DESIGUALDADE EDUCACIONAL: ANÁLISE DAS TAXAS DE RENDIMENTO DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE BOM JESUS/PI

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Transcrição:

DESIGUALDADE EDUCACIONAL: ANÁLISE DAS TAXAS DE RENDIMENTO DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE BOM JESUS/PI Ana Maria Ferreira Brauna E-mail: anamariabrauna@gmail.com Arturia Maria Lima de Sousa E-mail: arturiamarialimadesousa@hotmail.com Daiana Brauna da Costa E-mail: daianacurrais@gmail.com Roberto Alves Bezerra Graduando em História pelo PARFOR da E-mail: robertoalbezerra@gmail.com Janio Ribeiro dos Santos Orientador, Mestre em Educação, Professor do PARFOR da E-mail: janioribeiro@ufpi.edu.br INTRODUÇÃO Nos últimos vinte anos, mudanças importantes ocorreram no que diz respeito ao cumprimento de direitos sociais como saúde, educação, trabalho, alimentação e lazer, protagonizadas especialmente pela classe trabalhadora organizada em movimentos sociais e sindicais no Brasil. Mesmo assim, a educação escolar pública da cidade e do campo ainda enfrenta problemas, dentre os quais podemos destacar: altas taxas de analfabetismo, baixos índices de escolarização, fechamento de escolas e baixa qualificação dos professores. Diante do exposto, compreendemos a necessidade da discussão, ainda que de forma sucinta, sobre a problemática da desigualdade educacional entre os estudantes do Ensino Fundamental da rede municipal de Bom Jesus, Piauí, a partir de indicadores educacionais de escolas da cidade e do campo. 108

OBJETIVOS O objetivo deste estudo é o de analisar a desigualdade na educação no município de Bom Jesus/PI, a partir das taxas de rendimento (aprovação, reprovação e abandono) de estudantes do Ensino Fundamental da rede municipal (escolas da cidade e do campo), no ano de 2010. Pretendemos, a partir do estudo/pesquisa, revelar a negligência do Estado no processo de escolarização dos estudantes da rede municipal de ensino, especialmente daqueles que vivem e trabalham nas comunidades do campo, bem como tentar contribuir para superação dessa problemática. METODOLOGIA Como abordagem teórico-metodológica, adotamos a pesquisa qualitativa. No entanto, para análise dos dados, combinamos elementos da pesquisa quantitativa e da pesquisa qualitativa, levando em consideração que toda pesquisa pode ser, ao mesmo tempo, quantitativa e qualitativa (TRIVIÑOS, 2009, p. 118), embora nossa ênfase seja dada a essa última. Os dados sobre as taxas de rendimentos dos estudantes foram coletados em documentos eletrônicos disponíveis no Portal de Indicadores Demográficos e Educacionais do Ministério Educação (MEC), no sítio http://ide.mec.gov.br/2011/. Para tanto, consultamos os Indicadores Demográficos e Educacionais (IDE) do município de Bom Jesus/PI. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados referentes às taxas de aprovação, Gráfico 1, do ano de 2010 mostram um desempenho significativo entre os estudantes da cidade e do campo da rede municipal. Contudo, por localização, é possível verificarmos que o percentual de aprovação dos estudantes do campo é inferior aos da cidade, exceto nas 2ª Série/ 3º Ano e 3ª Série/ 4º Ano. 109

Gráfico 1: Taxa de Aprovação de Estudantes do Ensino Fundamental da Rede Essa desigualdade pode ser entendida a partir da função dual que a educação escolar pode desempenhar na sociedade capitalista, visto que [...] a escola não é uma instituição social neutra, uma instituição educativa a serviço de todos, igualmente (TOZONI-REIS, 2010, p. 56). Neste sentido, reafirmamos que os trabalhadores sempre foram (e muitos ainda são) excluídos do direito educacional, especialmente os camponeses. Com relação às taxas de reprovação revelam uma desigualdade educacional acentuada entre os estudantes da cidade e do campo. No campo, apenas na 2ª Série/ 3º Ano, 3ª Séries/ 4º Ano e na 8ª Série/9º Ano a desigualdade é inferior ao quantitativo da cidade, como podemos observar no Gráfico 2. Gráfico 2: Taxa de Reprovação de Estudantes do Ensino Fundamental da Rede 110

As maiores taxas de reprovação no campo são registradas na 1ª Série/2º Ano com 23,7%, na 5ª Série/ 6º Ano com 31,3% e na 7ª Série/8º Ano com 17,6%. Na cidade, isso ocorre na 2ª Série/3º Ano com 16,9%, na 5ª Série/ 6º Ano com 17,3% e na 8ª Série/9º Ano com 13,8%. Diante desses dados, podemos notar o quantitativo de sujeitos excluídos na e pela escola, assim, podemos dizer que esta pode, também, contribuir para legitimar a desigualdade social, via função reprodutora da educação (LUCKESI, 1994). Quanto às taxas de abandono, verificamos um quantitativo bastante acentuado, principalmente entre os estudantes do campo, conforme ilustra o Gráfico 3. Gráfico 3: Taxas de Abandono de Estudantes do Ensino Fundamental da Rede Observando o gráfico, notamos que as maiores taxas de abandono entre os estudantes do campo foram registradas na 4ª série/5º ano com 3,9%, 6ª série/7º ano com 11,1%, 7ª série/8º ano com 9,5% e na 8ª série/9º ano com 10,3%. Com relação aos estudantes da cidade, os números mostram que o predomínio ocorreu na 1ª série/2º ano com 4,5%, 2ª série/3º ano com 3% e na 5ª série/6º ano com 7,5%. No geral, os dados mostram que a rede municipal de ensino mantem a tendência nacional em que os estudantes do campo apresentam baixas taxas de escolarização, em média, 4,1 anos de estudo, reforçando assim, a desigualdade educacional entre campo e cidade. 111

CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da pesquisa desenvolvida, concluímos que houve uma expressiva desigualdade educacional no Ensino Fundamental da rede municipal de ensino, em 2010. Assim, os dados revelaram a negligência do Estado em relação ao direito à educação escolar da classe trabalhadora, especialmente dos estudantes das escolas no campo. Nesse sentido, caso essa problemática ainda se mantenha, é necessário que os trabalhadores se organizem para reivindicar e lutar pela efetivação de uma educação escolar referenciada nos seus interesses e demandas. De qualquer forma, apontamos e defendemos a proposta da educação transformadora como possibilidade superadora, pois como afirma Tozoni-Reis (2010), a educação transformadora tem a função de promover a consciência dos sujeitos para compreensão e transformação social da realidade concreta, mediante apropriação do saber sistematizado. REFERÊNCIAS BRASIL, Indicadores Demográficos e Educacionais: Bom Jesus/PI. Brasília, 2011. Disponível em: http:<//ide.mec.gov.br/2011/municipios/relatorio/coibge/2201903>. Acesso em: 22 fev. 2016. LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994. TOZONI-REIS, M. F. C. A contribuição da Sociologia da Educação para a compreensão da educação escolar. In: PINHO, S. Z. (Org.). Cadernos de Formação: Formação de Professores. Educação, Cultura e Desenvolvimento. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010, v. 3, p. 53-67. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 112