Requeridos: INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL SÃO LUCAS IDESAL e FACULDADE REUNIDA - FAR Assunto: Não autorização do MEC para ofertar cursos de graduação, pós-graduação e formação docente. RECOMENDAÇÃO Nº /2012 PRDC/PA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por meio do Procurador da República que assina ao final, no regular exercício de suas atribuições legais e institucionais, e Considerando que o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme preceitua o art. 127, da Constituição Federal de 1988; Considerando ser função institucional do Ministério Público promover ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, e de outros interesses difusos e coletivos, conforme dispõe o art. 129, III, da Constituição da República; Considerando ser atribuição do Ministério Público da União, conforme dispõe o artigo 6º, XX, da Lei Complementar nº 75/93, expedir recomendações visando a melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como velar pelo respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe couber promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis; Considerando que foi instaurado o Procedimento Administrativo nº 1.23.000.000512-68, para apurar a existência e regularidade de cursos de graduação ofertados pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional São Lucas (IDESAL), em parceria com a Faculdade Reunida - FAR, em diversos municípios do Estado do Pará; Considerando que, em pesquisa no site do MEC (http://emec.mec.gov.br), Rua Domingos Marreiros, 690, Umarizal - CEP 66055-210 - Belém/PA
restou constatado que a Faculdade Reunida possui autorização do MEC para ofertar cursos de graduação e pós-graduação somente no município de Ilha Solteira, no Estado de São Paulo, não sendo possível, portanto, a parceria com o IDESAL para a oferta de cursos de graduação no Estado do Pará; Considerando que, após constatar a irregularidade dos cursos ofertados pelo IDESAL, em parceria com a FAR, esta Procuradoria da República expediu a Recomendação nº 12/2012 (fls. 09/11); Considerando que, em sede de manifestação (fls. 48/55), o IDESAL afirmou que somente oferta cursos livres e não oferta cursos de graduação e pós-graduação, porém, firmou contrato de prestação de serviços educacionais com a FAR que tem como objeto a oferta de cursos de pós-graduação lato sensu, cursos de extensão universitária e formação docente, no Estado do Pará (fls. 30/35); Considerando que a FAR, em sua manifestação (fls. 37/38), informa que, além de ofertar cursos de pós-graduação, cursos de extensão universitária e formação docente no município de Ilha Solteira/SP, também atua e oferta tais cursos em cidades vizinhas do Estado do Mato Grosso do Sul e em outros municípios de São Paulo; Considerando que a Faculdade Reunida FAR somente possui autorização para ofertar cursos de graduação e pós-graduação no município de Ilha Solteira/SP, e que, segundo o MEC, a oferta de um curso de educação superior só se realiza mediante autorização do Ministério da Educação, sendo válida exclusivamente no endereço constante na portaria que o autorizou, nos termos do artigo 11 do Decreto 5.773/2006; Considerando, ainda, que conforme ofício nº 642/2012-GAB/SERES/MEC (fls. 43/44), a Faculdade Reunida FAR foi descredenciada em razão de oferta irregular de cursos de complementação pedagógica, sendo determinado o encerramento da oferta de todos os cursos da faculdade, conforme Despacho nº 62/2009- CGSUP/DESUP/SESU/MEC (Diário Oficial da União de 04/09/09); Considerando também que, conforme Nota Técnica nº 1571/2009- CGSUP/DESUP/SESU/MEC (fls. 45/47), em que pese a interposição de recurso ao Rua Domingos Marreiros, 690, Umarizal - CEP 66055-210 Belém/PA 2
