PROGRAMA JOVEM APRENDIZ NO SERPRO RELATO DE EXPERIÊNCIA



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PROGRAMA JOVEM APRENDIZ NO SERPRO RELATO DE EXPERIÊNCIA 1 Belo Horizonte MG Abril 2012 Categoria: C Setor Educacional: 2 Classificação das Áreas de Pesquisa em EaD Macro: A / Meso: H / Micro: O Natureza: A Classe: 2 RESUMO Este artigo descreve a experiência educacional de jovens aprendizes em programa de formação técnico-profissional desenvolvido pela Universidade Corporativa do Serviço Federal de Processamento de Dados (UniSerpro), no período entre outubro de 2010 a abril de 2011. Relatam-se as atividades, os desafios e os resultados dessa experiência no desenvolvimento profissional de jovens com idade entre 15 a 16 anos. Palavras chave: jovem aprendiz; educação profissional; tecnologias de informação e comunicação

2 1- Introdução A Política de Responsabilidade Social e Cidadania do Serpro é alinhada às políticas sociais públicas no âmbito federal e visa promover o desenvolvimento humano para o exercício da cidadania e combate à desigualdade e à exclusão sociais. Como uma de suas diretrizes, deve assegurar os meios para implementação de ações relativas ao meio ambiente, inclusão sociodigital, acessibilidade, educação e qualidade de vida como forma de mudar a realidade em que vivemos. Nessa perspectiva, em 2010, o Serpro retomou o Programa Jovem Aprendiz, de acordo com a legislação trabalhista vigente, com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.097 [1], regulamentada pelo Decreto nº 5.598/05 [2]. Segundo a legislação pertinente, entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, podem participar do Programa, assumindo a responsabilidade pela seleção dos jovens aprendizes, matrícula, envio às empresas, seu acompanhamento, bem como a avaliação dos resultados das experiências de aprendizagem. Devem elaborar, ainda, um Programa de Aprendizagem voltado à formação técnico-profissional do aprendiz contratado com o objetivo de subsidiar as ações da empresa na sua capacitação. Aliado a esse propósito, o Serpro, sob a responsabilidade do Órgão Local de Gestão de Pessoas, traçou um programa de formação técnicoprofissional junto aos gestores das unidades organizacionais da empresa de modo a propiciar aos jovens participantes experiências de aprendizagem relevantes na área-fim da empresa Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Para cada unidade organizacional contemplada foi designada uma coordenação responsável pelo planejamento de projetos educacionais específicos para esse fim, além da supervisão e orientação aos jovens no desenvolvimento das atividades. Como estratégia para o cumprimento do plano traçado, definiu-se que os jovens fariam rodízios nas diversas áreas da empresa, ao longo de um ano. Neste artigo serão apresentadas informações sobre o Programa Jovem Aprendiz desenvolvido no Serpro, mais especificamente na Divisão de Projetos e Tecnologias Educacionais, da Universidade Corporativa, no período entre outubro de 2010 a abril de 2011, bem como os resultados dessa iniciativa.

2- A educação profissional e a formação de jovens aprendizes A inclusão do jovem no mercado de trabalho tem se mostrado um desafio em nossa sociedade, principalmente em função das inovações científicas e tecnológicas cada vez mais crescentes no mundo globalizado. Como consequência, novos perfis profissionais são exigidos e, portanto, novos desafios são colocados à educação profissional de jovens. A criação de políticas públicas, com vistas à educação profissional dessa parcela da população brasileira, estabelece critérios e parcerias de longo prazo entre governos e sociedade civil para tornar acessível, a todos, os padrões de qualificação exigidos por esse mercado, cada vez mais competitivo. Prevê, ainda, a proteção integral ao trabalhador adolescente, incluindo seu acesso à educação formal concomitante à formação profissional [2] [3] [4]. O texto da LDB, em seu capítulo II, seção IV, prevê: Art. 40º. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho [5]. Alguns dos programas sociais de educação profissional, destinados ao trabalhador jovem, como o Programa Jovem Aprendiz, ProJovem Trabalhador, Programa Nacional Primeiro Emprego se estruturam por meio da articulação entre a educação geral básica e ações de qualificação profissional para a formação de trabalhadores com maior escolaridade e conscientes de seu papel no mundo do trabalho. Objetivam, pois, a inserção dos jovens no mercado profissional como forma de inclusão social e exercício da cidadania. Nesse sentido, devem oferecem ao jovem aprendiz diferentes possibilidades para a construção do conhecimento a partir da prática contextualizada no ambiente de trabalho- aprender a fazer [3]. Diferentes autores [6] [7] ressaltam que tais esforços somente farão sentido se as necessidades de aprendizagem dos jovens em formação, bem como os conhecimentos construídos ao longo de suas experiências anteriores, forem levados em conta no planejamento de programas de educação profissional. Nesses termos, temos que: A educação profissional deve viabilizar a educação de jovens e adultos que precisam se qualificar para um primeiro emprego, àqueles que buscam complementar sua formação buscando os níveis técnicos e tecnológicos para o aperfeiçoamento de sua profissão, enfim, a todos que contribuem para a misteriosa alquimia de construir 3

