AS TRANSIÇÕES FEMININAS DA PUBERDADE E DA MENOPAUSA: ASPECTOS CLÍNICOS E DE PESQUISA Coordenadora: Carmen Lúcia Souza (USP) clucia@uol.com.



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Transcrição:

MESA 4 AS TRANSIÇÕES FEMININAS DA PUBERDADE E DA MENOPAUSA: ASPECTOS CLÍNICOS E DE PESQUISA Coordenadora: Carmen Lúcia Souza (USP) clucia@uol.com.br Relatores: Carmen Lúcia Souza Izilda Malta Torres Ruth Diksztejn Teresa Helena Schoen-Ferreira Resumo 1: TRANSIÇÃO DA MENOPAUSA: A CRISE DA MEIA-IDADE FEMININA E SEUS DESAFIOS FÍSICOS E EMOCIONAIS Carmen Lúcia Souza (USP) clucia@uol.com.br Até a década de noventa, o climatério feminino era tema raramente abordado, tanto na literatura científica quanto leiga. Proliferavam apenas as pesquisas médicas, voltadas, principalmente, para a avaliação da eficácia da terapia hormonal. Pesquisa realizada na época na grande São Paulo atestava essa invisibilidade: a maior parte das mulheres entrevistadas afirmou que a menopausa devia ser vivida de forma discreta e silenciosa. Os sentimentos dessas mulheres em relação à menopausa eram, em grande parte, negativos decorrendo principalmente das alterações corporais que costumam ser características dessa fase. A partir do final dos anos noventa as publicações a respeito da menopausa aumentam consideravelmente. Essa abertura cada vez maior com relação ao tema menopausa pode ser considerada fruto de três forças: a geração de mulheres que hoje chega ao climatério e que reivindica maior compreensão e informação sobre seus próprios processos, o movimento feminista sempre atento às questões relativas à saúde da mulher e sempre crítico aos interesses da indústria farmacêutica e as pesquisas médicas que, hoje, mais atentas às contra indicações, ainda sugerem a reposição hormonal como a opção por excelência para os desconfortos da menopausa. O aspecto emocional dessa fase, no entanto, continuou pouco discutido. Uma forma de abordá-lo que parece promissora é considerar a fase de menopausa como um momento de crise de desenvolvimento (crise caracterizada pela mudança das tarefas psicológicas e dos papéis sociais). Crises, e a sensação de vulnerabilidade que elas desencadeiam, costumam levar as pessoas a procurarem ajuda. No caso da menopausa, a ajuda que se procura é, em geral, quase que exclusivamente de ordem médica, uma vez que a sintomatologia orgânica desse período é mais facilmente detectável. Mas o desconforto emocional, desencadeado pelos aspectos cognitivos e afetivos da crise, não pode ser ignorado. Trabalhar com pacientes em crise dentro de uma perspectiva cognitivo-comportamental implica em respeitar cinco estágios: (a) estabelecimento de empatia e de um bom relacionamento com o paciente, (b) identificação do problema, avaliação da gravidade e levantamento dos esquemas cognitivos, (c) avaliação e mobilização de potenciais e recursos, (d) desenvolvimento de um plano positivo de ação, (e) teste de novas cognições e novos comportamentos. O papel da informação também é

