Formado finalmente! Mas e agora, o que vou ensinar? Relato sobre a primeira intervenção pedagógica de um professor recém graduado.

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Transcrição:

Formado finalmente! Mas e agora, o que vou ensinar? Relato sobre a primeira intervenção pedagógica de um professor recém graduado. Escola Municipal de Lorena Rui Brasil Prof. Paulo José Moraes de Paula Santos A intervenção pedagógica aqui apresentada foi uma programação preparada para alunos do 4º e 5º ano da escola municipal de Lorena chamada Rui Brasil, em um bairro muito carente em aspectos, financeiros, sociais e culturais, onde tais fatores interferem diretamente na educação dos alunos que freqüentam a escola. No primeiro momento de trabalho a ansiedade e a satisfação tomaram conta de mim ao mesmo tempo, gostaria de estar passando e orientando os alunos da maneira que foi ensinada no ensino superior. Porem realizar tal ação logo se mostrou complexa diante das condições principalmente sociais que os alunos apresentavam. Como primeiro dia de aula, apresentei-me aos estudantes e busquei criar um dialogo com os mesmos a fim de identificar seus conhecimentos prévios sobre o que achavam vir a ser aula de Educação Física. Claro que a principio os meninos falaram que era jogar bola e as meninas pular corda, ressaltando que o professor do ano passado tinha lhes passado a maioria das aulas dessa maneira. Diante disso propus uma nova proposta para eles, aonde iríamos juntos tentar compreender mais sobre a Educação Física na escola. Com isso então busquei criar aulas com atividades nunca vista antes pelos alunos, mas então os problemas começaram a surgir. Muitas eram as queixas dos aprendizes em relação às brincadeiras propostas, alguns diziam ser uma aula chata por que não tinha futebol, outros por pouco interesses não demonstravam vontade alguma em tentar realizar as atividades propostas. Jogos como cabra-cega, pega-rabinho e outros apresentados na obra de Freire e Scaglia (2009), pouco motivaram os estudantes na participação das aulas, frustrando-me, já que apesar de todo meu esforço na construção de aulas inovadoras, ainda não estava conseguindo atingir o interesse dos estudantes. Outro grande agravante para essa situação eram as diferenças pessoais entre as crianças. Oriundas de um bairro pouco privilegiado de cultura, de recursos financeiros e sociais, muitos alunos sempre buscavam resolver seus problemas por meio da agressão física,

ou através de histórias inventadas onde até os responsáveis envolviam-se, para tentar solucionar o problema que estava acontecendo. Ao me deparar com tais situações admito ter ficado impressionado com os GRANDES obstáculos que a Educação no país enfrenta atualmente, até ameaças a funcionários vindas de responsáveis descontentes com a escola foram situações encontradas por mim professor em um ambiente que se diz formador de pessoas capazes e cidadãos. Gostaria de deixar uma ressalva que muito provavelmente vários educadores, recém formados já devem ter identificado, que é o caso da preparação do Ensino Superior para os problemas pedagógicos que surgem durante as aulas, apesar de todo o conhecimento cientifico, teórico e prático, acredito ainda que a universidade não prepara totalmente o indivíduo a atuar nas escolas, nunca a mim durante minha graduação foram apresentadas situações as quais descrevi acima. Acredito que o curso de Licenciatura deve estar mais próximo da realidade social vivida por alunos, professores, gestores, funcionários e responsáveis, dessa maneira talvez haja possíveis chances de encontrar-se soluções para os diversos problemas que a educação hoje apresenta. Refletindo sobre as reclamações dos alunos e também sobre os constantes conflitos que as crianças tinham entre si, resolvi utilizar da metodologia dos jogos cooperativos apresentada por Broto (1999), minha intenção era fazer com que as aulas se tornassem gostosas e que todos JUNTOS pudessem perceber a importância de um bom convívio em grupo e não separado, porém para isso e para que eu cativasse mais as turmas, primeiro organizei algumas aulas competitivas com a intenção de mostrar a diferença entre cooperar e competir. De volta à escola falei com cada turma dos 4º e 5º anos sobre as atividades que viriam a ocorrer, além disso, expliquei a diferença entre competir e cooperar, onde nas aulas relatei aos mesmo que estariam vivenciando tais experiências. Apresentarei aqui alguns exemplos de atividade competitivas e cooperativas que introduzi nas aulas. Uma das brincadeiras competitivas apresentadas foi a corrida de estafetas, nela os alunos deveriam formar 2 filas, onde o primeiro aluno de cada fila receberia um estafeta (um pedaço de madeira cerrado de 15 cm) cada fileira se colocaria nas extremidades da quadra em lados iguais e ao final da outra metade da quadra encontrava-se um cone para cada fileira.

