Anais do Conic-Semesp. Volume 1, Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN

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Transcrição:

Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DE PROPÁGULOS DA RHIZOPHORA MANGLE SUJEITO A DIFERENTES SALINIDADES EM CULTIVO REALIZADO EM VIVEIRO EM PRAIA GRANDE-SP CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ECOLOGIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA AUTOR(ES): CAROLINA SOUZA DOS SANTOS ORIENTADOR(ES): FABIO GIORDANO

RESUMO O manguezal está localizado em um ambiente estuarino sujeito ao regime de marés, onde ocorre a mistura da água doce dos rios e salgada do mar, tornando a água salobra. As poucas espécies arbóreas que vivem nos estuários apresentam diferentes graus de tolerância a esta variação de salinidade, dependendo da sua fase de vida. O presente estudo tem por objetivo pesquisar a taxa de crescimento dos propágulos do mangue vermelho, Rhizophora mangle crescendo em diferentes condições de salinidade em vasos sombreado num viveiro telado, na busca de aprimorar as técnicas de replantio de manguezal em áreas degradadas. Para o experimento em questão foi coletado um lote de 200 propágulos de Rhizophora mangle ao longo do rio Piaçabuçu no estuário do município de Praia Grande-SP, durante o mês de março de 2013, os quais foram separados em cinco canteiros, que foram regados com diferentes salinidades (0, 6, 35, 100 PSU e, com água do estuário de salinidade variável) influenciando o crescimento dos propágulos. Após o período de 111 dias, os propágulos, em cada um dos tratamentos, foram medidos para avaliação do crescimento da parte aérea e do propágulo inteiro, após serem colhidos. Os resultados do teste de ANOVA para estas duas medidas apontam diferenças significativas entre o baixo crescimento nas mudas submetidas às altas salinidades (100 PSU) e o maior crescimento dos propágulos nos tratamentos com salinidades menores. Podemos concluir que mesmo sob a condição de cultivo com a rega por água doce as mudas cresceram de forma estatisticamente semelhante às das condições de água salobra (p<0,05), o que demonstra a alta tolerância das mudas de Rhizophora mangle, para a baixa salinidade, este dado corrobora para a viabilidade do seu cultivo quer seja com o uso da água doce, água salobra e do próprio estuário, variando a salinidade desde 6 PSU até 30 PSU ou até mesmo água do mar (35 PSU), com resultados bastante satisfatórios. Águas com salinidade mais elevada (por ex 100 PSU), no entanto, não são recomendadas para o cultivo. Palavras chaves: Rhizophora mangle, Propágulos, Salinidade.

INTRODUÇÃO O manguezal é um ecossistema cuja vegetação se estende ao longo da zona costeira e ocupam espaço de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés (SCHAEFFER-NOVELLI, 1990). Nestes ambientes, a velocidade das correntes é reduzida, havendo intensa deposição de detritos orgânicos e sedimentos, que são trazidos principalmente pelos rios. Estão distribuídas por todo o planeta nas Américas, Ásia, África e Oceania. Ocupam mais de 70% da linha de costa de regiões tropicais e subtropicais (LACERDA & SCHAEFFER-NOVELLI, 1999). Esse ecossistema é caracterizado por relevos com pouca declividade, favorecendo a amplitude de penetração das águas costeiras (MAGALHÃES, 2009). Ainda segundo Magalhães, decorrente da sua localização em ambiente estuarino, os manguezais apresentam grande teor de salinidade, são matas halófilas, o que representa uma grande tolerância à salinidade. É nesse ecossistema que ocorre o fenômeno da mistura da água doce dos rios e salgada do mar, tornando a água salobra, isso faz com que constantemente as massas de água estejam se movimentando e removendo o fundo dos estuários. Neste processo, grandes partes dos nutrientes retido no sedimento ficam disponíveis para os produtores primários (fitoplâncton), (GIORDANO, 1986). Estuários rasos ocorrem principalmente nas áreas mais quentes do planeta, como é o caso dos estuários brasileiros (ODUM & HEALD, 1975). Os manguezais apresentam um local muito propicio a reprodução da vida marinha (SHAEFFER- NOVELLI, 1990). Segundo Vannucci (1999) o solo do manguezal constitui-se de substrato compacto e pouco oxigenado, com grande influência de fatores físicos e químicos do ambiente, sendo característica a riqueza de matéria orgânica que fertiliza o local. A grande maioria das árvores típicas do manguezal apresenta reprodução por viviparidade, que consiste na permanência das sementes na árvore-mãe até que se transformem em embriões, chamando-se estas estruturas de propágulos que acumulam reservas de nutrientes para que sobrevivam por períodos longos até que encontrem o local apropriado para fixação (VANNUCCI, 1999). Apesar de toda importância desse ecossistema para o equilíbrio ecológico e consequentemente para o homem, ele continua sofrendo destruição total ou parcial

