Representação da CNA em Bruxelas celebra seu primeiro ano de atividades



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Transcrição:

Representação da CNA em Bruxelas celebra seu primeiro ano de atividades Há pouco mais de um ano, a CNA inaugurou o Espaço Agro Brasil na União Europeia. A iniciativa, ousada e estratégica, tem como objetivo reforçar a representação e a defesa dos interesses comerciais do setor agropecuário brasileiro no seu segundo principal mercado. Em 2013, a UE foi destino de 22% das exportações do agronegócio, se firmando como parceiro relevante e estratégico. Uma retrospectiva desse primeiro ano de atividades mostra que o saldo foi amplamente positivo, e que novos desafios estão no horizonte. Acompanhamento das negociações do Acordo Mercosul-UE e promoção da sustentabilidade da agricultura brasileira foram destaques na atuação da CNA Em junho de 2013, a CNA abriu seu escritório de representação na capital europeia, com o objetivo de promover o setor agropecuário brasileiro junto ao público e às instituições da Europa. Esta etapa foi decisiva no processo de representação internacional do agronegócio brasileiro, permitindo uma maior participação nas discussões e tomada de decisões do bloco europeu. Com atuação pró-ativa, o setor está preparado para futuras exigências capazes de afetar e dificultar as suas exportações. Entre os temas, na lista de prioridades da CNA juto à União Europeia, estão a conclusão do Acordo de Associação Mercosul-UE e a promoção da imagem da agricultura brasileira, com foco na sua competitividade e sustentabilidade. Para alavancar esses temas, a CNA participou de importantes eventos como o seminário Brazil-EU Investment - cases and opportunities, o Encontro Empresarial no âmbito da 7ª Cúpula Brasil-União Europeia e a conferência Promovendo a sustentabilidade através do livre-comércio. Estas oportunidades foram significativas para apoiar publicamente a conclusão das discussões entre o Mercosul e a EU, mostrando para os europeus o compromisso da CNA com o acordo comercial. A nossa atuação facilitou também a interlocução com representantes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu, principais atores das relações do bloco. Os eventos também foram úteis para mostrar a capacidade do produtor brasileiro em atender as exigências sanitárias e fitossanitárias dos nossos parceiros europeus na exportação de commodities agrícolas. Entre os resultados positivos, cabe destacar o encontro com o Comissário Europeu para Saúde e Política dos Consumidores, Tonio Borg, em outubro de 2013. O Comissário concordou em incluir os estados de Tocantins e Rondônia, bem como o Distrito Federal, no roteiro da missão técnica da UE, que visitará o país em outubro de 2014. Essa missão terá como objetivo visitar estabelecimentos produtores de carne bovina e autorizar exportações desses estabelecimentos para o bloco. A facilitação do diálogo com as autoridades sanitárias europeias é essencial para o avanço em temas como, por exemplo, a habilitação do Brasil para exportar carne suína à UE e a saída do país da lista de controles sistemáticos para a Salmonela.

