Luto em Cuidados Paliativos

Documentos relacionados
DIAGNÓSTICO, AUTISMO E REPARAÇÃO. Do luto à ressignificação de um filho

A EFICÁCIA DAS INTERVENÇÕES EM LUTO

Sobre a morte e o morrer. Profa. Dra. Marina Salvetti

Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo

~ 16 ~ PRESENÇA DA EXPRESSÃO DE RAIVA COMO ESTADO E TRAÇO NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO LUTO EM CONSULTÓRIOS PSICOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE CAÇADOR, SC

ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO HOSPITALAR NUMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS

Depressão: Os Caminhos da Alma... (LÚCIA MARIA)

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

A Importância dos Cuidados com o Cuidador. Lívia Kondrat

Gestão de Cuidados Paliativos em Atenção Domiciliar

Prevenção ao Suicídio e Posvenção com Adolescentes

Enfrentamento da Dor. Avaliação de Situação 10/05/2013. Enfrentamento da Dor Crônica. Processo de Avaliação Cognitiva. Profa. Dra. Andréa G.

Todos os dados serão anónimos e confidenciais, pelo que não deverá identificar-se em parte alguma do questionário.

O PAPEL DO MÉDICO NA NOTÍCIAS COMUNICAÇÃO DE MÁS PROF.ª DR.ª FLÁVIA A. F. MARUCCI DALPICOLO PSICOLOGIA MÉDICA RCG 0382 JUNHO 2019

GERENCIANDO O STRESS DO DIA-A-DIA GRAZIELA BARON VANNI

Depressão: o que você precisa saber

Residência Médica 2019

ASPECTOS PSICOLÓGICOS: MORTE E LUTO O LUTO NÃO PODE SER NEGADO

O diagnóstico da criança e a saúde mental de toda a família. Luciana Quintanilha, LCSW Assistente Social e Psicoterapeuta Clínica

Sinais visíveis de transtornos psicológicos: como identificar e lidar com estes pacientes?

SÍNDROME DE BURNOUT das causas ao cuidado

PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA

DUPLO DIAGNÓSTICO: Transtornos Mentais na Síndrome de Down

Pós-graduações Cuidados Continuados e Paliativos

Estresse. O estresse tem sido considerado um problema cada vez mais comum, tanto no

EBOOK SINTOMAS DEPRESSÃO DA DIEGO TINOCO

Prof.Dr.Franklin Santana Santos

Cuidados paliativos pediátricos. Nos séculos XVIII e XIX. Evolução da mortalidade infantil 10/10/2018. Ferraz Gonçalves

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: UMA PRIMEIRA VERSÃO. Nos últimos anos, vêm-se fomentando uma série de estudos preliminares (Pinto, F. E. M.

a natureza da vida o luto: dimensão geral o luto: tipos e particularidades

Cuidados Paliativos. Reflexões. Luan Peres Bonfim Ribeiro

CUIDAR E SER CUIDADO. Palestrante: Rossandra Sampaio Psicóloga

Apoio Psicossocial às vítimas de acidentes aquáticos

Trauma: quando tratar e como

Depressão. Um distúrbio que tem solução.

LUTO DE MORTE E SUAS MANIFESTAÇÕES NO ADULTO

Entendendo e Superando Perdas. Um olhar biológico, social, cultural, psicológico e religioso. Igreja Vidas Restauradas 14/09/2018

ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE MINAS GERAIS SOCIEDADE DE TANATOLOGIA E CUIDADO PALIATIVO DE MINAS GERAIS

AÇÕES EDUCATIVAS DA PSICOLOGIA NO PRÉ, TRANS E PÓS TMO. Érika Arantes de Oliveira Cardoso

Religiosidade/Espiritualidade e Prevenção do Suicídio

Mães Guerreiras: o que é ter um filho com doença genética rara no Brasil

Doenças Mentais e os Riscos Psicossociais no Trabalho

HORÁRIO DA DATA ATIVIDADE TÍTULO ATIVIDADE

Especialização em SAÚDE DA FAMÍLIA. Caso complexo Samuel. Fundamentação teórica O luto na Estratégia Saúde da Família

