RELATÓRIO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.320/2012-4



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Transcrição:

GRUPO I CLASSE V Plenário TC 007.320/2012-4 Natureza: Relatório de Levantamento. Unidade: Secretaria Extraordinária para Superação da Extrema Pobreza. Interessados/Responsáveis: não há. Advogado constituído nos autos: não há. Sumário: RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO. PLANO BRASIL SEM MISÉRIA. IDENTIFICAÇÃO DE OBJETOS DE FISCALIZAÇÃO. ENVIO DO RELATÓRIO À SECRETARIA EXTRAORDINÁRIA PARA SUPERAÇÃO DA EXTREMA POBREZA DO MINISTÉRIO DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Transcrevo a seguir Relatório de Levantamento elaborado no âmbito da Secretaria de Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo Seprog, cujas conclusões foram acolhidas pelos dirigentes da unidade técnica: [...] 1. INTRODUÇÃO 1.1 Deliberação 1. A presente fiscalização é decorrente do Acórdão nº 543/2012 Plenário (TC 2859/2012-2), tendo em vista o propósito de o Tribunal de Contas da União avaliar a oportunidade de realização de futuras auditorias no âmbito do TMS nº 8 (Programas de Erradicação da Pobreza Extrema) do plano de fiscalização do TCU de 2012. 1.2 Objetivos e escopo 2. Este levantamento, elaborado com fundamento no art. 238 do RITCU, teve por finalidade realizar um diagnóstico sobre a implementação do Plano Brasil sem Miséria PBSM, plano que agrega todos os programas que visam a erradicação da pobreza extrema no Brasil, sob aspecto da relevância, materialidade, risco e operacionalização das suas principais ações. 3. Considerando que o PBSM envolve a execução de uma quantidade considerável de programas, objetivos e metas do PPA 2012-2015, foi necessário escolher os programas mais relevantes do Plano. Para essa escolha, levou-se em conta, essencialmente, as metas do PPA que tratam especificamente do PBSM e a materialidade das ações na LOA 2012. 4. Para tanto, o levantamento considerou 10 programas temáticos do PPA 2012-2015: Agricultura Familiar; Biodiversidade; Bolsa-Família; Educação Profissional e Tecnológica; Energia Elétrica; Fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social; Reforma Agrária e Ordenamento da Estrutura Fundiária; Resíduos Sólidos; Segurança Alimentar e Nutricional, e; Trabalho, Emprego e Renda. 5. A partir das informações obtidas, foram identificadas possibilidades de trabalhos a serem realizados pelo TCU, em áreas apontadas como de maior risco. 1.3 Metodologia e limitações 6. A metodologia adotada neste trabalho compreendeu: a) entrevistas não estruturadas e semiestruturadas com gestores dos principais ministérios envolvidos com a implementação do PBSM MDS, MEC, MDA, MI; b) análise documental, a partir de informações disponibilizadas pelos órgãos executores do Plano, trabalhos técnicos de especialistas, relatórios de gestão, trabalhos 1

prévios realizados pelo TCU, pesquisa à internet e notícias veiculadas na imprensa; c) revisão da legislação e de documentos institucionais relativos ao tema. 2. VISÃO GERAL 2.1 Antecedentes 7. No ano de 2000, a Organização das Nações Unidas ONU, ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu oito Objetivos do Milênio ODM, os quais foram assumidos pelos 199 países membros; e uma das metas a ser alcançada é reduzir até 2015 a pobreza extrema à metade dos seus índices em 1990. 8. No Brasil, no início de década de 1990, 25,6% da população tinha renda domiciliar per capita abaixo da linha de pobreza internacional de US$ 1,25/dia. 9. O 4º Relatório Nacional de Acompanhamento dos ODM, de março/2010, elaborado pelo IPEA, destaca que o país cumpriu a meta de forma exitosa, indicando que, em 2008, apenas 4,8% da população eram pobres segundo o critério internacional. 10. Segundo Ricardo Paes de Barros 1,, desde 2003 a renda per capita dos 20% mais pobres tem crescido a uma taxa superior a 8% ao ano, razão pela qual o país conseguiu reduzir a extrema pobreza à metade em cinco anos. 11. Explica que boa parte desse acentuado crescimento na renda dos mais pobres resultou, basicamente, de três fatores: i) dos programas de transferências públicas, em particular do Programa Bolsa Família (PBF); ii) de transformações demográficas (queda na taxa de fecundidade) que reduziram o tamanho das famílias mais pobres, e; iii) da inserção produtiva dos mais pobres. 12. De se notar que a inserção produtiva dos mais pobres contribuiu para o crescimento da sua renda per capita tanto quanto os outros dois fatores em conjunto (transferências de renda e queda na fecundidade), conforme demonstrado na Tabela 1: Tabela 1 Características da evolução da renda dos 20% mais pobres: Brasil 2003-2009 Indicador 2003 2009 Absoluta (R$/Mês) ou (%) Variação Relativa (%) Tx anual de crescimento (%) Renda per capita (R$/mês) 62 100 38 63% 8,4% Porcentagem de adultos (%) 55,0 58,0 3,0 5,5% 0,9% Renda não derivada do trabalho por adulto 25 49 25 100% 12,3% (R$/mês) Renda derivada do trabalho por adulto 87 123 35 40% 5,8% (R$/mês) Porcentagem da renda familiar que é 78,0 71,0-7,0-9,0% derivada do trabalho (%) Renda per capita caso apenas a renda do... 81 (*) 19 31% 4,7% trabalho tivesse crescido (R$/mês) Fonte: estimativas obtidas a partir do PNAD de 2003 e 2009. (*) Renda per capita caso a renda do trabalho fosse a de 2009 com tudo mais constante em valores. 13. Conforme Ricardo Paes de Barros, a Tabela 1 sinaliza que entre 2003 e 2009 a renda per capita dos 20% mais pobres cresceu em R$ 38,00, dos quais R$ 19,00 (49%) resultaram exclusivamente do crescimento na renda do trabalho. A renda proveniente do trabalho entre os 20% mais pobres cresceu 5,8% ao ano nesse mesmo período. Além disso, como mais de 70% da renda dessas famílias são derivados do trabalho, conclui que, mesmo que as transferências 1 BARROS, Ricardo; MENDONÇA, Rosane; TSUKADA, Raquel. Portas de Saída, inclusão produtiva e erradicação da extrema Pobreza no Brasil. Brasília, DF : Secretaria de Assuntos Estratégicos - SAE/PR, 2011. 2

governamentais não tivessem se tornado mais generosas e que não houvesse ocorrido redução na taxa de fecundidade das famílias pobres, ainda assim a renda per capita dessas famílias teria crescido 4,7%, decorrência exclusiva do crescimento na renda do trabalho. 14. Dessa forma, conclui que, desde 2003, a redução da miséria tem ocorrido principalmente devido ao ingresso dessas pessoas no mercado de trabalho, que, ainda que informal, tem registrado um peso maior no aumento dos rendimentos das famílias do que as transferências de recursos públicos. Por conseguinte, sustenta sobre a necessidade de se criar oportunidades produtivas de boa qualidade e estruturar as portas de saída para a situação da extrema pobreza. 15. Nesse contexto, o Governo Federal criou, em junho de 2011, o Plano Brasil sem Miséria, com o objetivo de erradicar a pobreza extrema no país, por meio de ações de transferência de renda, acesso a serviços públicos e inclusão produtiva. 2.2 Panorama Geral do Plano 16. O Plano Brasil sem Miséria foi instituído pelo Decreto 7.492, de 2 de junho de 2011, e tem por finalidade superar a situação de extrema pobreza da população em todo o território nacional, por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações. A meta é retirar 16,2 milhões de brasileiros da situação de extrema pobreza, segundo dados do universo preliminar do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro e Estatística IBGE. 17. É importante ressaltar que para o Plano, a linha de extrema pobreza foi estabelecida em R$ 70,00 per capita, considerando o rendimento nominal mensal domiciliar. Deste modo, qualquer pessoa residente em domicílios com rendimento menor ou igual a esse valor é considerada em situação de extrema miséria. 18. Além disso, como os dados utilizados, por serem preliminares do universo do Censo, não levaram em consideração quantas dessas famílias são beneficiárias de algum benefício de transferência de renda Programa Bolsa Família e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, será necessário proceder a algum ajuste nos números da extrema pobreza quando os dados expandidos da amostra do Censo forem divulgados. 2.3 Perfil da Pobreza no Brasil 19. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MDS, o contingente de pessoas em extrema pobreza totaliza 16,2 milhões de pessoas, correspondente a 8,5% da população do país, conforme dados apresentados na Tabela 2: Tabela 2: Distribuição da população total e população em extrema pobreza segundo Grandes Regiões e situação do domicílio População Total Total Urbano Rural % Total % Urbano % Rural Brasil 190.755.799 160.925.792 29.830.007 100,0 84,4 15,6 Norte 15.864.454 11.664.509 4.199.945 100,0 73,5 26,5 Nordeste 53.081.950 38.821.246 14.260.704 100,0 73,1 26,9 Sudeste 80.364.410 74.696.178 5.668.232 100,0 92,9 7,1 Sul 27.386.891 23.260.896 4.125.995 100,0 84,9 15,1 Centro- Oeste 14.058.094 12.482.963 1.575.131 100,0 88,8 11,2 População em extrema pobreza Total Urbano Rural % Total % Urbano % Rural Brasil 16.267.197 8.673.845 7.593.352 100,0 53,3 46,7 Norte 2.658.452 1.158.501 1.499.951 100,0 43,6 56,4 Nordeste 9.609.803 4.560.486 5.049.317 100,0 47,5 52,5 Sudeste 2.725.532 2.144.624 580.908 100,0 78,7 21,3 Sul 715.961 437.346 278.615 100,0 61,1 38,9 Centro- Oeste 557.449 372.888 184.561 100,0 66,9 33,1 3