Enquanto as negociações com o Mercosul apresentaram avanços e tropeços... Apesar dos esforços da CNA, as tratativas do Acordo Mercosul-UE foram marcadas por avanços e retrocessos o longo do ano. Tanto o governo brasileiro quanto as autoridades da UE mostraram vontade política para a conclusão do tratado. A Direção-Geral de Comércio da Comissão Europeia chegou a incluir a conclusão do acordo com o Mercosul como uma de suas prioridades no ano de 2014. Após a reunião técnica de março de 2014, entretanto, diferenças entre os membros do Mercosul impediram o fechamento da oferta conjunta do bloco. Do lado europeu, a associação que representa os interesses da agricultura europeia, a COPA-COGECA, foi contrária à conclusão do acordo. Ocorreu, ainda, a troca do negociador-chefe europeu no último ano. Mathias Jorgensen, chefe da unidade para América Latina na DG de Comércio, assumiu a função substituindo João Aguiar Machado. Em cada uma dessas etapas, a representação da CNA em Bruxelas esteve presente. A equipe de Bruxelas reuniu-se em diversas ocasiões com representantes da DG Comércio e da DG Agricultura, trocando informações e comunicando o apoio da entidade ao acordo.... as negociações com os Estados Unidos avançaram. Enquanto as negociações com o Mercosul seguem estagnadas, nos últimos 12 meses, a UE concluiu negociações comerciais com o Canadá, o Equador, a Ucrânia e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Ocidental (SADC). Além disso, o bloco está negociando acordos com mais de 50 países, dentre eles os Estados Unidos e o Japão. As negociações com os Estados Unidos para a conclusão da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, conhecida pela sigla em inglês TTIP, passaram a ser a prioridade da UE. Já foram realizadas seis rodadas de negociações, que acontecem a cada dois meses. A representação da CNA em Bruxelas acompanha de perto a evolução dessas negociações, participando de conferências dirigidas aos grupos de interesse na Europa. Exportações de frutas caíram drasticamente após a exclusão do Brasil como beneficiário do Sistema Geral de Preferências da UE Desde 1º de janeiro de 2014, o Brasil deixou de ser beneficiado pelo Sistema Geral de Preferências (SGP) da UE, pelo qual o bloco confere unilateralmente acesso preferencial ao seu mercado para determinados produtos provenientes de países em desenvolvimento e de países de menor desenvolvimento relativo (PMDR). Como o Brasil foi classificado pelo Banco Mundial como país de renda per capita média-alta, a UE entendeu que deveria priorizar o acesso preferencial a países considerados menos desenvolvidos. Segundo dados do Eurostat, em 2013, as exportações brasileiras de produtos agrícolas beneficiadas pelo SGP europeu somaram 662,4 milhões de euros, representando 4,79% do total das vendas do agronegócio para a UE naquele ano (13,8 bilhões de euros). Os principais produtos exportados com a preferência tarifária foram couros (49%), frutas (30%) e gorduras e óleos vegetais e animais (15%). A representação da CNA em Bruxelas apurou que, nos primeiros seis meses de 2014, o setor das frutas foi o que mais sofreu com o fim da preferência tarifária. O volume de vendas de abacaxi e melão para o bloco nesse período caiu 89% e 19% respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2013. No entanto, o setor de couros não perdeu mercado. As exportações de couro curtido subiram 35% de janeiro a julho de 2014, em comparação com 2013. Já as vendas de couros preparados após a curtimenta apresentaram ligeira queda de 1%. Esses resultados sugerem que a preferência tarifária conferida pelo SGP tinha maior impacto sobre alguns setores, como o das frutas, do que em outros. De fato, além da tarifa, outros fatores influenciam as exportações: as preferências dos consumidores e o nível de demanda do mercado interno, entre outros temas relevantes.

