Materialismo histórico e Modernidade. Benedito Silva Neto Seminários de Desenvolvimento e Políticas Públicas

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Transcrição:

Materialismo histórico e Modernidade Benedito Silva Neto Seminários de Desenvolvimento e Políticas Públicas

Modernidade =? Movimento de ascensão e consolidação do capitalismo, ou Matriz meta-estrutural (Jacques Bidet) que transcende o capitalismo (incluindo outras estruturas sociais que compartilhariam seus fundamentos) Fundamentos meta-estruturais da Modernidade contrato social, Estado de Direito, Estado Laico (educação inclusive), valores de liberdade, igualdade, justiça social, na perspectiva do reconhecimento do indivíduo e da promoção da sua liberdade => projeto de emancipação humana Liberalismo Clássico: contém tais fundamentos, mas também elementos de uma ordem social burguesa, baseada em certa concepção da propriedade ( privada ) que é o resultado e suporte de relações de produção capitalistas, nas quais o trabalho é separado dos meios de produção.

Marx e a Modernidade Marx: autor moderno? Ou que propõe a superação da própria Modernidade? (moderno = capitalista?) Jovem hegeliano a razão não se realiza no Estado prussiano... (monarquia constitucional?) que é levado ao buscar a compreensão do Estado na sociedade civil (e não o inverso) Crítica da economia política para elucidar as reificações e fetichizações que levam a alienação dos indivíduos no capitalismo, ao mesmo tempo em que abre possibilidades extraordinárias ao seu desenvolvimento. Mas a superação desta alienação não seria a realização substantiva (e não apenas formal, como no capitalismo) dos valores fundamentais (projeto social) da Modernidade? A problemática de Marx, fundamentalmente, é a do indivíduo (do seu pleno desenvolvimento = vida autenticamente humana)!

O marxismo após Marx Os valores da Modernidade surgem com o capitalismo, mas só podem se tornar realidade no socialismo (sem que isto implique em uma interpretação teleológica da história). Porém, Marx não deixou um sistema filosófico claro. A questão da individualidade é tratada de forma dispersa em sua obra, a qual, inclusive só recentemente vem sendo conhecida! Grandes marxistas (Lênin, Rosa Luxemburgo...) não conheceram as obras mais filosóficas do jovem Marx.

A decadência ideológica da Modernidade - Capitalismo Revoltas proletárias de 1848; imperialismo a partir de 1860; crise atual Econômica política clássica se transforma em ciência econômica, afirmando a utopia de um capitalismo puro Hegemonia do individualismo metodológico nas ciências sociais. p.ex. teoria das escolhas racionais => sociedade como um sistema simples, previsível e controlável (como os sistemas naturais) => positivismo, neopositivismo Estruturalismo (estático, a-histórico)

A decadência ideológica da Modernidade Anti-capitalismo Individualismo anarquista (comunismo libertário, anarquismo clássico, anarquismo individualista) = ferrenho concorrente do materialismo histórico. Marxismo: Assimilação de elementos da filosofia da vida (Nietzche, Freud, Lacan..., p.ex. Escola de Frankfurt, Althusser) Redução a uma mera teoria econômica Adoção de uma ontologia mecanicista em que as necessidades materiais são concebidas de forma separada das possibilidade de ação do sujeito (liberdade) => => neokantismo, espinozismo (neopositivismo) Assimilação do Estruturalismo (Althusser)

Consequências Aversão ao Estado Modernidade => Modernização Progresso social => simples progresso material (crescimento econômico com distribuição de renda, evitando crises...) Liberalismo clássico => Neoliberalismo: Relações sociais entre trabalhadores, proprietários de meios de produção gerados pelo trabalho e prop. dos recursos naturais => fatores de produção (trabalho, capital e terra) => formalizados a partir de axiomas sobre o comportamento individual => otimização pelo mercado => utopia de um capitalismo puro (sem Estado...) Materialismo histórico => marxismos Eclético, esotérico, vulgar, analítico, os quais têm como característica comum uma crescente negação da luta de classes. Afirmação de formas irracionais da individualidade => ausência de um claro projeto social => incapacidade de enfrentar ideologicamente o neoliberalismo e as tendências irracionalistas

Materialismo Histórico e Modernidade: a liberdade Liberdade individual deve ser pensada na sua relação com a necessidade Duas grandes tradições de pensamento: Erasmo, Descartes... Kant Estoicismo... Spinoza Síntese de Hegel, redefinida por Marx

Kant e a liberdade Necessidade pertence ao domínio da natureza e a liberdade à atividade humana Natureza é regida por processos causais. Atividade humana é definida por valores morais. A conciliação entre estes dois domínios deve estar submetida à vontade moral ( fiat justitia, pereat mundus ). Obediência às leis morais, com a realização no reino da natureza do reino inteligível da liberdade, o qual se antecipa no Estado de Direito, mas não se confunde com ele. (A. Tosel)

Estóicos, Spinoza e a liberdade Estoicismo: necessidade e liberdade não estão separados, a atividade humana deve ser compreendida no interior do reino da necessidade. Spinoza: os homens se creem livres pela única razão que eles são conscientes das suas ações e ignorantes das causas pelas quais elas são determinadas.

A síntese de Hegel o império da liberdade (é o) mundo do espírito produzido como segunda natureza a partir dele mesmo (Princípios da filosofia do direito). A liberdade se realiza nas obras e instituições do espírito objetivo, como advento de uma sociedade civil e de um Estado onde a razão consciente toma a direção das necessidades das paixões e regula sua espontaneidade como vontade geral na qual se reconhece a vontade do indivíduo.

