Ciclos Econômicos. Expectativas adaptativas do monetarismo Ciclo real de negócios novoclássico Rigidez de preços novokeynesiana



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Transcrição:

Ciclos Econômicos Abordagem keynesiana X neoclássica Expectativas adaptativas do monetarismo Ciclo real de negócios novoclássico Rigidez de preços novokeynesiana Aula de Fernando Nogueira da Costa Professor do IE-UNICAMP

Neoclassicismo

teoria neoclássica Os níveis de emprego e produto são determinados, na teoria neoclássica, a partir do equilíbrio no mercado de trabalho. O nível de emprego é determinado diretamente; o nível de produto é dado a partir da função da produção. Os economistas pré-keynesianos atribuíam o desemprego à atuação dos sindicatos, que impediam a redução dos salários nominais. 3

teoria neoclássica A idéia neoclássica era que, se os trabalhadores aceitassem salários nominais menores, o nível de emprego cresceria. Isto só é verdade dependendo da relação específica entre salários nominais e preços, que não é explicitada pelos neoclássicos. As hipóteses de comportamento das firmas e indivíduos são assumidas em relação ao salário real (W / P) e não ao salário nominal (W i ). A teoria neoclássica não tem teoria da determinação do salário nominal, mas apenas do salário real. 4

hipóteses dos modelos neoclássicos determinantes da tendência ao equilíbrio 1. Racionalidade: os agentes econômicos maximizam suas funções de utilidade e lucro, isto é, agem racionalmente; 2. Flexibilidade: os mercados livres, inclusive o mercado de trabalho, tendem para o equilíbrio, isto é, preços e salários são flexíveis; 3. Simetria de informações: todos os agentes têm informação perfeita e jamais se enganam. 5

Estudo das flutuações econômicas Modelo neoclássico (de longo prazo): com preços flexíveis e sem imperfeições nos mercados (atomismo e informações perfeitas), o produto sempre estaria em seu nível potencial, sendo este determinado pelas condições da oferta: 1. estoque de fatores de produção: trabalho, capital, terra. 2. tecnologia. As flutuações da demanda repercutiriam sobre o nível dos preços, sem afetar a quantidade produzida. 6

Teoria Keynesiana

Teoria keynesiana A demanda agregada assume o papel determinante do produto. Y = f( DDA ) = f( I ) = f( EMgK ^ ) A hipótese dos salários (e preços) rígidos não é necessária para explicar o impacto da demanda sobre o produto: com desemprego, mesmo se os salários reduzirem, se as expectativas de vendas forem pessimistas, não haverá contratação de mão-de-obra adicional. 8

Ciclo dos estoques Modelo do multiplicador: o seu impacto seria via passagem direta de um nível de renda para outro, sem que se gerassem ciclos nesse processo. Manutenção de estoques: variações inesperadas da demanda agregada provocam, inicialmente, tanto variações na produção quanto variações no nível de estoques. Alterações do nível de estoques, por sua vez, afetam as decisões de produção das empresas, tanto para atender a demanda como para repor estoques. 9

Exemplo numérico do multiplicador: PMgC = c = 0,8 => K = 1 / (1 0,8) = 5, em R$ bilhões e com arrendondamento Ciclos de gastos Gastos em consumo Aplicações em ativos Ciclo 1 (gasto inicial) Ciclo 2 Ciclo 3 Ciclo 4 Ciclo 5 Soma das 5 primeiras rodadas Soma de todas as outras rodadas Aumento total na renda 100 80 64 51 41 336 164 500 20 16 13 10 59 41 Aumento total na aquisição de ativos ( poupança ) 100 10

Caráter cíclico Aumento inesperado da demanda agregada leva: 1. ao aumento da produção e 2. à redução dos estoques (o inverso ocorrendo em caso de contração da demanda). Depois, as empresas deverão produzir 1. para atender à maior demanda e 2. para repor os estoques. A transição de um nível de renda para outro faz-se de forma cíclica (em determinado momento, produção situa-se acima do novo produto de equilíbrio e, em outros, abaixo) e não direta. 11

