ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA REDE REGULAR DE ENSINO: INCLUSÃO OU INTEGRAÇÃO?

Documentos relacionados
A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA: PERSPECTIVAS DA UNIDADE ESCOLAR E O PAPEL DO CUIDADOR

Escola para todos: Inclusão de pessoas com deficiência

Material elaborado pela professora Tásia Wisch - PNAIC

ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS DE PROFESSORES DE QUÍMICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE ARARA PB NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO ESCOLAR.

A VISÃO DE LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SOBRE INCLUSÃO ESCOLAR

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONCEPÇÕES DOS PARTICIPANTES DO CURSO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA ALUNOS SURDOS

EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Julho de 2018

Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Itaberaí-Goiás. Fabiana dos Santos Santana Flávia Cristina da Silva

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL VOLTADA À INCLUSÃO SOCIAL

DESAFIOS E NECESSIDADES DE INCLUSÃO NUMA ESCOLA TÉCNICA EM CAMPINA GRANDE-PB

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Palavras-chave: Educação Física. Produção Colaborativa de Práticas Corporais Inclusivas. Alunos público alvo da Educação Especial. 1.

Algumas discussões relacionadas à educação inclusiva no contexto social e principalmente o escolar

MODELO DE PARECER DE UMA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS. Autora : Simone Helen Drumond (92) /

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO DA PRÁTICA

POLÍTICA DE ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DO UNIBAVE

Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: DO DIREITO À EDUCAÇÃO

Pp Elaine Laranjeira Souza

CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: A BI DOCÊNCIA COMO ALTERNATIVA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO REGULAR: A VISÃO DOS PROFESSORES ESPECIALISTAS

DECRETO 7611/2011 Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências

ANÁLISE QUANTO ACESSIBILIDADE DE PESSOAS CADEIRANTES EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE ARARA-PB

PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL E A INCLUSÃO ESCOLAR

(CESGRANRIO)Segundo a LDB, o regime de progressão continuada nas escolas é: A) ( ) obrigatório em todas as redes de ensino. B) ( ) obrigatório na

Relatório de Autoavaliação Institucional. Ano letivo 2017 EaD GOIÂNIA, 2018.

CONTRIBUIÇÃO PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL: O USO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVA

DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA ALIADO AO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E NO ATENDIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES QUANTO AO USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ANÁLISE DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE LICENCIATURA DA UEMS

I - Apresentação. II - Marcos históricos e normativos SÚMULA: POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Perspectiva De Ensino E Aprendizagem Nos Ambientes Virtuais

Girleane Rodrigues Florentino, Bruno Lopes Oliveira da Silva

Palavras-chave: Deficiência Intelectual, aluno, inclusão. Introdução

Os Blogs construídos por alunos de um curso de Pedagogia: análise da produção voltada à educação básica

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O MERCADO DE TRABALHO: UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DA OFICINA PROTEGIDA DE PADARIA DA APAE

INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO COMPETITIVO: percepções de profissionais de Recursos Humanos

CONTRIBUIÇÕES DA AUDIODESCRIÇÃO PARA O ENSINO DE CÉLULAS ANIMAIS NO ENSINO MÉDIO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

O USO DE NOVAS FERRAMENTAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL FELIPE RODRIGUES DE LIMA BARAÚNA/PB.

A INCLUSÃO ESCOLAR E OS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO MUNICIPAL DE SÃO LUÍS/MA

Gabriela Geovana Pinho. Fátima Inês Wolf de Oliveira. Faculdade de Filosofia e Ciências FFC UNESP/Campus Marília

POLÍTICAS E PRÁTICAS INCLUSIVAS: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE PARA INCLUIR O ESTUDANTE SURDO

UM ESTUDO SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA EM ESCOLAS DE MOSSORÓ-RN: APONTAMENTOS E REFLEXÕES.

A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES NUMA PERSPECTIVA DE (RE) CONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL

A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROCESSO DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NOS ANOS INICIAIS

Palavras-chave: Educação Matemática. Educação Inclusiva. Formação de professores.

O PROFESSOR-GESTOR E OS DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE. Palavras-chave: Professor-gestor, desafios, docência.

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS PROFOP - PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA DE MUDANÇA CURRICULAR.