Fonte: IBGE. Universo preliminar do Censo Demográfico 2010. Elaboração: MDS. 20. Os 16,27 milhões de extremamente pobres no país estão concentrados principalmente na região nordeste, totalizando 9,61 milhões de pessoas (59,1%), distribuídos 52,5% no campo, enquanto outros 47,5% em áreas urbanas. 21. De um total de 29,83 milhões de brasileiros residentes no campo, praticamente um em cada quatro encontra-se em extrema pobreza (25,5%), perfazendo um total de 7,59 milhões de pessoas. As regiões norte e nordeste apresentam valores relativos semelhantes 35,7% e 35,4%, respectivamente de população rural em extrema pobreza. 22. Cabe, ainda, tecer comentários a respeito das informações referentes às faixas etárias, que apontam para a necessidade de políticas sociais voltadas para a população mais jovem. Entre os extremamente pobres, cerca da metade encontra-se com idade até 19 anos (50,9%). As crianças até 14 anos representam cerca de quatro em cada dez indivíduos em extrema pobreza no Brasil (39,9%), conforme dados apresentados na Tabela 3: Tabela 2: Distribuição da população em extrema pobreza por faixa etária segundo Grandes Regiões e situação do domicílio Faixa Etária Situação do Domicílio Total Urbano Brasil e Grandes Regiões Total 0 a 4 anos 5 a 14 anos 15 a 17 anos 18 ou 19 aos 20 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou mais Oeste 100,0 11,4 25,9 6,3 3,1 25,9 18,7 8,7 Brasil 100,0 11,8 27,2 7,0 3,6 27,1 16,1 7,2 Norte 100,0 13,8 29,4 7,5 4,1 28,2 13,1 3,8 Nordeste 100,0 12,0 27,7 7,4 3,9 29,0 16,3 3,7 Sudeste 100,0 10,4 25,4 6,1 2,9 23,6 16,6 15,0 Sul 100,0 11,0 27,0 6,5 2,9 22,4 17,8 12,4 Brasil 100,0 12,0 27,9 7,2 3,7 27,6 16,5 5,1 Norte 100,0 14,6 30,2 7,3 4,0 27,7 13,2 3,0 Nordeste 100,0 11,9 28,0 7,5 3,9 29,0 16,7 2,9 Sudeste 100,0 10,3 25,8 6,4 3,0 24,1 17,6 12,8 Sul 100,0 10,5 26,9 6,8 3,0 23,3 19,9 9,6 Centro- Centro- Oeste 100,0 11,1 25,5 6,3 3,0 26,1 18,0 10,1 Brasil 100,0 12,3 28,6 7,4 3,9 28,3 16,9 2,6 Norte 100,0 15,2 30,9 7,2 3,9 27,3 13,2 2,4 Nordeste 100,0 11,8 28,3 7,6 4,0 29,1 17,1 2,1 Rural Sudeste 100,0 10,1 27,2 7,3 3,4 25,9 21,0 5,0 Sul 100,0 9,7 26,7 7,2 3,0 24,8 23,4 5,2 Centro- Oeste 100,0 12,2 26,7 6,5 3,2 25,4 20,2 5,8 Fonte: IBGE. Universo preliminar do Censo Demográfico 2010. Elaboração: MDS. 23. Não obstante, o mapeamento do IBGE identificou que 71% dos extremamente pobres no Brasil são pretos ou pardos, e 26% são analfabetos (com 15 anos de idade ou mais). 24. Com estes indicadores, levando-se em consideração as diversidades regionais, a renda e a carência de serviços e bens, assim como as diversas especificidades da pobreza, o Plano Brasil sem Miséria busca abarcar um conjunto de ações que envolve a criação de novos programas e 4

a ampliação de iniciativas já existentes, em parceria do Governo Federal com estados, municípios, empresas públicas e privadas e organizações da sociedade civil. É compreendido por ações nacionais e regionais, baseadas em três eixos de atuação: a) Garantia de Renda: Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC); b) Inclusão Produtiva: Rural e Urbana; c) Acesso a Serviços: Áreas de educação, saúde, assistência social e segurança alimentar. 2.4 Plano de Metas 25. Para elevar a renda per capita da população em extrema pobreza e aumentar as condições de bem-estar, o Plano prevê um conjunto de metas a serem alcançadas até 2014, quais sejam: a) Eixo Garantia de Renda: Objetiva localizar, cadastrar e incluir nos programas as famílias em situação de pobreza extrema, identificar os serviços existentes e a necessidade de criar novas ações para que essa população possa acessar os seus direitos. Vale informar que além do Programa Bolsa-Família, o Busca Ativa CadÚnico constitui-se em instrumento de cadastramento para a Tarifa Social de Energia Elétrica, para o Programa de Cisternas, para o Brasil Alfabetizado, para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), entre outros, inclusive nas esferas municipal e estadual. Pretende-se incluir, até 2013, mais 800 mil famílias que têm direito, mas ainda não recebem o benefício. Além disso, foi aumentado o limite dos Bolsa Família benefícios de três para cinco filhos, implicando a inclusão de 1,3 milhão de crianças e adolescentes até 15 anos, cumprindo as condicionalidades do programa de mantê-las na escola e com acompanhamento de saúde. Benefício de Prestação Continuada BPC Área Rural Estima-se incluir 145 mil idosos em situação de extrema pobreza, bem como 302 mil pessoas com deficiência também em situação de extrema pobreza, até 2014. b) Eixo Inclusão Produtiva: Assistência Técnica Fomento Acesso a mercados públicos e privados Visa estruturar a produção de alimentos para autoconsumo e para comercialização do excedente e geração de renda. A partir do diagnóstico de cada unidade de produção familiar, será elaborado um projeto de estruturação produtiva e social, com tecnologias adequadas à realidade local, ao perfil do público beneficiado e à sustentabilidade ambiental. O acompanhamento será feito por visitas técnicas. A meta é disponibilizar um técnico de nível superior e 10 técnicos de nível médio para cada 1.000 famílias a serem acompanhadas. Refere-se à transferência direta de recursos financeiros não reembonsáveis, com a mesma estrutura de pagamento já utilizada pelo Programa Bolsa Família, e condicionada à adesão a um projeto de estruturação da unidade produtiva familiar. Tem como meta o pagamento semestral de R$ 2.400,00 a fundo perdido para 250.000 famílias, por dois anos, bem como a entrega de sementes, adubos e insumos para 253 mil famílias. Objetiva a ampliação do número de agricultores familiares no Programa de Aquisição de Alimentos PAA, passando de 66 mil famílias em extrema pobreza, para 255 mil, até 2014, bem como ampliação da compra de produção por parte de instituições públicas e filantrópicas (hospitais, escolas, universidades, creches e presídios) e estabelecimentos privados, como supermercados. Além disso, esses alimentos contribuem para a 5