Modelo multiplicador-acelerador O investimento é determinado de acordo com a variação da produção (ou renda), ocorrida no período anterior, ou seja, possui 1. componente autônomo ( espírito animal ) mais 2. componente decorrente do comportamento anterior da renda. A elevação do investimento autônomo leva ao crescimento do produto que, por sua vez, levará a crescimentos adicionais do investimento, cujos impactos adicionais só irão diminuindo conforme vai diminuindo a variação da renda, em ajustamento com caráter cíclico. 12

Investimentos com e sem expectativa de obtenção de taxa média de lucro Investimento induzido é o realizado em decorrência de aumento do mercado. Ele é destinado a atender à demanda gerada pelo aumento da renda. Investimento autônomo Ocorre em virtude de fatores exógenos como política governamental, inovação tecnológica, guerra, etc. Não está relacionado com alterações no nível da renda. 13

Princípio de aceleração Coeficiente da aceleração: é a relação entre variações no investimento provocadas por variações nos gastos dos consumidores, p.ex., se estes aumentarem em $ 1 bilhão e aqueles em $ 500 milhões, o coeficiente será ½ ou 0,5. Há relação entre renda e investimento: o aumento da capacidade de consumo da economia incentiva investimentos. O aumento de renda induz a elevação do consumo e a maior utilização da capacidade de produção. Quando a capacidade produtiva se esgota, é aumentada por meio de novos investimentos. 14

Flutuações decorrentes de variações dos gastos autônomos Determinada queda do consumo pode ser decorrência de desvalorização da riqueza, p. ex., pela quebra da bolsa. O Estado pode atuar como regulador da demanda agregada, através da política econômica (monetária e fiscal) ou de investimento a fundo perdido por razões sociais. Política econômica keynesiana sofre crítica dos liberais e monetaristas, pois consideram-na como principal fonte de perturbações e fator de instabilidade. 15

Percepção equivocada e flutuações econômicas Há economistas que ainda acreditam que os mercados sempre se ajustam, isto é, que os preços desempenham a função de igualar a oferta e a demanda agregada, em mercado de concorrência livre. Para eles, é a existência de problemas informacionais que fazem com que os agentes se enganem sobre os valores reais das variáveis ao tomarem suas decisões. 16

Monetarismo e Novo-classicismo

Flutuações decorrentes de informações incompletas Teorias monetaristas e novoclássicas partem das hipóteses neoclássicas de racionalidade e de preços flexíveis, mas questionam a de informações perfeitas para todos agentes. Ciclo monetarista: decorre dos trabalhadores esperarem ex-ante aumento nos salários relativos e constatarem ex-post queda dos salários reais, devido à ilusão monetária, provocada, no curto prazo, por política monetária expansionista. 18

Monetarismo I de Friedman X Monetarismo II da Escola Novo-clássica Expectativas adaptativas: são formadas a partir da experiência passada, com ênfase maior para os períodos mais recentes. Com taxas de inflação crescentes e esse modelo de formação de expectativas, os salários reais estariam sempre atrás do crescimento dos preços. Expectativas racionais: supõe que cada um e todo agente tem o mesmo modo de entender a economia e este corresponde à estrutura verdadeira de seu funcionamento. Assim, qualquer choque monetário exógeno tem seu efeito perfeitamente antecipado por todos os agentes na economia. 19

Instabilidade decorrente de choques de política econômica Escola das expectativas racionais: flutuações econômicas decorrem de o nível de preços efetivo desviar-se de o nível de preços esperado. Logo, variações previstas na oferta da moeda não afetariam a produção, apenas as mudanças imprevistas o fariam. Ao surpreender os agentes, o governo mais desestabiliza do que estabiliza a economia. 20

Ciclos reais de negócios Os choques tecnológicos principais distúrbios da economia propagam-se em mercados competitivos com pleno emprego e preços flexíveis, ampliando a produtividade do trabalho e levando ao aumento na demanda de mão-de-obra. Quanto à oferta de mão-de-obra, há substituição intertemporal, isto é, os trabalhadores podem escolher o melhor momento para exercerem a oferta de trabalho (e a produção). Há possibilidade de os trabalhadores deslocarem trabalho no tempo, de acordo com a flutuação do salário real: DD => W/P => N S => Y 21

