Análise de agrupamento dos estados brasileiros com base nas taxas de incidência de Aids nos anos de 1990 a 2008

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "Análise de agrupamento dos estados brasileiros com base nas taxas de incidência de Aids nos anos de 1990 a 2008"

Francisco Porto Conceição
6 Há anos
Visualizações:

1 Análise de agrupamento dos estados brasileiros com base nas taxas de incidência de Aids nos anos de 1990 a 2008 Luiz Matheus Barbosa Santos 1 Mateus Aguiar Florentino 2 Nádia Giaretta Biase 3 1 Introdução Trinta e três anos após a sua descoberta, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA em inglês: acquired immunodeficiency syndrome AIDS) ainda causa sérios riscos à saúde daqueles aos quais não utilizam de métodos para seu controle e tratamento. Ao contrário dos chamados países desenvolvidos, os casos de incidência de AIDS no Brasil aumentaram cerca de 11% no período de 2005 a 2013 (Unaids Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS), índice esse que retrata a contramão de um país onde as terapias de tratamento antirretroviral são disponibilizadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde O método de terapia antirretroviral foi, sem sombra de dúvidas, a maneira mais eficiente de combate e controle do desenvolvimento do vírus HIV no organismo do indivíduo infectado, contribuindo para uma drástica diminuição nos casos de óbito por doenças causadas pela infecção por AIDS (Departamento de DST, AIDS e Hepatites virais). Dessa forma, este trabalho tem por objetivos agrupar os estados brasileiros e o Distrito Federal de acordo com a taxa de incidência de AIDS em cada um deles, entre os anos de 1990 e 2008, utilizando a Análise de Cluster (Análise de Agrupamento) para verificar uma possível semelhança entre os mesmos. 1 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. luismatheussantos@hotmail.com 2 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. maguiiiar@hotmail.com 3 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. nadiabiase@gmail.com

2 2 Materiais e Métodos Para a realização deste trabalho, serão utilizados os dados referentes às taxas de incidência de Aids e de óbitos por Aids dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, por 100 mil habitantes, no período compreendido entre 1990 e Estes dados foram fornecidos pelo Ministério da Saúde, Departamento de Informática do SUS (DATASUS), registros de Autorização de Internação Hospitalar (AIH) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponibilizado no site de Dados Abertos do Governo Federal. Primeiramente, para as taxas de incidência de Aids foi realizado um estudo descritivo, visando verificar a variabilidade dos dados. Na sequência, foi aplicada a análise de cluster ou agrupamento com o intuito de determinar possíveis semelhanças entre os estados brasileiros em decorrência da incidência de novos casos de AIDS anualmente no período compreendido entre os anos 1990 a Por meio desse método pretende-se agrupar os estados em grupos similares, heterogêneos entre si, de modo que, os estados pertencentes ao mesmo grupo apresentem características comuns referentes à aparição de novos casos no período estudado. Os resultados da análise de cluster foram apresentados graficamente por meio do dendrograma. Esse gráfico ilustra em cada etapa o esquema de aglomeração dos estados e permite visualizá-los em cada agrupamento, conforme o corte desejado em relação ao nível da distância. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do software R (R. Development Core Team, 2014). 3 Resultados e Discussões Primeiramente, para a realização de um mapeamento e uma melhor visualização do perfil dos portadores do vírus da AIDS no período estudado, fez-se uma análise gráfica discriminada pelo gênero dos portadores, com destaque para o acentuado número de casos nos indivíduos do gênero masculino em relação ao feminino em todos os anos do estudo, apesar deste último ter apresentado um constante crescimento na quantidade de novos casos no decorrer do tempo, conforme pode ser visualizado na Figura 1.

3 Figura 1: Incidência de novos casos de contaminação pelo vírus da AIDS no período de 1990 a 2008 pelo gênero do indivíduo. Na sequência, com o objetivo de verificar a existência de uma semelhança entre os estados brasileiros e o Distrito Federal em relação a incidência de novos casos de AIDS durante o período estudado, aplicou-se às observações a técnica de agrupamento, utilizando a distância Euclidiana como medida de similaridade entre as mesmas e empregando a análise de agrupamento hierárquica como o algoritmo que fará o processo desse agrupamento. Após a formação do primeiro Cluster (agrupamento), foi escolhido o método de Ward como a distância computada entre os Clusters futuros. Concluídas as etapas para a realização dos agrupamentos, obteve-se a formação de um dendograma (Figura 2) para a decisão de escolha do número de Clusters a serem estudados, segundo sua relação de semelhança, resultando em três Clusters, tendo eles características semelhantes e sendo homogêneos entre si dentro de cada agrupamento. Verificou-se no primeiro Cluster a presença de estados com um maior índice populacional, apresentando as maiores taxas de incidência de novos casos de AIDS no período de 1990 a 2008, excetuando o estado de Santa Catarina, em que o mesmo difere dos demais, pois não se encontra entre os 5 estados brasileiros mais populosos.