por meio de processos urbano-industriais de ocupação do litoral, com a exploração predatória de sua fauna e flora, poluição de suas águas, além de sua transformação em aterros e depósitos de lixo. OBJETIVO GERAL Este estudo busca pesquisar a taxa de crescimento dos propágulos de árvores Rhizophora mangle em plantio no viveiro telado, para aprimorar as técnicas de replantio de manguezal em áreas degradadas. OBJETIVO ESPECÍFICO - Buscar novas técnicas de plantio de propágulos da Rhizophora mangle em viveiro. - Avaliar a influência da concentração da salinidade no crescimento dos propágulos. - Verificar a influência da salinidade no aumento do tamanho dos propágulos após o período de quatro meses de crescimento. - Catalogar e registrar as condições ambientais do viveiro e do ambiente durante o experimento. - Quantificar as mudas que mais cresceram após passar pelos tratamentos. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado no estuário de Praia Grande, no litoral sul do Estado de São Paulo. As técnicas de cultivo de mudas em viveiros telados foram extraídas do Projeto Remangue (GIORDANO, 2008). O reconhecimento das espécies e do ecossistema do manguezal teve como referência teórica (SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRÓN, 1986). Os tratamentos estatísticos foram feitos utilizando-se o software PAST (HAMMER et al., 2001). DESENVOLVIMENTO No presente estudo foi realizada a coleta de 200 propágulos da Rhizophora mangle, no mês de março de 2013. Os propágulos foram coletados e transferidos para baldes com água do local da coleta, medidos e posteriormente plantados.

Foram utilizadas 200 garrafas PET de 2 litros, cortadas todas com 20 cm de altura e furadas para melhor drenagem da água, numeradas de acordo com o tamanho dos propágulos, posteriormente ocorreu à utilização do solo do próprio local da coleta ao qual foram adicionados 4 kg de areia fina de construção e misturado até ficar homogeneizado, e depositado nas garrafas PET. Os propágulos foram separados nos cinco canteiros no viveiro (figura 1) onde submetido aos diferentes tratamentos de rega com as diferentes salinidades. Cada canteiro foi composto por 40 vasos (garrafas PET cortadas), nos quais os propágulos da Rhizophora mangle foram plantados com a variabilidade naturalmente encontrada na natureza de tamanhos dos mesmos, com o solo homogeneamente preparado numa mistura areia sedimento (1:3). O procedimento específico de cultivo que foi utilizada consistiu na realização da rega diária com o mesmo volume de água, para cada um dos cinco canteiros crescendo sob o viveiro telado. Após o período de 111 dias, os propágulos de cada um dos tratamentos foram medidos para avaliação do crescimento nas diferentes condições de salinidade. a) b) c) d) e) f) Figura 1: Foto dos canteiros no interior do viveiro telado, a) Os 5 tratamentos, b)0 PSU, c)35 PSU, d)6 PSU, e)100 PSU e f) O controle. Para obter as diferentes soluções para regar as mudas foi utilizado sal marinho para a composição das soluções, simulando assim as diferentes salinidades, sendo o primeiro de água doce (0 PSU de sal) o segundo de água do mar (35 PSU de sal) o terceiro de água muito salgada (100 PSU de sal), o quarto de água salobra (6 PSU de sal) e o quinto tratamento, como controle simulador de salinidade flutuante ao longo dos dias, utilizou-se água do próprio estuário com as naturais variações de salinidade. As informações coletadas nos diferentes tratamentos estão demonstradas estatisticamente, pelo uso de Analise de Variância (ANOVA) e pela comparação

