em seu vestibular para a população negra e parda. O projeto tem sofrido seguidas manifestações de resistência de estratos significativos da



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Transcrição:

em seu vestibular para a população negra e parda. O projeto tem sofrido seguidas manifestações de resistência de estratos significativos da comunidade acadêmica da UFRRJ (alunos, funcionários e professores). Este trabalho teve como objetivo conhecer as representações sociais que os alunos da UFRRJ possuem sobre as políticas afirmativas para negros e pardos na Universidade pública brasileira. É no universo sociocultural que estão e são continuamente produzidas as representações sociais. Se quisermos compreender por que uma pessoa se comporta de um jeito e não de outro devemos ver as relações sociais embutidas em seu dia a dia. Nossas reações frente a outras pessoas e objetos sociais estão em grande parte mediadas pela percepção e pelas representações sociais que fazemos dela (MOSCOVICI, 2003). O universo educacional é atualmente um grande foco de pesquisas nas áreas da educação e da psicologia, com um crescente incremento, principalmente no Brasil, dos estudos que utilizam o referencial da teoria das representações sociais em busca de auxílio neste entendimento (ALVES-MAZZOTTI, 2005). O conceito de representação social designa uma forma específica de conhecimento, o saber do senso comum, cujos conteúdos manifestam a operação de processos generativos e funcionais socialmente marcados. Mais amplamente, designa uma forma de pensamento social. Uma definição muito bem aceita dentro do campo e que resume suas principais características é dada por Jodelet (2001, p.22), na qual as representações sociais são uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Falar em representações sociais implica em considerá-las enquanto emergentes na dimensão simbólica da vida social, pois servem para agir sobre o mundo e sobre os outros. O enfoque dado através das representações sociais nos possibilita conhecer as formas de saber, práticas e emoções que estão sendo elaboradas e partilhadas e que apontam para atitudes e práticas exercidas pelos grupos de pertença de partilham destes conteúdos socialmente elaborados. Foram utilizados nesta pesquisa, como sujeitos, 200 alunos da UFRRJ. Os sujeitos foram submetidos a uma tarefa de evocação livre na qual lhes foi solicitado que expressassem espontaneamente cinco palavras ou expressões que viessem à lembrança quando apresentávamos o termo indutor Cotas para negros e pardos nas Universidades. Em uma segunda etapa foi pedido aos estudantes que hierarquizassem por grau de importância as palavras ou expressões evocadas anteriormente. Essa técnica combinada aproveita o material bruto nascido da associação livre e o organiza cognitivamente, permitindo uma reavaliação da ordem de evocação, de acordo com indicação de Abric (2003) que advoga pela substituição do rang de aparição pelo rang de importância como produto final da coleta de dados. A questão de evocação livre foi submetida a uma análise com auxilio do programa de computador denominado EVOC 2003 (Ensemble de programmes permettant l analyse des evocations), cuja lógica procura combinar a freqüência com que as palavras e expressões são emitidas pelos sujeitos com a ordem em que cada sujeito as evoca, permitindo apreender quais os elementos das representações sociais são presentes de forma mais central na produção discursiva dos sujeitos (VERGÈS, 2005). Os resultados apontam para a existência de elementos relacionados à idéia de que a política de cotas para negros e pardos é um modelo injusto e que não valoriza o mérito no acesso à universidade pública nas representações sociais da amostra de alunos estudada. Como a UFRRJ possui o projeto de instituir cotas para negros e pardos no seu vestibular, o trabalho aponta para a necessidade da universidade implantar campanhas de esclarecimento sobre o assunto, objetivando transformar as representações existentes, com a incorporação de elementos mais favoráveis ao modelo de ação afirmativa proposto no discurso de sua comunidade, visando atitudes mais favoráveis no futuro.

