Segregação sócio-espacial e pobreza absoluta: algumas considerações

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Transcrição:

Segregação sócio-espacial e pobreza absoluta: algumas considerações Thalita Aguiar Siqueira* 1 (PG), Marcelo de melo (PQ) Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Anápolis de ciências sócio-econômicas e humanas. Resumo: A segregação é um processo social que exclui indivíduos de benefícios que deveriam ser assegurados a todo cidadão; como o lazer, educação, alimentação digna e até mesmo a moradia. Aliada a outros fatores, como: o uso de drogas, transtornos psiquiátricos, a segregação pode tomar níveis extremos, chegando à pobreza absoluta, como é o caso dos moradores de rua nas grandes e médias cidades brasileiras. Quando em situação de rua, destituídas dos direitos básicos, estas pessoas vão desenvolver estratégias de sobrevivência à medida que criam territórios existenciais no contexto social urbano. Nesta perspectiva, ocorre a apropriação de espaços públicos e privados e a conversão destes em casas. Nas ruas esta população está sujeita a todo tipo de violência de violência urbana a intempéries climáticas. Em torno destas pessoas são construídos discursos, principalmente pela mídia, que acabam por destruir ainda mais sua dignidade. A partir de então a sociedade passa a fazer representações destes sujeitos como bêbados, criminosos, drogados, entre outras. Considerando o complexo cenário no qual a população em situação de rua esta inserido apresentamos, neste resumo, algumas considerações sobre a segregação sócio-espacial e a pobreza absoluta na figura do morador de rua. Palavras-chave: Morador de rua. Territórios existenciais. Contexto social urbano. Introdução O processo segregador está presente no espaço urbano desde a origem da cidade. Esta surge a partir da revolução agrícola, quando o excedente produzido no campo passa a alimentar o contingente populacional que passa a viver cada vez mais nas cidades. Desde então, grupos eram obrigados a viver em espaços segregados, apartados de áreas destinadas a segmentos privilegiados da sociedade. Naquele momento, o processo de urbanização era lento. Após a revolução industrial, a escala com que a cidade cresce e se transforma é ampliada. Na atualidade, a cidade é uma das produções humanas mais estudadas em âmbito mundial, por diversas áreas da ciência. Podemos situar o processo segregador como uma das realidades urbanas investigadas pela ciência moderna. Nesta perspectiva, possibilidades de 1 aguiarthalita29@gmail.com.

análise foram produzidas a partir da constituição de diversos grupos de pesquisa: com foi o caso da abordagem ecológica originada na escola de Chicago. Existem diferentes tipos de segregação e diversos motivos que levam a segregação. Dentre elas, existem as situadas no contexto das classes sociais, das etnias, de nacionalidade, por motivos religiosos, de gênero. No que diz respeito a investigação representada por este resumo, a segregação privilegiada foi a que, de alguma forma, é apresentada por um estado de pobreza extrema e redunda na conversão da rua em casa. Entendemos como morador de rua aquelas pessoas que tem a rua como local de moradia e nela realizam sua rotina tanto de trabalho quanto domestica. Para Almeida (2011, p.78) o morador de rua se torna Sujeito apagado do restante da sociedade e receptor de estigmas criados por ela própria. Estes estigmas se constroem a partir de discursos de uma ideologia dominante, que geram representações sociais do bêbado, drogado, criminoso, doente mental, sujo, entre outros para se referir a estas pessoas. No presente texto, buscamos apresentar algumas considerações a respeito da segregação sócio-espacial e a pobreza absoluta, considerando o morador de rua um sujeito que não consegue se inserir em uma sociedade urbana capitalista altamente segregadora. Material e Métodos Inicialmente, realizamos uma pesquisa documental com consultas a informações em órgãos relacionados à temática da pesquisa; com uma revisão bibliográfica acerca de alguns conceitos como: segregação espacial, pobreza, paisagem, territorialidade, espaço, espacialidade, espaço público, bem como sobre o que há na literatura sobre a temática em estudo. Resultados e Discussão A sociedade contemporânea é marcada por uma expressiva diversidade. Esta característica pode ser percebida de diferentes maneiras. Um elemento que manifesta a diversidade socialmente territorializada é a paisagem. Por meio dela podemos, por exemplo, analisar a questão da segregação, em suas diversas formas. Segundo Monteiro (2011, p. 17), os moradores de rua das grandes e médias cidades brasileiras configuram-se como parte integrante da paisagem,