Água e Luz para todos Bolsa Verde Área Urbana Qualificação e intermediação pública de mão de obra Economia Popular e Solidária e Microempreeendedor Individual formação de cestas de alimentos distribuídas a grupos populacionais específicos. Prevê a construção de cisternas para água de consumo, beneficiando 750 mil famílias. Com relação à produção, as metas são de 3.000 barragens de acumulação de água pluvial, 150.000 cisternas de produção e 20.000 pequenos sistemas de irrigação, beneficiando 600 mil famílias. Os novos mecanismos permitirão a ampliação da capacidade produtiva dos pequenos agricultores, garantindo o desenvolvimento regional com sustentabilidade, uma vez que poderão comercializar o excedente produzido. Além de água potável, outra necessidade básica de muitos brasileiros é a eletricidade. O mapa da exclusão elétrica no País revela que as famílias sem acesso à energia estão majoritariamente nos locais de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e nas famílias de baixa renda. O Programa Luz para todos tem como meta atender 257 mil famílias que ainda não têm energia elétrica. Destina-se às famílias que atuam em unidades de conservação e assentamentos de reforma agrária ambientalmente diferenciados. O Programa é voltado para grupos sociais em situação de extrema pobreza que vivem em áreas socioambientais prioritárias. Cada família beneficiária recebe R$ 300,00 por trimestre. Este benefício passa a ser um complemento do Bolsa Família para aqueles que moram em Reservas Extrativistas, Florestas Nacionais e Reserva de Desenvolvimento Sustentável, em um total de 30 unidades de conservação sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Do lado do Incra, serão beneficiadas famílias de moradores em 75 assentamentos. Pretende-se promover a inclusão social da população em extrema pobreza por meio da qualificação profissional de 1,7 milhão de pessoas, preferencialmente, entre 18 e 65 anos, com geração de emprego e renda, atendendo às demandas nas áreas públicas e privadas. Para atingir este objetivo o governo articulará ações com vários projetos: o Sistema Público de Trabalho, Emprego e Renda; o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec); obras dos Programas de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida. O objetivo é inserir os beneficiários do Bolsa Família no mercado de trabalho por meio da oferta de cursos de formação sintonizados com a vocação econômica de cada região. Apoio à formação e divulgação de redes de empreendimentos solidários, de atividades empreendedoras coletivas, micro e pequenas empresas e constituição de incubadoras para geração de ocupação e renda, assim como promoção da formalização de pequenos negócios de trabalhadores que atuavam por conta própria, junto às áreas tributária e previdenciária. Apoio à organização produtiva dos catadores de matérias recicláveis e reutilizáveis, com melhoria das condições de trabalho e ampliação das oportunidades de inclusão socioeconômica, com a capacitação de 60 mil catadores, viabilização da infraestrutura para 280 mil catadores e incremento de 100 redes de comercialização. c) Eixo Acesso a Serviços: Coleta Seletiva Solidária Área da Educação Programas Brasil Desde 2003 o MEC desenvolve o Programa Brasil Alfabetizado 6

Alfabetizado e Mais Educação Área da Saúde Programa Brasil Sorridente Programa Saúde da Família Programa Olhar Brasil Programa de Distribuição de Medicamentos Programa Rede Cegonha (PBA), voltado à alfabetização de jovens, adultos e idosos e à formação de alfabetizadores, com o objetivo principal de universalizar o acesso à educação. O PBA encontra-se integrado ao Plano Brasil sem Miséria, levando apoio técnico para estabelecer e garantir continuidade nos estudos, sempre com foco na educação como maneira de combater as desigualdades socioeconômicas. Atualmente, o programa está presente em 1.928 municípios. Desde 2003, o programa já alfabetizou 12 milhões de pessoas. O Programa Mais Educação, conhecido como escola em tempo integral, criado em 2008, aumenta a oferta educativa nas escolas públicas por meio de atividades optativas. É por meio dessa ação que o governo federal leva o ideal de educação integral para as escolas públicas do País. A área de atuação do programa foi demarcada inicialmente para atender, prioritariamente, as escolas com baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), situadas em capitais e regiões metropolitanas. A partir de 2011, o programa passa a integrar o Brasil sem Miséria. Objetiva universalizar o acesso à saúde bucal dos brasileiros. Para 2011, como parte do Plano Brasil sem Miséria, o MS prevê a implementação de 43 Centros de Especialidades Odontológicas (até 2014 devem ser 174 novos); 336 equipes de Saúde Bucal (até 2014, 1.343 novas equipes); 100 Unidades Odontológicas Móveis (até 2014 serão 146 unidades); 338.400 próteses ofertadas (até 2014, serão 1.354.000 próteses novas, constituindo 100% da necessidade da população em extrema pobreza mapeada). O Programa é feito por meio de equipes multidisciplinares, compostas por médicos, dentistas, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários, que atendem os pacientes em suas residências ou nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Até 2014, a previsão é de que sejam implantadas 697 novas equipes de Saúde da Família; 3.837 agentes comunitários de saúde; 336 novas equipes de Saúde Bucal. Todo o novo contingente conta com recursos próprios já previstos no orçamento, nas cidades atendidas pelo Plano Brasil sem Miséria. Objetiva identificar problemas visuais em 100% dos alunos matriculados na rede pública de ensino fundamental (1º ao 9º ano) e os que integram o Programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação, que abrange a população de 15 a 59 anos de idade. O Programa é implementado por meio de ampliação do acesso à consulta oftalmológica no SUS, fornecimento de óculos quando necessário, aumento da cobertura e da oferta de oftalmologistas e triagem em todos os alunos residentes em municípios do Programa Brasil sem Miséria com cobertura do Programa Saúde na Escola (PSE). A meta é cobrir 100% das cidades mapeadas pelo Plano Brasil sem Miséria com uma farmácia ou drogaria do Programa Aqui tem Farmácia Popular. Para 2011, a previsão é de que 431 municípios sejam contemplados. Outros 1.296 devem ser atingidos até 2014. O Programa garante a organização de uma rede de cuidados maternoinfantil. Com um investimento de R$ 9,4 milhões, o governo federal coordena ações estratégicas de saúde cujo objetivo é qualificar, até 2014, toda a rede de assistência obstétrica com foco na gravidez, no parto e pós-parto como também infantil, até o segundo ano de vida. 7

As ações abrangerão as cidades do Plano Brasil sem Miséria, onde se encontra a população mais carente desses recursos. Objetiva promover a saúde dos alunos brasileiros de escolas públicas. De acordo com o MS, apenas nas cidades abarcadas pelo Plano Brasil Programa Saúde na sem Miséria em 2011, um total de 3.725 equipes do Programa Saúde Escola da Família devem se vincular ao Saúde na Escola. Em 2014, esse número deve subir para 7.500. Área de Assistência Social Por meio do CRAS, as famílias em situação de extrema pobreza, Assistência social por incluídas pelo Plano Brasil sem Miséria passam a ter acesso a serviços meio do Centro de como cadastramento e acompanhamento em programas de Referência de transferência de renda, de inclusão produtiva e de acesso a serviços, Assistência Social que conta, atualmente, com 7.669 unidades distribuídas pelo território (CRAS) e Centro de nacional. O CREAS tem como foco a família e a situação vivenciada, Referência Especializado promovendo o acesso a direitos socioassistenciais, em âmbito local e de Assistência Social regional, alcançando um conjunto de municípios por meio de 2.155 (CREAS) unidades espalhadas pelo território. 2.5 Legislação Pertinente: Lei nº 12.435/2011 dispõe sobre a organização da Assistência Social. Lei nº 12.512/2011 institui o Bolsa Verde (convertida por meio da MP 535/2011 PLV 24/2011). Lei nº 12.513/2011 institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Lei nº 12.593/2011 institui o Plano Plurianual da União para o período de 2012 a 2015. Lei 12.595/2012 aprova a LOA 2012; Decreto nº 7.492/2011 institui o Plano Brasil sem Miséria. Decreto nº 7.493/2011 define a reestruturação do MDS. Decreto nº 7.494/2011 altera o decreto que regulamenta o Bolsa Família. Decreto nº 7.508/2011 regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, entre outras providências. Decreto nº 7.520/2011 institui o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica Luz para Todos, para o período de 2011 a 2014. Decreto nº 7.535/2011 institui o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Água Água para Todos. Decreto nº 7.575/2011 regulamenta dispositivos da MP 535, de 2/6/2011, que tratam do Programa de Apoio à Conservação Ambiental Programa Bolsa Verde. Decreto nº 7.644/2011 regulamenta o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, instituído pela Lei nº 12.512, de 14/10/2011. Portaria nº 1.015/2011 institui o Mulheres Mil (Ministério da Educação), que visa à formação profissional e tecnológica articulada com elevação de escolaridade de mulheres em situação de vulnerabilidade social. Resolução nº 44/2011 fomenta o acesso de mulheres ao Programa de Aquisição de Alimentos (MDS). Resolução nº 7/2011 dispõe sobre prazo e procedimento projeto para construção de Centros de Referência (Ministério da Saúde). 2.6 Stakeholders 26. O Plano Brasil Sem Miséria se caracteriza pela sua execução de forma articulada envolvendo os governos federal, estadual e municipal. Além disso, o Plano encontra-se ancorado 8

