Sistema RFID em hospitais



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Transcrição:

REDES SEM FIO Sistema RFID em hospitais 24 RTI MAI 2012 Anastasis C. Polycarpou, George Gregoriou e Loizos Papaloizou, da Universidade de Nicósia (Chipre); Panayiotis Polycarpou, da Universidade de Chipre; Antonis Dimitriou e John N. Sahalos, da Universidade Aristóteles de Thessaloniki (Grécia); e Aggelos Bletsas, da Universidade Técnica de Creta (Grécia) O artigo apresenta o projeto, execução e avaliação de um sistema de identificação de frequência de rádio UHF passiva instalado recentemente em um hospital no Chipre. Os três principais objetivos do projeto piloto foram a identificação de paciente, o serviço de localização em tempo real de materiais médicos e o controle e monitoração de inventário de medicamentos. ARFID - Identificação por Radiofrequência é uma tecnologia em rápido crescimento, que encontra diversas aplicações em muitos setores da sociedade atual. Este artigo enfatiza o projeto, execução e avaliação de um sistema RFID instalado recentemente no Bococ - Banco do Centro de Oncologia de Chipre. Trata-se de um projeto piloto que combina a tecnologia RFID passiva na faixa UHF (865-868 MHz) com novos dispositivos de TI (por exemplo, PCs tablets médicos de baixo peso, pontos de acesso sem fio, bancos de dados, etc.). O sistema foi cuidadosamente projetado e otimizado usando simulações em computador e médicos em laboratório e agora está sob rigorosos testes e avaliação pela equipe de pesquisa técnica e pelo pessoal médico do hospital. O objetivo principal do projeto é triplo: identificação automática e livre de erros de pacientes internados, por meio do uso de etiquetas RFID, na forma de pulseiras ou cartões plásticos; controle e monitoração em tempo real do inventário de medicamentos da farmácia; RTLS - Serviço de Localização em Tempo Real dos dispositivos e materiais equipados com etiquetas (cadeiras de roda, andadores, bombas de infusão, arquivos de pacientes, etc.). O sistema RFID passiva proposto tem como meta melhorar as práticas tradicionais de um ambiente hospitalar. Por exemplo, as tarefas rotineiras de médicos, como prescrição ou administração de remédios, baseiam-se em processos ligados a papel, passíveis de erros humanos, devido à má interpretação de anotações manuscritas, ou mesmo identificação errônea de pacientes. O Instituto de Medicina dos EUA estima que mais de 44 mil mortes ocorram a cada ano, somente nos EUA, devido a trocas de medicamentos em hospitais [1]. O FDA Food and Drug Administration dos EUA estima que os erros médicos chegam a 40% em ambientes com uso de papel. A história mostra que práticas tradicionais ligadas a papel podem resultar em erro de troca de pacientes, que frequentemente cria sérios problemas de saúde para as pessoas hospitalizadas. Com o lançamento do sistema RFID passiva proposto, os pacientes internados recebem um código único de identificação, na forma de uma pulseira RFID ou cartão RFID, que é automaticamente identificado por um leitor portátil UHF RFID anexado a um PC tablet médico de