construindo suas territorialidades em áreas mais urbanizadas e dinâmicas da cidade, como é o caso da cidade de Anápolis (Go). As paisagens dos espaços públicos são marcantes no espaço urbano, desta forma estes espaços que seriam destinados a outras funções, são apropriados e vivenciados pelos moradores de rua mesmo que de forma fragilizada. O espaço público aqui passa a ser entendido sob duas óticas; primeiro como o espaço da possibilidade da ação política na contemporaneidade e em segundo lugar como espaço simbólico onde a cultura e suas ideias, a intersubjetividade dos sujeitos se reproduzem (Serpa, 2017). Como questão relevante, evidenciamos que o espaço urbano é marcado por uma valorização diferencial de seu solo. A distinção valorativa promove uma restrição nas possibilidades de aquisição de bens. Isto porque a renda é uma variável definidora no processo de compra de uma mercadoria: como é o caso da moradia. Assim, a segregação pode ser analisada a partir das paisagens, pois de acordo com a renda haverá uma variação nas formas das habitações: tanto numa dimensão unitária de uma casa, como em uma perspectiva do ordenamento espacial em que várias moradias foram construídas. Nesta perspectiva, a segregação também pode ser vista pela ausência total da moradia; ou seja, quando não resta outra opção a não serem as ruas. Nesse ponto considerar a apropriação do espaço público da cidade se torna relevante, pois vai ser este espaço que na maioria das vezes é apropriado por indivíduos que não conseguiram se inserir na lógica da sociedade contemporânea. Assim este espaço passa a ter diferentes usos e significados. Nesse sentido, é inegável que grande parcela de indivíduos vivem em situação de pobreza absoluta e, desta forma, lhes é negado o exercício de sua cidadania, através da negação do acesso aos meios necessários a uma vida digna. E o principal direito que lhes é negado é a moradia. A moradia se constitui uma das primeiras formas de propriedade, nesse contexto já surge em meio às desigualdades. Nota-se a importância deste elemento para a vida em sociedade. A esse respeito Carbonari (2007, p.13) afirma: Em meio a todas as formas de garantir a proteção da dignidade da pessoa humana e da construção dos direitos decorrentes do reconhecimento, o direito à moradia está entre os novos-velhos direitos que devem ser assegurados, pois não se pode ter uma vida digna sem o respeito pelo direito a moradia, sem que se possa dispor de um lugar que garanta

segurança á vida e a estabilidade que sirva como o abrigo para a proteção dos direitos fundamentais da pessoa e de sua família, constatando-se que a ausência do respeito a esse direito obriga as pessoas a sobreviverem em condições precárias nas dimensões existencial e social. Esta temática é ainda pouco investigada apesar de sua relevância. Assim, estudos que a contemplem devem ser realizados para uma análise criteriosa de processos que estão cada vez mais presentes na paisagem urbana em suas mais diversas escalas. Considerações Finais É inegável que uma parcela de indivíduos da nossa sociedade são impedidos de usufruir de certos benefícios que deveriam ser assegurados a todos os cidadãos; como o lazer, educação, alimentação digna e até mesmo a moradia. Estes indivíduos são obrigados a buscarem estratégias de sobrevivência nas ruas das cidades. E nas ruas, destituídos dos direitos básicos, estes cidadaõs criam territórios existenciais no contexto social urbano. Eles se apropriam de espaços públicos e privados transformando-os em suas casas. A partir desta discussão, apresentamos algumas considerações sobre a segregação sócioespacial e a pobreza absoluta na figura do morador de rua. Agradecimentos As oportunidades nos são dadas por pessoas que acreditam em nossa capacidade de crescer, e agradecer é um gesto que estreita os laços tanto de amizade quanto profissionais. Sendo assim, agradeço primeiramente ao professor Marcelo de Mello pelas orientações ao longo do caminho. E a CAPES por conceder a bolsa que está viabilizando esta pesquisa. Referências ALMEIDA, D. A. C. MORADOR DE RUA: Da questão social para a questão midiática. Puçá: Revista de Comunicação e Cultura na Amazônia. Belém, v. 1, n1. p. 77-102, jan./jun. 2011. Disponível em:< http://revistapuca.estacio.br/> Acesso em: 06/08/2017. CARBONARI, S.R.A. A função social da propriedade territorial urbana e a concretização do direito à moradia digna: o novo papel do direito de superfície. Apresentada como Dissertação (mestrado) a universidade do vale do Rio dos Sinos, Programa

de pós-graduação em direito, 2007. Disponível em:<http://dominiopublico.mec.gov.br/download/teste/arqs/cp042850.pdf> Acesso em: 05-06-2016. MONTEIRO, M. O. A. Pobreza extrema no espaço urbano: o caso dos moradores das ruas de Fortaleza-CE, Brasil. Fortaleza, 2011. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Geografia) Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciência e Tecnologia, Programa de Pós Graduação em Geografia. Disponível em: <http://www.uece.br/mag/dmdocuments/maria_odete_monteiro.pdf> Acesso em: 05 ago. 2016. SERPA, A. O espaço público na cidade contemporânea. São Paulo: Contexto, 2017.