numa perspectiva intersetorial, abarcando dezenas de ações das áreas da assistência social, segurança alimentar e nutricional, saúde, educação, moradia, geração de ocupação e renda e desenvolvimento agrário, entre outras. 27. A Secretaria Extraordinária para Superação da Extrema Pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome é a responsável pela coordenação das ações e gestão do Plano. 28. De acordo com o Decreto nº 7.492/2011, que instituiu o PBSM, a sua gestão é composta de três instâncias, estruturadas para desenhar, implementar e monitorar o Plano nos próximos quatro anos: a) Comitê Gestor Nacional, de caráter deliberativo, responsável em fixar metas e orientar a formulação, a implementação, o monitoramento e a avaliação do Plano, integrado pela Casa Civil da Presidência da República e pelos Ministérios da Fazenda, do Planejamento e do Desenvolvimento Social; b) Secretaria-Executiva do Comitê Gestor Nacional, exercida pela Secretaria Extraordinária para a Superação da Extrema Pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que tem a função de assegurar a execução de políticas, programas e ações desenvolvidos no âmbito do Plano; c) Grupo Interministerial de Acompanhamento, responsável pelo monitoramento e avaliação de políticas, programas e ações desenvolvidos no âmbito do Plano. É composto pelos seguintes órgãos: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que o coordenará; Casa Civil da Presidência da República; Secretaria-Geral da Presidência da República; Ministério da Fazenda; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério das Cidades; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da Saúde; Ministério da Educação; e Ministério da Integração Nacional. 29. O Ministério do Meio Ambiente também tem participação no Plano Brasil sem Miséria por intermédio do Programa de Apoio à Conservação Ambiental Bolsa Verde, o qual é responsável pela execução do Programa. 30. Para realização do PBSM poderão ser firmados convênios, acordos de cooperação, ajustes ou outros instrumentos congêneres, com órgãos e entidades da administração pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com consórcios públicos, bem como com entidades privadas, na forma da legislação pertinente. 3. PRINCIPAIS PROGRAMAS 31. O presente levantamento de auditoria considera ações pertencentes a 10 programas temáticos do PPA 2012-2015 como as principais que tratam especificamente do Plano Brasil sem Miséria. A seguir serão apresentadas com mais detalhes esses programas. 3.1 AGRICULTURA FAMILIAR 32. O Programa Agricultura Familiar possui, no PPA 2012-2015, três objetivos relacionados ao Plano Brasil sem Miséria. 33. O primeiro objetivo, de número 0411, prevê qualificar os instrumentos de financiamento, fomento, proteção da produção, garantia de preços e da renda como estratégia de inclusão produtiva e ampliação da renda da agricultura familiar, com a geração de alimentos, energia, produtos e serviços. 34. Relacionada a esse objetivo está a meta de distribuir sementes para 220 mil famílias no âmbito do Plano Brasil sem Miséria. A iniciativa do PPA que faz a ligação com o orçamento é a 9

de número 01ªO Disponibilização de insumos produtivos visando o melhoramento da capacidade de produção da agricultura familiar e dos povos e comunidades tradicionais. 35. O segundo objetivo é o 0412: ampliar o acesso e qualificar os serviços de assistência técnica e extensão rural e de inovação tecnológica, de forma continuada e permanente, para os agricultores e agricultoras familiares, assentados e assentadas da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais. A meta desse objetivo, aliado ao objetivo 0759, relacionada ao Plano Brasil sem Miséria, é a contratação de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para atendimento a 203 mil famílias de agricultores e 50 mil famílias assentadas da reforma agrária, com acompanhamento diferenciado. A meta para 2012 é atender 179 mil famílias. 36. A iniciativa que busca atender a essa meta, é a prestação dos serviços qualificados e continuados de Assistência Técnica e Extensão Rural, articulados com concessão de investimentos, para o público da agricultura familiar, reforma agrária, mulheres rurais, indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais e para a organização da produção de empreendimentos da agricultura familiar, com formação dos agentes de desenvolvimento e fiscalização dos contratos (01CB). 37. O terceiro objetivo é o 0759: promover a autonomia econômica das mulheres rurais por meio da sua inclusão na gestão econômica e no acesso aos recursos e à renda, e da ampliação e qualificação das políticas públicas da agricultura familiar. A iniciativa vinculada a esse objetivo é para garantir Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) específica para mulheres, com qualificação dos agentes para adoção de procedimentos metodológicos adequados e para implementação de serviços direcionados a gestão e formalização de organizações econômicas de agricultoras rurais. 3.1.1. Aspecto organizacional 38. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) é o responsável pelo programa Agricultura Familiar. No MDA a secretaria responsável é a Secretaria da Agricultura Familiar (SAF). 39. Para participar do programa, o agricultor familiar deve avaliar o projeto que pretende desenvolver. Os projetos devem gerar renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária, seja ele para o custeio da safra, atividade agroindustrial, investimento em máquinas, equipamentos ou infraestrutura. A renda bruta anual dos agricultores familiares deve ser de até R$ 110 mil. 40. Após a decisão do que financiar, a família deve procurar o sindicato rural ou a Emater para obtenção da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Em seguida o agricultor deve procurar a empresa de Ater do município para elaborar o Projeto Técnico de Financiamento. O projeto deve ser encaminhado para análise de crédito e aprovação do agente financeiro. Com o Projeto Técnico, deve-se negociar o financiamento junto ao agente financeiro. Aprovado o Projeto Técnico, o agricultor familiar está apto a acessar o recurso e começar a implementar o projeto. 41. Além disso, existe o Pronaf Grupo b, que é uma linha de microcrédito rural voltada para produção e geração de renda das famílias agricultoras de mais baixa renda do meio rural. São atendidas famílias agricultoras, pescadoras, extrativistas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas que desenvolvam atividades produtivas no meio rural. Elas devem ter renda bruta anual familiar de até R$ 6 mil. 42. Os agentes financeiros do programa são os que compõem o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) e são agrupados em básicos (Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia) e vinculados (BNDES, Bancoob, Bansicredi e associados à Febraban). 43. Além da concessão de crédito, o programa de Agricultura Familiar trabalha com serviços de assistência técnica e extensão rural (Ater), cujo objetivo é melhorar a renda e a qualidade de vida das famílias rurais, por meio do aperfeiçoamento dos sistemas de produção, de mecanismo de acesso a recursos, serviços e renda, de forma sustentável. 44. Em 2004, foi instituída pelo Governo Federal a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater), em parceria com as organizações governamentais e não 10