25 RTI MAI 2012 Fig. 1 - Diagrama em bloco do projeto do sistema RFID baixo peso nas mãos de um médico ou enfermeiro. Uma vez que o paciente seja identificado, o tablet tem autorização para carregar, do banco de dados central, o perfil médico do paciente e outras informações. Essa é a primeira parte importante do projeto. A segunda parte do projeto é a monitoração em tempo real da sala de inventário de remédios, localizada na enfermaria do hospital. Os medicamentos armazenados na sala de inventário são difíceis de monitorar diariamente. É altamente provável que os produtos sejam removidos da sala de inventário sem a autorização adequada. Estima-se que 10% das drogas em ambiente hospitalar desapareçam a cada ano devido a possíveis furtos [2]. Também é possível que o prazo de validade expire sem que se note, o que pode colocar vida dos pacientes em risco. Ficar sem uma droga em particular durante uma chamada de emergência também é altamente provável com o uso de práticas tradicionais. Pode-se evitar uma situação desagradável como essa se houver um sistema de monitoração em tempo real, dentro da sala de inventário. Saber exatamente o estoque disponível em termos de quantidade, tipo de droga e data de validade pode certamente melhorar a qualidade dos cuidados com a saúde e da segurança do paciente. A terceira parte do projeto é localizar e rastrear materiais médicos, arquivos de pacientes e equipamentos médicos de valor alto na enfermaria do hospital. Fig. 2 Distribuição de campo total de um corte z constante usando uma configuração otimizada de duas antenas É muito frequente o caso de equipamentos médicos, cadeiras de roda, bombas de infusão e até mesmo arquivos de pacientes serem esquecidos em salas diferentes e, quando surge a necessidade de encontrá-los, a equipe de enfermagem/médica tem de procurá-los por toda parte, perdendo um tempo valioso. Quase um terço do tempo de trabalho dos empregados é gasto, diariamente, na busca de equipamentos e materiais por todo o hospital [2]. Isso se traduz em diminuição da produtividade e da eficiência no local de trabalho, com implicações financeiras no custo administrativo do hospital. Pode-se resolver esse problema colocando etiquetas de RFID passiva em equipamentos e arquivos de pacientes, que podem ser rastreados com eficiência por toda a ala do hospital, com o uso de antenas e leitores RFID estacionários. Projetou-se cuidadosamente essa rede de antenas, que cobre uma grande parte da ala do hospital, para proporcionar uma cobertura adequada e uma legibilidade de grande alcance. Conseguiu-se a otimização da posição precisa das antenas na ala do hospital de forma a promover cobertura máxima na presença de paredes, camas de paciente e outros obstáculos com o uso de modelos eficazes de traçado de raios [3] e medições reais. É claro que houve muitos outros problemas envolvidos nesse projeto, como o tamanho físico das antenas usadas, a interferência eletromagnética com outros dispositivos eletrônicos médicos, a topologia da ala do hospital e recomendações e restrições estabelecidas pelo pessoal médico do hospital. Todos esses fatores/problemas foram cuidadosamente considerados pela equipe de pesquisa, durante a fase de projeto e execução.

REDES SEM FIO 26 RTI MAI 2012 Desenvolveu-se uma plataforma de software que roda em tablets médicos de baixo peso e oferece uma interface gráfica de fácil utilização para o hardware RFID. Desenvolveu-se cuidadosamente a plataforma de software para que proporcionasse a funcionalidade necessária requisitada pela equipe de enfermagem e médica do hospital, num ambiente de fácil utilização para o usuário. Projeto do hardware do sistema sem fio. De outro lado, devem-se garantir a acessibilidade dos dados e a funcionalidade do sistema, a qualquer momento. Com o uso de tablet médico, pode-se ativar um grupo de leitores RFID estacionários em rede, que alimentam várias antenas diretivas ligadas às portas RF correspondentes através de cabos coaxiais. Duas antenas de 7 dbi, circularmente polarizadas, com largura de feixe suficientemente grande, tanto no plano de elevação quanto no plano azimute, conectam-se através de cabos com perda extremamente baixa A figura 1 ilustra um diagrama do sistema RFID instalado na enfermaria do hospital do Bococ. Armazenam-se com segurança informações valiosas relativas a pacientes internado, medicamentos e materiais médicos em um servidor conectado à LAN. As informações armazenadas no banco de dados podem ser acessadas com segurança pelos tablets médicos, com o uso de comunicação e troca de dados criptografadas, por meio de pontos de acesso. Devido à sensibilidade das informações armazenadas no banco de dados, aplicaram-se princípios de segurança, uma vez que as informações se comunicam por rede Fig. 3 - Percentual de cobertura da configuração de uma única antena com o uso de diversas etiquetas

