PROTOCOLO PARA EXTRAÇÃO DE DNA GENÔMICO DE Anacardium giganteum W. HANCOCK EX ENGL. (ANACARDIACEAE)



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Transcrição:

PROTOCOLO PARA EXTRAÇÃO DE DNA GENÔMICO DE Anacardium giganteum W. HANCOCK EX ENGL. (ANACARDIACEAE) Bruna Mezzalira da Silva 1, Edinéia Zulian Dalbosco 1, Nádia Botini 1, Rodrigo Brito de Faria 1, Ana Aparecida Bandini Rossi 2 1 Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas PGMP/ Universidade do Estado de Mato Grosso UNEMAT. Email: bruna_mezzalira@hotmail.com 2 Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas. Professora do Laboratório de Genética Vegetal e Biologia Molecular. Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias. PPGBioAgro; PGMP; PPGBioNorte Universidade do Estado de Mato Grosso. Recebido em: 30/09/2014 Aprovado em: 15/11/2014 Publicado em: 01/12/2014 RESUMO A determinação do protocolo de extração do DNA genômico é uma técnica que tem sido empregada em todo mundo para caracterização à nível de DNA. Cada vegetal em particular tem a sua quantificação de metabólitos secundários, como fenóis, polissacarídeos, taninos, óleos essências, entre outros, e estes compostos interferem significativamente na integridade física do DNA, portanto o objetivo deste trabalho foi padronizar um protocolo para a extração de DNA da espécie Anacardium giganteum, visando posteriores estudos com análises moleculares por meio de marcadores moleculares. Foram testados dois protocolos de extração: I Maceração do tecido foliar diretamente no tampão de extração e II Maceração do tecido foliar com nitrogênio líquido. Em ambos os protocolos foram testadas duas concentrações de CTAB no tampão de extração (2% e 5%) e três concentrações de β- mercaptoetanol (0, 1% e 2,5%). O tampão com a concentração de 5% de CTAB foi o mais eficiente para a extração de DNA da espécie em ambos os protocolos. Quanto à concentração de β-mercaptoetanol no tampão de extração, observou que nenhuma das três concentrações (0, 1% e 2%) interferiu no resultado, os dois protocolos testados foram eficientes quando utilizando a concentração de CTAB 5%. PALAVRAS-CHAVE: Cajú, CTAB, Maceração. PROTOCOL FOR EXTRACTION OF GENOMIC DNA FRON Anacardium giganteum W, HANCOCK EX ENGL, (ANACARDIACEAE) ABSTRACT The determination of the extraction protocol of the genomic DNA is a technique that has been used worldwide to characterize the level of DNA, each plant has its special quantification of secondary metabolites as phenols, polysaccharides, tannins, oils essences, among others, and these compounds significantly effects with the physical integrity of the DNA, so the aim of this study was to standardize a protocol for extraction of DNA of the species Anacardium giganteum aiming further studies with molecular analysis using molecular markers. Two extraction protocols were tested: I maceration of leaf tissue directly in extraction buffer and II maceration of leaf tissue ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2401 2014

with liquid nitrogen. In both protocols the two concentrations of CTAB extraction buffer (2% to 5%) and three different concentrations of β-mercaptoethanol (0, 1% and 2.5%) were tested. The buffer at the concentration of 5% CTAB was the most efficient for the extraction of DNA from the species in both protocols. As the concentration of β-mercaptoethanol in the extraction buffer, noted that none of the three concentrations (0, 1% and 2%) effects with the results, the two protocols were tested using efficient when the concentration of CTAB 5%. KEYWORDS: Cajú, CTAB, Maceration. INTRODUÇÃO A família Anacardiaceae destaca-se por apresentar 14 gêneros e 57 espécies no Brasil (SILVA-LUZ & PIRANI, 2010). Dentre estes gêneros, pode-se destacar o Anacardium, o qual apresenta grande potencial, pois todas as suas espécies podem ser aproveitadas para diversos fins como ser consumidas in natura ou industrializadas sob a forma de sucos, sorvetes, doces diversos, licor, mel, geléias, cajuína, refrigerantes gaseificados, vinho e aguardente (LIMA et al., 2007). A Anacardium giganteum W. Hancock ex Engl, apresenta a maior área de distribuição geográfica na Amazônia, abrangendo todos os estados da Região Amazônica, indo desde o Maranhão, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Pará, Amazonas e Roraima e estendendo-se até as Guianas. É bastante comum no Pará, especialmente nas matas estuarinas, incluindo a Zona Bragantina e o Baixo Tocantins, onde podem ser encontradas em matas altas de terra firme ou de várzea (CAVALCANTE, 1996). Tem como nome vulgar cajuaçu, é conhecido em algumas regiões do Estado do Pará, como caju-bravo, caju-da-mata, cajueiro-da-mata, cajuí, cajuí-da-mata (EMBRAPA, 2004). Devido à alta demanda dos produtos derivados do caju destinado aos consumidores interno ou externo do Nordeste brasileiro (PETINARI & TARSITANO, 2002), torna-se necessário estudos moleculares para analisar a diversidade genética, pois a quantificação da diversidade genética auxilia no planejamento de estratégias mais eficazes que venham a maximizar a utilização dos recursos genéticos com vista a sua conservação. No entanto estudos moleculares dependem diretamente da qualidade do DNA extraído, portanto a otimização e estabelecimento de protocolos de extração são necessários visto que, um bom procedimento de extração deve produzir DNA de pureza, qualidade e quantidades adequadas para manipulação (ROMANO, 1998). Segundo CHIARIET et al. (2009), os métodos convencionais de extração de DNA são executáveis em todas as espécies, sendo necessário adaptações e modificações de acordo com o organismo trabalhado. Os protocolos de extração existentes na literatura usam detergentes catiônicos como o CTAB (Brometo de Cetil Trimetil Amônio) e outras substâncias como Fenol e clorofórmio, com modificações pontuais de acordo a espécie em questão. Os ajustes de protocolo são feitos para que a extração de DNA seja simples, rápida e de baixo custo e obtenha-se DNA de qualidade para análises moleculares (DANNER et al., 2011). O isolamento de DNA é uma etapa importante para os estudos que visam analisar a estrutura genética e/ou a organização do genoma. Preparações de DNA vegetal são, comumente, utilizadas como substratos em reações de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), estudos filogenéticos ou no desenvolvimento de marcadores moleculares. Neste contexto o presente estudo objetivou padronizar um ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2402 2014