governamentais de Ater e a sociedade civil organizada. Orientada pelo Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater), a Pnater foi elaborada a partir dos princípios do desenvolvimento sustentável, incluindo a diversidade de categorias e atividades da agricultura familiar, e considerando elementos como gênero, geração e etnia e o papel das organizações governamentais e não governamentais. 45. O Pronater é o instrumento orientador do processo de implementação da Pnater e estabelece as diretrizes e metas para os serviços públicos de Ater no País. É coordenado por uma diretoria da SAF e elaborado, anualmente, para cada Plano Safra da Agricultura Familiar com base nas políticas da Secretaria, nos Programas Estaduais de Ater e nas demandas da agricultura familiar. 46. Em relação à distribuição de sementes, o MDA possui convênio com a Embrapa para o desenvolvimento desses insumos. Cada família recebe determinada quantidade de sementes, a depender da região de do ciclo agrícola. A título de exemplo, os agricultores familiares do semiárido receberam 5 kg de sementes de milho, 10 kg de sementes de feijão e 8 kg de sementes de hortaliças no início de 2012. 47. E Embrapa leva as sementes a municípios polo e as empresas contratadas para assessoramento técnico das famílias ficam, em geral, responsáveis pela distribuição das sementes para as famílias. 3.1.2. Marco regulatório 48. As regras de operacionalização do Microcrédito Rural, relacionado à agricultura familiar, estão normatizadas no Manual de Crédito Rural, capítulos 10 a 13, do Banco Central do Brasil. 49. O Decreto nº 1.946/96 criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que foi alterado, posteriormente, pelo Decreto nº 3.991/2001. 50. Além disso, várias portarias são importantes ao Programa, como a Portaria nº 55/2007, a nº 19/2009, a nº 60/2008, e a nº 70/2008. 3.1.3. Suporte de tecnologia da informação 51. O MDA possui dois sistemas relacionados à agricultura familiar. O primeiro é o de emissão de DAP, o segundo está relacionado com a assistência técnica às famílias, e se chama Siater. 52. Após a implantação do Plano Brasil sem Miséria, está sendo criado um módulo específico para o acompanhamento das famílias enquadradas no Plano. Será um módulo dentro do Siater. 3.1.4. Aspecto orçamentário 53. No orçamento de 2012, para atendimento das metas diretamente relacionadas à contratação de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) existem quatro ações integrantes da iniciativa 01CB do objetivo 0412. Complementarmente, tem-se uma ação orçamentária inserida na iniciativa 030ª do objetivo 0759, relacionada às metas em comento, focada especificamente às mulheres rurais. Essas informações estão demonstradas na tabela a seguir: Tabela 3: Orçamento do Programa Agricultura Familiar nas ações relacionadas a assistência técnica e extensão rural, inseridas no PBSM ORÇAMENTO 2012 OBJETIVO/INICIATIVA/AÇÃO UO (em R$) 0412/01CB/4260: Assistência Técnica e Extensão Rural para Agricultores Familiares e seus Empreendimentos 0412/01CB/4448:Formação e Capacitação de Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural 0412/01CB/4470: Assistência Técnica e Extensão Rural para Reforma Agrária MDA 395.006.200 MDA 11.518.200 INCRA 3.800.000 INCRA 248.763.100 0412/01CB/8358: Assistência Técnica e Extensão Rural para MDA 4.212.000 11

Comunidades Quilombolas 0759/030ª/8332: Assistência Técnica Especializada para MDA 11.748.000 Mulheres Rurais TOTAL 675.047.500 Fonte: MDS e Orçamento total para a Ação da LOA 2102. 54. Para atender a meta de distribuir sementes para famílias contempladas pelo Plano Brasil sem Miséria, tem-se a ação 4266 Disponibilização de Insumos para a Agricultura Familiar: Tabela 4: Orçamento do Programa Agricultura Familiar nas ações relacionadas com a disponibilização de insumos para a agricultura familiar OBJETIVO/INICIATIVA/AÇÃO UO ORÇAMENTO 2012 (em R$) 0411/01ªO/4266: Disponibilização de Insumos para a MDA 19.937.292 Agricultura Familiar TOTAL 19.937.292 Orçamento total para a Ação da LOA 2102. Fonte: MDS. 55. As seis ações somadas, no orçamento de 2012, totalizam o valor de R$ 695,6 milhões. 3.1.5. Principais pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades 56. O TCU realizou, em 2008, auditoria no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), consubstanciado no Acórdão 2.280/2008-Plenário. O foco do trabalho foi o processo de emissão da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), de sua fiscalização, bem como da parte de concessão de créditos. Não foi abordada a questão do assessoramento técnico às famílias, nem a disponibilização de insumos, assuntos prioritários no Plano Brasil sem Miséria. 57. Em fevereiro de 2012, foi realizado o primeiro monitoramento do Acórdão nº 2.280/2008-TCU-Plenário (auditoria no Pronaf), e constatou-se que cinco deliberações foram cumpridas, sete estavam em cumprimento, e duas foram parcialmente cumpridas. Durante o trabalho de monitoramento foi constatado que o Pronaf carece de mecanismos que possam barrar ou dificultar a emissão irregular de DAP e a concessão de crédito a pessoas não enquadradas na legislação do Programa. Verificou-se que o cruzamento de bases de dados, que é uma forma de verificação das informações prestadas pelos beneficiários do Programa, é inexistente. 58. Como melhoria na atuação da Secretaria de Agricultura Familiar no tocante ao controle nas emissões das DAPs, foi constatado que a SAF implantou procedimentos de cálculos automatizados na emissão das DAPs, sem a interferência do emissor ou do declarante, o que possibilita o correto enquadramento do requerente ao programa. Além disso, não existe mais emissão de DAP em papel, todas as DAPs devem ser emitidas via sistema homologado pela SAF. 59. Percebe-se, portanto, que a parte de habilitação dos agricultores familiares, bem como a emissão das DAPs, foi amplamente abordada no trabalho realizado pelo TCU. 60. A questão do assessoramento técnico aos agricultores familiares é parte importante do programa, nenhuma avaliação ainda foi realizada nessa área e possui grande previsão orçamentária. A agricultura familiar possui três pilares de sustentação: disponibilização de crédito, de assessoramento técnico e de insumos. Foram identificados trabalhos voltados apenas para a parte do crédito aos trabalhadores, inclusive na auditoria anteriormente realizada pelo Tribunal. 61. Além disso, o Plano Brasil sem Miséria prevê que essas empresas responsáveis por assessorar tecnicamente as famílias façam a busca ativa de famílias que ainda não fazem parte do programa, e encontram-se em situação de extrema pobreza, para que sejam devidamente 12

cadastradas e incluídas nas ações governamentais. Essas instituições serão remuneradas para a realização dessa atividade, além dos valores recebidos em virtude do assessoramento técnico prestado. 3.2 BIODIVERSIDADE 62. O programa Biodiversidade (2018) possui sete objetivos, sendo que o objetivo que está relacionado ao Plano Brasil sem Miséria é o de número 0506, que busca a promoção do uso sustentável da biodiversidade por meio da valorização da agrobiodiversidade e dos produtos da sociobiodiversidade, com agregação de valor, consolidação de mercados sustentáveis e pagamento pelos serviços ambientais. 63. Inserida nesse objetivo está a meta de remunerar 70 mil famílias em situação de extrema pobreza pela prestação de serviços de conservação de recursos naturais no meio rural. A iniciativa existente para alcançar essa meta é a 01UB, Pagamento por serviços de conservação de recursos naturais no meio rural prestados no âmbito do Plano Brasil sem Miséria. 64. Na LOA de 2012, relacionadas a essa iniciativa, existem duas ações: 20GF Pagamento a Famílias em Situação de Extrema Pobreza pela Prestação de Serviços de Conservação de Recursos Naturais no Meio Rural Plano Brasil sem Miséria; e 20TK Cadastramento, Operacionalização e Monitoramento da Transferência de Renda no âmbito do Programa de Apoio à Conservação Ambiental Plano Brasil sem Miséria. 65. O Programa de Apoio à Conservação Ambiental tem sido denominado de Bolsa Verde. 3.2.1. Aspecto organizacional 66. As ações 20GF e 20TK anteriormente descritas estão sob a responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente MMA. Os beneficiários do Programa Bolsa Verde que também forem beneficiários do Programa Bolsa Família recebem os valores do Programa Bolsa Verde juntamente com a parcela do Programa Bolsa Família, utilizando-se do mesmo cartão, o que demonstra a grande interface que esse programa apresenta com o Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome MDS. 67. Cabe ao MMA coordenar, executar e operacionalizar o Programa Bolsa Verde, observadas as indicações do Comitê Gestor do Programa, inclusive manter o cadastro das famílias beneficiárias. Ele é executado por meio da transferência direta de recursos financeiros, sendo a Caixa Econômica Federal o agente operador do programa. 68. Foi instituído no âmbito do Ministério do Meio Ambiente o Comitê Gestor do Programa Bolsa Verde, com as atribuições de aprovar o planejamento do programa, compatibilizando o número de famílias beneficiárias com os recursos disponíveis, indicar áreas prioritárias para a implementação do programa, e indicar critérios e procedimentos para seleção e inclusão das famílias beneficiárias, para o monitoramento e avaliação do programa e das ações de conservação dos recursos naturais realizada pelas famílias contempladas, e para a renovação da adesão das famílias. 69. Constitui-se também atribuições do Comitê Gestor articular as ações dos órgãos do Governo federal envolvidos no programa, aprovar seu regimento interno, e indicar as outras áreas rurais que poderão ser abrangidas pelo Bolsa Verde. 3.2.2. Marco regulatório 70. O Bolsa Verde foi instituído por meio da Medida Provisória nº 535/2011, convertida na Lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011, no âmbito do Programa de Apoio à Conservação Ambiental. O Decreto nº 7.572, de 28 de setembro de 2011, regulamenta dispositivos da MP nº 535/2011. 3.2.3. Aspecto orçamentário 71. O Programa Bolsa Verde prevê a transferência de R$ 300,00 trimestralmente às famílias beneficiárias. No ano de 2012, a ação 20GF possui previsão orçamentária de R$ 35,2 milhões, e a ação 20TK, de R$ 1,8 milhão. 72. O total das duas ações em 2012 é de aproximadamente R$ 37 milhões. 13