REDES SEM FIO 28 RTI MAI 2012 (< 1,3 db/10 m), a cada uma das quatro portas monoestáticas do leitor. Usa-se, para esse propósito, um divisor de potência bidirecional de baixa perda de inserção. Duas antenas foram instaladas em cada um dos quartos de pacientes. Realizou-se a otimização do posicionamento das antenas e do ângulo de inclinação na presença de elementos de perda, como paredes, chão e teto e camas de pacientes, usando-se um código de traçado de raio desenvolvido internamente [4], o qual leva em conta o padrão e a polarização da antena, a potência irradiada, os múltiplos reflexos, a difração de borda, etc. A partir de simulações, verificadas depois por uma série de medições laboratoriais, mostrou-se que, por se ter judiciosamente escolhido a posição lateral do par de antenas em cada um dos quartos de pacientes, assim como a altura da antena e os ângulos de inclinação relativos, a cobertura eletromagnética (EM) é maior nas configurações de duas antenas, com o uso de um divisor, do que nas configurações de uma única antena. Mesmo usando um divisor de potência, a entrada de potência em cada uma das duas antenas divide-se pela metade, a interação das duas antenas desde que sua posição, altura e ângulos de inclinação sejam cuidadosamente otimizadas proporciona um melhor percentual de cobertura. A figura 2 mostra a distribuição total do campo dentro de um típico quarto de paciente, quando se usa um par de antenas, cuja posição foi otimizada para trazer uma cobertura EM máxima. Como se vê na figura, as antenas foram posicionadas em Fig. 4 - (a) Tela de acesso (login) da interface gráfica do usuário; (b) visão do RTLS com a vista de cima da enfermaria do hospital Fig. 5 (a) - Visualização de identificação do paciente; (b) Visualização de controle de inventário

REDES SEM FIO 30 RTI MAI 2012 Fig. 6 - Cobertura eletromagnética no quarto do paciente para etiquetas com orientação vertical e horizontal estreita proximidade entre si, com certa elevação/inclinação azimute. Com o uso dessa configuração e supondo-se uma sensibilidade das etiquetas de -14 dbm e redução de potência de 3 db, devido ao divisor/ combinador bidirecional de potência, pode-se alcançar uma cobertura EM de 93% dentro do quarto. Isso pode melhorar ainda mais com o uso de chips RFID de maior sensibilidade. Já estão disponíveis no mercado chips com sensibilidade de -18 dbm [5]. Além de usar etiquetas de maior sensibilidade, pode-se melhorar a legibilidade e identificação de materiais usando-se etiquetas diversas. Isso se traduz no uso de mais de uma etiqueta por objeto, orientadas em direções ortogonais e espaçadas entre si. Garante-se a legibilidade se houver identificação de uma etiqueta. A figura 3 ilustra o percentual de cobertura EM ao usar três etiquetas ortogonalmente posicionadas em cada localização no quarto. Por uma questão de simplicidade, usou-se a configuração de uma única antena, enquanto as etiquetas usadas tinham uma sensibilidade de -14 dbm. Como mostra a figura, a identificação de itens melhorou em até 89% com o uso de diversas etiquetas, por exemplo, três etiquetas ortogonais por objeto. A legibilidade para uma etiqueta com direcionamento z corresponde a 79%, o que significa uma cobertura 10% menor, em comparação ao caso de uso de diversas etiquetas. Busca-se um desempenho ainda melhor com o uso de etiquetas de maior sensibilidade. Note-se que, na simulação acima, posicionou-se a antena 2 m acima do chão do quarto, com um ângulo de inclinação de 20 do zênite. O quarto tinha 4 x 3 metros e a antena foi instalada na parede de menor dimensão. Também se usou no projeto uma impressora RFID em rede, para ler/identificar etiquetas não atribuídas na bobina e associar o código EPC