protocolo para a extração de DNA da espécie Anacardium giganteum, visando posteriores estudos com análises moleculares por meio de marcadores moleculares. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Genética Vegetal e Biologia Molecular da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Campus Universitário de Alta Floresta, MT. Material vegetal: Para a realização dos testes de extração de DNA foram coletadas folhas jovens de indivíduos de Anacardium giganteum localizados no Campus Universitário de Alta Floresta, MT. O material foi coletado armazenado em recipiente contendo sílica gel e logo em seguida realizado os procedimentos laboratoriais para a extração do DNA. Extração do DNA total: Os testes de extração do DNA foram realizados tendo como base o protocolo de extração de tecidos vegetais CTAB (Brometo de Cetil Trimetil Amônio) de (DOYLE & DOYLE, 1987). Foram avaliados dois protocolos de extrações com modificações nas concentrações de CTAB e β-mercaptoetanol, conforme descrito abaixo: Protocolo I: Extração de DNA total por meio de maceração do tecido foliar diretamente em solução tampão de extração Foram utilizadas cerca de 150 a 200 mg de folhas jovens frescas, as quais foram colocadas em microtubos de 2 ml, adicionados 400 µl de tampão e realizada a maceração com bastão de vidro e, a seguir, acrescentado ao macerado mais 400 µl do tampão CTAB, totalizando 800µL (100 mm Tris-HCl (ph 8,0); 20mM de EDTA (ácido etileno diamonotetracético); 1,4M NaCl; (PVP) polivinilpirrolidona; (CTAB) brometo de cetiltrimetilamônio; Proteinase K (100 µg/ml) e β-mercaptoetanol). Foram testadas duas concentrações de CTAB no tampão 2% e 5% e diferentes concentrações de β-mercaptoetanol (0 %, 1 % e 2,5 %). Logo após a adição de cada tampão com as devidas concentrações a mistura foi agitada em Vórtex por 1 minuto e as amostras foram incubadas em banho-maria a 65 ºC por 30 minutos. Após a incubação, as amostras foram retiradas do banho-maria e resfriadas à temperatura ambiente. A seguir as amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 12.000 rpm, separando-se as fases orgânica e aquosa. A fase aquosa (sobrenadante) foi transferida para um novo tubo. Para a extração dos ácidos nucléicos, foi adicionado 700 µl de solvente orgânico clorofórmio: álcool isoamílico (24:1 v/v) com subsequente agitação por 1 minuto em vórtex. As amostras foram novamente submetidas à centrifugação por 10 minutos a 12.000 rpm, separando-se em duas fases. O sobrenadante foi cuidadosamente retirado e transferido para um novo microtubo, no qual adicionou-se 500µL de isopropanol gelado, em seguida os tubos foram invertidos suavemente algumas vezes e incubados a -20 C, por 3 horas para precipitação. Após este período, os tubos foram novamente centrifugados, a 12.000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi descartado e o precipitado lavado duas vezes com etanol a 70 % e uma vez com etanol a 95 %, a cada lavagem as amostras foramcentrifugados a 10.000 rpm por 3 minutos. O precipitado foi seco à temperatura ambiente e ressuspendido em 40 µl de TE 0,1 mm (10 mm Tris-HCl; 1mM EDTA). Adicionou-se RNase, na concentração final de 40µg/ml e incubou-se em banho-maria a 35 ºC, por 30 minutos. As amostras foram acondicionadas a 4 C para o uso posterior. Protocolo II: Extração do DNA total do tecido foliar por meio da maceração com nitrogênio líquido ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2403 2014

