O ALUNO CEGO E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO CAMPO DA MATEMÁTICA: A PERCEPÇÃO DE DOIS EDUCADORES.

Documentos relacionados
O ALUNO CEGO E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZA- GEM NO CAMPO DA MATEMÁTICA: A PERCEPÇÃO DE DOIS EDUCADORES.

ENSINO DE QUÍMICA NA ESCOLA REGULAR: análise no processo de inclusão de um aluno cego

LIVRO DAS FRAÇÕES: UM RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

A IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA ESCOLAR PARA ALUNOS COM DEFICIENCIA VISUAL: o papel da Cartografia Tátil

OS DESAFIOS DE ENSINAR PARA ALUNOS CEGOS: CONCEPÇÃO DE UM PROFESSOR DE QUÍMICA DO IFPB

Música e Inclusão: ações pedagógicas para o trabalho com um aluno cego no ensino superior

O PAPEL DO LABORATÓRIO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

O USO DAS TECNOLOGIAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL NO INSTITUTO DOS CEGOS DE CAMPINA GRANDE

O ENSINO DE MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS: DESAFIOS E NECESSIDADES DOCENTES

O USO DE NOVAS FERRAMENTAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL FELIPE RODRIGUES DE LIMA BARAÚNA/PB.

ALGUMAS METODOLOGIAS DE ENSINO UTILIZADAS PELOS PROFESSORES QUE LECIONAM MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS: ALGUMAS IMPLICAÇÕES A PRÁTICA DOCENTE

O ENSINO DA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA: UM ESTUDO DIDÁTICO-REFLEXIVO COM UMA TURMA DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

A MATEMÁTICA NO COTIDIANO: RECONHECENDO E TRABALHANDO COM SITUAÇÕES QUE ENVOLVEM FUNÇÕES

Erodiades Possamai Natália Lummertz Nébia Mara de Souza

LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA: UMA FERRAMENTA IMPRESCINDÍVEL PARA A APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA

MATERIAIS ADAPTADOS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO ACADÊMICA DE LICENCIANDOS EM QUÍMICA

Marcilene França da Silva (1); Eva Lídia Maniçoba de Lima (2)

O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS CEGAS: INVESTIGAÇÃO DE AÇÕES METODOLÓGICAS FACILITADORAS EM UMA INSTITUIÇÃO ESPECIALIZADA

FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES E A INCLUSÃO DOS ALUNOS PÚBLICO ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Professor ou Professor Pesquisador

A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS COMO MÉTODOS MEDIADORES NO ENSINO DE QUÍMICA PARA ALUNOS CEGOS

Fundamentos e Práticas de Braille II

CAP ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO À INCLUSÃO

A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO DOS PROFESSORES DE TRÊS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IMPERATRIZ-MA 1

AS DIFICUDADES NO ENSINO DA MATEMÁTICA PARA ALUNOS SURDOS NA EREM MACIEL MONTEIRO NO MUNICÍPIO DE NAZARÉ DA MATA, PE

Projeto de Pesquisa em Adaptação de Materiais Didáticos Especializados para Estudantes com Necessidades Especiais

PERCEPÇÕES DOS FUTUROS PROFESSORES SOBRE O CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (UFMA)-BRASIL RESUMO

MATEMÁTICA E INCLUSÃO: O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS CEGOS EM CLASSES REGULARES E A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS ASSISTIVAS

O TRABALHO DO DOCENTE DE MATEMÁTICA NO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL (6º AO 9º ANO) EM PARÁ BATINS CURRAIS-PI

A ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL CONGÊNITA E ADQUIRIDA ATRAVÉS DE JOGOS PEDAGÓGICOS.