a sociedade, transformando-os em pessoas conscientes de sua existência e de seu papel [8]. As ações de capacitação profissional, planejadas e implementadas dentro do Programa Jovem Aprendiz no Serpro, são norteadas pela concepção de conhecimento como processo social e reflexivo, construído por meio das interações do aprendiz com o meio e seus conhecimentos prévios. Ao executarem atividades que envolvam análise, escolhas e experimentações, no ambiente de trabalho, os aprendizes podem confrontar antigos e novos conhecimentos para a construção de novos saberes técnicos, individualmente e em grupos. A educação profissional deve, pois, ter aplicabilidade e propor desafios significativos ao aprendiz com vistas a novas descobertas. Outras experiências em programas de educação profissional apontam a necessidade de uma nova didática que, de fato, inclua estratégias de ensinoaprendizagem que estimulem o aprendiz a aventuras cognitivas muito mais amplas que o desempenho observável [7]. Desse modo, o aprender a fazer deve ser a tônica de qualquer ação educativa, uma vez que favorece a experimentação e a elaboração de novos conhecimentos. 4 3. As TICs como objetos de aprendizagem na formação de jovens aprendizes O uso das TICs no cotidiano das pessoas trouxe-lhes novas necessidades e possibilidades de aprendizagem em diferentes áreas do conhecimento. É inegável os benefícios que a internet e as tecnologias interativas têm oferecido à formação do indivíduo. Nesse contexto, a educação a distância (EaD) se apresenta como um poderoso instrumento na democratização do ensino-aprendizagem uma vez que viabiliza a comunicação entre as pessoas em qualquer parte do mundo, bem como o acesso à informação, em tempo real e a qualquer hora. Outras vantagens têm sido normalmente associadas à EaD em diferentes contextos, tais como a participação democrática e ativa dos alunos em ações educacionais haja vista todos, incluindo os mais tímidos, terem oportunidades iguais de interação uns com os outros, o letramento digital a partir do uso contextualizado de novas ferramentas tecnológicas, além das

5 oportunidades de reflexão sobre temas diversos, sob óticas diferenciadas, por meio de discussões entre colegas de curso. Destacamos ainda, o aprimoramento das habilidades de comunicação, principalmente de produção escrita, em comunicações assíncronas, em função dos conhecimentos específicos exigidos na construção de textos. No campo da educação profissional essa modalidade de ensinoaprendizagem é considerada uma poderosa estratégia para a inclusão sociodigital dos jovens trabalhadores para o efetivo exercício da cidadania [9]. Diante das inúmeras possibilidades de aprendizagem propiciadas pela EaD e das atividades realizadas pelos profissionais da Divisão de Projetos e Tecnologias Educacionais (Unite) no desenvolvimento de soluções educacionais para clientes do Serpro, a Universidade Corporativa (UniSerpro) estabeleceu e implementou, dentro do programa de formação técnicoprofissional da empresa, plano de aprendizagem com foco na seleção, pesquisa e elaboração de conteúdos para a produção de cursos a distância. Esse plano foi intitulado Projeto Minimonografia e Curso EaD. 4. Relato de experiência Projeto Minimonografia e Curso EaD O Projeto Minimonografia e Curso EaD teve como principal objetivo proporcionar aos jovens aprendizes conhecimentos sobre os procedimentos técnicos e metodológicos necessários ao desenvolvimento de pesquisas científicas, elaboração de conteúdos, planejamento e produção de cursos a distância. 4.1. Metodologia Todas as atividades do Projeto, planejadas pela UniSerpro, foram executadas no próprio local de trabalho, na Unite, sob a orientação de dois coordenadores lotados na mesma Divisão. A comunicação entre coordenação do projeto e aprendizes ocorreu via correio eletrônico, reuniões presenciais e chats para o esclarecimento de dúvidas e envio de atividades. As atividades desenvolvidas junto aos jovens aprendizes foram planejadas de modo a permiti-los atuarem como agentes da própria aprendizagem. Para tanto,

