PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM HIV NO BRASIL NA DÉCADA

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Transcrição:

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM HIV NO BRASIL NA DÉCADA 2006-2015. Introdução: João Paulo Teixeira da Silva (1); Augusto Catarino Barbosa (2). (1) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, joao-pauloteixeira@hotmail.com; (2) Universidade Potiguar, augustob93@gmail.com A década de 1980 foi marcada pelo surgimento e pela rápida difusão do vírus da imunodeficiência humana/síndrome da imunodeficiência humana (HIV/aids), o qual logo se caracterizou como um importante problema de saúde pública, dado o seu poder de letalidade e o baixo nível de domínio sobre o agente etiológico naquela época. No Brasil, a estimativa era de 830.000 [610.000 1.100.000] indivíduos em 2015, sendo calculado que cerca de 0,39% da população geral esteja vivendo com HIV no Brasil. Desde a identificação do primeiro caso, em 1980, até 2016, já foram identificados 842.710 casos da doença. Nos últimos 10 anos, a taxa de detecção de aids no Brasil sofreu uma elevação de cerca de 2% (PINTO, 2007; BRASIL, 2013). Frente a essa problemática, esse trabalho tem como objetivo descrever o perfil dos pacientes diagnosticados com HIV no Brasol, na década 2006-2015, possibilitando avaliar quais os grupos mais infectados por este vírus e permitindo montar estratégias de prevenção com foco na população de maior risco. Metodologia: Trata-se de uma análise estatística descritiva dos dados presentes nos bancos de dados sobre pacientes com HIV/AIDS, nas cinco regiões da nação e durante a década 2006-2015. Foram analisadas informações dos seguintes bancos de dados: Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Sistema de Informação sobre Mortalidade, Sistema de Controle de Exames Laboratoriais da Rede Nacional de Contagem de Linfócitos CD4+/CD8+ e Carga Viral e Sistema de Controle Logístico de Medicamentos. Foram analisadas as variáveis: sexo, orientação sexual, faixa etária, grau de instrução, uf de residência e ano de diagnóstico.

Resultados e discussão: Tabela 1 Série histórica dos casos diagnósticos por HIV no Brasil de 2006 a 2015, considerando a idade, orientação sexual e faixa etária. % de 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total cresciment o 2006/2015 Sexo Masculino 22.127 22.961 24.376 24.584 24.880 26.352 26.357 27.407 27.062 26.516 252.622 119,84% Feminino 15.005 15.193 16.114 15.771 14.988 15.479 15.064 14.847 13.929 12.579 148.969 83,83% Orientação Sexual Homossexual 2.889 3.254 3.631 4.036 4.450 4.932 5.398 5.544 5.176 4.583 43.893 158,64% Bissexual 1.429 1.380 1.406 1.421 1.469 1.590 1.509 1.534 1.352 1.131 14.221 79,15% Heterossexual 15.106 15.080 16.092 16.245 16.542 16.943 16.747 16.387 14.177 11.644 154.963 77,08% UDI 1.584 1.415 1.305 1.253 1.155 1.099 950 857 686 575 10.879 36,30% Hemofílico 13 10 12 7 7 6 8 5 5 7 80 53,85% Transfusão 27 16 9 13 7 7 8 4 6 4 101 14,81% Acid. Material 2 0 0 2 1 5 2 2 0 0 14 Biológico 0,00% Transmissão 564 586 618 560 562 522 539 467 431 334 5.183 Vertical 59,22% Ignorado 15.519 16.422 17.435 16.831 15.679 16.741 16.268 17.466 19.174 20.835 172.370 134,25%