Referências bibliográficas: ABRIC, J.-C. La recherche du noyau central et la zone muette dês représentations sociales. In: JEAN-CLAUDE ABRIC (Ed.) Méthodes d étude des représentations sociales. Paris: Érès, p. 59-80, 2003. ALVES-MAZZOTTI, A. J. Representações sociais e educação: a qualidade da pesquisa como meta política. Em: DENIZE CRISTINA DE OLIVEIRA & PEDRO HUMBERTO FARIA CAMPOS (Orgs.) Representações sociais, uma teoria sem fronteiras. Rio de Janeiro: Museu da República, p. 141-150, 2005. IANNI, O. Preconceito racial no Brasil. Estudos Avançados, Vol 18 (50), p. 6-20. 2004. JODELET, D.. Representações sociais: um domínio em expansão. In: D. JODELET. (Ed). As representações sociais. Rio de Janeiro: Eduerj, 2001, p. 17-44. MAGGIE, Y.; FRY, P. A reserva de vagas para negros nas universidades brasileiras. Estudos Avançados, Vol 18 (50), p. 67-80. 2004. MOSCOVICI, S. A história e a atualidade das representações sociais. In S. MOSCOVICI (Org.): Representações sociais: Investigações em psicologia social. Petrópolis. Vózes, p.167-214. 2003. MUNANGA, K. Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2003. p.115-131. Disponível em:http://www.inep.gov.br/download/catalogodinamico/titulosavulsos/2003/acoes afirmativas.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2007. MUNANGA, K. A difícil tarefa de definir quem é negro no Brasil. Estudos Avançados, Vol 18 (50), p. 51-57. 2004. SILVÉRIO, V. R. O papel das ações afirmativas em contextos racializados: algumas anotações sobre o debate brasileiro. In: GONÇALVES E SILVA, P. B.; SILVÉRIO, V. R. Educação e ações afirmativas: entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2003. p. 55-80. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/catalogodinamico/titulosavulsos/2003/acoesafi rmativas.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2007. TRAGTENBERG, M. H. R.; BASTOS, J. L. D.; NOMURA, L. H.; PERES, M. A. Como aumentar a proporção de estudantes negros na universidade? Cadernos de Psquisa, V. 36 (128), p.473-495. 2006 VERGÈS, P. A evocação do dinheiro: um método para a definição do núcleo central de uma representação. Em: A. S. P. MOREIRA; B. V. CAMARGO; J. C. JESUÍNO; S. M. NÓBREGA (Orgs.). Perspectivas teórico-metodológicas em representações sociais. João Pessoa, Editora UFPB, p. 471-488, 2005. Palavras-Chave: ações-afirmativas; representações sociais, UFRRJ Eixo do XIV Encontro da Abrapso: Política.

1- INTRODUÇÃO É bastante atual e polêmico o debate existente sobre a questão das cotas para negros e pardos nas universidades públicas brasileiras (TRAGTENBERG, BASTOS, NOMURA, PERES; 2006; BRANDÃO, 2005). Tanto nos meios intelectuais, como na sociedade em geral, múltiplos posicionamentos têm surgido sobre esse tema, obtendo visibilidade nos jornais de grande circulação no país. Estas diversas posições encontram justificativas nos variados argumentos existentes a favor ou contra as cotas como política de ação afirmativa (MUNANGA, 2004). Embora seja longa a história de movimentos a favor da melhoria das condições de vida e cidadania dos negros, a reivindicação de políticas afirmativas no campo da educação superior se consolidou apenas recentemente, notadamente a partir da década de 1990 (DURHAM, 2003; MOEHLECKE, 2002). Um dos motivos seria a predominância ao longo do século XX do mito da democracia racial, criado a partir das obras de Gilberto Freire, em que se desconhece haver no Brasil preconceitos e discriminação de raça ao mesmo tempo em que se defende a mestiçagem como característica formadora do povo do brasileiro; além do fato de que no Brasil, as desigualdades existentes muitas vezes são explicadas através da dimensão econômica, pois haveria no país uma igualdade étnico-racial (IANNI, 2004). Nesta última década, observamos algumas universidades públicas brasileiras passarem a oferecer uma porcentagem de suas vagas de ingresso a serem disputadas somente por candidatos negros e pardos (MAGGIE & FRY, 2004; MOEHLECKE, 2004). Através das cotas para negros nas universidades pretende-se, principalmente, possibilitar a esse extrato da população o acesso a níveis econômicos, sociais e culturais mais elevados na sociedade, possibilitando a existência de uma classe social média e alta para este grupo (MUNANGA, 2003). A política de cotas na atualidade encontra amplo amparo nas diretrizes, do atual governo brasileiro, para o ensino superior; entretanto esta política pública ainda encontra severas resistências em amplos setores da sociedade brasileira. Os principais argumentos contrários vão na direção da dimensão econômica para explicar as desigualdades existentes na população estudantil nas universidades públicas. Ao invés de criar cotas, o governo deveria privilegiar a melhoria do ensino fundamental público e da população pobre em geral. No máximo, advogam políticas afirmativas para a população pobre oriunda da escola pública, sem privilegiar um estrato específico da