Inclusão escolar. Educação para todos

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Caderno 2 de Prova PR08. Educação Especial. Professor de. Prefeitura Municipal de Florianópolis Secretaria Municipal de Educação. Edital n o 003/2009

O NAPNE COMO ALTERNATIVA DE PROMOÇÃO DA INCLUSÃO NO IFAL

Ministério da Educação. Ivana de Siqueira Secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

ENSINO DE ASTRONOMIA INCLUSIVO NA ESCOLA: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS SENSORIAIS E DE ÁUDIO

COMO ESTÃO AS ESCOLAS PÚBLICAS DO BRASIL?

INCLUSÃO: UMA PRÁTICA POSSÍVEL NA ESCOLA JOÃO BATISTA LIPPO NETO NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DA CIDADE DO RECIFE.

ENSINO MÉDIO INOVADOR: AS EXPERIÊNCIAS NA COMPREENSÃO DA BIOLOGIA

ESCOLA BILÍNGUE (LIBRAS/PORTUGUÊS): RESPEITO À CONSTITUIÇÃO E AO CIDADÃO SURDO. Cleide da Luz Andrade 1 Lucas Santos Campos 2 INTRODUÇÃO

Educação Inclusiva: Um caminho para a Sociedade Inclusiva

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E A EXPERIÊNCIA DO PIBID EM UMA IES COMUNITÁRIA: CAMINHOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA CONCEPÇÃO DE TRABALHO DOCENTE

REGULAMENTAÇÃO INTERNA NÚCLEO DE APOIO ÀS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECÍFICAS NAPNE \CAMPUS BARREIRAS

Material Para Concurso

INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO ENSINO REGULAR

AÇÔES REALIZADAS PELA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO NO ATENDIMENTO AOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

82 TCC em Re-vista 2012

PLANO DE ENSINO. Disciplina: Fundamentos e Metodologia na Educação de Jovens e Adultos II

SALA DE AULA EM SITUAÇÃO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA

TÍTULO: UM RELATO DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DAWN NA REDE REGULAR DE ENSINO CORAÇÃO DE JESUS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.

A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA (OS) AS PROFESSORES (AS) DA EJA

CAPÍTULO II NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS. Maristela Rossato


A EJA E SEUS DESAFIOS: UMA REALIDADE ATUAL NO MODELO EDUCACIONAL

RELATÓRIO FINAL. Endereço: Avenida Délio Silva Brito, 630, Ed. Corumbá, 302, Coqueiral de Itaparica, Vila Velha-ES

A FORMAÇÃO DOCENTE: PIBID E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Palavras-Chave: Direito à Educação; Inclusão Escolar; Direitos Humanos.

ATENA CURSOS MARGUETE DAL PIVA LONGHI. A SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL: entre o ideal e o real. Passo Fundo

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: perspectivas para a melhoria da educação para todos

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO INTERIOR DO RIO DE JANEIRO

AS CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS POR MEIO DE RECURSOS DIDÁTICOS: UMA ANÁLISE DO CURSO DE PEDAGOGIA DA FACULDADE PITÁGORAS MA.

Da inclusão: Incluir por incluir?

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO EDUCACIONAL: REFLEXÕES TEÓRICO PRÁTICAS

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CENTRO DE LICENCIATURAS

NOME DO CURSO:O uso do sistema de FM no ambiente escolar Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: Presencial

Palavras-chave: Formação Continuada. Múltiplas Linguagens. Ensino Fundamental I.

Apresentação da Proposta Político-Pedagógica do Curso e Grade de Disciplinas

Antônia Pereira da Silva Graduanda em Letras-Português pelo PARFOR da Universidade Federal do Piauí

Promoção da Saúde na Educação Básica

Universidade Federal de Sergipe Pró-reitoria de Graduação Departamento de Apoio Didático-Pedagógico (DEAPE)

COMUNICAÇÃO: UM DESAFIO ENFRENTADO POR ALUNOS SURDOS NO ENSINO REGULAR

Tema - EDUCAÇÃO BRASILEIRA: Perspectivas e Desafios à Luz da BNCC

Projeto de Pesquisa em Adaptação de Materiais Didáticos Especializados para Estudantes com Necessidades Especiais

O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICÊNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