Inscrição da família no CadÚnico 3.2.4. Diagrama de blocos Figura 1: Fluxograma do Programa Bolsa Verde Inscrição da família no MMA Família assina Termo de Adesão ao Programa Família desenvolve atividades de MMA verifica o cumprimento dos requisitos Caixa faz pagamento do benefício às conservação famílias 3.2.5. Principais pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades 73. O programa Bolsa Verde é novo, e ainda não possui nenhuma avaliação ou auditoria realizada. Esse aspecto dá indício à importância de realização de trabalhos dessa natureza no programa. 74. Além disso, a partir do desenho do Bolsa Verde, foram identificadas áreas mais sensíveis, como o cadastramento das famílias, a relação com o programa Bolsa Família, o monitoramento das condicionalidades, e limitação temporal do pagamento. 75. O programa veda o recebimento de mais de um benefício por família, portanto é importante avaliar a operacionalização do cadastramento das famílias. Ademais, os beneficiários do Bolsa Família terão prioridade na seleção do Bolsa Verde, mas o posterior desligamento do Bolsa Família não implicará exclusão automática da família do Programa Bolsa Verde, mas será um possível indicador de que a família não se encontra mais em situação de pobreza extrema. 76. Destaque-se que uma das atribuições do MMA no programa é levantar e disponibilizar a base de dados georreferenciada das Unidades de Conservação bem como a relação das famílias beneficiárias que nelas desenvolvam atividades de conservação ambiental. É importante verificar a atuação no Ministério nessa questão, bem como na comprovação, por parte das famílias, das atividades de conservação que estão sendo realizadas. 77. Por fim, aspecto trazido pelo normativo do programa é a previsão de que a transferência dos recursos do Bolsa Verde será realizada por um prazo de até dois anos, podendo ser renovada. É importante analisar em que casos ela deixará de ser paga, bem como os mecanismos existentes para essa verificação. O recebimento dos recursos do Programa Bolsa Verde tem caráter temporário e não gera direito adquirido. 78. De acordo com informações prestadas pelo MDS, a expectativa é que a meta do PBSM seja alcançada até a reunião da Rio +20, beneficiando 72 mil famílias. 3.3 BOLSA FAMÍLIA 79. Os objetivos gerais do Programa Bolsa Família (PBF) são: combater a fome, a pobreza e outras formas de privação das famílias; promover a segurança alimentar e nutricional e o acesso à rede de serviços públicos de saúde, educação e assistência social, criando possibilidades de emancipação sustentada dos grupos familiares e de desenvolvimento local. 80. Especificamente, no que tange o Plano Brasil sem Miséria, no PPA 2012-2015, o PBF possui dois objetivos. O primeiro é o de número 0619: melhorar as condições socioeconômicas das famílias pobres e, sobretudo, extremamente pobres, por meio de transferência direta de renda. Relacionada a este objetivo está a meta de incluir 800 mil famílias em extrema pobreza no Bolsa Família. 81. O segundo objetivo é o 0376: localizar e caracterizar as famílias consideradas como público alvo dos programas de transferência de renda e dos programas sociais do Governo Federal voltados à população de baixa renda, e realizar a gestão e manutenção de suas informações socioeconomicas, por meio do desenvolvimento e aperfeiçoamento de metodologias, instrumentos e sistemas de informações, com objetivo de subsidiar o planejamento e a implementação de políticas de combate à pobreza e à desigualdade social. A meta relacionada a esse objetivo é identificar e 14

incluir as famílias de baixa renda no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Não há quantificação dessa meta. 3.3.1. Aspecto organizacional 82. A execução do Programa Bolsa Família é realizada em parceria com estados e municípios. As atribuições e competências de cada esfera de governo em relação ao PBF estão disciplinadas na Portaria GM/MDS nº 555, de 11 de novembro de 2005. A Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (Senarc) do MDS é a unidade gestora do PBF. Aos Ministérios da Saúde e da Educação competem acompanhar o cumprimento das condicionalidades. A Caixa é o agente operador e responsável pelo fornecimento de infraestrutura para organização e manutenção do Cadastro Único, além de disponibilizar a rede de atendimento onde são sacados os benefícios. 83. Os gestores municipais são responsáveis por cadastrar e acompanhar as famílias, atualizando o Cadastro Único quando da alteração socioeconômica e alimentando os sistemas de acompanhamento das condicionalidades. Aos estados compete fiscalizar as atividades de execução do Programa por parte dos seus municípios. 3.3.2. Marco regulatório 84. O PBF foi criado pela Medida Provisória nº 132, de 20 de outubro de 2003, convertida na Lei nº 10.836/04, que unificou os procedimentos de gestão e execução de ações de transferência de renda do Governo Federal (os Programas Cartão Alimentação, Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação e Auxílio-Gás). 85. Os benefícios pagos pelo Programa são de quatro categorias: a) benefício básico, no valor de R$ 70,00 pago apenas a famílias extremamente pobres, com renda per capita igual ou inferior a R$ 70; b) benefício variável, no valor de R$ 32,00 por pessoa pago pela existência na família de crianças de zero a 15 anos, limitado a cinco crianças por família; c) benefício variável vinculado ao adolescente, mais conhecido como Benefício Variável Jovem BVJ, no valor de R$ 38,00 por adolescente pago pela existência na família de jovens entre 16 e 17 anos limitado a dois jovens por família. d) benefício variável de caráter extraordinário (BVCE) valor calculado caso a caso. 86. Estes valores poderão ser acrescidos pela contrapartida de estados e municípios, dependendo da pactuação firmada por meio de termo de cooperação entre o MDS e os demais entes da federação, objetivando a implementação conjunta de programas de transferência de renda. 3.3.3. Suporte de tecnologia da informação 87. Com o objetivo de aperfeiçoar e integrar a gestão de seus principais processos, a Senarc, em conjunto com o Departamento de Tecnologia do MDS, desenvolveu o Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família (SIGPBF). 88. Segundo o MDS, o SIGPBF será ampliado, gradualmente, com a incorporação e disponibilização de novos módulos para apoiar os processos de gestão de cadastro, a relação com estados e municípios, o controle social, os benefícios, entre outros. 3.3.4. Aspecto orçamentário 89. Na LOA de 2012, existem duas ações orçamentárias relacionadas com o Plano Brasil sem Miséria. A primeira, ação 8442 Transferência de Renda Diretamente às Famílias em Condição de Pobreza e Extrema Pobreza, possui valor de R$ 18,7 bilhões. 90. A segunda ação, 6414 Sistema Nacional para Identificação e Seleção de Público Alvo para os Programas Sociais do Governo Federal Cadastro Único, possui orçamento de R$ 22 milhões. 3.3.5. Principais pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades 91. O Programa Bolsa Família é um dos programas do Governo Federal mais avaliado. Como o PBF é o maior programa de transferência de renda do mundo, ele recebe muita atenção da comunidade acadêmica e internacional. 15