REDES SEM FIO 32 RTI específico a um novo medicamento, material ou paciente. A impressora RFID localiza-se na farmácia do hospital, onde as etiquetas recebem designação para drogas que são encaminhadas para pacientes internados. O farmacêutico também é responsável pela atribuição das etiquetas para materiais médicos monitorados pelo sistema RTLS em tempo real. Plataforma de software A figura 4(a) ilustra a tela de acesso (login) da aplicação do software. Há três tipos de contas de usuários: administrador, médico e enfermeiro. Cada um deles tem diferentes privilégios e funcionalidades. Há também a conta de controle e monitoração de inventário, à qual apenas o Fig. 7 - Armário de inventário de drogas com garrafas IV farmacêutico do hospital tem acesso. Toda a equipe médica pode acessar a conta RTLS. Há também o ícone Imprimir Etiqueta RFID para atribuir uma etiqueta aos materiais médicos e o ícone Imprimir Rótulo de Droga para designar uma etiqueta para as drogas. O administrador e o farmacêutico podem ativar esses dois ícones. A figura 4(b) apresenta a tela RTLS com a visão de cima da enfermaria do hospital. Como mostrado, o sistema identificou uma cadeira de rodas no quarto 33 e duas cadeiras de roda no quarto 35. Outros tipos de objeto podem ser identificados. A figura 5(a) mostra uma tela de identificação de paciente com todos os ícones de tarefas possíveis. Na parte inferior da tela, o membro da equipe de enfermagem pode encontrar todas as tarefas agendadas para o dia; por exemplo, administração de drogas, radioterapia, etc. Nessa tela, pode-se também ver o perfil do paciente e o médico encarregado. A figura 5(b) ilustra a tela de controle e monitoração do inventário de drogas. Com a ativação do ícone scan, a aplicação mostra a lista de todas as drogas que se encontram na sala de inventário e dá ao usuário a possibilidade de classificá-las de acordo com o tipo, data de validade, nome, etc. Clicando duas vezes sobre uma droga específica, podem-se ver informações detalhadas adicionais relativas às drogas. Avaliação do sistema Instalou-se o sistema RFID em conformidade com os três principais pilares do projeto: identificação de paciente, controle de inventário e RTLS no Banco do Centro de Oncologia de Chipre, que fica em Nicósia. Por se tratar de um projeto piloto, instalou-se o sistema em apenas três quartos de pacientes, cada qual com dimensões de 6 x 3 metros. Foram instaladas duas antenas (figura 6) em cada um dos quartos por meio de um divisor bidirecional alimentado por uma das quatro portas RF monoestáticas do scanner UHF/RFID. O grupo de antenas irradia por um período de tempo muito curto (~5 segundos), uma vez que se ative o botão scan da aplicação do software RTLS, dessa forma pedindo ao sistema para buscar o espaço para possíveis materiais médicos etiquetados, por exemplo, cadeiras de rodas, bombas de infusão, etc. Foram realizadas medições para determinar o percentual de cobertura EM nos três quartos de pacientes. Em cada um desses quartos, havia duas camas de pacientes (figura 7 mostra as dimensões), cadeiras e equipamentos médicos (por exemplo, monitores de

33 RTI MAI 2012 computadores). As medições foram realizadas na presença de dois pacientes internados, dois parentes próximos e dois membros da equipe de pesquisa que realizavam as medições. Também é importante enfatizar que a posição e o direcionamento das duas antenas nos quartos não estavam de acordo com o projeto original proposto pela equipe de pesquisa, principalmente devido às restrições impostas pela administração do hospital durante a instalação do sistema. No entanto, prosseguimos com a instalação e os testes, apesar das modificações. De grande importância foi ter realizado os testes de cobertura EM em um ambiente hospitalar real. A figura 6 mostra as medições em um dos três quartos de paciente, com 20 etiquetas RFID colocadas numa caixa de papelão posicionadas horizontal ou verticalmente. Em outras palavras, as etiquetas estão co-alinhadas vertical ou horizontalmente. Devido ao posicionamento e direcionamento das antenas, não esperávamos obter legibilidade quando as etiquetas foram posicionadas próximas à entrada do quarto, o que realmente aconteceu. A melhor escolha teria sido montar as antenas na parede oposta; entretanto, isso não foi possível. Como se vê na figura 6, a legibilidade máxima observada corresponde à leitura de 20 etiquetas (100%) e a menor corresponde à leitura de apenas 11 etiquetas (55%). O número de etiquetas lidas aparece em vermelho, enquanto a altura da caixa de papelão em relação ao chão aparece em preto. Em média, a legibilidade para etiquetas verticalmente orientadas foi medida como sendo de 85%, e para as etiquetas com orientação horizontal foi medida como sendo de 79%. A sensibilidade do chip era de -17 dbm. Como antes mencionado, pode-se melhorar a legibilidade de um objeto com o uso de diversas etiquetas ou de etiquetas de maior sensibilidade. Além da cobertura EM, foram realizadas medições para avaliar a legibilidade do sistema em relação a vários medicamentos armazenados no armário de inventário (figura 8).