Depressão: Os Caminhos da Alma... (LÚCIA MARIA)

SUICÍDIO: O LUTO DOS SOBREVIVENTES

1 O EDITORIAL INTRODUÇÃO EDITORIAL ÍNDICE COMBATA O ESTRESSE

FATORES QUE IMPEDEM A RESOLUÇÃO DO LUTO

A importância da posvenção como promoção e prevenção em saúde

Humanização na Emergência. Disciplna Urgência e Emergência Profª Janaína Santos Valente

Perturbações Afectivas

01/08/2017. Reações psíquicas decorrentes do adoecimento e internação. Sobre as reações à doença e ao adoecer

Comunidade Pastoral ADOECIDOS PELA FÉ?

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL PROFISSIONAL

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

epidemia do silêncio

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL

Fibromialgia: Como lidar nos momentos de crise?

Nosso objetivo: Exposição de casos clínicos, compartilhar conhecimentos e ampliar as possibilidades de atendimentos no seu dia a dia profissional.

III SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO

SUPORTE FAMILIAR DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS

CRONOGRAMA SESAB 19/ 09 PSICOLOGIA HOSPITALAR 25/09 PSICOLOGIA DA SAÚDE 21/09 SAÚDE COLETIVA

Cenário atual da Qualidade do Sono no Brasil

COMUNICAR BOAS E MÁS NOTÍCIAS EM ONCOLOGIA. 21 de novembro de 2015 Paula Soares Madeira

Ansiedade Generalizada. Sintomas e Tratamentos

Estresse. Saiba identifi car o excesso de preocupação e nervosismo.

Dra Rossandra Sampaio Psicóloga Clínica CRP Especialista em Gestão de Sistemas e serviços de Saúde (FIOCRUZ) Mestranda em Psicologia da

Terminalidade da vida & bioética. Jussara Loch - PUCRS

VIVÊNCIA DE SUPERAÇÃO DO LUTO EM UM CURSO DE TANATOLOGIA

ACOLHIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM TENTATIVA DE SUICÍDIO

Raphael Frota Aguiar Gadelha

Transtorno de estresse pós-traumático! e Transtornos de Adaptação. Prof. Eduardo Henrique Teixeira PUC - Campinas!

Psicologia do Adulto e do Idoso 2

Assistência ao Adolescente com Ênfase em Saúde Sexual e Reprodutiva

CUIDADOS PALIATIVOS E O TRABALHO DO PSICÓLOGO HOSPITALAR E O LUTO ANTECIPATÓRIO. RESUMO

Projeto Humanização: Cuidados Paliativos em Oncologia 2019/2020

Crise do mercado de trabalho afeta a saúde dos brasileiros

Depressão, vamos virar este jogo?

I Fórum de Cuidados Paliativos do CREMEB. DECISÃO COMPARTILHADA Ferramentas para Mitigar Conflitos

Atuação do Psicólogo na Radioterapia. Psicóloga: Alyne Lopes Braghetto

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

ANSIEDADE E DEPRESSÃO

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO GRUPO INTERDISCIPLINAR DE SUPORTE ONCOLÓGICO

Transtornos Mentais no Trabalho. Carlos Augusto Maranhão de Loyola CRM-PR Psiquiatra.