92. O próprio TCU já realizou auditoria operacional no PBF no ano de 2004, bem como dois monitoramentos dessa auditoria nos anos de 2005 e 2009, além de um acompanhamento em 2006. 93. De 2004 a 2009, o MDS realizou/patrocinou 11 estudos e pesquisas sobre o Bolsa Família, além de uma avaliação no cadastro único para programas sociais. 94. Encontram-se em execução no âmbito do MDS mais três trabalhos avaliativos no Programa Bolsa Família: avaliação de impacto do PBF 2ª rodada; estudo sobre os programas municipais de transferência de renda, e; coleta de dados sobre educação financeira da população inscrita no CadÚnico. 95. O PBF é reconhecido inclusive internacionalmente como sendo o programa social com melhor índice de focalização. Portanto, as questões referentes à adesão das famílias ao programa e ao cumprimento das condicionalidades por parte dessas famílias já foram previamente avaliadas, inclusive pelo TCU. 96. As áreas relacionados ao Bolsa Família que apresentam maiores oportunidades de trabalho são as portas de saída do programa, e a busca ativa de famílias ainda não participantes do PBF, mas que se encontram em situação de pobreza extrema. Ambos os temas são abordados no Plano Brasil sem Miséria, e não foram identificados trabalhos de avaliação já realizados. 3.4 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA 97. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego Pronatec é um conjunto de ações que visa a ampliar a oferta de vagas na Educação Profissional brasileira, melhorando as condições de inserção no mercado de trabalho. 98. O Pronatec está incluído no Plano Brasil sem Miséria por meio de dois objetivos. O primeiro pretende expandir, interiorizar, democratizar e qualificar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica, considerando os arranjos produtivos, sociais, culturais, locais e regionais, a necessidade de ampliação das oportunidades educacionais dos trabalhadores e os interesses e necessidades das populações do campo, indígenas, quilombolas, afrodescendentes, das mulheres de baixa renda e das pessoas com deficiência (0582). 99. O segundo objetivo busca ofertar vagas de educação profissional para jovens e adultos articulada com a elevação de escolaridade e realizar processos de reconhecimento de saberes e certificação profissional (0588). 100. No âmbito do PBSM, o Pronatec é executado na modalidade de Bolsa-Formação Trabalhador. São ofertados cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) para pessoas inscritas no Cadastro Único (Pronatec/PBSM). A articulação da oferta é feita pelo MDS em diálogo com as Secretarias Estaduais e Municipais de Assistência Social e de Trabalho. Os cursos são presenciais e oferecidos gratuitamente a trabalhadores, estudantes e pessoas em vulnerabilidade social por intermédio da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (IFs) e por unidades de serviços nacionais de aprendizagem como o Senac e o Senai. 3.4.1. Aspecto organizacional 101. O Programa Educação Profissional e Tecnológica é de responsabilidade do Ministério da Educação. No MEC, a secretaria responsável é a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec). 102. A rede federal de educação profissional está presente em todo o território nacional. Ela é composta por Institutos Federais, Universidades Tecnológicas, Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), e Escolas Técnicas vinculadas a Universidades. Ao final do primeiro semestre de 2012, estima-se que haverá 435 unidades de ensino. 103. Além disso, existem as redes estaduais e municipais de ensino profissional, bem como entidades privadas e a instituições pertencentes ao Sistema s que também contribuem para essa categoria de ensino. 104. O Pronatec funcionará em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com a participação voluntária dos serviços nacionais de aprendizagem e outras instituições de educação profissional e tecnológica habilitadas. 16

105. Como contrapartida à oferta dessas vagas do Pronatec, a União transferirá recursos financeiros diretamente às instituições. É vedada às instituições a cobrança aos estudantes de taxas de matrícula, custeio de material didático ou qualquer outro valor pela prestação do serviço. Além da gratuidade da mensalidade, o Programa também isenta o beneficiário dos custos com transporte, alimentação e material didático. 3.4.2. Marco regulatório 106. Existem diversos normativos relacionados à Educação Profissional, especialmente portarias e pareceres. Aqui será listada a principal legislação do assunto. 107. A lei que instituiu o Pronatec é a nº 12.513, de 26 de outubro de 2011. Além disso, há a Lei nº 11.892/2008 que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. 108. A Resolução CNE/CP nº 3, de 18 de dezembro de 2002, institui as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a organização e o funcionamento dos cursos superiores de tecnologia. A Resolução nº 1, de 3 de Fevereiro de 2005, atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação para o Ensino Médio e para a Educação Profissional Técnica de nível médio às disposições do Decreto nº 5.154/2004. Além disso, a Resolução CNE/CEB nº 04/99 institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. 109. No âmbito do PBSM, as Resoluções FNDE de nº 66 e nº 72 regulamentam a participação dos Ofertantes de cursos de FIC pelo(s), respectivamente, Sistema s e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs). 3.4.3. Suporte de tecnologia da informação 110. Toda a gestão do Pronatec/PBSM ocorre no Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec). É no Sistec que as prefeituras são habilitadas, as ofertas dos cursos negociados são inseridas, a pré-matrícula e a matrícula efetuadas e as informações de frequência disponibilizadas. O sistema é on-line e pode ser acessado no endereço eletrônico: http://sitesistec.mec.gov.br/. 3.4.4. Aspecto orçamentário 111. Na LOA 2012, integrantes do PBSM, para o objetivo 0582 tem-se a ação 20RW Apoio à Formação Profissional e Tecnológica, com orçamento inicial de R$ 1,25 bilhão; para o objetivo 0588 existe a ação 6358 Capacitação de Recursos Humanos da Educação Profissional, com orçamento de R$ 80 milhões. 112. Destaque-se que apenas parte desses recursos refere-se às ações do Plano Brasil sem Miséria. 3.4.5. Diagrama de blocos Figura 2: Fluxograma do Programa Pronatec/PBSM Rede ofertante pactua vagas a serem ofertadas no Sistec MDS organiza adesão dos municípios Estado/Município mobiliza público alvo, realiza seleção e pré-matrícula Rede ofertante acolhe, ambienta e matricula beneficiários no Sistec Rede ofertante executa cursos e registra freqüência dos trabalhadores no Sistec MTE/SINE realiza intermediação da mão de obra Rede ofertante emite certificado de conclusão de cursos 17

