Mostra Científica da Farmácia, 10., 2016, Quixadá. Anais... Quixadá: Centro Universitário Católica de Quixadá, 2016.

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Transcrição:

AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE PRÓPOLIS VERMELHA FRENTE AO PROPIONIBACTERIUM ACNES RESUMO Maria Natália Campos Luz 1 Edmir Geraldo de Siqueira Fraga² ¹Discente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Católica de Quixadá; e-mail: nattymyle@hotmail.com ²Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Católica de Quixadá; e-mail: edmirfraga@fcrs.edu.br A acne é a mais comum das doenças crônicas do folículo polissebáceo da pele humana, levando ao aparecimento de lesões polimorfas. Dentre os fatores desencadeantes, além do fator genético, o fator hormonal contribui para que ocorra a hipersecreção sebácea que leva a obstrução do folículo piloso e consequente proliferação de microrganismos, representados principalmente pelo Propionibacterium acnes, o que o torna um importante alvo terapêutico. A própolis vermelha possui atividade antimicrobiana evidente contra as bactérias gram-positivas. Objetiva-se neste trabalho, avaliar a atividade antimicrobiana in vitro da própolis vermelha em forma de extrato etanólico frente ao Propionibacterium acnes, com determinação das concentrações inibitórias mínimas (MIC50 e MIC90). Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e experimental, a ser realizado no laboratório de Controle de Qualidade da Farmácia Escola do Centro Universitário Católica de Quixadá, no período de setembro a dezembro de 2016. Será selecionada a cepa de Propionibacterium acnes ATCC 1969. Partindo-se da concentração de 64% de extrato etanólico de própolis vermelha, será realizada uma macrodiluição até a concentração de 0,03%, com posterior inoculação da bactéria, respeitandose os períodos de incubação. Os tubos serão vedados com vaselina líquida estéril e os ensaios serão realizados em duplicata. As MICs serão determinadas mediante leitura visual dos tubos, considerando como a menor concentração de extrato de própolis vermelha onde não se visualizar crescimento microbiano. Para controle de qualidade será usado resazurina. Esperase conhecer a ação da própolis vermelha em forma de extrato etanólico frente ao Propionibacterium acnes, tendo em vista que este patógeno apresenta características de suscetibilidade. Palavras-chave: Ação Antimicrobiana. Acne. Própolis. INTRODUÇÃO A acne é a mais comum das doenças crônicas do folículo polissebáceo da pele humana, levando ao aparecimento de vários tipos de lesões. Dentre os fatores desencadeantes, além do fator genético, o fator hormonal contribui para que ocorra a hipersecreção sebácea que leva a obstrução do folículo piloso e consequente proliferação de microrganismos, representados principalmente pelo Propionibacterium acnes. O Propionibacterium acnes pode atuar na fisiopatologia da acne liberando enzimas que contribuem com a ruptura da parede folicular e também estimulando a resposta inflamatória. O uso de produtos naturais em dermatologia está se tornando cada vez mais comum. Substâncias como a própolis, coletada por abelhas, tem despertado o interesse de muitos

pesquisadores em decorrência de suas inúmeras propriedades terapêuticas, como: cicatrizantes, antimicrobianas, anestésicas, anti-inflamatórias, antioxidantes e anticancerígenas. Frente a essa realidade, surgem os questionamentos: A própolis vermelha na forma de extrato etanólico possui atividade antibacteriana contra o Propionibacterium acnes? Qual concentração de própolis vermelha em forma de extrato etanólico apresenta melhor atividade antibacteriana? A busca por produtos de fontes naturais com atividades antibacterianas é constante, tendo em vista que geralmente apresentam menores chances de causar efeitos adversos e/ou induzir resistência bacteriana. Diante disso, estudar a atividade de compostos naturais com ação antimicrobiana, como a própolis vermelha, ganha cada vez mais importância. Objetiva-se neste trabalho, avaliar a atividade antimicrobiana in vitro da própolis vermelha em forma de extrato etanólico frente ao Propionibacterium acnes, com determinação das concentrações inibitórias mínimas (MIC50 e MIC90). REFERENCIAL TEÓRICO A acne é uma afecção crônica, universal, multifatorial, inflamatória ou não inflamatória. Surge na puberdade e, quando não tratada, perdura por toda a adolescência ou até mesmo até a fase adulta. Localiza-se no folículo polissebáceo, o qual é formado pela invaginação da epiderme que se estende até a derme, abrigando em seu interior a glândula sebácea e o pelo. Fatores genéticos e hormonais contribuem para que ocorra a hipersecreção sebácea que leva à obstrução do folículo e à proliferação de microrganismos. Consideram-se quatro fatores fisiopatológicos primários para acne: Produção excessiva de sebo pelas glândulas sebáceas; Hiperqueratinização folicular; Colonização do folículo piloso por microorganismos, principalmente o Propionibacterium acnes e liberação de mediadores da inflamação no folículo e derme adjacente. O Propionibacterium acnes desempenha papel dominante na segmentação dos queratinócitos e glândulas sebáceas do folículo pilossebáceo, contribuindo para o desenvolvimento de hiperseborreia e no desenvolvimento de comedões. A melhor compreensão do papel do Propionibacterium acnes abre novas perspectivas para o desenvolvimento de novos tratamentos. As substâncias tópicas podem ser utilizadas de forma isolada, nos casos de acne mais leves ou combinadas a outros agentes, nos casos de acne moderada e grave. A terapia tópica envolve o uso de retinóides, peróxido de benzoíla, ácido azeláico, ácido salicílico, e antibióticos. O uso de contraceptivos orais e antiandrógenos, isotretinóina e antibióticos orais representam uma alternativa, considerando ainda, terapia fotodinâmica, fontes de luz e lasers. No Brasil existem 13 tipos de própolis, incluindo própolis verde, própolis vermelha, própolis marrom, própolis preta, própolis amarela e o geoprópolis. São diferenciadas pela cor, pelo odor e pela consistência. As características da própolis estão associadas à planta de origem e à espécie de abelha produtora. As abelhas da espécie Apis mellifera recolhem os extratos resinosos vermelhos, para posterior produção da própolis vermelha, da superfície da planta Dalbergia ecastophyllum, popularmente conhecida como rabo-de-bugio, encontrada ao longo da praia e região do mangue do nordeste do Brasil, sendo esta considerada a origem botânica da própolis vermelha. Sua principal forma de utilização é como extrato alcoólico, sendo largamente utilizado para fins terapêuticos e farmacológicos em humanos. Contudo, ainda são necessárias mais pesquisas para esclarecer sua eficácia e de seus resíduos de extração. A própolis vermelha apresenta ação antibacteriana mais evidente contra Gram-positivas o que está diretamente relacionado à sua composição química, com destaque aos ácidos fenólicos e flavonoides. A resistência apresentada pelas bactérias Gram-negativas