APLICAÇÃO DA DIDÁTICA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA

O ENSINO DE VIOLINO E A DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE CASO COM UMA CRIANÇA CEGA

ETNOMATEMÁTICA E LETRAMENTO: UM OLHAR SOBRE O CONHECIMENTO MATEMÁTICO EM UMA FEIRA LIVRE

A LUDICIDADE COMO RECURSO PEDAGÓGICO EM MATEMÁTICA

FORMAÇÃO INICIAL E EXTENSÃO COMUNITÁRIA: PERCEPÇÃO DO UNIVERSITÁRIO A RESPEITO DE SUAS AQUISIÇÕES AFETIVAS, COGNITIVAS E PRÁTICAS

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS À ALUNOS CEGOS NO INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO, CAXIAS, MA

O QUE OS DOCENTES DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA DA UEPB ENTENDEM SOBRE A ROBÓTICA EDUCACIONAL?

Palavras-chave: Subprojeto PIBID da Licenciatura em Matemática, Laboratório de Educação Matemática, Formação de professores.

Inclusão escolar. Educação para todos

As contribuições das práticas laboratoriais no processo de Ensino-Aprendizagem na área de Química

Discussões sobre a inclusão na formação inicial de professores de matemática

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES QUANTO AO USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

Didática Aplicada ao Ensino de Ciências e Biologia

O USO DO LIVRO DIDÁTICO NAS AULAS DE QUÍMICA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS. Apresentação: Pôster

O LIVRO DIDÁTICO NAS AULAS DE MATEMÁTICA: UM ESTUDO A PARTIR DAS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES. Introdução

Música e inclusão: O ensino da musicografia braile para alunos com deficiência visual

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA REITORIA ANEXO I. PROJETO DE 1. IDENTIFICAÇÃO

SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS

OFICINA: ENSINO DE MATEMÁTICA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL RESUMO

A ATUAÇÃO E O PERFIL DO PEDAGOGO NO ESPAÇO NÃO ESCOLAR: FORMAÇÃO DE PROFESSORES

FÍSICA ELÉTRICA, CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA O ENSINO DE ELETROQUÍMICA

DIDÁTICA E FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSOES: INTERFACE NECESSÁRIA E SIGNIFICATIVA À PRÁTICA DOCENTE

A CARTOGRAFIA TÁTIL NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA NA OBTENÇÃO DE MÁXIMOS E MÍNIMOS DE FUNÇÕES SUJEITO Á RESTRIÇÕES Educação Matemática no Ensino Superior GT 12 RESUMO

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

O USO DAS TIC S COMO INSTRUMENTOS DE MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA: REALIDADE E DESAFIOS DO PROFESSOR

JOGOS MATEMÁTICOS E ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: DESENHANDO AÇÕES PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS

JOGOS DE TABULEIRO: ferramenta pedagógica utilizada na construção do conhecimento químico

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

Estágio Curricular em Geografia e a Educação para além da visão

ATLAS MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES: A SITUACÃO DO ENSINO DE CARTOGRAFIA

ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA PARA ALUNOS CEGOS A PARTIR DO APLICATIVO MINIMATECAVOX

ANEXO F QUADRO RESUMO DOS NÚCLEOS DE SENTIDO POR ESTÁGIO

LIGAÇÕES QUÍMICAS: UMA PROPOSTA ALTERNATIVA NO ENSINO DE QUÍMICA PARA ALUNOS CEGOS.

Adaptação Curricular: Jogos sensoriais- Descobrindo sensações e movimentos E.E.Alfredo Paulino

RELATO DE EXPERIÊNCIA OS JOGOS NA APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: Concepção de uma professora iniciante de Química

JOGOS E TECNOLOGIAS QUE AUXILIAM NO ENSINO DA MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO

DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

Amauri de Oliveira Jesus Universidade do Estado da Bahia

CONFECÇÃO DE MATERIAS MANIPULÁVEIS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA A ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES VISUAIS E AUDITIVAS 1

A PERCEPÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES ACERCA DA LIBRAS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS 1

ATIVIDADES SENSORIAIS E DE ÁLGEBRA DO MÉTODO MONTESSORI PARA O AUTOAPRENDIZADO DE POLINÔMIOS E PRODUTOS NOTÁVEIS

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2503L - Licenciatura em Artes Visuais. Ênfase. Disciplina A - Didática

GT1: Formação de professores que lecionam Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental

RESUMO. Rachel Linka Beniz Gouveia José Fellipe Soares Maranhão

INTRODUÇÃO

INCLUSÃO EDUCACIONAL DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: DESAFIOS E PERSPECTIVAS.

