DEVELOPMENTAL DELAY IN CHILDREN ATRASO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NA CRIANÇA

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Transcrição:

DEVELOPMENTAL DELAY IN CHILDREN ATRASO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NA CRIANÇA Patrícia Dineck da Silva * Clarissa Albuquerque * Simone Sudbrack ** UNITERMOS DESENVOLVIMENTO INFANTIL; DEFICIÊNCIAS DO DESENVOLVIMENTO; TRANSTORNOS PSICOMOTORES/prevenção & controle KEYWORDS control CHILDREN DEVELOPMENT; DEVELOPMENTAL DISABILITIES; PSYCHOMOTOR DISORDERS/prevention & SUMÁRIO O desenvolvimento das crianças ocorre de maneira sequencial e complexa, alterando suas estruturas físicas e neurológicas. Conhecer seu adequado crescimento e desenvolvimento é imprescindível para prevenir e detectar doenças. O objetivo desse trabalho é alertar para o reconhecimento de desvios evidentes dos padrões da normalidade e o manejo diante dessas situações. SUMMARY The children s development occurs in a sequential and complex way by changing their physical and neurological structures. Know the proper growth and development of children is important to prevent and detect diseases. The objective of this work is to draw attention to the recognition of obvious deviations from normality standards and the management in such situations. INTRODUÇÃO O sistema nervoso na infância encontra-se em constante processo de desenvolvimento, sendo as crianças mais suscetíveis a determinadas doenças e seus agravos. A preocupação com o adequado desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), nesse período da vida, deve ser, portanto, considerada uma prioridade na consulta pediátrica. ¹ Segundo a Organização Mundial de Saúde, 10% da população de um determinado país têm ou terá algum tipo de deficiência. Dentre essas, estão as

crianças com atraso do desenvolvimento. ² Infelizmente, poucas dessas crianças são diagnosticadas antes do período escolar, perdendo, assim, a oportunidade de uma intervenção precoce. ³ Há muitas definições para desenvolvimento. Sob a ótica de Marcondes, O desenvolvimento é o aumento da capacidade do indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas. ⁴,6 As características inerentes do indivíduo e as experiências adquiridas em seu ambiente influenciam no seu desenvolvimento. Alterações na motricidade, na linguagem, na interação interpessoal, entre outras podem configurar um sinal de alerta do atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (ADNPM). ⁵ A detecção precoce de atrasos do desenvolvimento, na consulta médica, com uma anamnese detalhada, um exame físico e métodos de rastreio são importantes veículos que oferecem oportunidade de tratamento e possibilitam melhorar o prognóstico dessas crianças. Marcos do Desenvolvimento O processo de desenvolvimento neuropsicomotor segue no sentido céfalocaudal e do centro para a periferia, seguindo o término de maturação neurológica. Isso ocorre de maneira ordenada e sequencial e raramente pula etapas. 6, ⁷ Conforme a idade, os marcos encontrados caracterizam padrões emergentes, ou seja, configuram habilidades esperadas na maioria das crianças para determinada faixa etária. Esses marcos constituem a base dos instrumentos de avaliação. ⁸ A figura abaixo mostra a ficha de acompanhamento utilizada para crianças de um mês a seis anos preconizada pelo Ministério da Saúde desde 1984. Consideram-se quatro principais indicadores: maturação, psicomotor, social e psíquico, respectivamente. ⁹ A região sombreada da figura determina o marco do desenvolvimento que deverá estar presente na respectiva faixa etária. Esses marcos representam uma referência para a observação dos avanços das crianças no decorrer do tempo. ⁸

Figura 1. Fonte: Ministério da Saúde Brasília, 2002. secretaria de políticas públicas "Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento Infantil" Fatores de Risco