Substituição intertemporal na oferta de trabalho O trabalhador, ao decidir quando deve ofertar trabalho, deve comparar o salário nos diferentes momentos. Devido ao custo de oportunidade receber o salário e aplicar no mercado financeiro, a oferta de trabalho passa a ser influenciada pela taxa de juros, ou seja, elevação nessa taxa, ao elevar a oferta de trabalho, aumenta a oferta agregada. A política fiscal, ao elevar a demanda agregada e a taxa de juros, altera a dotação de fatores ( N s ) e tem impacto expansionista sobre o produto. 22

Choque tecnológico PMgK => I => K => com a alteração na dotação de fatores, desloca-se a tendência (produto potencial) em torno da qual oscila o produto efetivo (Y / K) => persistência de níveis mais elevados de produção ao longo do tempo. Ao se inovar, as empresas ampliam seus gastos para adaptarem-se à nova tecnologia, estimulando a economia. Explicação da contração econômica: choques tecnológicos negativos (legislação ambiental, problemas climáticos, etc.) reduzem a produtividade dos fatores, diminuindo o produto potencial. 23

Comportamento do nível de preços Caso de choque tecnológico => OFA = f( Y / N) + DDA = f( I) => P = f( DDA > = < OFA) Y => M d / M s => i => CO DDA > OFA => P => M s / P => i N s + ( Y / N) => Y Na realidade, os sindicatos de trabalhadores procuram renegociar seus salários, quando os preços crescem, e não o número de horas que vão trabalhar por aquele menor salário real. 24

Economia Novo-keynesiana

Economia novo-keynesiana É a tentativa de estudar fundamentos microeconômicos para explicar a rigidez de salários e preços. O termo novo em lugar de neo, para descrever a evolução recente na tradição clássica, distingue essa corrente de pensamento econômico daquela que, surgida no pós II Guerra, foi denominada de síntese entre a microeconomia neoclássica e a macroeconomia keynesiana, ou seja, o velho keynesianismo. Serve também como contraposição com o novo-classisismo. 26

Fundamentos microeconômicos do ciclo Referencial novo-keynesiano incorpora: 1. imperfeições de mercado e 2. rigidez de preços e salários => oscilações da demanda afetarão, principalmente, o produto e o emprego. Com queda da demanda, o ajuste se fará via desemprego e não por queda dos preços. Rigidez de preços decorre de externalidades das decisões individuais e problemas de coordenação entre os agentes, ou seja, a recessão decorre de os agentes não conseguirem coordenar suas ações em torno da redução dos preços. 27

Contratos de trabalho de longo prazo Os novos-keynesianos destacam que os contratos de trabalho de longo prazo não são renegociados, simultaneamente, a cada flutuação da demanda agregada. Os salários estão predeterminados por período significativo de tempo. Assim, as variações da demanda agregada ocasionam variações na produção e no emprego e não, imediatamente, nos salários. 28

Rigidez à baixa dos salários Os próprios sindicatos ao estabelecerem negociação em favor de seus membros, em vez de fazê-lo a favor da força de trabalho em geral, evitam que os salários atinjam o que os neoclássicos denominam ponto de equilíbrio do mercado de trabalho. Sindicatos acreditam que o corte nos salários não aumentará o emprego. 29

Contratos implícitos Os contratos implícitos tipo de seguro feito pelas empresas que dá proteção contra queda de renda real dos funcionários (avessos ao risco dessa corrosão do poder aquisitivo) tornam os salários resistentes a choques externos. Da mesma forma, as empresas podem fazer acordo coletivo com os trabalhadores para também manter a estabilidade do nível de emprego frente às crises. 30

Teoria do salário eficiente A teoria do salário eficiente sugere que as empresas podem ter incentivo para pagar salários acima do nível de equilíbrio do mercado. Com essa atitude empresarial, há indução aos funcionários se esforçarem ao máximo, para evitarem o custo de oportunidade de ser despedido, ou seja, de perderem aquela vantagem relativa. Há manutenção desses salários rígidos em resposta a choques de oferta ou demanda a fim de não afetar a produtividade da força de trabalho. 31

Custos de cardápio Os custos de cardápio são os custos de mudar os preços nominais, devido às relações de clientela, custos de remarcação, etc. As empresas percebem a inconveniência do ajustamento de preços sempre que as condições de demanda são alteradas. Geram rigidez significativa nesses preços e, portanto, as variações ocorrem na quantidade, isto é, na produção e no emprego. 32

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