Instituto Federal Farroupilha, Lic. em Matemática, CAPES/PIBID, 2

ISSN do Livro de Resumos:

A PRÁTICA CURRICULAR E AS TECNOLOGIAS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS E ESTADUAIS: desafios e possibilidades

A CONCEPÇÃO DO BOM PROFESSOR PARA OS BOLSISTAS DO PIBID SUBPROJETO EDUCAÇÃO FÍSICA

A TECNOLOGIA NA ÁREA DE GEOGRAFIA

USO DE ATIVIDADES INVESTIGATIVAS NAS AULAS DE FÍSICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA PARA O ESTUDO DA GRAVITAÇÃO

TRABALHANDO COM RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO CLUBE DE MATEMÁTICA DO PIBID: O CASO DO PROBLEMA DO SALÁRIO

Educação Ambiental. Profª. Ms. Alessandra Freitas Profª. Ms. Gabriela Maffei Professoras do Curso de Pedagogia das Faculdades COC

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA): UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ESTUDO DE SOLUÇÕES UTILIZANDO UMA ABORDAGEM DO COTIDIANO

CONSTRUINDO E APRENDENDO POLIEDROS DE UMA FORMA INTERESSANTE

O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA POR PROFESSORES NO ENSINO FUNDAMENTAL

PEREIRA, Ana Célia da R. Autora Professora da Escola Municipal Prof. Anísio Teixeira

NÚCLEO TEMÁTICO I CONCEPÇÃO E METODOLOGIA DE ESTUDOS EM EaD

UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA ACERCA DA PARTICIPAÇÃO DE CEGOS EM ATIVIDADES CIENTÍFICAS 1

A PROVINHA BRASIL SOB A ÓTICA DOS PROFESSORES ALFABETIZADORES

DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA ALIADO AO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E NO ATENDIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

RESOLUÇÃO DE SITUAÇÃO PROBLEMA ENVOLVENDO ESTRUTURA ADITIVA: UM ESTUDO REFLEXIVO COM ESTUDANTES DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

PENSAMENTOS DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS SOBRE SABERES DOCENTES: DEFINIÇÕES, COMPREENSÕES E PRODUÇÕES.

DIFICULDADES PEDAGÓGICAS: UMA PROBLEMÁTICA EM MEIO AO CAMPO MATEMÁTICO.

Transcrição:

O ALUNO CEGO E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO CAMPO DA MATEMÁTICA: A PERCEPÇÃO DE DOIS EDUCADORES. Pedro Fellype da Silva Pontes Graduando em matemática UEPB fellype.pontes@gmail.com Bolsista do PIBIC Prof. Eduardo Gomes ONOFRE Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática PPGCEM 1. INTRODUÇÃO eduonofre@gmail.com A inclusão dos alunos com algum tipo de deficiência nas escolas regulares ainda vem provocando inquietações, questionamentos de educadores e de familiares. Inquietações que nos levam a refletir sobre os desafios que muitos professores encontram frente as necessidades educacionais especiais de um aluno com uma deficiência. No caso dos alunos com deficiência visual, foco de estudo do presente artigo, as principais vias sensoriais que vão promover a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento é a audição e o tato. Salientamos que a deficiência visual é definida como a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da visão. O nível de acuidade visual pode variar, o que determina dois grupos de deficiência: cegueira ou baixa visão. Referindo-se à cegueira, compreendemos como uma perda total da visão ou pouquíssima capacidade de enxergar, levando a pessoa cega a necessitar do Sistema Braille como meio de leitura e escrita. Consoante as pessoas com baixa visão, diremos que caracteriza-se pelo comprometimento do funcionamento visual dos olhos, mesmo após tratamento ou correção. Nesse caso, o material didático deve ter letras ampliadas e a utilização de lupas é necessária para tal individuo assimilar os conteúdos trabalhados em sala de aula.