pareada de tratamentos, pelo teste de Tukey no software PAST, tanto para o crescimento do propágulo inteiro como para a parte aérea do mesmo (HAMMER et. al, 2001). Agrupamentos comparativos dos tratamentos são também demonstrados utilizando-se a construção de dendrogramas comparativos utilizando-se o índice de Distância Euclidiana no software PAST (HAMMER et al., 2001). O acompanhamento do crescimento da parte aérea da muda também está plotado numa série temporal acompanhado pelos dados medidos de temperatura do ar em horário padronizado e pelos dados de pluviosidade do WINDGURU (SITE WINDGURU, 2013). RESULTADOS Comprimento total do propágulo Os resultados da comparação estatística dos tratamentos para o comprimento total (distância da gema apical até a gema basal da raiz do propágulo) depois de 111 dias de crescimento comparados pelo teste de ANOVA demonstraram diferenças significativas entre os tratamentos (F= 64,71com p<0,05). A tabela 1 demonstra um quadro comparativo entre tratamentos utilizando-se o teste de Tukey (valores de Q e os respectivos p) para a comparação dos pares de tratamentos Tabela 1: Dados comparativos do crescimento total de propágulos em relação aos tratamentos com diferentes salinidades, utilizando-se o teste de Tukey (Q). Em Rosa verificamos os tratamentos que foram estatisticamente diferentes (p). Destacam-se as maiores diferenças entre os seguintes tratamentos pela ordem: Sal.100 PSU x Água doce; Sal.100 PSU x Sal.35 PSU; Sal.100 x Sal.6 PSU; Sal.100 PSU x Sal. variável controle do estuário (todos com p>0,05)

Destacam-se as maiores semelhança entre tratamentos pela ordem entre: Água doce x Sal. variável controle estuário; Água doce x Sal.6 PSU; Sal.35 PSU x Sal.6 PSU; Sal.35PSU x Sal. variável controle do estuário (todos com p<0,05) As distribuições dos resíduos realizadas pelo teste de Shapiro Wilk apontam que os tratamentos foram significativamente diferentes para o crescimento do propágulo inteiro, devido aos tratamentos com as diferentes salinidades, e não por qualquer outro fator (a distribuição dos resíduos foi normal W= 0,9587 para p=1,423e-05). Comprimento da porção aérea do propágulo Os resultados da comparação estatística dos tratamentos para o comprimento da porção aérea do propágulo (distância da gema apical até a região do colo de transição entre o meio aéreo e o sedimento) depois de 111 dias de crescimento comparados pelo teste de ANOVA demonstraram diferenças significativas entre os tratamentos (F= 57,05 com p<0,05). A tabela 2 demonstra um quadro comparativo entre tratamentos utilizando-se o teste de Tukey (valores de Q e os respectivos p) para a comparação dos pares de tratamentos. Tabela 2: Dados comparativos do crescimento da parte aérea de propágulos em relação aos tratamentos com diferentes salinidades utilizando-se o teste de Tukey (Q). Em Rosa verificamos os tratamentos que foram estatisticamente diferentes (p). Destacam-se as maiores semelhanças de crescimento da parte aérea entre os seguintes tratamentos de salinidade, pela ordem: Sal. Água doce x Sal.6 PSU; Água doce x Sal. variável controle do estuário; Sal.35 PSU x Sal.6 PSU; Sal 35 PSU x Sal controle variável estuário; Sal. 6 PSU Água do estuário; todas as comparações com p>0,05. Sal. Destacam-se as maiores diferenças de crescimento da parte aérea entre os seguintes tratamentos de salinidade, pela ordem: Sal.100 PSU x Sal.0 PSU; Sal.100

PSU x Sal.35 PSU; Sal.100 PSU x Sal.6 PSU; Sal.100 PSU x Sal. controle variável estuário; Água doce x Sal.35 PSU. Todas as comparações com p<0,05. As distribuições dos resíduos realizadas pelo teste de Shapiro Wilk apontam que os tratamentos foram significativamente diferentes para o crescimento das partes aéreas, devido aos tratamentos com diferentes salinidades, e não por qualquer outro fator (a distribuição dos resíduos foi normal W= 0,9652 para p=7,594e-32). Agrupamentos de similaridade entre tratamentos O uso de índice de distância Euclidiana foi utilizado para comparação do crescimento entre os tratamentos comparativamente para a parte aérea e para o propágulo todo (figura 2). a) Propágulo inteiro b) Propágulo parte aérea Figura 2: Agrupamento dos tratamentos sob a forma de dendrograma utilizando-se o índice de distância Euclidiana (método da comparação de grupos pareados) como comparativo da similaridade entre os tratamentos de crescimento das mudas de Rhizophora mangle. A figura 2 demonstra que o tratamento de salinidade 100 PSU foi menos similar do que os demais e que os tratamentos tanto para o comprimento total do propágulo quanto da parte aérea.