oportunidades de análise, escolha e de experimentações dos novos conhecimentos, bem como o trabalho colaborativo foram os pontos cruciais nessa experiência de formação. 6 4.1.1. Perfil dos participantes e carga horária de formação Este trabalho teve a participação de dois jovens aprendizes, encaminhados pela Associação Profissionalizante do Menor (ASSPROM), de Belo Horizonte, em abril de 2010, para contrato de aprendizagem com o Serpro. Um dos jovens era do sexo feminino e o outro, masculino, com idade de 15 e 16 anos, respectivamente. À época do projeto, ambos cursavam o ensino médio geral em escolas públicas da região metropolitana de Belo Horizonte, no período noturno. De acordo com a legislação trabalhista vigente, a carga diária para formação dos jovens era de 04 (quatro) horas, às terças, quartas e quintas-feiras. 4.1.2. Etapas As atividades foram desenvolvidas a partir das seguintes etapas: Primeira etapa Construindo a minimonografia: Nesta etapa, os aprendizes tiveram como desafio a elaboração da minimonografia cujo tema foi de livre escolha. Dentre as atividades, destacamos a seleção do tema pelo aprendiz, delimitação do assunto, pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, elaboração de questionários e entrevistas para coleta de dados, análise e organização dos dados coletados e elaboração do conteúdo a partir dos padrões para publicação de trabalhos científicos. Todos os trabalhos foram submetidos à revisão linguística e de conteúdo para a aprovação final pela coordenação do projeto. Confira outas informações sobre essa etapa na tabela 1.

Período Atividades Objetivos educacionais 13/10/10 a 30/11/10 - Seleção do tema - Delimitação do assunto - Pesquisas sobre o assunto (pesquisas bibliográfica e de campo) - Elaboração de questionário e entrevistas - Estruturação e revisão do documento. Ao final da atividade, o jovem aprendiz deverá ser capaz de identificar o processo de elaboração de um trabalho técnico-científico e suas etapas: seleção, pesquisa, elaboração de conteúdo e normas para publicação de trabalhos científicos. 7 Tabela 1. Atividades realizadas na primeira etapa do projeto Segunda etapa - Integrando a teoria com a prática: Nesta etapa, os jovens aprendizes puderam conhecer e experimentar os processos de planejamento, desenvolvimento e homologação de cursos a distância, com a orientação dos profissionais analistas em desenho instrucional e programação visual, lotados na Unite. Cada jovem teve, como desafio, a elaboração de um curso a distância a partir do conteúdo apresentado em sua minimonografia. No primeiro momento, a coordenação do projeto os orientou na criação do planejamento educacional para os cursos que seriam desenvolvidos. Nesta oportunidade, foi realizada pesquisa de cursos a distância já desenvolvidos na Unite com os objetivos de fomentar a tarefa de descrever os objetivos educacionais para cada curso, bem como a análise das diferentes propostas gráficas. Em um segundo momento, orientações quanto aos processos de adequação de conteúdos também foram apresentadas. As funcionalidades do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, incluindo a edição de textos e o cadastro de exercícios, foram repassadas aos jovens que puderam praticá-las no próprio ambiente de desenvolvimento de cursos da UniSerpro Virtual. A adequação do conteúdo bem como a adequação gráfica foram supervisionadas pela coordenação do projeto que, também, participou da homologação final dos cursos. Confira os detalhes dessa etapa na tabela 2.

Período Atividades Objetivos educacionais 01/12/10 a 26/04/11 - Apresentação de alguns cursos EaD produzidos pela equipe Unite - Elaboração do Projeto Educacional - Elaboração da proposta de layout do curso - Apresentação do AVA UniSerpro Virtual Desenvolvimento - Adequação do conteúdo - Adequação gráfica - Produção gráfica - Cadastro de exercícios - Revisão dos módulos - Homologação final dos cursos Ao final da atividade, o jovem aprendiz deverá ser capaz de identificar os processos de planejamento, desenvolvimento e homologação de um curso EaD. Tabela 2. Atividades realizadas na segunda etapa do projeto 8 3ª Etapa - Apresentação das soluções educacionais e avaliação da aprendizagem: Nesta etapa, os trabalhos desenvolvidos pelos adolescentes foram apresentados a todos os envolvidos no Programa Jovem Aprendiz - coordenadores no Serpro e gestores da ASSPROM, além de amigos e familiares, em solenidade realizada no auditório da empresa no dia 28 de abril de 2011. Os aprendizes receberam certificados de Honra ao Mérito pelo empenho, comprometimento e qualidade das atividades executadas. Em momento posterior, foi realizada avaliação conjunta do projeto pela coordenação e aprendizes. Nessa atividade foram avaliadas as estratégias de ensino adotadas, recursos materiais disponibilizados, atuação da coordenação do projeto e equipe Unite, bem como o valor educacional dessa experiência na formação profissional dos aprendizes. Confira os detalhes dessa atividade na tabela 3.