Ao sinal do professor as duas primeiras crianças deveriam sair correndo, dar a volta no cone, voltar correndo e passar o bastão ao companheiro, para que o mesmo repita o processo. Vence a fileira na qual todos os alunos fizeram o trajeto primeiro. Além dessa outra brincadeira que os alunos mostraram grande satisfação na prática foi um pega pega variado chamado Nunca três. Neste jogo o pegador deve perseguir apenas um fugitivo e os demais participantes devem espalhar-se em dupla pela quadra ficando parados uns do lado do outro. Para não ser pego o fujão deve se unir a uma das duplas tocando a mão do colega, neste momento a uma inversão do jogo, onde o amigo não tocado virá o pegador e o pegador torna-se fugitivo. Claro que se o pegador tocar o fujão antes dele tocar algum membro da dupla os papéis se invertem novamente. Ao final dessas e das outras atividades competitivas sentava-me com meus alunos e juntos conversávamos sobre o que viria a ser competir, por exemplo, muitos alunos afirmaram competir ser como o futebol onde dois times se enfrentam, com o objetivo de apenas um sair vitorioso. Após as aulas competitivas foi o momento de adentrar nos jogos cooperativos, devido ao fato de serem jogos que necessitavam a participação conjunta de todos, foi preciso um pouco mais de tempo para que o grupo assimilasse as aulas passadas. Um das atividades que os alunos vieram a realizar foi o circulo de bambolê, nessa brincadeira, os participantes deveriam dar as mãos uns aos outros e formar um grande círculo, após isso o professor deve colocar o arco entre o braço de dois estudantes, ao sinal os alunos deveriam passar o bambolê pelo corpo sem utilizar as mãos, isso somente era possível com a ajuda do colega, durante a atividade adicionei mais arcos para dificultar, além disso, relatei que os mesmo não poderiam se tocar, ou seja, uma pessoa não poderia ter mais de um bambolê para passar, isso acabou dando uma dinâmica maior a atividade. A foto a seguir ilustra a atividade.

Outra atividade também cooperativa que gerou bastante reflexão dos alunos para que a mesma se resolve-se foi uma brincadeira montada por mim. Foi entregue para cada aluno um bambolê e dito para eles que deveriam escolher um local qualquer da quadra para colocar o arco e permanecerem dentro dele. Após isso coloquei um cone de plástico estrategicamente próximo de alguns estudantes e longe de outros. Entregando uma bola de borracha para um participante qualquer, disse para eles que o objetivo da atividade era derrubar o cone com a mesma, porém para isso a bola deveria ser passada para todos os colegas, ninguém poderia sair do bambolê e a bola não podia acertar o chão, caso isso acontecesse à contagem voltava a zero e a bola deveria passar pela mão de todos novamente. Muitas conversas entre os alunos, discussões saudáveis e dicas entre os estudantes foram por mim percebidos, tudo com o intuito de resolver o problema, já que para atingir o objetivo em comum, os alunos perceberam que somente tocando a bola de maneira devagar, com direção certa e para pessoa melhor posicionada isso seria possível.

Ao final de ambas as aulas sentamos e conversamos sobre como era importante cooperar não somente no jogo mas também nas atividades cotidianas da vida como, aulas de outras matérias ou dentro da própria casa ajudando a família. Diante dos jogos relatei para os alunos que seria feito um pequeno questionário sobre cooperação e competição, com o intuito de eu verificar se as crianças conseguiam passar para o papel aquilo que eu esperava que elas tivessem assimilado. Dentre as perguntas por mim feitas cito aqui: Qual a diferença entre competição e cooperação? Qual você prefere jogos de competição ou cooperação? Para a primeira pergunta obtive respostas como: competição é um contra o outro, cooperação um tem que ajudar o outro, ou, competição é competir com outros, a cooperação é um amigo ajudando o outro. Já na segunda questão tive respostas interessantes de alunos afirmarem ainda preferir competir: Eu prefiro competição por que competição é um tipo de brincadeira mais divertida. Claro que muitos alunos também escolheram a cooperação como neste caso: cooperação porque você tem que ajudar o outro, cooperar um ao outro. Ainda como ultima opção no questionário deixe livre para falassem o que mais gostaram nas aulas de Educação Física e se era necessário mudar algo. Muitas crianças ainda pediram modalidades esportivas como futebol e vôlei, algumas afirmaram não estar gostando da aula, porém o resto do grupo afirmou estar tendo diversão e prazer durante as brincadeiras. Diante das dificuldades a mim apresentadas no inicio do ano escolar tenho certeza que apesar de pouco obtive um grande progresso com a Educação Física na escola, a comunicação entre mim e os estudantes melhorou, as agressões física diminuíram, e os alunos buscavam participar mais de minhas aulas. Alguns problemas ainda permaneceram, já que os alunos muitas vezes apesar de não agredir, ainda pronunciavam palavras de baixo calão e xingamentos. O que percebo é que muitas crianças trazem esse aprendizado ruim das próprias famílias, muitos estudantes queixavam-se a mim de problemas que aconteciam no ambiente familiar, me frustrando muito, pois de pouco eu poderia fazer algo para amenizar a situação de meus alunos.

Apesar disso, acredito muito em Freire (2009), que em sua obra relata que a Educação Física deve ser de corpo inteiro, deve atingir todos os alunos, deve também promover não somente conhecimentos práticos, mas conceitos de cidadania, respeito, aprendizado, satisfação, saúde, cooperação e tantos outros. Tudo isso por meio da brincadeira e da oportunidade que nós, professores, de Educação Física podemos oferecer aos nossos aprendizes, já que as aulas que ministramos por si só já são um sinônimo de fuga da sala onde muitas vezes atividades mais prazerosas podem vir a ser realizadas. Utilizando dessa ferramenta maravilhosa podemos cativar os alunos e ensinar aquilo que desejamos, neste caso foram os jogos cooperativos, que se faziam mais do que necessários para os estudantes uma vez que foi identificado a falta de coleguismo entre os amigos de classe. Sinto-me privilegiado por ter tido oportunidade de ofertar esse conteúdo as crianças, e ainda mais contente por ter conseguido concluir minha primeira intervenção pedagógica, por ser um professor recém formado, acredito ainda ter muito a compreender, porém sempre com disposição e refletindo sobre minhas ações em sala de aula. Por ultimo deixo aqui meu obrigado a todos os alunos que participaram de minhas aulas, pois agora JUNTOS somos pessoas um pouco melhores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: se o importante é competir o fundamental é cooperar. São Paulo. Cepeusp, 1999. FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 2009. FREIRE, João Batista. SCAGLIA, Alcides José. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2009.