DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA

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DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA Amanda Tavares Mello Sara Kvitko de Moura Patricia Tubino Couto Lucas Schreiner Thais Guimarães dos Santos UNITERMOS DOENÇA INFLAMATORIA PÉLVICA; DOR PÉLVICA AGUDA; CHLAMYDIA TRACHOMATIS; NEISSERIA GONORRHOEAE. KEYWORDS PELVIC INFLAMMATORY DISEASE; ACUTE PELVIC PAIN; CHLAMYDIA TRACHOMATIS; NEISSERIA GONORRHOEAE. SUMÁRIO A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é a infecção polimicrobiana do trato genital feminino superior, que acomete principalmente as trompas uterinas. Trata-se da doença infecciosa mais comum em mulheres de países industrializado. SUMMARY The Pelvic Inflammatory Disease (PID) is a polymicrobial infection of the upper female genital tract, which affects mainly the fallopian tubes. It is the most common infectious disease in women from industrialized countries. INTRODUÇÃO A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é a inflamação aguda do trato genital superior feminino, podendo acometer o endométrio, as trompas uterinas, os ovários, o peritônio e estruturas pélvicas adjacentes. 1,2,3,4 A DIP é secundária à ascensão de bactérias de transmissão sexual ao trato genital feminino, especialmente Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, mas também por bactérias aeróbias e anaeróbias provenientes da flora vaginal. Portanto, a DIP pode ser definida como uma salpingite decorrente de uma doença sexualmente transmissível (DST). 4,5

Devido à grande diversidade de seu quadro clinico, muitas vezes seu diagnostico é confundido com o de outras patologias. O fato de ser uma infecção iniciada por um agente sexualmente transmissível pode auxiliar a diferenciar a DIP de infecções pélvicas causadas por procedimentos médicos, gestação e outros processos inflamatórios abdominais. 1 Caso não seja diagnosticada precocemente e tradada, a DIP pode levar à infertilidade, à gravidez ectópica, à dor pélvica crônica ou à formação de abscesso tubo-ovariano. 1,6 Em virtude dos aspectos citados anteriormente, esse trabalho tem como objetivo descrever os principais sintomas clínicos, métodos diagnósticos e tratamento da DIP. FATORES DE RISCO O quadro 1 apresenta os fatores de risco para doença inflamatória pélvica. Quadro 1 - Fatores de risco para doença inflamatória pélvica. - DST (Gonorreia, Clamídia) - Estado civil: solteiras e não casadas - Idade menor 25 anos - Vaginose bacteriana - História prévia de DIP - Ducha vaginal - Múltiplos parceiros sexuais - Relações sexuais durante menstruação - Início precoce das atividades sexuais - Ectopia cervical - Manipulação uterina - Baixo nível socioeconômico - Parceiro sexual portador de uretrite - Tabagismo Fonte: O autor. (2014) CLÍNICA A DIP apresenta um quadro clínico muito variável. O sintoma mais comum é a dor abdominal baixa, podendo ou não estar associada à leucorréia, dispareunia, náusea e vômitos. A dor geralmente é bilateral e com duração menor que duas semanas. Outros sintomas sugestivos de DIP são dor anexial, dor à mobilização do colo e secreção purulenta endocervical. Dor e macicez em hipocôndrio direito geralmente acompanham infecção por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, que podem evoluir com acometimento hepático. 3,4,5 Um terço ou mais das pacientes com DIP apresentam sangramento uterino anormal. Outros sintomas inespecíficos como uretrite, proctite, febre e calafrios também podem ser observados. Algumas pacientes desenvolvem DIP sem apresentar nenhuma manifestação clínica. 7 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de DIP deve sempre ser considerado em mulheres sexualmente ativas com dor abdominal baixa ou dor pélvica. O exame físico deve incluir exame abdominal, exame especular, toque vaginal bimanual e exame a fresco da secreção vaginal. Além da anamnese e exame físico, é necessário realizar investigação adicional para avaliar acometimento sistêmico e firmar o diagnóstico. 2,9 Como não há nenhum sintoma, sinal ou achado laboratorial sensível e específico o suficiente para firmar sozinho o diagnóstico de DIP, o mesmo costuma ser feito de maneira multifatorial. 3,6 Para firmar o diagnostico de DIP é preciso: Quadro 2 Critérios diagnósticos de DIP CRITÉRIOS MÍNIMOS (pelo menos 01) -Dor abdominal baixa -Dor anexial -Dor a mobilização do colo CRITÉRIOS DE ROTINA (apoiam o diagnóstico) -Temperatura > 38 C -Secreção vaginal ou cervical mucupurulenta - Presença de grande quantidade de leucócitos na microscopia da secreção vaginal (exame a fresco) - Proteína C reativa elevada - VSG elevado - Documentação laboratorial de infecção por Chlamydia trachomatis ou Neisseria gonorrhoeae CRITÉRIOS ESPECÍFICOS (confirmam diagnóstico) -Biópsia endometrial mostrando endometrite -Ecografia transvaginal ou ressonância mostrando abscesso tuboovariano ou líquido nas tubas - Laparoscopia mostrando anormalidades compatíveis com DIP Apesar de a laparoscopia ser considerara padrão-ouro, o diagnóstico clínico tem valor preditivo positivo de 2/3. Assim, a laparoscopia está reservada para as seguintes situações: 7,8 Suspeita de outro diagnóstico (como apendicite); Falha no tratamento para DIP em paciente agudamente enfermo; Paciente que não responde ao tratamento parenteral após 72 horas. Os seguintes exames laboratoriais são recomendados na investigação de DIP: teste de gravidez, exame a fresco da secreção vaginal, hemograma completo, testagem para Clamídia e Gonococo, urocultura, proteína C reativa, anti-hiv, testagem para hepatite B e sífilis. 2,5,7 A ultrassonografia, indicada principalmente em pacientes com suspeito de abscesso, pode apresentar achados que subsidiam o diagnóstico de DIP como coleções líquidas nas tubas uterinas e fundo de saco de Douglas, borramento nos contornos do útero e anexos e formações sólidas sugestivas de abscesso. 9,10 Diagnóstico Diferencial 2,3,8 Apendicite: geralmente há presença de anorexia e a dor inicia após 14º dia do ciclo menstrual.

