RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA (elaborado nos termos do artigo155º do C.I.R.E.) Notas prévias: Publicidade de Sentença efetuada no Portal Citius em 14-01-2014 Reunião realizada com o insolvente em 13-02-2014 1. INSOLVENTE: ANTÓNIO MOREIRA DA SILVA NIF: 189 923 962 DATA DE NASCIMENTO: 14-02-1962 RESIDÊNCIA: Rua Doutor José Araújo Carneiro, nº 272, Cavalões, 4760 450 Cavalões Nº DE DEPENDENTES: 1 SITUAÇÃO FACE AO EMPREGO: Desempregado ESTADO CIVIL: Casado 2. ACTIVIDADE A QUE SE DEDICOU NOS ÚLTIMOS 3 ANOS E PRINCIPAIS CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL - Artigo 155ª, nº 1, alínea a) do CIRE - Análise dos elementos incluídos no documento referido no artigo 24ª, nº 1, alínea c) do CIRE- A Actividade O insolvente é uma pessoa singular, casado catolicamente com Maria José Barbosa Fernandes desde 27-06-1998 no regime de separação de bens. Do seu casamento nasceu uma filha, atualmente com 13 anos de idade. Quanto à situação profissional, o insolvente encontra-se desempregado, estando inscrito no Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. desde 04-04-2013, sendo referido na Petição Inicial O Requerente não aufere qualquer outro rendimento ou subsídio, sobrevivendo às custas da retribuição auferida pela esposa como Técnico Qualificado de 5º Nível (Têxtil) na sociedade Confetil Confeções Têxteis, S.A. que atualmente se encontra penhorado ( ) quem provém o seu sustento, e ao da sua filha menor, é a sua esposa ( ) é igualmente com a retribuição auferida pela sua esposa que cumprem todas as despesas do seu quotidiano, vestuário e ainda custeiam, os estudos da filha. 1/5
Todavia, sabe-se que a esposa do ora insolvente também foi declarada insolvente no âmbito do processo nº 3364/13.2TJVNF, que corre termos no 1º Juízo Cível dos Juízes Cíveis de Vila Nova de Famalicão. No que concerne à atual residência do insolvente, este informou a AI, na reunião realizada, que vive com a sua esposa e filha de favor em casa de uma irmã. B Da Declaração de Insolvência A presente declaração de insolvência foi requerida pelo próprio insolvente, alegando para o efeito é patente que o Requerente se encontra numa situação económica que não lhe permite cumprir as obrigações por si assumidas e já vencidas, sendo manifesto que o passivo é superior ao ativo. C Causas da Situação Atual Quanto às causas da sua situação actual, pelo que foi dado a conhecer à administradora de insolvência, nomeadamente, do teor da Petição Inicial, da reunião realizada, bem como dos elementos acarreados pelo insolvente, nos termos do disposto no artigo 24º nº 1, alínea c) do CIRE, sabe-se que: O insolvente foi sócio e gerente da sociedade Agroazevedo Sociedade Agro-Pecuária, Lda., NIPC: 506 414 965, e sócio e gerente da sociedade Agronovais Agro-Pecuária, Lda., NIPC: 506 414 760. De acordo com o que vem dito na P.I. no desenvolvimento da atividade das empresas das quais era sócio e gerente, teve necessidade de, e não raras vezes, se constituir avalista das mesmas, acabando também por arrastar a sua esposa para essa situação ( ) e se até determinado momento não tiveram quaisquer problemas, uma vez que as sociedades conseguiam cumprir com as obrigações assumidas, com o agravar da crise económica, também estas sociedades começaram a ter dificuldades de tesouraria, os pagamentos foram sucessivamente atrasados, até que entraram em incumprimento definitivo ( ) atendendo ao facto de o Requerente e da sua esposa terem garantido pessoalmente algumas obrigações contraídas pelas sociedades já referidas, a partir do momento em que se deu o incumprimento definitivo, os credores acionaram as garantias existentes, tendo intentado ações executivas. Decorrente do acima referido, sabe-se que a sociedade Agroazevedo Sociedade Agro-Pecuária, Lda. foi declarada insolvente por Douta Sentença proferida a 28-03-2012. Por sua vez, a sociedade Agronovais Agro-Pecuária, Lda. encontra-se inativa, segundo informações obtidas pela AI junto do insolvente e da Técnica Oficial de Contas que exerceu funções naquela sociedade. Do que foi dito pelo insolvente, por força da declaração de insolvência e inactividade daquelas sociedades, onde exercia a sua atividade, ficou sem qualquer rendimento. Na Petição Inicial vem dito a situação financeira do Requerente agudizou-se com a declaração de insolvência da sociedade Agroazevedo Sociedade Agro-Pecuária, Lda. atualmente em liquidação, uma vez que os credores concentram as suas atenções naquele (e na sua esposa), no sentido de obterem o pagamento dos seus créditos. 2/5
Sucede que, face ao incumprimento das obrigações assumidas por aquelas sociedades, e para as quais o insolvente deu o seu aval, foi o mesmo demandado para o seu cumprimento. Todavia, atendo à atual situação de desemprego do insolvente e aos rendimentos auferidos pelo seu agregado familiar, torna-se clara a insuficiência económica do insolvente para saldar as suas obrigações. Nota conclusiva: Da análise dos elementos constantes na petição inicial, bem como das diligências efetuadas pela administradora de insolvência, conclui-se que a situação de insolvência do insolvente adveio, essencialmente, como corolário da atividade exercida nas sociedades de que foi sócio gerente, às quais deu o seu aval em diversas obrigações contraídas por aquelas sociedades que, não tendo as mesmas sido cumpridas, foi o insolvente demandado judicialmente para o seu cumprimento. Porém, atendendo à declaração de insolvência /inactividade das sociedades, o insolvente ficou em situação de desemprego, não dispondo, por conseguinte de rendimentos necessários para saldar as obrigações por si assumidas e avalizadas. Consequentemente, entrou em incumprimento generalizado culminando na sua situação de insolvência. Conclui-se, assim, que a situação de insolvência não se funda em culpa pessoal, mas antes como corolário das circunstâncias antes descritas. 