fundamental nesse processo uma vez que o período de menopausa é geralmente um período de profundas alterações orgânicas e emocionais que se fazem acompanhar de mudanças na aparência física (pele, cabelos, forma do corpo) que podem ser de grande impacto na autoestima das mulheres. Se forem fornecidos esclarecimentos sobre o que pode se passar (seja do ponto de vista orgânico, seja do ponto de vista emocional) durante a transição da menopausa, as mulheres poderão obter uma compreensão desse processo que certamente facilitará não só sua aceitação das mudanças, mas, também, suas tomadas de decisão com relação a elas. Os grupos informativos sobre menopausa têm se mostrado uma excelente opção para a veiculação dessas informações e neles, é essencial o papel do psicólogo cognitivo-comportamental. Palavras-chave: Menopausa; Saúde da Mulher; Crise de Transição Resumo 2: DIFERENTES FASES DE DESENVOLVIMENTO E AS INFLUÊNCIAS DAS MUDANÇAS ORGÂNICAS SOBRE AS DIMENSÕES COGNITIVAS, AFETIVAS E SOCIAIS DA ADOLESCENTE. Izilda Malta Torres (UNIP) imtorres@uol.com.br Falar sobre a saúde da mulher é sobretudo lançar sobre ela um olhar que possa percebê-la em diferentes fases de desenvolvimento considerando-a em suas dimensões orgânica, cognitiva, social e afetiva. Tais dimensões irão determinar o comportamento em cada uma dessas fases de acordo com as contingências de reforço, naturais ou arbitrários, dos quais o sujeito estará exposto. Diferentes teóricos contribuíram para a psicologia, explicitando os pressupostos de cada uma de suas abordagens entre eles Henri Wallon, psicólogo e educador, com suas perspectivas da psicologia genética e da construção da pessoa a partir da interação entre organismo e meio ambiente. De acordo com sua proposta de a interação constante entre pessoa e meio físico e social é responsável pela aquisição de novas formas de aprender, num processo gradual e contínuo de construção da pessoa. Estabelece seis estágios de desenvolvimento do nascimento à fase adulta denominados impulsivoemocional (inicío da aprendizagem sobre o próprio corpo), sensório motor e projetivo (contato direto com objetos e manipulação sobre eles), personalismo (descoberta das diferenças entre ela e o outro, aprendendo, sobretudo pela oposição ao outro), categorial (coincide com o início do período escolar e descoberta das diferenças e semelhanças entre sentimentos, idéias, valores próprios e do outro), puberdade e adolescência (volta a aprender por oposição ao outro e aprofunda as descobertas do estágio anterior) e finalmente o estágio denominado dos adultos (toma consciência de si e do dever de guiar seus comportamentos). No presente trabalho, nosso interesse está voltado para a o estágio que corresponde ao período da puberdade e adolescência, período este de mudanças, tuburlência, questionamentos e oposições. Considerando que uma das principais mudanças pelas quais a menina passa seja a menarca, mudança esta, orgânica, que contribui para as mudanças cognitivas, afetivas, motoras e sociais e que embora aconteça em etapa diferente, apresenta elos com a menopausa. Estudos apontam que a menarca precoce e a menopausa tardia podem influenciar na incidência do câncer de mama uma vez que, quanto maior tempo a mulher ficar exposta à variação hormonal característica da menstruação, maior o tempo que o estrógeno ficará circulando no organismo, o que poderia facilitar o

aparecimento da doença. Outras mudanças orgânicas como crescimento dos seios, de pelos e mudanças na pele típicas da puberdade, podem influenciar nos aspectos afetivos, cognitivos e sociais da menina. Entendemos que justifica-se assim, a necessidade por parte do psicólogo em conhecer as características das diferentes fases de desenvolvimento para que o mesmo possa contribuir de forma mais eficiente e eficaz como mediador e facilitador desse processo. Palavras-chave: Desenvolvimento; Puberdade e Adolescência; Saúde da Mulher Resumo 3: A AUTO-ESTIMA NA MENOPAUSA: AJUDANDO MULHERES NESSA PASSAGEM OBSERVAÇÕES CLÍNICAS Ruth Diksztejn (Consultório Particular - SP) Ruthpsi@ig.com.br Na última década o climatério feminino vem ganhando maior visibilidade. Isso de deve tanto ao crescente aumento do numero de mulheres nessa fase, devido ao envelhecimento geral da população, como ao fato das mulheres que participaram dos primeiros ecos da revolução sexual e dos movimentos feministas estarem hoje passando por essa fase, trazendo com elas um olhar crítico e reivindicatório. A mulher hoje busca mais informações sobre o que está acontecendo com seu organismo e conseqüentemente vem rompendo o pacto de silencio que existia a cerca da menopausa. A menopausa, que assinala o fim do período reprodutivo, com a última menstruação, traz consigo alterações hormonais, metabólicas, físicas e emocionais. O corpo até então, que lhe era uma residência confortável, com quem vivia em relativa harmonia parece ter criado vida própria. Alterações de peso, aparência de pele e cabelo, calores aparecem sem nenhum aviso prévio. Um corpo que, embora muitas vezes cansado, não consegue dormir. Irritação, depressão, fadiga tonturas, dores de cabeça, dormência ou formigamento das extremidades costumam aparecer nessa fase. Depressão e ansiedade são visitas constantes. A menopausa não é um trabalho para uma menina, mas sim para uma mulher. Uma passagem única, individual, solitária e dolorida. Como o psicólogo pode ajudar a mulher a transpor essa fase? A terapia cognitiva tem mais e mais se preocupado com os chamados processos cognitivos. Há um evento privado: a forma que a pessoa se avalia, também chamada de auto-estima que, dada sua importância quer para o bem estar psicológico do indivíduo, como para o seu desempenho no mundo, merece maior atenção. O nosso conceito próprio tende a ser nosso destino. O sentimento sobre nós mesmos, a guiza de uma profecia auto-realizadora pode determinar os rumos, as escolhas, a possibilidade de correr riscos, a forma de lidar com dificuldades. A auto-estima possui dois componentes principais: o sentimento de competência pessoal (auto confiança) e o sentimento de valor pessoal (auto respeito). Uma pessoa com auto estima elevada se julga competente para lidar com os desafios da vida e merecedora de felicidade. A sensação de competência envolve ter confiança no funcionamento da própria mente, na habilidade de entender e julgar os fatos da realidade dentro da esfera dos próprios interesses e necessidades, em suma, auto-confiança intelectual. A sensação de valor pessoal envolve uma aceitação e reivindicação das próprias vontades e necessidades, com responsabilidade. O fortalecimento da auto-estima no climatério pode servir como um potencializador para lidar com crises, em particular essa, para qual toda mulher está predestinada. A mulher com um auto-conceito adequado percebe

