TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA nº 02/2012

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1 TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA nº 02/2012 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF), representado pelo procurador da República DARLAN AIRTON DIAS, titular do 1º Ofício da Procuradoria da República em Criciúma, e o CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DA 12ª REGIÃO SANTA CATARINA, CNPJ nº / , autarquia pública federal de controle e regulação profissional na área de Serviço Social, com sede na Rua dos Ilhéus, 38, ed. Aplub, sala 1005, centro, Florianópolis/SC, representada por sua presidente, MAGALI RÉGIS FRANZ; Considerando, de acordo com o art. 127 da Constituição da República, o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis; Considerando que, nos termos do art. 129, II, da Constituição da República, é função institucional do Ministério Público zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, inclusive o direito à saúde e à vida, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; Considerando que, de acordo com o art. 6º, VII, a, c e d, da Lei Complementar 75/93, incumbe ao Ministério Público Federal promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos constitucionais e a proteção de interesses individuais indisponíveis, homogêneos, sociais, difusos e coletivos; Considerando que, nos termos do art. 205 da Constituição da 1

2 República, a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho; Considerando que o art. 80 da Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) prevê o ensino a distância como uma das modalidades de ensino, dizendo, ainda, que o Estado incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância; Considerando que a Constituição da República garante o direito à igualdade e veda qualquer espécie de discriminação; Considerando que, de acordo com o inciso XIII do art. 5º da Constituição da República, é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações que a lei estabelecer; Considerando que os conselhos de regulação profissional, como autarquias públicas que são, estão adstritos ao princípio da legalidade; Considerando que a Associação Catarinense dos Estudantes de Ensino a Distância e seis estudantes de ensino a distância nominadas apresentaram representação ao Ministério Público Federal, noticiando suposta discriminação que estariam sofrendo por parte do Conselho Regional de Serviço Social da 12ª Região, tendo em vista a campanha Educação não é fast-food: diga não para a graduação à distância em Serviço Social, lançada pelo Conjunto CFESS-CRESS; Considerando que, a partir desta representação, o Ministério Público Federal instaurou o Inquérito Civil nº / ; 2

3 Considerando que a campanha Educação não é fast-food: diga não para a graduação à distância em Serviço Social foi posteriormente suspensa em todo o Brasil, por ordem judicial proferida no Processo nº , que tramita perante a Subseção Judiciária de Campinas/SP; Considerando que no Inquérito Civil nº / há indícios de que o CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DA 12ª REGIÃO tentou convencer Assistentes Sociais nele registrados a não supervisionar estágios de estudantes de Serviço Social na modalidade de ensino a distância, inclusive com ameaças veladas de retaliação caso descumprissem a orientação do CONSELHO; Considerando que incumbe apenas ao Ministério da Educação credenciar, descredenciar e fiscalizar os cursos superiores na modalidade de ensino a distância; estudantes; Considerando a Lei /2008, que dispõe sobre o estágio de Considerando a Lei 8.662/1993, que dispõe sobre a profissão de Assistente Social e a sua respectiva competência privativa para treinamento, avaliação e supervisão direta de estágios em Serviço Social ; RESOLVEM celebrar o presente TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (TAC), com fulcro no art. 5º, 6º, da Lei 7.347/85, mediante as seguintes cláusulas: 3

4 CLÁUSULA 1ª O CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DA 12ª REGIÃO se compromete a tratar com absoluta igualdade os estudantes de Serviço Social, independentemente de serem oriundos de cursos na modalidade presencial ou a distância. CLÁUSULA 2ª O CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DA 12ª REGIÃO orientará os Assistentes Sociais nele registrados a tratar com absoluta igualdade os estudantes de Serviço Social, independentemente de serem oriundos de cursos na modalidade presencial ou a distância, oferecendo-lhes e supervisionando-lhes estágio em igualdade de condições. 1º A oferta e supervisão de estágio em Serviço Social dependerá apenas do preenchimento das condições previstas na legislação em vigor, especialmente na Lei /2008, na Lei 8.662/1993, na Resolução CFESS nº 533/2008 e na Resolução CFESS nº 568/2010, inclusive quanto ao prévio cadastramento dos campos de estágio, conforme previsto no art. 14 da Lei 8.662/1993 e no art. 1º da Resolução CFESS nº 533/ º No prazo de 10 (dez) dias contados da assinatura de Termo, o CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DA 12ª REGIÃO passará a orientação prevista no caput a todos os Assistentes Sociais nele registrados. 3º A comunicação referida no parágrafo anterior poderá ser feita por mala direta ou correio eletrônico, sendo que uma cópia deve ser encaminhada ao MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, para comprovação do cumprimento da obrigação. 4

5 CLÁUSULA 3ª Caso seja comprovado algum ato de discriminação em relação aos estudantes de Serviço Social na modalidade a distância após a assinatura deste Termo, o CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DA 12ª REGIÃO incorrerá em multa, no valor de R$ ,00 (dez mil reais) por ato de discriminação. CLÁUSULA 4ª Caso haja atraso no cumprimento da obrigação prevista na Cláusula 2ª, o CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DA 12ª REGIÃO incorrerá em multa, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) por dia de atraso. CLÁUSULA 5ª As multas referidas nas cláusulas anteriores serão revertidas para o Fundo Nacional de Reconstituição dos Bens Difusos Lesados, previsto no art. 13 da Lei 7.347/85. Parágrafo único A incidência das multas previstas nas cláusulas anteriores não impede a execução específica das obrigações de fazer e não-fazer previstas neste Termo. Diário Oficial da União. CLÁUSULA 6ª Este Termo será publicado, mediante extrato, no 5

6 CLÁUSULA 7ª Este Termo tem eficácia de título executivo extrajudicial, nos termos do art. 5º, 6º, da Lei 7.347/85 e art. 585, VIII, do Código de Processo Civil, e poderá ser executado por qualquer dos signatários. CLÁUSULA 8ª Fica eleito o foro da Subseção Judiciária Federal de Criciúma/SC para dirimir quaisquer conflitos resultantes deste Termo, bem como para executá-lo judicialmente. Por fim, estando as partes ajustadas e compromissadas, firmam este TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (TAC), em 2 (duas) vias de igual teor e forma. Criciúma, 13 de fevereiro de DARLAN AIRTON DIAS MAGALI RÉGIS FRANZ Procurador da República Presidente do CRESS 12ª Região 6