REDES SEM FIO 34 RTI MAI 2012 O par de antenas apontava para dentro do armário, presas ao teto. Com relação aos medicamentos em pó, como mostra a figura 8(a), não houve qualquer problema de legibilidade e identificação, quando colocada em qualquer local dentro do inventário de drogas, embora o armário estivesse cheio de garrafas cheias de líquido. Testou-se a mesma droga quanto à legibilidade quando colocada dentro de um quarto de paciente, a certa distância do par de antenas. A legibilidade foi possível, mesmo a uma distância de 3 metros. Nesses testes, as etiquetas tinham uma orientação que permitisse o orçamento máximo do enlace. No caso de uso da garrafa IV (diâmetro de 7 cm e altura de 12 cm) com uma etiqueta RFID, como mostra a figura 8(b), as observações não foram as mesmas que as registradas para as drogas em pó. Colocou-se a garrafa com líquido etiquetada dentro do armário, começando pela prateleira superior até a mais baixa. A garrafa ficava de Fig. 8 - (a) Medicamento em pó; (b) Medicamento líquido (garrafa IV) com etiqueta na lateral; (c) garrafa IV com etiqueta no gargalo pé, como mostra a figura 8(b). A legibilidade e identificação da garrafa com líquido só foi possível nos casos em que a garrafa estava nas duas prateleiras superiores. O líquido afeta a ressonância da antena de etiqueta e daí a sua impedância, deteriorando o desempenho. Quando colocada na prateleira inferior, a etiqueta não era visível para o sistema, do que se conclui que uma quantidade significativa da potência irradiada é absorvida e dissipada pelo líquido com perdas. Conseguiu-se legibilidade para todas as prateleiras somente quando se colocou a etiqueta no gargalo da garrafa, como mostra a figura 9(c). Nesse caso, o líquido não se encontrava exatamente abaixo da etiqueta. Como resultado, a ressonância da antena de etiqueta não foi muito afetada. Realizou-se o mesmo teste com uma garrafa IV ainda maior, e conseguiu-se legibilidade mesmo com a garrafa na prateleira inferior. Também se avaliou a identificação de pacientes com o uso de um tablet médico. O tablet médico tem baixo peso e vem equipado com portas de pino (clipon) e USB. Um pen drive hospedando um leitor/escritor UHF RFID é encaixado na porta USB. A aplicação de software pode ativar o pen drive, uma vez que o médico ou enfermeiro(a) entra na plataforma de identificação de paciente. Testamos o sistema usando várias pulseiras disponíveis no mercado; porém, a legibilidade era ruim. Então, usamos etiquetas RFID na forma de chip embutido anexado ao cartão plástico de identificação do paciente e os resultados

35 RTI MAI 2012 foram excelentes. O sistema foi capaz de identificar o paciente a uma distância de 80 cm, desde que o pino estivesse bem encaixado na porta USB. A legibilidade ficou comprometida em casos em que o pen drive estava frouxo na conexão da porta. Os testes também foram realizados para testar a interferência eletromagnética em outros dispositivos eletrônicos usados em enfermarias de hospitais, como bombas de infusão e monitores de computadores. Ativamos o sistema RFID estacionário (RTLS) várias vezes na presença desses dispositivos, durante operação normal. Não houve qualquer interferência do sistema RFID sobre a operação normal de quaisquer desses dispositivos. Conclusões Foram realizaram vários outros testes para a avaliação do sistema RFID em ambiente hospitalar real. Os resultados gerais não foram ideais, mas satisfatórios em alto grau, devido ao fato de ser uma tecnologia em crescimento, que cresce rapidamente dia após dia. O feedback recebido do pessoal médico do hospital foi extremamente positivo, com um senso de apoio e encorajamento. O sistema funciona muito bem no ambiente hospitalar. Entretanto, ainda existem problemas que precisam de uma maior atenção REFERÊNCIAS da comunidade acadêmica, como o aumento da cobertura EM em quarto típico de paciente e melhor legibilidade de etiquetas em drogas de base líquida. Agradecimentos Essa pesquisa teve financiamento da Fundação de Promoção à Pesquisa de Chipre, THE/OPIZO/0308(BIE)/12. [1] Institute of Medicine: To Err is Human: Building a Safer Health System, Washington, D.C.: National Academy Press, 1999. [2] Glabman, M.: Room for tracking: RFID technology finds the way. Materials Management in Health Care, Mai./2004. [3] S.R. Saunders: Antennas and Propagation for Wireless Communication Systems. John Wiley & Sons, 1999. [4] A.G. Dimitriou, A. Bletsas, A.C. Polycarpou e J.N. Sahalos: On efficient UHF RFID coverage inside a room. EuCAP, April 2010. [5] Higgs-3 data sheet. Alien, Morgan Hill, California, USA.