O jovem, o crack e a escola: do ingresso no mundo das drogas à evasão escolar no município de Aparecida de Goiânia.

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Maria Vitória Sebastiana Antunes Cesário
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1 O jovem, o crack e a escola: do ingresso no mundo das drogas à evasão escolar no município de Aparecida de Goiânia. *Romenia de Sousa 1 (PQ) romenia.a.s@gmail.com Marcelo de Mello 2 (PQ) mellogeo28@yahoo.com.br Universidade Estadual de Goiás Resumo: Este trabalho discute a questão da urbanização, da forma como se dá/deu a ocupação do solo na região metropolitana de Goiânia, capital de Goiás, em especial no município de Aparecida de Goiânia. Busca compreender os reflexos desse processo nos modos de vida e socialização dos membros daqueles espaços, com destaque para a ocupação urbana e a segregação promovida por ela. Dentre os reflexos desta ocupação e segregação buscamos nos voltar para o quadro crescente de envolvimento de crianças e jovens de áreas segregadas com a drogadição e sua possível relação com o abandono da vida escolar, pois o processo de urbanização e metropolização da capital goiana e sua região metropolitana apresenta, como tantas outras regiões metropolitanas, avanços e dificuldades os quais chamam a atenção de diferentes setores e mesmo de leigos que se incomodam e se preocupam com a forma como tem se dado a ocupação do solo nas cidades e o destino dos habitantes nestes espaços. Palavras-chave: Urbanização. Jovem. Drogas. Escola. Introdução Aparecida de Goiânia é um município que integra a região metropolitana de Goiânia - RMG. Na atualidade, entre as características do município podemos destacar o processo de conurbação com a capital estadual, passando assim a compartilhar de vários de seus benefícios, como lazer, serviços, espaços de trabalho e estudo, mas também de muitos problemas, como falta de moradia ou a presença de moradias precárias, de acesso a serviços de saúde e educação de boa qualidade, e índices significativos de violência. Ao abordar o processo de metropolização brasileiro, é possível verificar que questões como segregação e violência urbana adquirem relevo proporcional a esta metropolização. Na presente pesquisa nos propomos a investigar estas questões - 1 Graduada em História pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iporá, especialista em Docência do Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Mestranda em Territórios e Expressões Culturais do Cerrado pela Universidade Estadual de Goiás e bolsista FAPEG. 2 Professor orientador. Dr. em Geografia. Universidade Estadual de Goiás.

2 segregação e violência urbana - pelo prisma do mundo das drogas e como este tem contribuido para diversas manifestações de violência, compreendida, muitas vezes, de maneira reduzida ou simplista pela sociedade. A temática das drogas tem sido bastante explorada pela imprensa e geralmente está associada à violência física ou ligada ao transporte e comercialização das drogas, fatos que acabam por levar à criminalização dos usuários e assim justificar a repressão e violência de que são alvo. Esta situação tende a agravar o quadro de segregação e até mesmo de hostilização dos indivíduos em condição de rua e adictos. O problema de indivíduos em situação de abandono social passa a ser visto pela ótica do perigo que representam para a sociedade e até mesmo como uma imagem negativa para a paisagem urbana. Raros são os momentos em que parecem ser reconhecidos como produtos/vítimas de uma realidade social conflituosa e parte da problemática urbana (LEFEBVRE, 2001). Será neste contexto que, em 2015, Aparecida de Goiânia passará a integrar o Projeto Redes, da Secretaria Nacional Antidrogas do Ministério da Justiça (SENAD). Por meio da apresentação do projeto Redes e suas Vicissitudes foi evidenciada a necessidade e a viabilidade de constituição de uma rede de apoio técnico e científico, de profissional para atuar na rede de cuidados. O Redes possui arquivos com prontuários de atendimentos de indivíduos adictos agrupados por idade. Uma análise dos dados contidos nos prontuários e por meio de procedimentos analíticos, é possível espacializar os atendimentos, especificar a densidade de demanda de atendimentos por região do município, bem como verificar o vínculo de criança e jovens com a escola. A partir destas considerações, pode-se indagar: Quais dinâmicas levam à formação de grupos de indivíduos em situação de rua e adictos? De que regiões vieram? Há uma região de predominância na origem destes indivíduos? Que características possuem tais regiões que conduzem a esta ruptura entre os indivíduos e suas possibilidades de permanências nestes locais? Em se tratando de crianças e jovens, podemos questionar, que espaço ocupa a escola nestas regiões e na vida destes indivíduos? Material e Métodos

