PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO PRELIMINAR Nº 060/2006 PROTOCOLO GERAL 4881/2008

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1 PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO PRELIMINAR Nº 060/2006 PROTOCOLO GERAL 4881/2008 Interessados: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADUAL 19ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE MARINGÁ, CAOP ÀS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO À EDUCAÇÃO E CAOP DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Investigado: VIZIVALI (FACULDADE VIZINHANÇA DO VALE DO IGUAÇU) E IESDE.(INSTITUTO DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL). Natureza: 011 ESCOLAS; 025 PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. RELATÓRIO Trata-se de Procedimento Investigatório Preliminar (nº 060/06 e PG 4881/08), tendo por base cópia dos autos de Protocolo Geral nº 14436/2005, da 19º Promotoria de Justiça de Maringá, dando conta de possíveis irregularidades praticadas pelas instituições de ensino denominadas VIZIVALI (Faculdade Vizinhança do Vale do Iguaçu) e IESDE (Instituto de Estudos e Desenvolvimento Educacional). Da análise do caderno, depreende-se que a VIZIVALI é 1

2 uma fundação municipal, cuja sede situa-se no município de Dois Vizinhos e o IESDE, por sua vez, encontra-se sediado em Curitiba e oferece curso naquela faculdade, na modalidade de curso a distância. Verifica-se, ainda, que referida modalidade de curso possui previsão na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que em seu artigo 80 prevê o incentivo do Poder Público aos programas de ensino à distância e de educação continuada. Porém, tal sistema deve obedecer a regime especial e apenas poderá ser ofertado por instituições credenciadas. Ainda, depreende-se que os cursos oferecidos pela VIZIVALI e IESDE destinavam-se à capacitação de professores da rede pública, o que é previsto pelo artigo 87, 3º, inciso III da LDB, bem como pelo Decreto 2494/98 que determina que os certificados e diplomas expedidos por instituições de ensino credenciadas possuem validade nacional (art.5º). Referido curso de capacitação destinava-se a professores atuantes na rede pública, com duração de 27 (vinte e sete) meses para habilitação em Educação Infantil e/ou docência nas séries iniciais do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série), sendo o diploma devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação/MEC. Assim, verifica-se que a Faculdade Vizinhança do Vale do Iguaçu está sujeita ao Sistema Estadual de Ensino e credenciada a ofertar cursos à distância, destinados a profissionais em exercício na atividade docente, em caráter especial. Esta é a forma pela qual o legislador encontrou para promover a formação e adequação de docentes atuantes no sistema público 2

3 educacional, conforme determina a LDB, de maneira alternativa e provisória. Portanto, tal programa atribui ao docente todos os direitos exatamente como se tivesse concluído um curso regular de licenciatura. Conforme a Deliberação 04/02, do Conselho Estadual de Educação do Paraná, pelo seu artigo 7º, que autorizou o denominado programa especial de capacitação, os docentes que concluíssem tal curso teriam diploma de licenciados com habilitação para atuar na educação infantil e/ou para docência nas séries iniciais do ensino fundamental. Tem-se que a VIZIVALI, em parceria com o IESDE, encontra-se regular por meio da Portaria nº 93/02 e está autorizada a ofertar cursos à distância (Portaria 33/01, do mesmo Conselho). Contudo, os programas especiais de capacitação possuíam caráter especial conforme se depreende da própria denominação do programa (fls. 34), sendo autorizados pelo Conselho Estadual de Educação do Paraná e ofertados aos profissionais atuantes no magistério da rede pública de ensino (fls. 35), ainda, com carga mínima de 24 (vinte e quatro) meses de duração e com termo (consoante art. 87 da LDB) em 31 de dezembro de 2007, não podendo, deste modo, ser ofertado após esta data e/ou a alunos que não preenchessem os requisitos para participação. Foram então os autos encaminhados a este Centro de Apoio que após análise, entendeu por bem solicitar informações complementares da Secretaria de Educação referente às instituições VIZIVALI e IESDE (fls. 51). Da resposta apresentada às fls. 53/54, tirou-se em princípio a regularidade da VIZIVALI por meio do Decreto Governamental nº 1704, de 27/12/99. Contudo, por medida de cautela, novo ofício foi encaminhado à Secretaria de Educação Superior/ME para esclarecimentos, e, pela resposta foi informado que houve a instauração de procedimentos a 3