Para a maceração com a presença de nitrogênio líquido foram utilizadas cerca de 150 a 200 mg de folhas jovens frescas, as quais foram maceradas na presença de nitrogênio liquido para que as paredes e membranas celulares fossem rompidas, o macerado resultante foi transferido para microtubos de 2 ml. Em cada microtubo foram adicionados 800µL de tampão de extração CTAB (100 mm Tris-HCl (ph 8,0); 20mM de EDTA (ácido etileno diamonotetracético); 1,4M NaCl; (PVP) polivinilpirrolidona; (CTAB) brometo de cetiltrimetilamônio; Proteinase K (100 µg/ml) e β-mercaptoetanol). Foram testadas duas concentrações de CTAB no tampão 2% e 5% e diferentes concentrações de β-mercaptoetanol (0 %, 1 % e 2,5 %). Logo após a adição de cada tampão com as devidas concentrações a mistura foi agitada em Vórtex por 1 minuto e as amostras foram incubadas em banho-maria a 65 ºC por 30 minutos. Após a incubação, as amostras foram retiradas do banho-maria e resfriadas à temperatura ambiente. A seguir as amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 12.000 rpm, separando-se as fases orgânica e aquosa. A fase aquosa (sobrenadante) foi transferida para um novo tubo. Para a extração dos ácidos nucléicos, foi adicionado 700 µl de solvente orgânico clorofórmio: álcool isoamílico (24:1 v/v) com subsequente agitação por 1 minuto em vórtex. As amostras foram novamente submetidas à centrifugação por 10 minutos a 12.000 rpm, separando-se em duas fases. O sobrenadante foi cuidadosamente retirado e transferido para um novo microtubo, no qual adicionou-se 500µL de isopropanol gelado, em seguida os tubos foram invertidos suavemente algumas vezes e incubados a -20 C, por 3 horas para precipitação. Após este período, os tubos foram novamente centrifugados, a 12.000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi descartado e o precipitado lavado duas vezes com etanol a 70 % e uma vez com etanol a 95 %, a cada lavagem as amostras foram centrifugados a 10.000 rpm por 3 minutos. O precipitado foi seco à temperatura ambiente e ressuspendido em 40 µl de TE 0,1 mm (10 mm Tris-HCl; 1mM EDTA). Adicionou-se RNase, na concentração final de 40µg/ml e incubou-se em banho-maria a 35 ºC, por 30 minutos. As amostras foram acondicionadas a 4 C para o uso posterior. Análise da integridade do DNA extraído: Para avaliar a qualidade e integridade do DNA extraído foi realizada eletroforese em gel de agarose 1 % corado com brometo de etídio (0,2 mg/ml). Os géis foram analisados em transiluminador sob luz ultravioleta e fotodocumentados por câmera digital (Sony). RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme apresentado na Figura 01, a concentração de CTAB no tampão de extração interferiu no resultado dos dois protocolos, com maceração na presença de nitrogênio liquido e com a maceração diretamente no tampão de extração. O tampão de extração com o CTAB na concentração de 2% não foi eficiente para a extração de DNA nos dois protocolos. Porém o tampão de extração com a concentração de 5% de CTAB possibilitou a extração de DNA da espécie em estudo nos dois protocolos analisados. Estudos realizados com diferentes concentrações de CTAB no tampão de extração foram avaliados por diferentes autores estudando diversas espécies, FERREIRA et al. (2008) ao realizar testes de extração verificou que a concentração de CTAB 2% não foi eficiente para extração de DNA do buriti, resultados semelhantes foram encontrados por VARELLA et al. (2013) ao estudarem genótipos de Averrhoa carambola L, testando dois protocolos de extração com CTAB nas ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2404 2014