Os fatores de risco são geralmente classificados em biológicos (prematuridade, meningite), ambientais (privação da mãe) e/ou genéticos (malformações) e representam informações relevantes para iniciar o processo de investigação. ⁷ A probabilidade de déficit no desenvolvimento aumenta à medida que mais fatores de risco estiverem incluídos na história médica pregressa da criança. ¹⁰ A tabela 1 exemplifica alguns fatores considerados importantes na avaliação durante a consulta de puericultura. É imperioso sempre avaliar a percepção dos pais ou dos responsáveis pela criança em relação ao seu desenvolvimento, observando seu âmbito familiar, bem como as condições do meio em que ela está inserida. Fatores de Risco Associados a Problemas no Desenvolvimento 1.Ausência ou pré-natal incompleto 2.Problemas na gestação, parto ou nascimento 3.Prematuridade < 37 semanas 4.Baixo Peso< 2.500 Kg 5.Icterícia 6.Hospitalização no período neonatal 7.Doenças graves como meningite, traumatismo craniano e convulsões 8.Fatores de risco ambientais como violência doméstica, depressão materna, drogas ou alcoolismo no ambiente familiar. 9. Casos de deficiência ou doença mental na família Fonte:Tabela 1. Caderneta de saúde da criança. Ministério da saúde. 9 ºedição. Brasília-DF 2014 Método de Rastreamento Os testes de triagem avaliam e identificam aquelas crianças com suspeita de ADNPM que carecem de uma investigação diagnóstica mais detalhada. Esses métodos podem abordar, simultaneamente, todos os componentes do comportamento infantil, conforme a faixa etária, ou uma área específica do desenvolvimento como: motricidade, linguagem ou relação pessoal-social. ¹¹ O teste de Denver II é o principal método de rastreamento utilizado no Brasil e amplamente utilizado nos EUA. Ele avalia o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de zero a seis anos. Possui 125 itens que são divididos em: pessoal-social (aspectos da socialização da criança dentro e fora do ambiente familiar), adaptação motora fina (coordenação e manipulação de pequenos objetos), linguagem (produção de som, compreensão e uso da linguagem) e motricidade ampla (controle

motor corporal, sentar, caminhar, pular). Esses itens são obtidos pela observação direta da criança ou solicitando que o familiar ou responsável informe se a criança realiza ou não determinada tarefa. ¹¹, ¹², ¹³ Trata-se de um teste de triagem com alta sensibilidade, não sendo utilizado como método diagnóstico. ¹¹, ¹², ¹³ Ao final do teste alerta-se para um possível atraso de desenvolvimento, necessitando, portanto, de avaliação adicional. ¹² O Denver II pode ser administrado rapidamente (20 minutos) e os resultados são de fácil interpretação. ⁸ AVALIAÇÃO E MANEJO NA SUSPEITA DE ATRASO DE DESENVOLVIMENTO A avaliação ocorre através da observação sistemática da criança, por meio da comparação do desenvolvimento comportamental de crianças hígidas, obtidos através de estudos sistemáticos. O atraso do desenvolvimento poderá ser percebido através de uma desordem física, visual, auditiva, mental e/ou relacional e poderá ser considerado transitório ou definitivo. 6, ⁷ Dependendo da alteração, a criança deverá ser acompanhada no atendimento primário ou ser referenciada para uma avaliação multiprofissional. ⁷ Diante de uma criança com diagnóstico de atraso do desenvolvimento deve-se iniciar uma investigação para avaliar as possíveis causas. Porém, não se deve esperar o esclarecimento do ADNPM para iniciar seu tratamento, pois dependendo dos recursos existentes, pode-se levar muito tempo para determinar sua causa. ⁵, ⁸ A ausência de apenas um marco deve ter uma análise criteriosa, devendo a criança ser reavaliada antes de firmar o diagnóstico. A tabela 2, retirada da caderneta da saúde da criança, orienta pais e profissionais da saúde quanto a avaliação e manejo frente a suspeita de ADNPM. Avaliação e Manejo Frente a Suspeita de ADNPM AVALIAÇÃO HIPÓTESE DIAGNÓSTICA CONDUTA Perímetro cefálico < -2 escores z ou > + 2 z, ou presença de 3 ou mais alterações fenotípicas ou ausência de 2 ou mais marcos para sua faixa etária Provável atraso no desenvolvimento Encaminhar para avaliação neuropsicomotora