Dessa forma, os professores devem ter consciência que os materiais didáticos trabalhados em sala de aula devem ser adaptados para que os alunos com deficiência visual possam assimilar os conhecimentos estabelecidos por tais profissionais. Diante do contexto o presente trabalho tem como objetivo central compreender as dificuldades que os alunos cegos matriculados no Ensino Fundamental I têm em assimilar os conteúdos matemáticos na ótica de dois professores que lecionam matemática no Instituto dos Cegos de Campina Grande, PB. 2. METODOLOGIA A presente pesquisa utilizou uma abordagem qualitativa por considerar que utilizando tal abordagem o pesquisador poderá trazer para discussão saberes dos diferentes campos. Como diz Chizzotti (2013, p.28) a pesquisa qualitativa recobre, hoje, um campo transdisciplinar, envolvendo as ciências humanas e sociais (...) adotando multimétodos de investigação para o estudo de um fenômeno situado no local em que ocorre, e, enfim, procurando tanto encontrar o sentido desse fenômeno quanto interpretar os significados que as pessoas dão a eles. Utilizamos como instrumento metodológico uma entrevista semi-estruturada, onde participaram dessa pesquisa dois professores que lecionam matemática, vinculados ao Instituto dos Cegos de Campina Grande, PB. As entrevistas foram realizadas durante o mês de Setembro do corrente ano. A entrevista foi dividida em duas partes, a primeira referente aos dados profissionais e a segunda parte referente as dificuldades dos alunos cegos no campo da matemática. 3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS a. O perfil profissional dos participantes da pesquisa. O professor P1 tem uma formação em Licenciatura em Ciências Exatas com habilitação em Física. Não possui pós-graduação. O professor P1 vem trabalhando com alunos cegos a dois meses.

O professor P2 tem formação em Licenciatura Plena em Pedagogia. Tem pósgraduação em Psicopedagogia e vem trabalhando com alunos cegos a aproximadamente 07 anos. Percebemos que ambos os professores que lecionam matemática no instituto pesquisado, não têm uma formação em licenciatura em matemática. Esse procedimento de professores lecionarem disciplinas que não têm uma formação específica vem sendo uma prática bastante comum em nossas instituições educacionais. Em nosso ponto de vista, é indispensável que o professor tenha formação na área que leciona. Essa questão de lecionar na área que não tem formação pode ser um dos impasses que pode dificultar o processo de aprendizagem dos alunos. Compreendemos que não é suficiente ter a compreensão das potencialidades dos cegos, mas também é condição sine qua non tem uma formação na área. Sabemos que na formação inicial pouco é abordado as questões pedagógicas que abordam o processo de ensino e aprendizagem com os alunos com algum tipo de deficiência. Para Miranda (2011, p. 138) a formação continuada de professores para educação inclusiva requer mudanças das práticas convencionais, apontando para o processo de formação em que o professor seja inquiridor, pesquisador e reflexivo sobre o seu saber-fazer pedagógico. Vimos também nesse item que o professor P1 tem pouca experiência no campo da educação de alunos com deficiência visual. Pois, o mesmo nos relata que vem trabalhando na referida área a apenas dois meses. Diferente do professor P2 que trabalha na referida área a aproximadamente sete anos. Esse tempo de experiência dos entrevistados pode ter um peso relevante nas respostas transcritas em linhas que se seguem. 3.2 Recursos didáticos nas aulas de matemática. Diante da questão sobre os recursos didáticos utilizados nas aulas de matemática, tivemos as seguintes respostas: Eu utilizei os números, o material móvel para mostrar às crianças os números (P1). Ai o sorobã já é mais para os da tarde, os [alunos] da tarde eles estudam na escola regular,..., todo o apoio que eu dou para eles aqui é a questão deles dominarem o sorobã para que facilite a realização dos cálculos da