Gestação ectópica: há irregularidade menstrual, ausência de febre, HCG positivo, ecografia suspeita. Abortamento séptico: há história de gestação e manipulação uterina. Torção ou ruptura de cisto ovariano: ausência ou elevação discreta da temperatura associada à dor pélvica. Outros diagnósticos a serem afastados: dismenorréia, tumor ovariano, adenomiose uterina, torção de mioma, endometriose, corpo lúteo hemorrágico, Mittelschmerz, infecção urinária, litíase renal, gastroenterite, colecistite, diverticulite. TRATAMENTO Segundo as Diretrizes de 2010 do Center for Disease Control and Prevention (CDC) o tratamento deve ser instituído frente a um quadro suspeito. Os tratamentos oral e parenteral tem eficácia clínica similar em pacientes com DIP leve ou moderada. 1,2,6,11 Indicações de Hospitalização 2,6,7,8 Gravidez; Suspeita de diagnóstico que necessite cirurgia de emergência (ex: apendicite); Paciente sem resposta clinica ao tratamento oral; Quadro clínico grave, com náuseas e vômitos, ou temperatura acima de 38 C; Peritonismo ou sepse; Presença de abscesso tubo-ovariano. Tratamento Ambulatorial Quadro 3 - Esquemas recomendados 1. Ceftriaxone 250mg I.M., dose única Doxaciclina 100mg V.O., a cada 12 horas, por 14 dias Com ou sem Metronidazol 500mg V.O., a cada 12horas, por 14 dias 2. Cefoxitina 2g I.M., dose única Probenecid 1g V.O., dose única Doxaciclina 100mg V.O., a cada 12 horas, por 14 dias Com ou sem Metronidazol 500mg V.O., a cada 12horas, por 14 dias 3. Outra Cefalosporina de 3ª geração em dose única Doxaciclina 100mg V.O., a cada 12 horas, por 14 dias Com ou sem Metronidazol 500mg V.O., a cada 12horas, por 14 dias Tratamento Hospitalar