4 fim de apurar eventuais irregularidades face ao IESDE, VIZIVALI e Universidade Castelo Branco, que culminaram com a suspensão na tramitação dos processos de interesse do IESDE (fls. 59/61). Posteriormente, o Ministério Público Federal encaminhou expediente com assunto idêntico ao tratado no PIP 060/2006 (PG 4881/08), ao qual foi apensado. Então, oficiou-se à SETI (fls. 69) e ao CAOP da Educação. Este, em resposta, informou a propositura de Ação Coletiva (nº 1361/07 18ª VC) fazendo juntar cópias da referida Ação (fls. 73/88). A SETI informou que os questionamentos contidos no ofício 166/2008 CAOP foram remetidos ao Conselho Estadual de Educação tendo em vista que aquele Colegiado vem tratando da questão suscitada (fls. 91/92). É o que pertine quanto ao PIP 060/06. Quanto ao PG 4881/2008, tem-se do Despacho de fls. 03/06 que o Decreto nº 5622/05, regulamenta o sistema de educação à distância, cuja competência é do MEC e que o IESDE seria a instituição que ofertaria tais cursos por intermédio de convênio com as instituições educacionais, como provedor. Contudo, solicitada informação, o MEC entendeu não ter competência em relação aos atos praticados pelo Conselho de Educação do Estado do Paraná. Às fls. 08 foi juntada pelo IESDE cópia da Portaria 33/01, dando pelo seu credenciamento para oferta de curso a distância. 4

5 É o relatório final. FUNDAMENTAÇÃO Em princípio, o curso ofertado pela VIZIVALI e pelo IESDE, possuía aparência de estar atuando em desconformidade, contudo, no caminhar processual, foi-se juntando ao feito documentos e atos legislativos que culminaram por diluir eventuais dúvidas quanto a sua irregularidade, já que tal curso era ofertado em caráter especial com intuito de adequar os docentes atuantes na rede pública de ensino básico. Ainda, trata-se de programa do governo estadual para que os professores da rede pública pudessem concluir um curso de nível superior e/ou equivalente, já que muitos tinham feito cursos já extintos (Normal v.g.). Com isto, instituições que tivessem interesse e preenchessem os requisitos mínimos para oferta de tais cursos foram autorizados, em caráter temporário a fazê-lo, ou seja, teriam até o ano de 2005 para a oferta e até 2007 para conclusão do curso em programa especial, segundo a Deliberação nº 04/02, do Conselho Estadual de Educação do Estado do Paraná. Embora se tenha a regularidade para ofertar tal curso, o IESDE e VIZIVALI extrapolaram, e muito, nessa oferta já que admitiram inscrições de pessoas que não possuíam e/ou preenchiam os quesitos básicos para inscrição, qual seja, ser profissional atuante no magistério da rede pública de ensino, o que denotou evidente afronta à Lei e motivou a propositura da Ação Coletiva pela Promotoria de Justiça de Proteção à Educação, que tramita junto à 18ª Vara Cível de Curitiba (Ação Coletiva 5

6 1361/2007). Deste modo, considerando que das linhas investigatórias levadas a efeito pelo Ministério Público, uma por intermédio deste Centro de Apoio Operacional Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, e outra pela Promotoria de Justiça de Proteção à Educação, a primeira restou por evidenciar não existir interesse de agir para eventual providência conformadora, quer extrajudicialmente, quer pela via judicial, o que leva ao arquivamento dos feitos anexados. Já na outra vertente, da ofensa ao interesse da Educação, houve o ajuizamento de Ação Coletiva que se encontra em tramitação. CONCLUSÃO Isto posto, determinamos o arquivamento dos presentes feitos com remessa ao Egrégio Conselho Superior do Ministério Público para os fins do art. 9º, e parágrafos da Lei 7347/85 (Lei da Ação Civil Pública). Curitiba, 15 de outubro de Ciro Expedito Scheraiber Procurador de Justiça Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor Maximiliano Ribeiro Deliberador Promotor de Justiça Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor 6