concentrações de 2% e 5%, como no presente estudo a concentração de CTAB que teve maior eficiência foi de 5%. HIKMAT & RABBANI, 2011, em seu estudo com genótipos Curcuma Longa não obteve resultados satisfatórios ao utilizar CTAB 2%, assim como o trabalho realizado por SCHMITT et al. (2014) no qual o CTAB 2% não foi eficiente enquanto que a concentração de 5% se mostrou eficaz em trabalho com Cúrcuma longa. Segundo ROMANO & BRASILEIRO (1999), o CTAB é utilizado para separar os ácidos nucléicos de polissacarídeos, já que estes possuem solubilidade diferenciada na presença desse detergente, podendo, portanto inferir que o material foliar da espécie em estudopossui grandes quantidades de polissacarídeos. FIGURA 01. Resultado da extração de DNA de Anacardium giganteum sob diferentes formas de maceração com a presença de nitrogênio líquido (CN) e diretamente no tampão de extração (TE), duas concentrações de CTAB (2% e 5%) e três de β-mercaptoetanol. Os números 0, 1 e 2 significam 0%, 1% e 2% de β- mercaptoetanol respectivamente. FONTE: SILVA, 2014. Quanto à forma de maceração nos dois protocolos, os dois métodos foram eficientes e capazes de proporcionar uma boa quantidade de DNA. Os DNAs extraído pelos dois métodos não apresentaram arraste vertical no gel causado por contaminação de DNAses ou por quebra mecânica durante a extração com o clorofórmio (ROMANO & BRASILEIRO, 1999). Diferentes métodos de extração de DNA surgiram nas últimas décadas, na sua maioria utilizando o nitrogênio líquido (KOTCHONI & GACHOMO, 2009) devido à facilidade e segurança, pois é na maceração mecânica, onde há o rompimento das paredes e membranas celulares do tecido. O intuito de macerar o tecido foliar é facilitar a separação e o isolamento do material genético, (FERREIRA & GRATTAPAGLIA, 1998). É de grande importância a utilização de substâncias antioxidantes na extração de DNA como o β-mercaptoetanol utilizado para neutralizar a ação dos polissacarídeos, polifenóis e outros metabólitos secundários no processo de isolamento de DNA (DEHESTANI & TABAR 2007). Para a espécie em estudo, foram avaliadas três concentrações de β-mercaptoetanol no tampão de extração de DNA, e conforme resultados obtidos, a concentração de β-mercaptoetanol não interferiu na ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2405 2014

quantidade do DNA extraído com o CTAB na concentração de 5% em ambos os tipos de maceração. CONCLUSÕES Os resultados demonstraram que para a extração do DNA das folhas de Anacardium giganteum os protocolos I: Extração de DNA total por meio de maceração do tecido foliar diretamente em solução tampão de extração, e II: Extração do DNA total do tecido foliar por meio da maceração com nitrogênio líquido, foram eficientes quando utilizando a concentração de CTAB 5%. A concentração de β-mercaptoetanol não interferiu na quantidade do DNA extraído. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6º Ed. Belem: Cnpq/Museu Paraense Emílio Goeldi (Coleção Adolpho Ducke). 1996. CHIARI, L,; VALLE, J. V. R.; RESENDE, R. M. S. Comparação de três métodos de extração de DNA genômico para análises moleculares em Stylosanthes guianense, circular técnica nº 36, EMBRAPA, 2009. DANNER, M. A.; SASSO, S. A. Z.; BITTENCOURT, J. V. M.; CITADIN, I.; SACHET, M. R. Proposta de protocolo para extração de DNA de Jabuticabeira. Ciência Florestal. v.21, p. 363-367, 2011. DESHMUKH, V. P.; THAKARE, P. V.; CHAUDHARI, U. S.; GAWANDE, P. A. A simple method for isolation of genomic DNA from fresh and dry leaves of Terminalia arjuna (Roxb.) Wight and Argot. Electronic Journal of Biotechnology, v.10, p.468-472, 2007. DOYLE, J. J; DOYLE, J. L.A rapid DNA isolation procedure for small amounts offresh leaf tissue.phytochemical Bulletin, v. 19, p.11 15, 1987. EMBRAPA, 2004. Espécies arbóreas da Amazônia. Nº 3: Cajuaçu, Anacardium giganteum. Disponível em: www.dendro.cnptia.embrapa.br. Acessado em:13/09/2014. FERREIRA, M. E.; GRATTAPAGLIA, D. Introdução ao uso de marcadores moleculares. 3.ed. Brasília: Embrapa-CENARGEN, 220 p, 1998. FERREIRA, M. F. M.; PIMENTA, M. A. S.; JÚNIOR, A. F. M.;TISSOT, S. A.;FERREIRA, P. H. G.;VALÉRIO, H. M.;OLIVEIRA, D. A.Avaliação da eficiência de três metodologias de extração de DNA do buriti (Mauritia flexuosa Mart.) a partir de folhas e caule. In: IX Simpósio Nacional do Cerrado. Brasília, 2008. HIKMAT, U. J; RABBANI, M. ASHIQ; SHINWARI, Z. K. Assess mentof genetic diversity of indigenous turmeric (Curcuma longa L.) germplasm from Pakistan usingrapd markers. Journal of Medicinal Plants Research, v. 5, p. 823-830, 2011. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2406 2014

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