possivelmente está ligada a composição de suas membranas plasmáticas, com uma maior quantidade de lipídios e a presença de lipopolissacarídeo na parede celular, fator este determinante na patogênese, toxicidade e ainda capacidade antigênica desses microrganismos. Existe a possibilidade de os compostos fenólicos ativarem ou aumentarem a atividade da lisozima sérica, a qual desestabiliza a parede celular bacteriana, podendo haver uma variabilidade destas ações decorrente da sensibilidade de cada grupo de bactéria. A própolis tem sido amplamente utilizada na medicina popular devido aos seus componentes químicos especiais, farmacologia forte, propriedades e baixa toxicidade. Este amplo espectro de efeitos terapêuticos torna a própolis um potente candidato a vários cenários clínicos. A resistência microbiana vem aumentando em todo o mundo, essa questão levanta uma preocupação com a descoberta de novos agentes terapêuticos com consequente: melhor resposta farmacoterapêutica, diminuição de sua toxicidade e também dos custos, principalmente no tratamento de infecções comuns como por exemplo, causadas por Propionibacterium acnes. METODOLOGIA Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e experimental, a ser realizado no laboratório de Controle de Qualidade da Farmácia Escola do Centro Universitário Católica de Quixadá, no período de setembro a dezembro de 2016. Será selecionada para o estudo a cepa de Propionibacterium acnes ATCC 1969, a qual será ativada em caldo de tioglicolato e incubada em anaerobiose. Partindo-se da concentração de 64% de extrato etanólico de própolis vermelha, será realizada uma macrodiluição até a concentração de 0,03% conforme padronizado pelo Clinical Laboratory and Standards Institute (CLSI), documento M11-A8, com posterior inoculação da bactéria, respeitando-se os períodos de incubação. Os tubos serão vedados com vaselina líquida estéril e os ensaios serão realizados em duplicata. As MICs serão determinadas mediante leitura visual dos tubos, considerando como a menor concentração de extrato de própolis vermelha onde não se visualizar crescimento microbiano. Serão aceitos intervalos de MICs de ± 01 diluição por todas MICs, de modo a permitir critérios interpretativos entre as MICs de Própolis Vermelha e de antimicrobianos Benzilpenicilina e Vancomicina, estabelecidos pelo European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing (EUCAST) documento 5.16b. Para controle de qualidade será usado resazurina como indicador de óxido redução, os tubos que adquirirem uma coloração rosada indicam a reação química de óxido redução da resazurina em resorfurina, sendo interpretada como presença de células viáveis, enquanto que nas cavidades onde não há mudança na coloração do corante, interpreta-se como ausência de células viáveis, indicando inibição do crescimento celular pelo extrato. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho fornecerá evidências in vitro de modo a fundamentar o manejo clínico e real eficácia terapêutica da própolis vermelha no tratamento da acne, o que auxilia no desenvolvimento de formulações cosméticas acessíveis com melhor adesão pelos pacientes. A utilização de produtos naturais com ação antimicrobiana é uma alternativa considerável frente ao uso de antibióticos sintéticos com maiores riscos de induzir resistência microbiana e ainda de desenvolver reações adversas, ainda nessa perspectiva o uso de outros fármacos como a isotretinoína representa uma terapia complicada, o que envolve todo o contexto de vida do paciente, necessitando de maiores cuidados.

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