Brasil busca compensações comerciais com a adesão da Croácia à UE A Croácia tornou-se membro da UE em julho de 2013 e, consequentemente, adotou a tarifa externa comum aplicada pelo bloco. Isso resultou na elevação da alíquota de alguns produtos tradicionalmente exportados pelo Brasil para a Croácia, como açúcar e carne de aves. Criou-se, então, um direito de compensação para o Brasil pela perda dessas exportações. Essa compensação, em geral, é feita por intermédio da concessão de quotas de exportação com tarifas reduzidas para os produtos afetados. A representação da CNA em Bruxelas fez um levantamento das linhas tarifárias de produtos agrícolas brasileiros que poderiam ensejar direito à compensação da Europa. O país apresentou o seu pleito de compensação à Comissão Europeia e as autoridades de ambos os lados estão negociando os termos desse pedido. Os produtos que têm maior potencial para resultados satisfatórios são açúcar e carne de aves. A reforma da Política Agrícola Comum da UE Nos últimos 12 meses, a UE reformou a sua principal política comunitária: a Política Agrícola Comum (PAC). A reforma do sistema de subsídios consistiu na substituição dos sistemas de pagamento direto baseados em superfícies ou referências históricas por um sistema de pagamento de taxa fixa pela área declarada. Foram instituídos também critérios ecológicos para o recebimento de 30% dos pagamentos diretos, como a reserva de 5% da área das propriedades rurais. A equipe da CNA em Bruxelas preparou um relatório sobre as mudanças da nova PAC e o seu potencial impacto sobre o agronegócio brasileiro e concluiu que o setor de maior preocupação seria o do açúcar. De fato, a reforma estabeleceu o fim das quotas que limitam a produção doméstica do produto na UE em 2017, mas não reduziu a tarifa de importação, que é de 339/tonelada. Conforme avaliou a equipe de Bruxelas, isso levará ao aumento da produção na UE e à diminuição da demanda por importados. A União Europeia poderá voltar a exportar açúcar sem o limite de 1,4 milhão de tonelada imposto pela OMC, o que pode gerar aumento da concorrência nos mercados internacionais e forte pressão sobre os preços. Diante da importância desse tema para o produtor nacional, a CNA elaborou e apresentou em março de 2014 o estudo As Políticas Agrícolas dos Estados Unidos e da União Europeia: Impacto no Agronegócio Brasileiro. Os resultados indicaram que os subsídios norte-americanos, constituídos principalmente por programas de garantia de renda, oferecem maiores riscos para o agronegócio brasileiro. A PAC europeia também é preocupante e demanda constante monitoramento devido aos altos valores das suas subvenções. A partir dos resultados do estudo foi lançado o Observatório de Políticas Agrícolas para o acompanhamento da execução dessas novas políticas. Essa ferramenta permitirá ao setor identificar potenciais irregularidades e defender com eficiência seus interesses. O escritório da CNA em Bruxelas será o principal instrumento de observação contínua e in loco da Política Agrícola Comum nos próximos anos. A nova Política Sanitária e Fitossanitária Outro grande pacote legislativo apresentado foi o da reforma do Sistema Sanitário e Fitossanitário da UE. O pacote conhecido como Regras mais inteligentes para alimentos mais seguros resume-se à simplificação e modernização das leis relativas à saúde animal e vegetal, à comercialização de sementes e aos controles oficiais. O conjunto de leis foi aprovado pelo Parlamento Europeu em primeira leitura, com exceção da lei sobre sementes.

A aprovação do novo pacote legislativo depende agora da negociação entre o Parlamento Europeu e o Conselho da UE. Na avaliação da equipe de Bruxelas, esse pacote é positivo para o produtor nacional, na medida em que simplifica a legislação, trazendo mais previsibilidade e transparência. A única exceção diz respeito à nova competência da Comissão Europeia, que terá autonomia para restringir temporariamente as importações de produtos para os quais uma análise de risco ainda não tenha sido feita. A representação da CNA em Bruxelas seguirá acompanhando de perto a nova medida, para evitar que ela seja usada como barreira comercial. Os debates sobre limites ao uso do biocombustível de primeira geração A Comissão Europeia apresentou uma proposta de reforma legislativa sobre biocombustíveis, com o objetivo de reduzir as mudanças indiretas no uso da terra, causadas pelo aumento da demanda por biocombustível. Segundo a Comissão, a demanda por biocombustível e a demanda por alimentos competem entre si, pois a disponibilidade de terras para a produção agrícola é limitada. A proposta legislativa foi aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho e deverá ser objeto de negociação com a Comissão a partir de setembro de 2014. Está na pauta a limitação do uso de biocombustível de primeira geração, isto é, aquele produzido a partir de alimentos, a um percentual que varia de 6% a 7%. O desenvolvimento do processo legislativo será acompanhado de perto pela CNA em Bruxelas. A medida é claramente prejudicial ao agronegócio brasileiro, pois resultará na diminuição da demanda por bioetanol. A UE passou por grandes