3 A realização desta pesquisa se dará a partir de uma abordagem qualitativa de cunho etnográfico e bibliográfico. Para tanto serão utilizados: Leitura de materiais diversos sobre ocupação do espaço urbano, metropolização, drogadição e evasão escolar; Visitas e observações em campo; Questionários para entrevistas; Coletas e posterior análise de dados coletados nos prontuários das instituições visitadas, bem como nas escolas que forem mais citadas nos prontuários; Coleta e análise de documentos na Secretaria Municipal de Educação de Aparecida de Goiânia e na Subsecretaria Estadual de Educação de Aparecida de Goiânia que apresentem o número de escolas, salas, número de matrículas e evasão. Elaboração de tabelas e mapas que apresentem os espaços e realidades investigadas. Resultados e Discussão Espera-se que os dados e informações apresentados nesta pesquisa possam contribuir para o aprofundamento do debate sobre juventude e drogadição no município de Aparecida de Goiânia; verificar a espacialização dos atendimentos, a densidade de demanda por região do município; perceber o vínculo da criança e do jovem com a escola antes e após o envolvimento com as drogas, abrindo espaços para o planejamento de ações voltadas para o enfrentamento do problema das drogas e da evasão escolar. Considerações Finais Com esta pesquisa espero poder conhecer um pouco mais a realidade intra-urbana de Aparecida de Goiânia, bem como sua relação com a condição de drogadição em que se encontram as crianças e jovens que evadiram da escola e que foram atendidas pelo projeto Redes e suas Vicissitudes. Agradecimentos

4 Agradeço à todos e todas que de forma direta e/ou indireta contribuíram para a realização deste estudo. Referências BRANDÃO, Beatriz. Corpos errantes em movimento e o simulacro da ordem: tramas, trajetos e vivências de cracudos nas ruas do Rio de Janeiro. Revista Vozes dos Vales. UFVJM. Nº 06. Ano III. Minas Gerais, FRIGOTTO, Gaudêncio. Juventude, trabalho e educação no Brasil: perplexidade, desafios e perspectivas. In: Juventude e sociedade- trabalho, educação cultura e participação. Org. Regina Novaes e Paulo Vannuchi. São Paulo: Editora Fundação Peerseu Abramo, GROPPO, Antônio Luís. Juventudes: sociologia, culturas e movimento. Universidade Federal de Alfenas. Alfenas. MG, HARVEY, David. Espaços de esperança. São Paulo: Loyola, LEFEBVRE. Henry. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude - alguns contributos. Análise Social, vol. XXV ( ), 1990 (1º, 2 ), PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar: Histórias de submissão e rebeldia São Paulo: TAQ, PINTO José Vandério Cirqueira. Fragmentação da metrópole: constituição da região metropolitana de Goiânia e suas implicações no espaço intraurbano de Aparecida de Goiânia (Dissertação) UFG Goiânia, SANTOS, Milton Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal- Rio de Janeiro: Record, A urbanização brasileira- São Paulo: Edusp, 2013.

5 SAQUET, Marcos Aurélio. Abordagens e concepções de território 1ª ed.- São Paulo: Expressão popular, 2007 SOARES, Luiz Eduardo. Juventude e violência no Brasil contemporâneo. In: Juventude e sociedade- trabalho, educação cultura e participação. Org. Regina Novaes e Paulo Vannuchi. São Paulo: Editora Fundação Peerseu Abramo, SOUZA, Marcelo Lopes. O desafio metropolitano- 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, A prisão e a Ágora: reflexões em torno da democratização do planejamento e da cidade. Rio de Janeiro: Bertran Brasil, Fobópole: o medo generalizado e a militarização da questão urbana. Rio de Janeiro: Bertran Brasil, SPOSITO, Marília Pontes. Indagações sobre a juventude e escola no Brasil: institucionalização tradicional e novos significados. JOVENes, Revista de estudios sobre juventud. Ano 9 nº 22. México, DF, Jan-Jun P Estudos sobre juventude em educação. Revista Brasileira de Educação, Campinas, n. 5; n.6, p.37-52, WACQUAT,Loic. Os condenados da cidade: estudo sobre marginalidade avançada. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ ZALUAR, Alba. Crime e cotidiano no contexto das classes populares. In: Condomínio do diabo. Rio de Janeiro: Reva/Editora UFRJ

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