AS NECESSIDADES DE PRÁTICAS EXPERIMENTAIS NAS AULAS DE FÍSICA DO ENSINO MÉDIO DO MUNICÍPIO DE ARARUNA-PB

PARALISIA CEREBRAL: UM ESTUDO DE CASO DE SOUZA, M.M.¹, CAMARGO, F.N.P.²

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. Núcleo temático: Químico Pedagógico Código da Disciplina: Etapa: 5ª Semestre Letivo: 1º/2013

CONFECÇÃO DE MATERIAS MANIPULÁVEIS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA A ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES VISUAIS E AUDITIVAS 1

RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO AÇÕES EDUCACIONAIS INCLUSIVAS

Palavras-chave: Formação continuada. Tecnologias digitais. Políticas públicas.

DIREITO À EDUCAÇÃO: POLÍTICAS DE PLANEJAMENTO DAS TECNOLOGIAS E SUA INSERÇÃO NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE CAMPO GRANDE MS

Transcrição:

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA REDE REGULAR DE ENSINO: INCLUSÃO OU INTEGRAÇÃO? Jessica Maria Florencio de Oliveira 1 ; Álisson Emannuel Franco Alves 2 ; Mayla Aracelli Araújo Dantas 3 ; Simone Silva dos Santos Lopes 4 1. Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba- jessicaflorencio@hotmail.com 2. Aluno do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual da Paraíba- alisson.biologo@hotmail.com 3. Aluna do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual da Paraíba- aracellidantas@hotmail.com 4. Professora Orientadora de Biologia da Universidade Estadual da Paraíba- sisilsantos@gmail.com 1. INTRODUÇÃO A Educação Inclusiva resulta de um movimento histórico de ações políticas, culturais, sociais e pedagógicas. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Ciência, Cultura e Educação (UNESCO), o processo inclusivo trata-se de uma forma dinâmica de responder positivamente à diversidade dos alunos e ter uma visão para as diferenças individuais não como problemas, mas como oportunidades para enriquecer a aprendizagem. Nesse contexto inclui-se o direito humano à educação, estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em 1996 que declara ser dever do Estado garantir o atendimento educacional especializado gratuito aos educandos portadores de necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1996). A proposta da educação inclusiva caracteriza-se como um novo princípio educacional que fundamenta-se em defender a heterogeneidade na classe escolar. Esta apresenta uma perspectiva inovadora em relação à educação integradora, que limita-se apenas à inserção física de alunos com necessidades especiais na rede comum de ensino e que, consequentemente, resulta uma lógica discriminatória e não inclusiva. O princípio da inclusão escolar propõe que os sistemas educacionais se responsabilizem em estabelecer condições que promovam uma educação de qualidade para todos, assim como realizar adequações que atendam todo espectro da diversidade humana representado pelo alunado em potencial, isto é, pessoas com deficiências físicas, mentais e pessoas com outras características atípicas. Ou seja, o sistema educacional se adequa às

necessidades de seus alunos (escolas inclusivas) e não os alunos adaptando-se ao sistema educacional (escolas integradas). (SILVA et al., 2006). As dimensões e os fatores que apontam para construção do ensino-aprendizagem significativo é uma temática complexa, entretanto, a educação inclusiva surge como uma possibilidade de aperfeiçoamento da educação escolar que visa beneficiar todos os alunos, portadores ou não de deficiências, ao promover uma abertura incondicional às diferenças. Como afirma FREIRE (1996): O processo educativo deve ser orientado pela Ética de Libertação, sendo preciso agir contra qualquer tipo de discriminação de raça, gênero e classe, defender o respeito aos outros, a coerência, a capacidade de viver e aprender com o diferente. Atualmente a educação inclusiva configura-se como um paradigma educacional embasado nos direitos humanos e estabelece que a igualdade e respeito às diferenças são valores indissociáveis, porém existe uma grande distância entre a proposta teórica inclusiva e a prática escolar da mesma. Tais dificuldades e limitações ocorrem em virtude da ausência de professores capacitados a fim de atender às necessidades educativas especiais, além da falta de infraestrutura adequada e condições materiais para desenvolver o trabalho pedagógico junto a crianças com deficiência (SANT ANA, 2005). Destaca-se ainda que a escola não pode ficar alheia às transformações sociais e culturais advindas da sociedade contemporânea, visto que esta pertence ao meio social e, por isso, sofre as influências do mesmo. Nessa perspectiva, as transformações impostas pela sociedade referente a novas formas de produção e apropriação dos saberes justifica uma nova abordagem educacional inclusiva, no qual são necessários novos métodos didáticos, além de uma nova relação entre os intervenientes e atores do processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo investigar tanto os conhecimentos dos professores da Educação Básica a respeito do processo inclusivo quanto às estratégias pedagógicas alternativas que são utilizadas com crianças que apresentam deficiência, visando à inclusão e não apenas inserção das mesmas nas salas de aula. 2. METODOLOGIA A presente investigação teve como público-alvo 13 professores da escola Instituto Santo Antônio, localizada no município de Campina Grande- PB. Esta instituição apresenta alunos portadores de necessidades especiais inseridos no ensino regular. O procedimento empregado para

