito Investigar óbito de caso suspeito ou confirmado de CHIKV, imediatamente após ocorrência do óbito, com objetivo de identificar possíveis causas associadas à organização dos serviços de saúde ou à gravidade da doença que levou ao óbito. Óbito por Febre de Chikungunya é um evento raro e precisa ser exaustivamente investigado, sendo necessária confirmação laboratorial. Referências Consultadas Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Preparação e Resposta à introdução do Vírus Chikungunya no Brasil. Brasília, 2014. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/preparacao_resposta_virus_chikungunya_brasil. pdf Acesso em 17 novembro 2014. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Plano de Contingência Nacional para a Febre Chikungunya. Brasília, 2014. Disponível em http://adcon.rn.gov.br/acervo/sesap/doc/doc000000000046296.pdf Acesso em 17 novembro 2014. Brasil. Ministério da Saúde. Chikungunya: situação atualizada. Disponível em http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticiassvs/15252-saude-atualiza-a-situacao-do-virus-chikungunya. Acesso em 14 novembro 2014. World Health Ornganization. Chikungunya Fact Sheet N 327. Updated October 2014. Disponível em http://who.int/mediacentre/factsheets/fs327/en/. Acesso em 03 novembro 2014. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Secretaria Municipal de Saúde. Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde. Equipe de Vigilância de Doenças Transmissíveis. Alerta Epidemiológico Chikungunya. Porto Alegre, 23 de setembro de 2014.
Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria Nº 1.271 de 6 de junho de 2014. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt1271_06_06_2014.html Acesso em 17 novembro de 2014. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7ª edição. Brasília, 2010. Prefeitura Municipal de Feira de Santana. Secretaria Municipal de Saúde. Boletim da Febre do Chikungunya. Edição 09. 17 de novembro de 2014. Disponível em http://www.feiradesantana.ba.gov.br/sms/arq/chikungunya_feira.pdf Acesso em 21 novembro 2014. Bahia. Secretaria da Saúde do estado da Bahia. Suvisa-Divep. Boletim Epidemiológico da Febre Chikungunya na Bahia, 2014. Nº 04. 21 de outubro de 2014. Disponível em http://www1.saude.ba.gov.br/entomologiabahia/photoartwork2/downloads/boletim_chiku ngunya_ba_n4_21102014.pdf Acesso em 21 novembro 2014.