3.4.6. Principais pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades 113. O TCU está finalizando, no primeiro semestre de 2012, uma auditoria operacional, na modalidade de FOC, no âmbito do ensino profissionalizante. O trabalho teve como objetivos analisar: a qualidade do ensino dos Institutos Federais, em termos de infraestrutura e capacitação docente; as estratégias de combate à evasão; estratégias de inserção profissional; políticas de fomento à pesquisa aplicada e à inovação; e, impactos de desenvolvimento regional nas localidades de instalação de novos campi. 114. O trabalho não abordou as redes municipais, estaduais e privadas de educação profissional, bem como não incluiu as principais inovações trazidas pelo Pronatec, como a execução da modalidade Bolsa-Formação Trabalhador, que no âmbito do PBSM, existe a meta de capacitar um milhão e cem mil pessoas até o final de 2014, por meio de cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) com carga horária entre 160 e 400 horas. 115. Releva destacar que, apesar de o MDS e o MEC terem feito o levantamento da capacidade instalada em cada uma das Unidades Ofertantes de cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), verificou-se, por meio de entrevistas com gestores do programa, que as equipes dos CRAS, dos CREAs e dos SINEs estão, ainda, em fase de adequação para terem acesso às informações e conhecimento sobre a oferta do Pronatec-PBSM na sua região e prestarem esclarecimentos a interessados, acolher, ambientar e, finalmente, encaminhá-los ao setor da Prefeitura para efetuarem a inscrição. 116. Deste modo, as ações do Pronatec implementadas especificamente para o alcance da meta do PBSM são recentes e, por isso, seria mais oportuno aguardar pelo menos mais um ano para a realização de trabalhos no programa de educação tecnológica e profissional com foco nas ações específicas do PBSM. 3.5 ENERGIA ELÉTRICA 117. O programa temático Energia Elétrica, no PPA 2012-2015, possui um objetivo relacionado ao Plano Brasil sem Miséria. O objetivo 0045, universalizar o acesso à energia elétrica, possui como uma das suas metas o atendimento integral da população assistida pelo Programa Brasil sem Miséria, através do Luz para Todos e da Universalização. 118. O Programa Luz para Todos tem o objetivo de propiciar o atendimento em energia elétrica à parcela da população do meio rural brasileiro que ainda não possui acesso a esse serviço público. O programa se propõe a contemplar demandas no meio rural mediante uma das três possibilidades: extensão de redes de distribuição, sistemas de geração descentralizada com redes isoladas ou sistemas individuais. 3.5.1. Aspecto organizacional 119. O Programa Luz Para Todos foi instituído em 2003, cabendo a coordenação ao Ministério de Minas e Energia MME e a operacionalização às Centrais Elétricas Brasileiras S. A. Eletrobrás e suas empresas controladas. 120. O Governo Federal, os Estados e os Agentes Executores devem assinar um Termo de Compromisso, com a interveniência da Agência Nacional de Energia Elétrica Aneel e das Centrais Elétricas Brasileiras Eletrobrás, no qual são definidas as metas anuais de atendimento no meio rural e os percentuais de participação financeira de cada uma das fontes de recursos, que podem ser oriundas da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e da Reserva Global de Reversão (RGR), de origem federal, dos governos estaduais envolvidos e dos Agentes Executores concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica e cooperativas de eletrificação rural, sendo permitida também a utilização de recursos de outros órgãos da Administração Pública e de outros agentes. 121. As concessionárias e as permissionárias de distribuição de energia elétrica, assim como as cooperativas de eletrificação rural, devem elaborar um Programa de Obras, para quantificar o número de consumidores a serem atendidos, detalhar os materiais, equipamentos e serviços, com os respectivos custos, utilizados para o cumprimento das metas de atendimento firmadas no Termo de Compromisso. Tal Plano de Obras deve ser apresentado à Eletrobrás, para 18

análise técnica e orçamentária e posterior encaminhamento ao Ministério de Minas e Energia Diretoria do Programa Luz Para Todos, para parecer e definição da forma de transferência dos recursos necessários. 3.5.2. Marco regulatório 122. O Decreto nº 4.873, de 11.11.2003, alterado pelo Decreto nº 7.324, de 2010, instituiu o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica Luz Para Todos destinado a propiciar o atendimento em energia elétrica à parcela da população do meio rural brasileiro que ainda não possui acesso a esse serviço público. 3.5.3. Aspecto orçamentário 123. As fontes de financiamento dos investimentos necessários ao atendimento do respectivo público-alvo são provenientes de recursos públicos transferidos aos agentes executores (concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica) a título de subvenção econômica (fundo perdido) e de financiamento subsidiado. 124. Os recursos financeiros para o custeio do Programa são oriundos da Conta de Desenvolvimento Energético CDE, instituída como subvenção econômica pela Lei nº 10.438/2002, da Reserva Global de Reversão RGR, instituída pela Lei nº 5.655/1971, de agentes do setor elétrico, da participação dos Estados, Municípios e outros destinados ao Programa. 125. A CDE refere-se a valor anual estabelecido pela Aneel com a finalidade de prover recursos para o desenvolvimento energético dos Estados, para a competitividade da energia produzida a partir de fonte eólica, pequenas centrais hidrelétricas, biomassa, gás natural e carvão mineral e para promover a universalização do serviço de energia elétrica. Os recursos necessários ao seu funcionamento são provenientes dos pagamentos anuais realizados a título de uso de bem público, das multas aplicadas pela Aneel, e dos pagamentos de quotas anuais por parte de todos os agentes que comercializem energia elétrica com o consumidor final. 126. A Reserva Global de Reversão (RGR), criada pelo Decreto nº 41.019/57, refere-se a valor anual estabelecido pela Aneel com a finalidade de: i) prover recursos para reversão, encampação, expansão e melhoria do serviço público de energia elétrica; ii) financiar fontes alternativas de energia elétrica, estudos de inventário e de viabilidade de aproveitamentos de potenciais hidráulicos; e iii) promover o desenvolvimento e a implantação de programas destinados a combater o desperdício e uso eficiente da energia elétrica. Seu valor anual equivale a 2,5% dos investimentos efetuados pela concessionária em ativos vinculados à prestação do serviço de eletricidade, limitado a 3,0% de sua receita anual. A quota de RGR é paga mensalmente pelas concessionárias à Eletrobrás, que é a gestora dos recursos arrecadados para esse fim. 127. A maior parte dos investimentos do Programa é realizada com recursos desses fundos, que, conforme apresentado, são constituídos de valores arrecadados por meio das tarifas de energia elétrica cobradas de todos os consumidores do país. Dessa forma, até consumidores localizados em áreas com elevado índice de atendimento, como o Distrito Federal, contribuem para a universalização. 128. A estimativa de investimentos para atendimento de 2,9 milhões de Unidades Consumidoras UCs corresponde a R$ 20 bilhões. 3.5.4. Diagrama de blocos Figura 3: Programa Luz para Todos 19

Fonte: TCU. 3.5.5. Principais pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades 129. Em 2010, atendendo à solicitação da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, o TCU realizou auditoria no programa Luz para Todos e na Tarifa Social, os quais integram as políticas públicas voltadas para a universalização do serviço de distribuição de energia elétrica. No Luz para Todos, a fiscalização avaliou os seguintes riscos: impacto indevido nas tarifas de energia elétrica decorrente de eventuais falhas nas fiscalizações efetuadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); público-alvo não ser atendido em sua totalidade até o final do prazo estipulado para o encerramento do programa, previsto para 31 de dezembro de 2011. 130. No que diz respeito ao Luz para Todos, o TCU verificou que, entre janeiro de 2004 e outubro de 2010, foram atendidas mais de 2,5 milhões de famílias, o equivalente a 86% da meta. Essa execução exigiu a contratação de obras no valor aproximado de R$ 15 bilhões. 131. O TCU verificou que ainda resta ser beneficiada parcela relevante da população, pelo menos 830 mil famílias, localizada principalmente nas regiões mais isoladas do Brasil. A partir desse cenário, foi possível concluir que o grande desafio da universalização ainda deverá ser enfrentado no atendimento à população que se localiza em áreas remotas, o que demanda grande volume de investimentos e tecnologias de geração de energia elétrica ainda pouco utilizadas no país, a exemplo da energia solar. 132. A auditoria constatou, ainda, falhas e oportunidades de melhorias relacionadas aos métodos de fiscalização utilizados pela Aneel direta ou indiretamente, por meio da Eletrobrás, para fins de fiscalização do programa, o que pode ocasionar impactos indevidos nas tarifas de energia elétrica. Essas falhas estão relacionadas, principalmente, aos modelos estatísticos utilizados nas fiscalizações. 133. Na auditoria conduzida no programa Luz para Todos, que culminou com o Acórdão 371/2011-Plenário, o TCU determinou aos órgãos e instituições envolvidas (Ministério de Minas e Energia MME, Aneel e Eletrobras) a realização de estudos para o aperfeiçoamento do planejamento de suas ações, de forma a possibilitar o efetivo atendimento da universalização do público-alvo mais vulnerável, sem que ocorressem impactos tarifários indevidos. 134. Além disso, também houve auditoria de conformidade executada pela Secex/AC no Programa Luz Para Todos, no Estado do Acre, com o objetivo de averiguar a legalidade dos respectivos procedimentos licitatórios, contratos e processos de pagamentos (TC 003.564/2006-8). 135. Portanto, em que pese o Luz para Todos ainda não ter alcançado a totalidade de sua meta, não se mostra oportuno, no momento, a realização de trabalhos pelo TCU no programa. 3.6 FORTALECIMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) 20