mesma, no caso a população negra (BERNARDINO, 2002). Outro argumento utilizado é que o acesso às universidades se dá pelo critério de mérito, e que a adoção das cotas violaria esse critério, podendo gerar no futuro uma perda significativa da qualidade do ensino (MUNANGA, 2004). Finalmente, a miscigenação brasileira tornaria impossível classificar quem seria negro, o que dificultaria a seleção dos beneficiados e geraria injustiças no processo (MAIO & SANTOS, 2005). Dentro deste contexto, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ tem discutido com a sua comunidade a possibilidade de implantação de cotas em seu vestibular para a população negra e parda. O projeto tem sofrido seguidas manifestações de resistência de estratos significativos da comunidade acadêmica da UFRRJ (alunos, funcionários e professores). Este trabalho teve como objetivo conhecer as representações sociais que alunos da UFRRJ possuem sobre as políticas afirmativas para negros e pardos na Universidade pública brasileira. É no universo sociocultural que estão e são continuamente produzidas as representações sociais. Se quisermos compreender por que uma pessoa se comporta de um jeito e não de outro devemos ver as relações sociais embutidas em seu cotidiano. Nossas reações frente a outras pessoas e objetos sociais estão em grande parte mediadas pela percepção e pelas representações sociais que fazemos dela (MOSCOVICI, 2003). O conceito de representação social designa uma forma específica de conhecimento, o saber do senso comum, cujos conteúdos manifestam a operação de processos generativos e funcionais socialmente marcados. Mais amplamente, designa uma forma de pensamento social. Uma definição muito bem aceita dentro do campo e que resume suas principais características é dada por Jodelet (2001, p.22), na qual as representações sociais são uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Falar em representações sociais implica em considerá-las enquanto emergentes na dimensão simbólica da vida social, pois servem para agir sobre o mundo e sobre os outros. O objetivo principal de lançarmos mão de representações sociais é buscar compreender o mundo a nossa volta. Os processos responsáveis pela formação das representações sociais são a objetivação e a ancoragem. Isto significa dizer que objetivamos o desconhecido dando-lhe forma tornando-o quase palpável e o ancoramos em nosso próprio sistema de referência preexistente, utilizando essa estrutura como guia

de nossas ações. No entanto, o que se caracteriza como desconhecido, ou usando o termo moscoviciano não familiar, deve estar associado a um grau suficientemente grande de relevância para um determinado grupo, para que então, possa gerar as conversações e seu conseqüente domínio (WAGNER, 1998). As representações sociais possuem, segundo Abric (2001b), uma organização significante, isto é, não são apenas reproduções da realidade, estão imersas em um contexto mais imediato e outro mais global, e que tem como um dos objetivos a orientação de práticas e comportamentos (ABRIC, 2001a). A formação de representações sociais, portanto, agrega duas principais características de acordo com o que vimos até aqui: em primeiro lugar a premissa de que as representações sociais tem o objetivo de transformar o não-familiar em familiar, e em segundo lugar é uma modalidade, segundo Moscovici (1979; 1984), que tem por função direcionar o comportamento e a comunicação. Esta pesquisa, parte de um projeto que procura entender e comparar as representações sociais e processos de influencia minoritárias presentes em três Universidades federais brasileiras a respeito dos projetos de ação afirmativa para negros e pardos em seus vestibulares, teve como objetivo encontrar as representações sociais que estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ possuem sobre as cotas para negros e pardos em seu vestibular. 2 METODOLOGIA Participaram da pesquisa 100 estudantes selecionados aleatoriamente nos cursos de licenciatura da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ. Os sujeitos foram submetidos a uma tarefa de evocação livre na qual foi solicitado que expressassem espontaneamente cinco palavras ou expressões que lhes viessem à lembrança quando apresentávamos o termo indutor Cotas para negros e pardos na universidade pública. Em uma segunda etapa foi pedido aos estudantes que hierarquizassem por grau de importância as palavras ou expressões evocadas anteriormente. Essa técnica combinada aproveita o material bruto nascido da associação livre e o organiza cognitivamente, permitindo uma reavaliação da ordem de evocação, de acordo com indicação de Abric (2003) que advoga pela substituição do rang de aparição pelo rang de importância como produto final da coleta de dados.