a menopausa como um momento para uma grande reflexão, um respiro para entrar na última etapa da vida. A oportunidade de repensar a vida e refazer escolhas mesmo que seja para re-escolher, aproveitando todo o potencial de mudança que a crise pode trazer. Palavras-chave: Menopausa; Auto-Estima Resumo 4: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NA ADOLESCENTE DO SEXO FEMININO Teresa Helena Schoen-Ferreira (Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente CAAA/UNIFESP) rpetrass@uol.com.br Uma das características centrais da abordagem do desenvolvimento como ciclo vital é o fato de levar em conta a história e o contexto onde cada pessoa se desenvolve. Durante o curso do desenvolvimento, a pessoa influencia e é influenciada por seu contexto histórico e social, não só respondendo ao ambiente, mas também modificando-o. Isto é particularmente observado na adolescência, que é um dos períodos mais impactados pela influência cultural, especialmente quando estamos estudando um aspecto primordial como é a construção da identidade. O adolescente deve encontrar sua posição no espaço e no tempo, situar-se como pessoa, com uma ideologia de vida própria, enfrentando dúvidas e questionamentos. Construir a identidade, para muitos autores, é a tarefa mais importante da adolescência. Consiste em descobrir quem a pessoa é, quais são seus valores e qual direção pretende seguir pela vida. Isto implica em explorar e assumir muitos compromissos em diferentes áreas, como papel de gênero, profissão, ideais políticos e religiosos, amizade e família, que irão ser a base dos caminhos que a pessoa seguirá pelo resto de sua vida e que servirão de parâmetros para a auto-avaliação no decorrer do ciclo vital. As adolescentes do sexo feminino tendem a alcançar esta tarefa mais rapidamente que os do sexo masculino e seguindo um percurso um pouco diferente. Elas tendem a explorar mais o domínio interpessoal, especialmente nas questões de papel de gênero e amizade. No domínio ideológico, parece não haver, na adolescência, diferença entre os gêneros na área política, embora haja na área religiosa. As tarefas que a adolescente precisa enfrentar podem ter seu impacto agravado quando não há recursos pessoais e recursos sociais favorecendo o desenvolvimento e o ingresso na próxima etapa do desenvolvimento. Comunidades muito fechadas não favorecem a exploração de outras opções que não as valorizadas pelo próprio grupo, podendo trazer conseqüências negativas na vida futura desta adolescente. Neste aspecto a escola tem papel fundamental no desenvolvimento da identidade pessoal. Através de suas atividades e conteúdos, oferece oportunidades para a adolescente desenvolver-se não só cognitivamente, mas também social e emocionalmente, além de explorar opções para seu futuro. O desenvolvimento de habilidades sociais, como saber perguntar e ouvir a resposta, fazer e manter amizade, conviver com pontos de vista diferentes, favorece a exploração e colabora no comprometimento com os ideais escolhidos pela adolescente para sua vida. Quanto mais desenvolvido o sentimento de identidade, mais o indivíduo valoriza o modo em que é parecido ou diferente dos demais e mais claramente reconhece suas limitações e habilidades, podendo, desta forma, enfrentar as diversas transições e crises ao longo do ciclo vital.

Palavras-chave: Adolescência; Construção da Identidade; Desenvolvimento.