Faixa Etária < 1 ano 303 288 279 265 268 281 222 199 212 199 2.516 65,68% 01-04 387 329 344 322 302 212 274 250 212 182 2.814 47,03% 05-09 299 277 241 208 196 165 122 119 120 96 1.843 32,11% 10-14 190 221 236 202 172 178 157 133 117 88 1.694 46,32% 15-19 593 584 688 674 670 763 850 952 1.000 951 7.725 160,37% 20-29 8.056 8.239 8.856 8.895 8.920 9.379 9.542 9.981 9.807 9.546 91.221 118,50% 30-39 13.155 13.288 13.571 13.590 13.018 13.869 13.417 13.402 12.867 12.165 132.342 92,47% 40-49 9.362 9.633 10.267 10.099 10.031 10.433 10.071 9.995 9.468 8.771 98.130 93,69% 50-59 3.535 3.937 4.472 4.463 4.677 4.789 4.899 5.130 5.109 5.028 46.039 142,23% 60-69 1.026 1.075 1.268 1.358 1.305 1.402 1.495 1.681 1.657 1.683 13.950 164,04% 70-79 198 258 242 255 277 326 314 353 363 342 2.928 172,73% 80 e mais 29 34 43 37 36 48 54 60 71 62 474 213,79% Fonte: SINAN, SIM, SISCEL DATASUS.

Gráfico 1 Série histórica de 2006 a 2015 do diagnóstico de novos casos de HIV no Brasil, por regiões geográficas. Fonte: SINAN, SIM, SISCEL DATASUS. No Brasil, muito embora haja investimento governamental na prevenção e diagnóstico da AIDS, estima-se que apenas 80% dos casos tenham sido diagnosticados (BRASIL, 2013; BRASIL, 2012). Na década em análise, observa-se que a taxa de incidência aumentou bruscamente em algumas regiões. De acordo com a série histórica e comparando o ano de 2006 com 2015, é possível observar que houve um aumento de quase 20% (19,8%; 4.389) dos diagnósticos em homens, enquanto as mulheres apresentam uma diminuição na mesma escala (17%; 2.426). Há um aumento em indivíduos homossexuais de 58,6% (1.694), enquanto os bissexuais e heterossexuais apresentaram uma diminuição de mais de 20% (21,9%; 298, 22,9%; 3.462), semelhante aos achados de Schuelter-Trevisol em 2013. A faixa etária que mais apresentou crescimento foi a entre 60 e 69 anos 64,1%; 657), seguida da faixa de 15 e 19 anos (60,3%; 358). O predomínio de casos encontra-se no sexo masculino de 20 a 39 anos, que representou 35,6% (143.246) do total de diagnósticos na década. A região Norte apresentou um aumento de 88,1% (1.970) nos casos, seguida da região Nordeste com aumento de 50,5% (2.908). Comportamento diferente da região Sudeste que apresentou uma redução de 17,6% (3.284) casos na paralelo entre ano de 2006 e 2015.

Conclusões: Apesar do constante investimento do Ministério da Saúde em estratégias a fim de conscientizar a população sobre os métodos de prevenção do HIV, os dados revelam que houve um aumento significativo do número de casos na década. Não obstante, as duas regiões onde mais havia contaminação pelo vírus no início da década apresentaram queda considerável ao final da análise, mesmo comportamento observado nas infecções em indivíduos do sexo feminino e nos grupos de bissexuais e heterossexuais. Deste modo, é evidente o sucesso das campanhas governamentais para algumas populações, entretanto, nota-se a necessidade de alcançar de maneira mais efetiva as habitantes das outras regiões, bem como os indivíduos que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. O investimento na sensibilização do público mais exposto reduz sobremaneira os custos de tratamento, bem como o agravamento do quadro clínico, que a infecção provoca em seus portadores, além de ser um dos princípios do SUS. Referências: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico Aids-DST. Brasília: 2010. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico Aids e DST. Ano VIII. Nº 01. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Brasília-DF, 2012. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico HIV - AIDS. Brasília: 2013. PINTO, A.C.S. et al. Compreensão da pandemia da aids nos últimos 25 anos. DST-J Bras Doenças Sex Transm, v. 19, n. 1, p. 45-50, 2007. SCHUELTER-TREVISOL, F. et al. Perfil epidemiológico dos pacientes com HIV atendidos no sul do Estado de Santa Catarina, Brasil, em 2010. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 22, n. 1, p. 87-94, mar. 2013