escola regular.... mas a calculadora não é permitido utilizar na hora do exercício... já o sorobã é permitido, até nos concursos o sorobã é permitido (P2). Vimos que o professor P1 utiliza alguns materiais pedagógicos que trabalham com o reconhecimento dos números através do tátil. É importante que os procedimentos utilizados em sala de aula explorem o mundo tátil, assim eles serão acessíveis para os alunos com deficiência visual. O professor P1 ajuda no reconhecimento dos números cardinais que os videntes utilizam. O aluno cego deve também reconhecer os números do código braile. De acordo com a resposta, o professor P2 trabalha com material concreto para realizar operações matemáticas, a exemplo do sorobã que é um instrumento didático que facilita a compreender as quatro operações matemática. Podemos observar que o professor P2 enfatiza bastante a importância da utilização do sorobã, entretanto em nenhum momento o referido educador não fez referencia a outros jogos matemáticos que podem favorecer a aprendizagem dos alunos cegos quando bem trabalhados em sala de aula. 3.3 Desafios no processo de ensino-aprendizagem com os alunos com deficiência visual. Quando perguntados sobre as possíveis dificuldades enfrentadas pelos professores da escola regular no processo de ensino-aprendizagem, tivemos as seguintes respostas: Para eles deve ser muito difícil, por que assim eu já trabalhei com outros alunos e pelo fato deles não enxergarem eles acham muito complicado ensinar matemática sem ter nenhum recurso,(...), por que como são muitos alunos numa sala eles não direcionam a atenção totalmente para aquele. As formulas é muito difícil para o professor ensinar aquelas formulas matemáticas. (P1) (...) é um trabalho repetitivo muitas vezes o que trabalhamos hoje amanhã eles (refere-se aos alunos cegos 1 ) já não lembram. [...] A maior dificuldade é que eles não querem fazer o uso do sorobã, eles acham que é complicado.(p2) O professor P1 enfatiza a quantidade de alunos em sala de aula e a dificuldade de ensinar as formulas matemáticas para os alunos com deficiência 1 Nota dos autores do presente texto.

visual. Podemos observar que a professora P1 realmente tem pouco experiência no ensino com alunos cegos. Pois através do código de leitura e escrita braile, os referidos alunos podem compreender as formulas matemáticas. Também podemos trabalhar transformando tais formulas em auto relevo. De acordo com Skovsmose (2013, p. 71) (...) as escolas devem reagir às diferentes maneiras pelas quais a sociedade se reproduz, e deve tentar contrabalançar algumas dessas forças reprodutivas para prover uma distribuição equitativa do que a escola pode oferecer, incluindo oportunidades de educação além do ensino básico e oportunidades de educação profissional. O professor P2 enfatiza que os alunos têm uma resistência em desenvolver atividades com o sorobã. Vale enfatizarmos se esse não querer dos referidos alunos está ligado a falta de motivação de aprender os conteúdos matemáticos. Compreendemos a importância de incentivar nossos alunos e criar, recriar ou inventar ações pedagógicas que deixem nossas aulas atrativas. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em linhas gerais, dizemos que é fundamental a adaptação curricular e também a utilização de materiais concretos e jogos matemáticos para facilitar a assimilação dos conteúdos matemáticos. Vimos que para os dois professores a adaptação curricular e formação continua dos educadores da escolar regular podem auxiliar os mesmos e melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Assim as dificuldades em compreender os conteúdos matemáticos que os alunos cegos têm, passa também pela falta adaptações nas escolas regulares. 5. REFERENCIAS CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. 5ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. MIRANDA, Theresinha Guimarães. Desafios da formação: Dialogando com pesquisas. In: Professores e educação especial: Formação em foco. Katia Regina M. Caiado; Denise M. de Jesus; e Cláudio R. Baptista (organizadores). Porto Alegre: Mediação, 2011. v.1.

SKOVSMOSE, Ole. Educação matemática crítica: a questão da democracia. 6ª Edição. São Paulo: Papirus, 2013.