coleta de dados foi através da aplicação de um questionário semiestruturado, cujo propósito foi abordar as seguintes questões: conhecimentos e desenvolvimento do processo sobre a Educação Inclusiva. Foi utilizado o método de analise de conteúdo proposto por Bardin (2011), trabalhando a partir do agrupamento e categorização das unidades de respostas que representam o conjunto de concepções comuns ao grupo pesquisado. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES É direito de todas as crianças o acesso à escola, sendo este o local responsável para a formação de valores, normas e atitudes favoráveis à sua cidadania bem como do domínio de competências e habilidades para a vivência social. Logo, oportunidades educacionais adequadas a todas as crianças, incluindo aquelas com necessidades educacionais especiais, em uma classe comum, é o principal objetivo do processo de inclusão. Na perspectiva inclusiva, toda escola deve promover ambiente acessível de modo que elimine as barreiras arquitetônicas e adeque os espaços que atendam à diversidade humana. Segundo Schirmer et al., (2007) os prédios escolares não apresentam acessibilidade e esta depende das condições ambientais de acesso à informação, das possibilidades de locomoção e de uso de atividades que permitam os indivíduos participarem das atividades escolares e estabelecerem relações com as demais pessoas. Diante do exposto, foi observado que a escola investigada no presente estudo apresenta apenas rampas de acessibilidade, salas no térreo e mesas adequadas visando atender as necessidades dos alunos especiais. Com frequência, a falta de mais adaptações na infra-estrutura escolar é uma das dificuldades encontradas na realização do processo inclusivo, corroborando com estudos na área (BEZ, 2009; LEONARDO, 2008). Quanto ao tempo de exercício profissional, a maioria dos participantes apresentou um longo período de experiência, com no mínimo de dois anos e máximo de vinte anos de atuação na área. E dentre os dados obtidos referentes aos conhecimentos sobre Educação Especial, pôde-se verificar que todos possuíam tal competência a partir de vários meios, tais como o curso de graduação, curso de extensão, curso de especialização, mestrado, leituras independentes, palestras e outros. Entretanto, a maioria dos professores acredita não possuir conhecimentos suficientes para incluir alunos com necessidades especiais em suas aulas. De acordo com tal fato, os docentes argumentam que ninguém nunca terá conhecimento por completo posto que a formação é contínua, ou seja, o aprendizado é constante. Esta concepção vem reafirmar o que aponta Siqueira et al. (2015), visando o reconhecimento de que a formação inicial dos professores apresenta lacunas e que para