As questões de evocação livre foram submetidas a uma análise com auxilio do programa de computador EVOC 2003 (Ensemble de programmes permettant l analyse des evocations), cuja lógica procura combinar a freqüência com que as palavras e expressões são emitidas pelos sujeitos com a ordem em que cada sujeito as evoca, permitindo apreender quais os elementos das representações sociais são presentes de forma mais central na produção discursiva dos sujeitos. A figura 01 apresenta uma esquematização da distribuição dos resultados gerados pela técnica da evocação livre. O cruzamento da freqüência média das evocações com a ordem média em que foram evocadas gera quatro quadrantes, pelos quais os elementos evocados se distribuem. A técnica advoga que no quadrante superior esquerdo se alocariam os possíveis elementos centrais e no quadrante inferior direito estariam os elementos claramente periféricos nessa representação. A lógica subjacente a técnica empregada é que os elementos que ao mesmo tempo tenham sido mais freqüentes e mais prontamente evocados, teriam maior probabilidade de pertencerem ao núcleo central da representação social estudada (VERGÈS, 1994; 2005). No 2º quadrante encontramos a 1ª periferia composta pelos elementos periféricos mais importantes da representação, possuidores de freqüência elevada. O terceiro quadrante seria composto pelos elementos de contraste, que foram considerados importantes pelos sujeitos apesar de baixa freqüência. Abric (2003) considera que este quadrante pode tanto revelar a existência de um sub-grupo minoritário portador de uma representação diferente (p. 64), como ser apenas composto de elementos complementares da 1ª periferia. No 4º quadrante, teríamos os elementos claramente periféricos da representação. Ordem média de evocação 1º quadrante Elementos do Núcleo Central 2º quadrante Elementos da 1ª periferia prontamente evocados + alta tardiamente evocados + alta Frequência frequência frequência média 3º quadrante Elementos de contraste prontamente evocados + baixa frequência 4º quadrante Elementos da 2ª periferia tardiamente evocados + baixa frequência Figura 1: Representação esquemática da distribuição das cognições das representações sociais no modelo de evocação livre. 3- RESULTADOS.

Na amostra estudada, 68% declararam-se serem contrários à implantação de cotas para ingresso de negros e pardos na universidade pública brasileira. Em relação a sua própria imagem racial, 46% declararam-se pardos; 20% negros; 32% brancos e 2% como amarelos; ou seja, 66% passíveis de serem beneficiados por ações afirmativas similares. A análise das evocações aponta para um provável núcleo central da representação social das cotas para negros nas universidades públicas estruturada em torno de elementos justificadores de sua implantação: O combate ao racismo e ao preconceito historicamente presentes em nossa sociedade, associados a uma desigualdade social advinda dessa realidade. Entretanto, corroborando o posicionamento majoritariamente contrário do grupo à implantação da proposta, observamos cognições estruturadas na primeira periferia refletindo à noção de que o processo é injusto, refletindo muito mais uma educação deficiente nos níveis básicos e médios, do que dimensões racializadas organizadas no bojo dos processos sócio-culturais societários. Essas dimensões contrárias aparecem de forma mais marcante nos elementos periféricos do quadrante inferior esquerdo, refletindo inclusive claras estruturas atitudinais: O entendimento de que o projeto constitui um erro, a possibilidade de gerar discriminação ou segregação racial, ou simplesmente a atitude explicitamente contrária reflete o posicionamento observado anteriormente na amostra estudada. <2,9 ordem média de evocação 2,9 Preconceito 51 1,86 Educação-fraca 29 3,14 Racismo 30 2,50 Injustiça 33 3,28 Desigualdade-social 27 2,70 Frequência 23 Frequência < 23 Discriminação 21 1,86 Pobreza 17 3,70 Erro 17 2,77 Sou-contra 13 1,77 Exclusão-social 11 1,91 Segregação 9 2,44 Figura 2 - Representação de Cotas para negros e pardos nas universidades em estudantes da UFRRJ