Quadro 4 Esquema A Cefotetan 2g I.V., a cada 12 horas ou Cefoxitina 2g I.V., a cada 6 horas Doxaciclina 100mg I.V. ou V.O., a cada 12 horas Quadro 5 - Esquema B Clindamicina 900mg I.V., a cada 8 horas Gentamicina 2mg/kg I.V. ou I.M., seguida de dose de manutenção de 1,5mg/kg, a cada 8 horas. Pode-se substituir por dose única de 3-5mg/kg Quadro 6 - Esquema Alternativo Ampicilina- Sulbactam 3g I.V., a cada 6 horas Doxaciclina 100g V.O ou I.V.,a cada 12 horas A duração do tratamento é de 14 dias. Pacientes em tratamento ambulatorial devem ser reavaliadas após 72horas. Deve-se adicionar Metronidazol ao tratamento de paciente com Trichomonas vaginalis, história recente de manipulação uterina ou quando não há melhora do quadro clinico após 48 horas de tratamento. 1,6 É extremamente importante ressaltar que os parceiros sexuais devem ser examinados e tratados se tiveram relações sexuais com a paciente até 60 dias antes do inicio dos sintomas. Está indicado o tratamento empírico para N. gonorrhoeae e C. trhachomatis, como a combinação de Ceftriaxone e Azitromicina ou monoterapia com Doxiciclina. 1,6 Situações Especiais Pacientes portadoras de HIV: o regime antibiótico terapêutico é o mesmo de mulheres não infectadas. 1 Uso de Dispositivo Intrauterino (DIU): o risco elevado de DIP ocorre nos primeiros 20 dias após sua inserção e em pacientes com alto risco para DST, provavelmente há relação com a técnica de colocação do dispositivo. O risco de DIP esta aumentado em três a cinco vezes em pacientes com cervicite. 2 CONCLUSÃO A DIP é umas das infecções mais frequentes que ocorrem em mulheres não grávidas em idade reprodutiva, trata-se da complicação mais significativa das DSTs. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 10% das mulheres em idade reprodutiva tem história de DIP com custos altos para a sociedade. Nos Estados Unidos, cerca de 800,000 de casos são diagnosticados por ano. 1,5,7,8

Trata-se de uma doença de clínica variada, muitas vezes assintomática, o que dificulta seu diagnóstico precoce. Em virtude das sequelas graves, tanto agudas quanto crônicas, em especial no âmbito reprodutivo das pacientes, deve-se sempre suspeitar do diagnóstico de DIP em pacientes jovens sexualmente ativas com dor pélvica, especialmente naquelas com risco para DSTs, e o tratamento empírico com antibióticos deve ser iniciado o mais precocemente possível. 2,4,5,8 REFERÊNCIAS 1. Sweet RL. Treatment of Acute Pelvic Inflammatory Disease. Infect Dis Obstet Gynecol. 2011;2011:561909. doi: 10.1155/2011/561909. 2. Mitchell C, Prabhu M. Pelvic inflammatory disease: current concepts in pathogenesis, diagnosis and treatment Infect Dis Clin North Am. 2013 Dec;27(4):793-809. 3. Schnee DM. Pelvic inflammatory disease. J Pedriatr Adolesc Gynecol (2009) 22:387-9. 4. Soper DE. Infecções geniturinárias e doenças sexualmente transmitidas. In: Berek JS. Berek & Novak Tratado de Ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. p.405-15. 5. Sweet RL, Pelvic Inflammatory Disease: current concepts of diagnosis and management. Curr Infect Dis Rep. 2012;14:194-203. 6. Khan ZE, Rizvi JH. Pelvic inflammatory disease and pelvic abscesses. Rev Gynecol Perinatal Practice 2006;6(3):185-91. 7. Ross J. Pelvic Inflammatory Disease. Medicine. 2010;38(5):255-9. 8. Freitas F, Menke CH, Rivoire WA, Passos EP. Rotinas em Ginecologia. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2006. 9. Viecelli CF, Polanczyk A, Badalotti M. Doença inflamatória pélvica. Acta Médica 2003; 24:324-42. 10. Eschenbach DA. Pelvic infections and sexually transmitted diseases. In: Scott JR, Gibbs RS, Karlan BY, Haney AF. Danforth s Obstetrics and Gynecology. 9ª ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Willkins; 2003. p. 581-603. 11. Centers for Disease Control and Prevention. Sexually Transmitted Diseases Treatment Guidelines, 2010. MMWR2010; 59 (No. RR-12). Atlanta: CDCP; 2010.