Marx e a liberdade (I) Indivíduo abstrato? Desvinculado das condições sociais? Liberdade como criação autônoma de uma vontade transcendente? Necessidade entendida no sentido dialético (como em Hegel e não no sentido metafísico como em Kant...) São as condições sociais concretas, historicamente determinadas que definem as possibilidades de escolha, portanto a liberdade, dos indivíduos. Estas condições sociais correspondem a certas relações dos seres humanos com a natureza e entre eles mesmos Liberdade dos indivíduos é característica de cada modo de produção; A emancipação humana é um processo dialético, desigual O recuo das barreiras naturais possibilita o desenvolvimento da sociabilidade (da humanidade dos seres humanos...); mas não assegura a sua realização, que só pode ocorrer sob certas relações sociais Capitalismo: superação da contradição fundamental entre apropriação privada e produção social da riqueza.

Marx e a liberdade (II) A transformação das relações sociais e, a partir destas, das relações entre os seres humanos e a natureza, são condições necessárias ao avanço do processo de emancipação humana, no sentido de um pleno desenvolvimento da personalidade dos indivíduos enquanto tais. o desenvolvimento de cada um é a condição para o desenvolvimento de todos (Marx e Engels). Os próprios valores (econômicos, éticos e estéticos) são historicamente determinados, imanentes às relações dos seres humanos entre si e com a natureza.

Materialismo histórico e Modernidade: a propriedade Feudalismo e Antigo Regime Propriedade reservada à aristocracia e ao clero por direito divino transmitido por herança Aristocracia = 1º e clero = 2º Estado, com direito de cobrar impostos sobre os trabalhadores Camponeses, artesãos, comerciantes e burguesia = 3º Estado (trabalhadores, que pagavam impostos) Ascensão da burguesia acesso à propriedade pelo trabalho com base no contrato entre cidadãos livres (indivíduos) igualdade de todos, que pagam impostos à um Estado (geral) comandado por representantes do povo e administrado por uma burocracia meritocrática

A propriedade segundo Marx Marx: relação entre trabalho e propriedade? Mas Capitalismo Propriedade é baseada na exploração do trabalho (mais valia) Mais valia como base da acumulação Produto total do trabalho parte paga ao trabalhador pela sua força de trabalho Propriedade privada assegura a separação da força de trabalho dos meios de produção Forma jurídica da propriedade privada (contrato entre cidadãos formalmente iguais...) = reificação de relações de poder Classes dos capitalistas, trabalhadores e recursos naturais reificados como fatores de produção capital e terra considerados como produtores de valor para legitimar a propriedade privada Acesso universal à propriedade exige a transformação das relações de produção capitalistas, inclusive a sua forma jurídica (propriedade privada)

Materialismo histórico e Modernidade: a democracia Democracia x poder econômico Viabilidade de decisões incompatíveis com o interesse das classes dominantes? O que não gera lucro não é (politicamente) viável Porém, no processo econômico o importante é o valor (produção econômica) e não o lucro A geração de valores poderia ser determinada diretamente em função das necessidades sociais (e não do lucro), de forma (efetivamente) democrática Submissão dos processos econômicos à decisões políticas: Decisões sobre o que produzir, a partir das técnicas e recursos disponíveis => preços, normas de comando e controle... - Livre associação x instituições, planificação (Estado)? - Controle social dos meios de produção, da moeda,...

Materialismo histórico e Modernidade: a cultura Max: cultura como valores imanentes ao processo histórico-material Modernidade: valores econômicos, éticos e estéticos que lhe são próprios (como momento histórico) Contradições do capitalismo Decadência dos valores da Modernidade => judicialização da vida social, etc. Socialismo, etc. Crítica da sociedade burguesa em nome da autenticidade dos valores da Modernidade Mas não a formação de uma cultura dos trabalhadores (como pretendia, p.ex., o Proletcult na URSS)

Materialismo histórico e Modernidade: o Estado A questão do Estado (e com a ela a do Direito) no Materialismo histórico é extremamente controvertida e polêmica. Estado? Meramente como um instrumento de dominação intrínseco ao capitalismo? Meio de expressão de interesses coletivos (sendo estes, no capitalismo, os da classe capitalista... mas, no socialismo, poderia ser da sociedade como um todo?) Um (e qual) Estado pode ser efetivamente democrático? É possível um contrato social não capitalista? Contrato mediador das classes sociais (Stutchka) Contrato como forma jurídica da produção capitalista (Pachukanis) Política: capitalismo = separação da política (Estado) da vida cotidiana (sociedade civil) => burocracia e individualismo Posições hegemônicas no Materialismo histórico Desaparecimento do Estado é uma condição necessária para a emancipação humana. A Modernidade é intrinsecamente capitalista.

Situação atual A decadência ideológica da Modernidade, com a hegemonia crescente do irracionalismo individualista, não favorece o Materialismo histórico (assim como o Liberalismo clássico). Declínio do Liberalismo clássico e Materialismo histórico, como proponentes de um Projeto da Modernidade, na medida em que as condições sociais favorecem o irracionalismo. Crise do capitalismo Desconexão entre acumulação de capital e reprodução das classes trabalhadoras. Desintegração e redefinição (no caso do Estado) das instituições mediadoras deste processo (sindicatos, partidos e Estado em geral). Aparente dessocialização dos indivíduos, tornando-os propensos ao irracionalismo e ao individualismo metafísico.

Modernidade, modernização e o campo do desenvolvimento e políticas públicas O campo do desenvolvimento se forma a partir da constatação das dificuldades de modernização de certas sociedades. Portanto, a partir de uma reflexão decadente, superficial, empobrecida (miserável) sobre o Projeto da Modernidade. Por outro lado, o campo de desenvolvimento retoma a reflexão (enriquecendo-a!) sobre o papel do Estado (políticas públicas...) na implantação de uma sociedade moderna. (certa) Tensão DPP x decadência ideológica??