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS. O governo Lula tem priorizado na educação superior propostas visando uma maior diversidade étnica nas Universidades públicas brasileiras, principalmente através de propostas de ações afirmativas visando à comunidade negra. Um exemplo atual podemos encontrar no UNIAFRO - Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior programa patrocinado pelo Ministério da Educação, através da Secretaria de Ensino Superior e que visa apoiar e incentivar o fortalecimento e a institucionalização das atividades dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros-NEABs ou grupos correlatos das Instituições Públicas de Educação Superior, contribuindo para a implementação de políticas de ação afirmativa voltadas para a população negra e estimular a integração das ações de implantação das diretrizes curriculares étnico-raciais, conforme o Parecer CNE/CP 003/2004 e a Resolução CNE/001/2004, em todos os níveis de ensino. Neste cenário, as universidades públicas brasileiras têm buscado desenvolver estratégias de esclarecimento visando fomentar o debate e encontrar estratégias próprias para aumentar o nível de inclusão presente em suas comunidades, tradicionalmente acusadas de elitismo. Estudando amostras representativas de toda a comunidade acadêmica da UFRJ; Fry, Maggie e Grin (2005) encontraram que a maioria dos sujeitos considerava mais injusto a adoção de reserva de vagas para pessoas negras, do que para pessoas pobres e oriundas de escolas públicas, por entenderem que as cotas iriam acirrar a discriminação racial. Dados similares também são apresentados neste estudo, no qual 68% dos alunos declaram-se contrários a implantação deste modelo de política compensatória. Quando olhamos para os dados oriundos da estrutura representacional, aparentemente defrontamos com uma contradição: O provável núcleo central estruturase diante de uma imagem ideologizada referente às justificativas empregadas para a implantação das cotas para negros e pardos (racismo e preconceito), enquanto que as dimensões contrárias aparecem apenas de forma periférica, representando talvez no máximo um consenso em um grupo minoritário. Entretanto, alguns cenários sociais são fortemente carregados de pressões normativas, no qual se incluem as questões discriminatórias, levando aos sujeitos a constituir um campo representacional formado por elementos que resistem a serem verbalizados. Este campo representacional é denominado de zona muda das representações sociais e pode ser definido como

um subconjunto específico de cognições ou de crenças, que, mesmo sendo disponíveis, não são expressadas pelos sujeitos nas condições normais de produção e que se forem expressas (notadamente em certas situações) poderiam questionar os valores morais ou as normas valorizadas pelo grupo (Guimelli & Deschamps (2000) Desta forma, uma das hipóteses explicativas para a aparente contradição entre um provável núcleo central favorável e uma atitude desfavorável, é que os elementos contra-normativos estariam presentes em uma zona muda da representação social sobre cotas para negros e pardos na Universidade pública no alunos estudados na UFRRJ. Para testar esta hipótese, replicaremos a tarefa adotando agora a técnica de substituição (técnica de obtenção de zona muda das representações sociais). Finalizando, advogamos a necessidade de mais estudos psicossociológicos que auxiliem o entendimento dos sentidos envolvidos na produção e transformação das representações sociais relacionadas à temática aludida, visando formatar estratégias de intervenção comunicacional ou de influência social (teoria das minorias ativas, por exemplo) destinadas a qualificar o debate necessário no ambiente universitário sobre as políticas de inclusão social que buscam transformar a universidade em um ambiente cada vez mais representativo da sociedade ao qual pertence. 5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRIC, J.-C. Prácticas sociales, representaciones sociales. In: JEAN-CLAUDE ABRIC (Ed.). Prácticas socials y representacioes. México D. F.: Ediciones Coyoacán, p. 195-214, 2001a. ABRIC, J.-C. Las representaciones socials: aspectos teóricos. In: JEAN-CLAUDE ABRIC (Ed.). Prácticas socials y representacioes. México D. F.: Ediciones Coyoacán, p. 11-32, 2001b. ABRIC, J.-C. La recherche du noyau central et la zone muette des représentations sociales. In: JEAN-CLAUDE ABRIC (Ed.) Méthodes d étude des représentations sociales. Paris: Érès, p. 59-80, 2003. BERNARDINO, J. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Estudos Afro-Asiáticos, ano 24 (2), pp. 247-273, 2002. BRANDÃO, C. F. As cotas na universidade pública brasileira: será esse o caminho? Campinas: Autores Associados. 2005.

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