Período Atividades Objetivos Educacionais 27/04/11 e 28/04/11 - Apresentação das soluções Ao final desta atividade, o educacionais (cursos a distância) jovem aprendiz deverá ser - (Auto)avaliação final capaz de: - Encerramento do projeto - Aplicar os conhecimentos adquiridos na Unite no mercado de trabalho - Realizar (auto)avaliação sobre suas experiências de aprendizagem na Unite. Tabela 3. Atividades realizadas na terceira etapa do projeto 9 5. Resultados e avaliação da experiência A partir dos objetivos educacionais definidos pela UniSerpro para a formação dos jovens aprendizes no Projeto Minimonografia e Curso EaD, ressaltamos que os participantes apresentaram desempenhos satisfatórios em todos os aspectos avaliados. Como resultado dessa iniciativa, foram disponibilizados à comunidade os cursos Ética na Escola e Primeiro Emprego através dos seguintes meios: a) UniSerpro Virtual para acesso aos empregados da empresa; b) Escola Aberta de Inclusão Sociodigital do Serpro para acesso a qualquer cidadão, incluindo alunos dos Telecentros em todo o Brasil, bem como outros jovens aprendizes vinculados à ASSPROM; c) para download sob a Licença Creative Commons. Ao final dessa experiência acreditamos que a apropriação de tecnologias, por meio de experimentações, tem o potencial de tornar a aprendizagem mais desafiadora, significativa e inclusiva para o jovem em formação profissional. Para a coordenação do projeto e demais profissionais envolvidos nas atividades aqui descritas, o trabalho com os jovens foi muito positivo e desafiador pela oportunidade de conviverem com outras realidades externas à empresa e, principalmente, pela possibilidade de compartilharem seus conhecimentos. Para os jovens, uma aprendizagem que os despertou para novas possibilidades profissionais. Os desafios foram e ainda serão muitos neste campo de formação, mas acreditamos que ações desse tipo podem mobilizar pessoas para o exercício da cidadania.

Referências [1] Brasil. Lei nº 10.097, de 19 de dezembro de 2000. Altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Legislação. Brasília: Casa Civil da Presidência da República do Brasil, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10097.htm>. Acesso em: 20 abr. 2012. [2] Brasil. Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005. Regulamenta a contratação de aprendizes e dá outras providências. Legislação. Brasília: Casa Civil da Presidência da República do Brasil, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5598.htm>. Acesso em: 22 abr. 2012. [3] Delors, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, Unesco e Mec, 1996. [4] Brasil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Legislação. Brasília: Casa Civil da Presidência da República do Brasil, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 21 abr. 2012. [5] Brasil. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Legislação. Brasília: Casa Civil da Presidência da República do Brasil, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 20 abr. 2009. [6] Barone, Rosa Elisa M. Educação de jovens e adultos: um tema recorrente. Boletim Técnico do Senac, v. 26, n. 1, janeiro/abril, 2000. Disponível em: <http://www.senac.br/informativo/bts/261/boltec261c.htm>. Acesso em: 24 abr. 2012. [7] Barato, Jarbas Novelino. Escritos sobre tecnologia educacional e educação profissional. São Paulo: Editora SENAC, pp. 165-192, 2002. [8] Depresbiteris, Léa. Educação profissional seis faces de um mesmo tema. Boletim Técnico do Senac. Vol. 25, nº 2, maio/agosto, 2000. Disponível em: <http://www.senac.br/informativo/bts/262/boltec262c.htm>. Acesso em: 21 abr. 2012. [9] Demo, Pedro. Educação profissional: vida produtiva e cidadania. Boletim Técnico do Senac, v. 24, n. 2, maio/agosto, 1998. Disponível em: <http://www.senac.br/informativo/bts/241/boltec241a.htm>. Acesso em: 25 abr. 2012. 10