Crescimento ao longo do período experimental O acompanhamento do crescimento da parte aérea dos propágulos ao longo do período experimental está demonstrado na figura 3. Figura 3: Variação do crescimento das partes aéreas das mudas em relação a temperatura e pluviosidade observadas. Os dados de crescimento obtidos neste experimento foram semelhantes aos de Schaeffer-Novelli (1996) que cita as condições de hipersalinidade onde caracterizam os ambientes de elevada evapotranspiração, podendo estar associadas aos valores extremos de amplitude de maré e/ou a períodos de estiagem prolongada. Tanto a altura das árvores como o tamanho das folhas diminuem com aumentos da salinidade, onde corrobora os dados obtidos no experimento deste trabalho na fígura1d. Diferentes dos resultados obtidos por Werner & Stelzer (1990), onde as maiores taxas de crescimento se dão em determinadas concentrações de sal, e a

Rhizophora mangle pode ser fisiologicamente prejudicada em um trecho de água doce. CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos concluir que mesmo sob a condição de cultivo com a rega por água doce as mudas cresceram de forma estatisticamente semelhante às das condições de água salobra (p<0,05), o que demonstra a alta tolerância das mudas de Rhizophora mangle, para diversas salinidades. Este dado corrobora para a viabilidade do cultivo da espécie, quer seja com o uso da água doce, água salobra e do próprio estuário (variando a salinidade desde (6 PSU até 30 PSU), ou até mesmo água do mar (35 PSU), com resultados bastante satisfatórios nos primeiros 4 meses de desenvolvimento do propágulo. Águas com salinidade mais elevada (por ex 100 PSU) no entanto, não são recomendadas para o cultivo. FONTES CONSULTADAS BRUNO, GLÓRIA C. C. Manguezais: da teoria à pratica da preservação. PMPG, 2003 GIORDANO, F. Investigando o mar: uma abordagem ecológica. São Paulo, Ed. UNICOPY, 1986.86p. GIORDANO, F. Projeto Remangue. Relatórios Técnicos Petrobras Ambiental Programa Remar. 2008. 150 p. HAMMER, O; HARPER, D. A. T. & RYAN, P. D. 2001. PAST: Paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica, v. 4, n. 1, p. 1-9 LACERDA, L. D. & SCHAEFFER-NOVELLI, Y. 1999. Mangroves of Latin America: The need for conservation and sustainable utilization, In: Yañez-Arancibia, A. & Lara-Dominguez, A. L. (eds.) Ecosistemas de manglar en América Tropical. Instituto de Ecologia, A. C. México, UICN/ORMA, Costa Rica, NOAA/NMFS, Silver Spring, MD, USA, p. 5-8. MAGALHÃES, M. F. Ecossistemas Brasileiros e Gestão Ambiental. Curitiba, IESDE Brasil S.A., 2009. 212p.

ODUM, W. E. & HEALD, E. J. 1975. The detritus-based food web of an estuarine mangrove community. In: Estuarine Research. G. E. Cronin (ed.). New York: Academic Press, v.1, p. 265-286 ODUM, P. E. Ecologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara S.A., 1983, 434p. SCHAEFFER-NOVELLI, Y. & CINTRÓN, G. 1986. Guia para estudo de áreas de manguezal, estrutura, função e flora. Caribbean Ecological Research, São Paulo. 150p. + 3 apêndices. SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; CINTRÓN-MOLERO, G; ADAIME, R. R. & CAMARGO, T. M. 1990. Variability of mangrove ecosystems along the Brazilian coast. Estuaries, v. 13, n. 2, p. 204-218. SCHMIEGELOW, J. M. M. Manguezais do Sistema Estuarino de Santos (SP): Estrutura e Produção de Serapilheira. 2009. Tese (Doutorado em Ciências) - Instituto Oceanográfico Universidade de São Paulo, São Paulo, 184 p. VANNUCCI, M. Os manguezais e nós: uma síntese de percepções. São Paulo, Ed. EDUSP, 1999.233p. WERNER A. & R. STELZER. 1990. Physiological responses of the mangrove Rhizophora mangle grown in the absence and presence of NaCl. Plant, Cell and Environment, 13:243-255. WINDGURU. 2013. http://www.windguru.cz/pt/index.php.sc=31228.htm. Acesso em Jun/2013.