Conselho Nacional de Educação pela FAR, o recurso foi recebido sem efeito suspensivo, logo a decisão do descredenciamento continua eficaz; Considerando que, portanto, desde a decisão do descredenciamento, que ocorreu em 2009, a FAR não pode ofertar nenhum curso que necessite de autorização do MEC, como cursos de graduação, pós-graduação e formação docente; Considerando que no caso de formação docente, o art. 7º da Resolução nº 02/97 CNE/CEB, prevê a oferta de tais cursos independente de autorização prévia, por universidades e instituições de ensino superior que ministrem cursos reconhecidos de licenciatura, ou seja, a instituição tem que ser credenciada, ter autorização e reconhecimento para o curso de licenciatura pretendido para poder ofertar o curso de formação docente; Considerando que o art. 8º, da resolução supra, permite a oferta do curso de formação docente de forma semi-presencial, na modalidade de ensino a distância, porém exige o credenciamento prévio da instituição de ensino superior pelo Conselho Nacional de Educação; Considerando, então, que resta evidente o vínculo e a ilegalidade do contrato de prestação de serviços educacionais firmado entre o IDESAL e a FAR; Considerando que esta prática é ilegal e poderá causar graves danos aos alunos e à sociedade em geral, além dos danos já causados; Considerando, por fim, que esta prática é completamente contrária a Constituição Federal de 1988 e a Legislação Federal vigente, já que se encontra em desacordo com a disposição prevista nos arts. 36 e 37 da Lei nº 8078/1990, resolve RECOMENDAR Ao INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL SÃO LUCAS (IDESAL), na pessoa de seu Representante Legal, que: Rua Domingos Marreiros, 690, Umarizal - CEP 66055-210 Belém/PA 3
a) paralise imediatamente a divulgação de todo e qualquer anúncio publicitário oferecendo os cursos de pós-graduação lato sensu, cursos de extensão universitária e formação docente, no Estado do Pará, que são objeto do contrato de prestação serviços educacionais firmado com a FAR, bem como a divulgação de que seja Instituição de Ensino Superior e que oferece cursos reconhecidos pelo MEC; b) suspenda imediatamente suas atividades referente aos cursos ora questionados no Estado do Pará, nos termos do art. 56, VII do CDC, com a interrupção imediata de qualquer matrícula em tais cursos; c) se abstenha de firmar qualquer contrato de prestação de serviços educacionais com a FAR ou qualquer outra instituição, mesmo que credenciada pelo MEC, que tenham como objeto a oferta presencial de cursos de graduação, pósgraduação lato sensu, cursos de extensão universitária e formação docente, tendo em vista a informação enfática do MEC (fls. 43/44) de que não há na legislação educacional qualquer previsão para a celebração de contratos de parceria para a oferta de cursos superiores na modalidade presencial. E à FACULDADE REUNIDA - FAR, na pessoa de seu Representante Legal, que: a) paralise imediatamente a divulgação de todo e qualquer anúncio publicitário oferecendo os cursos de pós-graduação lato sensu, cursos de extensão universitária e formação docente, no Estado do Pará, que são objeto do contrato de prestação de serviços educacionais firmado com o IDESAL, bem como a divulgação de que seja Instituição de Ensino Superior credenciada e que oferece cursos reconhecidos pelo MEC, considerando o seu descredenciamento; b) suspenda imediatamente suas atividades referente aos cursos ora questionados no Estado do Pará, nos termos do art. 56, VII do CDC, com a interrupção imediata de qualquer matrícula em tais cursos; c) se abstenha de firmar qualquer contrato de prestação de serviços educacionais com o IDESAL ou qualquer outra instituição não credenciada pelo MEC, que tenham como objeto a oferta presencial de cursos de graduação, pósgraduação lato sensu, cursos de extensão universitária e formação docente, tendo em vista a informação enfática do MEC (fls. 43/44) de que não há na legislação Rua Domingos Marreiros, 690, Umarizal - CEP 66055-210 Belém/PA 4
educacional qualquer previsão para a celebração de contratos de parceria para a oferta de cursos superiores na modalidade presencial. Para tanto, estabeleço o prazo de 5 (cinco) dias para protocolo da resposta no MPF, ou envio da resposta pelo fax (091) 3241-2877, para que V. Senhorias manifestem-se acerca do acatamento (parcial ou integral) ou não da presente Recomendação ou explique os motivos da não adoção das medidas recomendadas. A omissão de resposta no prazo estabelecido será considerada como recusa ao cumprimento da recomendação e poderá ensejar a adoção de medidas judiciais cabíveis pelo Ministério Público Federal. Seguem, em anexo, cópias de fls. 30/38, 43/55, do presente Procedimento. Belém, 20 de abril de 2012. ALAN ROGÉRIO MANSUR SILVA Procurador da República Procurador Regional dos Direitos do Cidadão Rua Domingos Marreiros, 690, Umarizal - CEP 66055-210 Belém/PA 5