minimizar as problemáticas enfrentadas no processo de ensino aprendizagem se faz necessário atualizar-se através de formações continuadas como estratégia para superar resultados não atingidos na formação anterior e ampliar os conhecimentos já estabelecidos, com intuito de transformação das práticas pedagógicas. Destaca-se ainda que apenas três professores dentre o grupo pesquisado assente possuir conhecimentos suficientes para saber lidar com estudantes com deficiências e para isso as estratégias didáticas utilizadas que foram mencionadas, com intuito de facilitar o processo de ensino aprendizagem de todos, foram as seguintes: primeiramente faz-se necessário conhecer o tipo de deficiência do aluno e assim trabalhar de acordo com suas necessidades, utilizando gravuras, músicas e até gesticulação, assim como fazer o uso de recursos tecnológicos adaptados de acordo com a realidade do aluno. Estes professores, assim como os demais, não contam com auxílio de nenhum outro profissional especializado em sala de aula, e tal fato é relevante visto que o professor atua a maior parte do tempo junto aos alunos e não isoladamente. Segundo Schirmer et al.,(2007) alunos com deficiência física, por exemplo, possuem dificuldades ao realizar muitas tarefas rotineiras no ambiente escolar, pois não conseguem realizar suas atividades e ficam em desvantagem visto que não tem a oportunidade de criar e desafiar seus colegas. Na análise do conteúdo, foi possível verificar que a participação do aluno portador de deficiência nas atividades escolares auxilia na inclusão social tanto dos professores e os demais profissionais da escola quanto dos alunos, pois como eles afirmam há uma troca mútua de experiências e uma compreensão dos limites dos outros, assim como aprende a ser solidário, conviver, aceitar e respeitar as diferenças. Nesse contexto, Gotti (1998) afirma que inclusão escolar implica muito mais do que apenas possibilitar um espaço físico comum a todos os alunos, sejam eles especiais ou não, requer também que todas as pessoas que compõem a comunidade acadêmica se envolvam na luta pela conscientização sobre o direito à cidadania. 4. CONCLUSÕES Os principais resultados apontaram que a maioria dos participantes não possui conhecimentos suficientes sobre o processo de inclusão escolar. Tal fato revela que praticamente nenhum dos participantes da pesquisa recebeu qualquer tipo de preparo ou capacitação que pudesse facilitar no atendimento aos alunos com necessidades educativas especiais em sua sala de aula, ou seja, a maioria dos professores está ciente de não estarem preparados para a inclusão, de que não

aprenderam as práticas educacionais essenciais à promoção da inclusão e, por isso, necessitariam do apoio de especialistas na área. Em face do cenário apresentado, tornam-se evidentes as dificuldades à proposta de inclusão. Entretanto o principal obstáculo enfrentado parece ser a falta de capacitação do professor para atuar com esse alunado especial. Logo, são necessárias alterações no sistema educacional vigente a fim de proporcionar o cumprimento dos objetivos da inclusão e assim tornar-se o processo inclusivo uma grande possibilidade de re-significação da educação e então superar o paradigma da integração, que ao invés de incluir acaba promovendo a exclusão dos alunos a uma educação de qualidade. Sendo importante destacar que embora existam inúmeras dificuldades vivenciadas por todos os professores, estes tentam ao seu modo viabilizar a educação inclusiva através de diferentes maneiras e métodos, considerando as particularidades de acesso ao conhecimento de cada um. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. 1.ed. São Paulo: Edições 70, 2011. BEZ, A. S. A Educação Inclusiva No Município De Santa Rosa Do Sul (Sc): Realidade, Dimensões E Contribuições. 2009. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista)- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Cuiabá, 2009. BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Diário Oficial da União. Brasília, 23 de dezembro de 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GOTTI, M. O. (1998). Integração e inclusão: nova perspectiva sobre a prática da educação especial. Em M. Marquenzine (Org.), Perspectivas multidisciplinares em educação especial (pp.365-372). Londrina: Ed. UEL. LEONARDO, N. S. T. Inclusão escolar: um estudo acerca da implantação da proposta em escolas públicas. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), v.12, n.2, p. 431-440, 2008. SANT ANA, I. M. Educação Inclusiva: concepções de professores e diretores. Psicologia em Estudo, v. 10, n.2, p. 227-234, 2005.

SCHIRMER, C. R. et al. Atendimento Educacional Especializado: deficiência física. Brasília: Ministério da Educação, 2007. SILVA, A.F. et al. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência física. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. SIQUEIRA, A. O. S. et al. O processo de formação continuada de professores: ações do gestor escolar voltadas a transformação das práticas pedagógicas. Revista Educa, v.2, n.3, p. 144-158, 2015. UNESCO. Orientações para a inclusão: garantindo o acesso à educação para todos. França: Unesco, 2005. Disponível em: <http://redeinclusao.web.ua.pt/docstation/com_docstation/20/fl_43.pdf >. Acesso em: setembro de 2016.