mudanças institucionais com a eleição do novo Parlamento Europeu e a formação da nova Comissão Europeia Cidadãos europeus dos 28 Estados-membros elegeram um novo Parlamento Europeu, que representará seus interesses em Bruxelas no período de 2014 a 2019. No total, foram eleitos 751 deputados, cuja principal função é discutir e aprovar as propostas legislativas da Comissão Europeia. Foi publicado pela CNA o Relatório Especial, elaborado pela representação em Bruxelas, que teve como destaque os resultados das eleições. O principal assunto tratado foi a fragmentação do poder entre os diferentes grupos políticos europeus e a relativa ascensão das forças de direita na UE, com a duplicação dos seus assentos no Parlamento. Essa mudança no equilíbrio de forças exigirá a formação de alianças entre partidos, fortalecendo relativamente agremiações menores. Isso deverá aumentar as tendências protecionistas e nacionalistas, bem como as forças pró-consumidores e ambientalistas. O foco do trabalho em Bruxelas nos próximos anos será nas atividades da Comissão de Agricultura, Comissão de Comércio e Comissão de Saúde Pública, Segurança Alimentar e Meio Ambiente, os principais responsáveis pelas propostas legislativas de interesse para o setor. O escritório na capital europeia irá acompanhar os trabalhos da Delegação para as Relações com o Mercosul e da Delegação para as relações com o Brasil, que conta com grande participação de deputados portugueses. No que diz respeito à nova Comissão Europeia, com a saída de João Manuel Barroso, o agronegócio brasileiro perdeu seu maior aliado nas negociações do Acordo de Associação Mercosul-UE. Seu sucessor, o ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, estabeleceu o acordo com os Estados Unidos como prioridade.

Rússia proíbe importação de alimentos da UE e dos EUA, abrindo oportunidade para produtores brasileiros Em retaliação às sanções econômicas aplicadas pela UE e pelos EUA à Rússia, o governo russo impôs embargo à importação de diversos alimentos provenientes desses dois parceiros econômicos, assim como do Canadá, da Noruega e da Austrália. A medida, anunciada no início de agosto de 2014, afeta os setores de frutas e vegetais, nozes, carnes, peixes e lácteos. O embargo tem impacto negativo relevante para a economia europeia, pois a Rússia é o principal mercado para os produtos agrícolas da UE, respondendo por 7% do total das exportações agrícolas do bloco. A Comissão europeia anunciou um pacote de 125 milhões de euros para socorrer os produtores de frutas e vegetais perecíveis, os primeiros a sofrer os efeitos da proibição com a queda dos preços domésticos. O órgão executivo do bloco não descarta a possibilidade de adotar novas medidas compensatórias para outros setores da agricultura, caso dos produtos de origem animal. A decisão dos russos pode beneficiar produtores brasileiros. Desde o seu anúncio, mais de 90 novos estabelecimentos foram credenciados junto ao governo da Rússia para a exportação de carne bovina, suína e de aves. No entanto, o caráter político dessa iniciativa gera incertezas quanto à estabilidade desse ganho de mercado. A continuidade ou não da melhoria do acesso ao mercado russo fica na dependência de um potencial entendimento entre as autoridades russas e europeias. Essa situação ilustra a complexa dinâmica das relações internacionais, nas quais se observa a influência de fatores políticos nas decisões de caráter econômico. Próximos passos Após seu primeiro ano de atividades, a representação da CNA em Bruxelas enfrentará novos desafios. Novas propostas legislativas estão agendadas para os próximos semestres, como a questão dos organismos geneticamente modificados e a nova legislação sobre produtos orgânicos. Outros temas-chave para a agricultura brasileira deverão ser concluídos, como a reforma da legislação dos biocombustíveis. No entanto, a principal atividade será o acompanhamento da implementação da reforma da PAC pelos Estados membros da UE. Nossa equipe em Bruxelas seguirá exercendo seu monitoramento e ativismo diariamente na defesa do produtor brasileiro na União Europeia, sua principal missão. INFORMATIVO UNIÃO EUROPEIA é elaborado mensalmente pelo Escritório de Representação da CNA em Bruxelas, Bélgica. Reprodução permitida desde que citada a fonte. CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL Escritório de Bruxelas Apex-Brasil Business Center - Avenue des Arts, 19 A/D, B-1000, Bruxelas, Bélgica +32 (0)2 211 0538 international@cna.org.br www.canaldoprodutor.com.br