Ausência de 1 ou mais marcos para sua faixa etária Todos os marcos para sua faixa etária estão presentes, mas existem 1 ou mais fatores de risco Todos os marcos para sua faixa etária estão presentes Alerta para o desenvolvimento Desenvolvimento adequado com fatores de risco Desenvolvimento adequado Orientar estimulação da criança e marcar retorno em 30 dias Informar ao responsável sobre os sinais de alerta (convulsão ou perda de alguma habilidade) Elogiar o responsável, orientar estimulação e informar sobre sinais de alerta Fonte: Tabela 2.Adaptada de Caderneta de saúde da criança. Ministério da saúde. 9 ºedição. Brasília-DF 2014- CONCLUSÃO A vigilância do desenvolvimento infantil é uma medida que visa detectar alterações precoces do desenvolvimento neuropsicomotor, a fim de guiar seu tratamento e melhorar seu prognóstico. Tal vigilância pode ocorrer no âmbito escolar, familiar e de atenção primária, tornando importante a integração desses meios. Ainda não há consenso na literatura sobre o melhor método de avaliação, nem um método padronizado de rastreamento, mas o importante é que a análise do desenvolvimento seja visto como parte fundamental na avaliação da criança durante a consulta pediátrica. REFERÊNCIAS 1. Santos MEA, Quintão NT, Almeida RX. Avaliação dos marcos do desenvolvimento infantil segundo a estratégia da atenção integrada às doenças prevalentes na infância. Esc Anna Nery. 2010;14(3):591-8. 2. Miranda LP, Resegue R, Figueiras ACM. A criança e o adolescente com problemas do desenvolvimento no ambulatório de pediatria. J Pediatr (Rio J)2003;79 Suppl 1:s33-s42. 3. Ramey CT, Ramey SL. Early intervention and early experience. Am Psychol. 1998;53(2):109-20. 4. Marcondes E, Machado DVM, Setian N, et al. Crescimento e desenvolvimento. In: Marcondes E, coordenador. Pediatria básica. 8ª.ed. São Paulo: Sarvier; 1991. p.35-62. 5. Vigilância do desenvolvimento da criança de 2 meses a 2 anos de idade. Figueiras AC, Souza ICN, Rios VG, et al. Manual para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI. Washington: OPAS; 2005. 6. Zeppone SC, Volpon LC, Del Ciampo LA. Monitoring of child development held in Brazil. Rev Paul Pediatr. [Internet]. 2012:30(4). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v30n4/en_19.pdf

7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acompanhamento do desenvolvimento. In: Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde; 2012. Cadernos de Atenção Básica, n. 33. p. 120-127. 8. Ferreira JP, organizador. Pediatria: diagnósticos e tratamento. Porto Alegre: Artmed; 2007. 9. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. Série Cadernos de Atenção Básica; n. 11. 10. Willrich A, Azevedo CCF, Fernandes JO. Desenvolvimento motor na infância: influência dos fatores de risco e programas de intervenção. Rev Neurocienc 2009;17(1):51-6. 11. Behrman RE, Kliegman R. Nelson: princípios de pediatria. 4ª.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. 12. Brito CM, Vieira GO, Costa MC, et al. Desenvolvimento neuropsicomotor: o teste de Denver na triagem dos atrasos cognitivos e neuromotores de pré-escolares. Cad Saude Publica. 2011 Jul;27(7):1403-14. 13. Torquato JA, Paes JB, Bento MCC, et al. Prevalência de atraso do desenvolvimento neuropsicomotor em pré-escolares. Rev Bras Crescimento Desenvolvimento Hum. 2011;21(2):259-68.