Mauricio de Sousa Mario Sergio Cortella Lições ilustradas com a Turma da Mônica 00010_18_Vamos Pensar + um pouco_cortella_miolo.indd 3 5/2/18 11:38 AM
Mauricio! Cortella! Quanto tempo! Desde o lançamento do nosso livro... Que, por sinal, está fazendo um sucesso!
Contamos tanta coisa Bacana... E ainda há muito pra falar! Vamos Lançar outro? Hum... Será que a Turma da Mônica topa participar de novo? SIM!!
Sumário Novo jeito de olhar...8 Coloração do tempo...10 Bom dia!...12 Os grandes de verdade...14 Falou bonito Será?...16 Arte à mesa...18 Virtude cívica...20 Psiuuuu...22 O bem silencioso...24 Não, não de novo, não!...26 Bem lembrado...28 Pausa do bicho-carpinteiro...30 O papo nosso de cada dia...32 Tô chegando...34 Transpiração ou inspiração...36 Matéria-prima...38 Brinquedo de olhar o céu...40 No lugar do outro...42 6
Fazer mais para fazer melhor...44 Olhar renovado...46 Checar antes de espalhar...48 Foi por pouco...50 Vivendo e aprendendo...52 O bom espanto...54 Cultivo responsável...56 Vitalidade da arte...58 As medidas de cada um...60 O grande Poetinha...62 Mundo fantástico...64 A casa de todos nós...66 Conexão imediata...68 Conhecimento ilusório...70 Está, mas não está...72 Sai pra lá...74 Energia vital...76 7
Novo jeito de olhar Quando nos habituamos a algumas coisas no nosso dia a dia, nosso olhar se torna distraído. A capacidade de criar, de reinventar, de renovar está muito ligada à possibilidade de nos desconectarmos daquilo que nos é rotineiro. Nós nos acostumamos com certas coisas e as olhamos sempre do mesmo jeito. E o que nos permite crescer, criar, encontrar soluções, ir além do óbvio é procurar olhar as coisas de um novo jeito. Esta é uma ideia forte, que pode ser muito debatida no campo da Filosofia. Sabedoria é ser capaz de, também, se espantar com tudo. Sim, porque quem só encontra mesmice no dia a dia, só encontra o de sempre, só encontra o habitual, acaba por não se recriar. Qual o risco dessa situação? Tornar-se uma pessoa repetitiva, fechada, com repertório limitado. O grande pensador Immanuel Kant (1724-1804) tinha uma frase que nos ajuda a refletir: Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele consegue suportar. Questionar, não se contentar com o corriqueiro, procurar olhar para além do óbvio é, portanto, uma forma de inteligência. 8
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Coloração do tempo Sabemos que o tempo passa, porém, nem sempre o notamos. A passagem do tempo deixa algumas marcas, como as rugas na pele ou os cabelos embranquecidos. Mas o tempo cria também cores. E cores inéditas. O estupendo poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994), no livro Sapato florido, escreve: Há uma cor que não vem nos dicionários. Essa indefinível cor que tem todos os retratos, os figurinos da última estação, a voz das velhas damas, os primeiros sapatos, certas tabuletas, certas ruazinhas laterais: a cor do tempo.... Olha que interessante. Quando a gente pega um documento antigo, uma foto, uma roupa, passa por uma ruazinha, vê os primeiros sapatos, enxerga algumas tabuletas, aparece uma cor que não é definida em nenhum dicionário, que não aparece em lugar nenhum, mas que marca a nossa história. É fácil reconhecer algo que é antigo, que está marcado pela cor do tempo, como tão bem escreveu Quintana. É uma marca da passagem, da mudança, que, nítida, fica como a cor do tempo... 10
Bom dia! Quando eu noto que sou uma pessoa autêntica? Quando aquilo que eu penso, que faço, a maneira como ajo coincide com aquilo que eu quero ser, com aquilo que eu penso de mim. Isto é, sou autêntico quando não há uma ruptura entre o que eu penso e o que eu faço. Essa percepção de autenticidade dá vigor à própria identidade de uma pessoa. Eu sou como acho que devo ser, e isso é bom quando aquilo que eu acho que devo ser é bom não apenas para mim, mas para os outros que vivem ao meu redor, para a vida coletiva. O pensador francês Paul Valéry (1871-1945) dizia: Homem feliz é aquele que, ao despertar, se reencontra com o prazer e se reconhece como aquele que ele gosta de ser. Olha que frase boa! É uma percepção muito interessante de Valéry sobre felicidade. Quando você ou eu acordamos, existe mesmo uma grande satisfação em nos reconhecer e gostarmos de ser do modo que somos. Evidentemente, existem também pessoas que se inclinam a fazer coisas equivocadas, que falam de um jeito e agem de outro. Mas, se nós entendemos que o melhor modo de ser é ser decente, nos identificamos com a conduta que escolhemos. E isso nos dá muito prazer em começar o dia. 12
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