4 No segundo agrupamento não foi possível identificar um padrão entre os estados alocados no mesmo Cluster, excetuando o fato da presença de todos os estados da Região Centro- Oeste do país e do Distrito federal. No terceiro e último agrupamento, assinalamos os estados brasileiros com uma menor manifestação de novos casos de Aids durante o período estudado, sendo, em sua predominância, estados das Regiões Norte e Nordeste do país, com destaque para o estado da Bahia, que apesar de figurar entre os mais populosos do país, apresentou um crescimento semelhante aos menores estados brasileiros, possuindo no período de 1990 a 2008 uma baixa incidência de novos casos de AIDS em comparação com outros estados de mesmo porte. Figura 2: Análise de agrupamento dos estados brasileiros e o Distrito Federal em relação a taxa de incidência de AIDS no período de 1990 a Conclusões Realizado o estudo, embora alguns estados tenham se diferenciado dos demais quando presentes no mesmo Cluster, como Santa Catarina, concluímos que estados pertencentes as mesmas regiões do país tendem a apresentar uma semelhança na decorrência de novos casos de AIDS, sendo assim eficiente um estudo específico em

5 cada região para a tomada de decisões acerca do controle e diminuição da aparição de novos casos da doença no Brasil. 5 Bibliografia BARBOSA, A. S. M. Adesão ao tratamento antirretroviral entre idosos vivendo com Aids na grande São Paulo [tese de doutorado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública; BRASIL, Ministério da Saúde. Cresce o número de portadores de AIDS na terceira idade. Jornal a Tribuna Digital. Santos, SP. 07/03/2004. Edição eletrônica. BRITO, A. M. A epidemia de AIDS em Pernambuco: sobrevida dos doentes no período de 1983 a Tese de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, CASTILHO, E. A; CHEQUER, P.; SZWARCWALD, C. L. A AIDS no Brasil. In: Rouquayrol E, Almeida N (eds) Epidemiologia, Saúde. Editora Médica e Científica, Rio de Janeiro, DHALIA, C.; BARREIRA, D.; CASTILHO, E. A. A AIDS no Brasil: situação atual e tendências. Boletim Epidemiológico - AIDS XIII (1): 3-13, SE 48/99 a 22/00, MARQUES, H. H. S.; SILVA, N. G.; GUITERREZ, P. L.; AYRES JR, C. M.; DELLANEGRA, M.; FRANÇA JR., I.; GALANO, E.; PAIVA, V.; SEGURADO, A. A. C.; SILVA, M. H. A revelação do diagnóstico na perspectiva dos adolescentes vivendo com HIV/AIDS e seus pais e cuidadores. Caderno Saúde Pública, v.22, n.3 Rio de Janeiro, mar

6 Análise de agrupamento dos estados brasileiros com base nas taxas de incidência de Aids nos anos de 1990 a 2008 Luiz Matheus Barbosa Santos 1 Mateus Florentino Aguiar 2 Nádia Giaretta Biase 3 Resumo: Trinta e três anos após a sua descoberta, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) ainda causa sérios riscos à saúde daqueles aos quais não utilizam de métodos para seu controle e tratamento. Os casos de incidência de AIDS no Brasil aumentaram cerca de 11% no período de 2005 a 2013, índice que retrata a contramão de um país onde terapias de tratamento antirretroviral são disponibilizadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).O seguinte trabalho tem por objetivos agrupar os estados brasileiros e o Distrito Federal de acordo com a taxa de incidência de AIDS em cada um deles, entre os anos de 1990 e 2008, utilizando a Análise de Cluster (Análise de Agrupamento) para verificar uma semelhança entre eles. Utilizando a técnica do agrupamento, concluímos que estados pertencentes as mesmas regiões do país tendem a apresentar uma semelhança na decorrência de novos casos de AIDS, sendo assim eficiente um estudo específico em cada região para a tomada de decisões acerca do controle e diminuição da aparição de novos casos da doença no Brasil. Palavras-chave: AIDS, Análise de Agrupamento, Incidência, Antirretroviral, Cluster. 1 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. luismatheussantos@hotmail.com 2 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. maguiiiar@hotmail.com 3 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. nadiabiase@gmail.com

7 Cluster Analysis of Brazilian States Based on Aids Incidence Rate Between 1990 and 2008 Luiz Matheus Barbosa Santos 1 Mateus Florentino Aguiar 2 Nadia Giaretta Biase 3 Abstract: This work analyzes the increase of aids incidence rate between 1990 and 2008 in Brazilian states, according to the report issued by the Sistema Único de Saúde - SUS (Unique Health System), available at DATASUS, using Cluster Analysis. Keywords: AIDS, Cluster Analysis, Unique Health System, Incidence,DATASUS. 1 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. luismatheussantos@hotmail.com 2 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. maguiiiar@hotmail.com 3 FAMAT Universidade Federal de Uberlândia. nadiabiase@gmail.com

Documentos relacionados

Briefing. Boletim Epidemiológico 2011

Briefing. Boletim Epidemiológico 2011 Briefing Boletim Epidemiológico 2011 1. HIV Estimativa de infectados pelo HIV (2006): 630.000 Prevalência da infecção (15 a 49 anos): 0,61 % Fem. 0,41% Masc. 0,82% 2. Números gerais da aids * Casos acumulados