3. ANÁLISE ESTADO DA CONTABILIDADE DO DEVEDOR E OPINIÃO SOBRE OS DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA - Artigo 155ª, nº 1, alínea b) do CIRE Não aplicável por força da alínea f) do nº 1 do artigo 24º do CIRE (não têm contabilidade organizada) 4. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA DO DEVEDOR, NO TODO OU EM PARTE, DA CONVENIÊNCIA DE SE APROVAR UM PLANO DE INSOLVÊNCIA, E DAS CONSEQUENCIAS DECORRENTES PARA OS CREDORES NOS DIVERSOS CENÁRIOS FIGURÁVEIS - Artigo 155ª, nº 1, alínea c) do CIRE Pelo que foi possível apurar, decorrente das diligências efetuadas, inclusive das buscas efetuadas junto da Administração Tributária e Serviços de Registo Predial e Automóvel, verifica-se que: 1. O insolvente, à data, encontra-se inscrito no Centro de Emprego de Vila Nova de Famalicão, desde 04-04-2013, com o ID 5512138. Da petição inicial resulta o Requerente não apresenta qualquer rendimento ; 2. Ainda do referido na P.I. e da análise dos documentos juntos, verifica-se que o agregado familiar vive unicamente dos rendimentos auferidos pelo cônjuge do insolvente em compensação do seu trabalho que, face às penhoras sobre os mesmos, se cifra no valor mensal líquido de 485,00 euros; 3/5
3. Sob o ponto de vista da propriedade, é conhecido ao insolvente um prédio rústico, sito na freguesia de Cavalões, correspondente à verba nº1 do inventário de bens; 4. O insolvente é ainda titular de uma quota na sociedade Agronovais Agro-Pecuária, Lda., NIPC 506 414 760, com um valor nominal de 97.500,00 euros. Todavia, das diligências encetadas junto do insolvente e da Contagrigest Contab. Gestão, Lda aferiu-se que a sociedade Agronovais Agro-Pecuária, Lda encontra-se inactiva; 5. Da última IES disponibilizada pela TOC (que segundo informou, cessou funções em 26-07-2011) aferiu-se ainda que a sociedade apresentava, no exercício económico de 2008, um capital próprio negativo superior a 150.000,00. Consequentemente, a quota societária pertencente ao insolvente não apresenta, à data, qualquer valor comercial; 6. Na reunião realizada com o insolvente, este informou a AI que não é beneficiário de qualquer contrato de arrendamento ( ) não é titular de quaisquer direitos creditórios ( ) não é detentor de bens móveis em regime de aluguer ou locação financeira ou venda com reserva de propriedade ; 7. Pelo que se verifica que, atualmente, face à ausência de rendimentos auferidos pelo insolvente, não existe possibilidade de este vir a gerar receitas suficientes para fazer face às suas obrigações. Assim, perante os créditos existentes, e perante a inexistência de rendimentos, a única forma de satisfazer (parte) dos créditos que vierem a ser apurados é a liquidação célere do património que o insolvente possui. Pelo que a AI PROPÕE à assembleia de Credores: a) A liquidação do património do insolvente. 5. EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE Na petição inicial, vieram os insolventes requerer ao Tribunal, que fosse concedida a exoneração do passivo restante, nos termos do disposto no artigo 235º e seguintes do CIRE. Para tal, declararam, expressamente, que preenchem todos os pressupostos estabelecidos na Lei para o efeito e comprometem-se a observar todas as condições legais que lhe venham a ser impostas. Ora, a administradora de insolvência não tem conhecimento de que o insolvente se enquadre em nenhuma das situações previstas no artigo 238º n.º 1 do CIRE. 4/5
6. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO - Artigo 155ª, nº 1, alínea e) do CIRE Na Petição Inicial vem referido é manifesto que o passivo é superior ao ativo, uma vez que este é composto, apenas por metade indivisa de dois prédios rústicos. E nessa sequência, foram arrolados pelo insolvente, nos termos do disposto na al. e) do nº1 do artigo 24º do CIRE, dois prédios rústicos descritos sob os nº 224 e 164, em compropriedade com o seu cônjuge. Todavia, sucede que, Quanto ao bem imóvel descrito na Conservatória do Registo Predial de Vila Nova de Famalicão sob o nº 224, o mesmo foi vendido a Moreifil, Lda., conforme Ap. 2188 de 2010/07/23. No que concerne ao prédio rústico descrito na Conservatória do Registo Predial de Vila Nova de Famalicão sob o nº 164, pese embora o mesmo tenha sido arrolado a favor do insolvente enquanto comproprietário, o mesmo será apreendido a favor da massa insolvente na sua totalidade. Ora, o insolvente é casado desde 27-06-1998 no regime da separação de bens. Da Ap. 38 de 2002/01/24 resulta como sujeito ativo do referido prédio o ora insolvente no estado de casado com Ana Paula Machado dos Santos Figueiredo. Pelo que, atendendo ao regime de casamento que vigora entre o insolvente o seu cônjuge e não resultando da Ap. 38 de 2002/01/24 a aquisição de ½ indivisa a favor do cônjuge do insolvente, o mesmo corresponde a bem próprio do ora insolvente. Pede deferimento, Muito atentamente A administradora de insolvência ANEXOS: Lista provisória de credores Inventário de Bens 5/5