O atendimento psicopedagógico no Hospital das Clínicas São Paulo

Prefeitura Municipal de Volta Redonda Secretaria Municipal de Saúde. Serviço de Atenção Domiciliar

Orientações sobre LUTO

Reacções da Vítima de Crime

PROJETO HUMANIZAÇÃO: CUIDADOS PALIATIVOS EM ONCOLOGIA

O FENÔMENO DA MORTE NO COTIDIANO DA ENFERMAGEM². Cardoso Homero¹; Sasso Jane¹; Strahl Mariane¹; Gracioli Silvana¹; Leandro Diniz¹;

Síndrome de Burnout MARIA BETÂNIA BEPPLER

TRABALHO E SAÚDE MENTAL. Cargas de trabalho e possíveis transtornos

Este Baralho contém: 49 cartas no total. 11 cartas referentes a Eventos, sendo uma delas coringa;

COMPREENSÃO DAS EMOÇÕES E COMPORTAMENTOS DO SER HUMANO, SOB A ÓTICA DA PSIQUIATRIA. Dr Milton Commazzetto - Médico Psiquiatra

AFFRON 30 cápsulas 13/11/2017

FORMAÇÃO DE VÍNCULO ENTRE PAIS E RECÉM-NASCIDO NA UNIDADE NEONATAL: O PAPEL DA EQUIPE DE SAÚDE

A EXPERIÊNCIA DE UM HÓSPICE MINEIRO: 14 ANOS SEM SUICÍDIOS OU PEDIDOS DE EUTANÁSIA. A RELEVÃNCIA DO CUIDADO, DA HUMANIZAÇÃO.

DEPENDÊNCIA DIGITAL ATÉ QUE PONTO A TECNOLOGIA É BOA OU RUIM? Dr. Rodrigo Menezes Machado

Estágio - Santa Cassa de Maceió de julho de Domingo Prova de Psicologia Hospitalar

Transcrição:

II FÓRUM DE CUIDADOS PALIATIVOS DO CREMEB Luto em Cuidados Paliativos Erika Pallottino Psicóloga Instituto Entrelaços Ambulatório de Intervenções e Suporte ao Luto / NIPCH Santa Casa

Para cada morte, cerca de de 4 a 11 apresentarão reações de luto. A cada 100 mortes 25% pessoas desenvolverão complicações em seu processo de luto, tais como: transtorno de luto complicado, suicídio, rupturas familiares e sociais, alterações comportamentais, perda de emprego, entre outros. Handbook of Bereavement Instituto Entrelaços 2

Desmotivação Fadiga Medo Perda de referência Uso de psicotrópicos Choro Hostilidade Choque Perda de apetite Descrença Impotência Culpa Angústia Raiva Desamparo Solidão Depressão Isolamento Somatização Insônia Absenteísmo Falta de atenção Rebaixamento da concentração Perda de foco Perda vitalidade Mania Queda de produtividade Empobrecimento do auto cuidado Ansiedade Limiar baixo a frustração Irritabilidade Comportamento abusivo Alteração no ciclo sonovigília Revolta Distração Hiperatividade

O PROCESSO DE LUTO

VÍNCULO, APEGO E LUTO Vínculo Seguro CONSTÂNCIA ESTABILIDADE REGULARIDADE PREVISIBILIDADE REGULAÇÃO BIOLÓGICA BASE DE CONFIANÇA SENSO DE PROTEÇÃO Para entender a reação de luto temos que olhar para o vínculo. RELAÇÃO COM O ENTE QUERIDO

Repercussões das ações em C.P. Educação em saúde Espiritualidade Gerenciamento de sintomas Equipe multidisciplinar Humanização do cuidado Pesquisa LUTO Questões existenciais Dignidade e autonomia Bioética Ações interdisciplinares Estresse do profissional Comunicação FRANCO, M.H.P. ; POLIDO, K.K.; 2014

HISTÓRIA DA MORTE x HISTÓRIA DO LUTO Qual o sentido dos Cuidados Paliativos para a família e para o paciente? O que entendem por Cuidados Paliativos? Como foi a relação estabelecida com a equipe ao longo do processo de adoecimento? Qual o cenário e atmosfera do cuidado até o momento da morte? O processo de luto x trajetória desse cuidado.

HISTÓRIA DA MORTE x HISTÓRIA DO LUTO A morte dele demorou tempo demais... (Mãe de um bebê 4 meses) O meu filho morreu aqui, sendo cuidado por todos vocês, sendo amparado em cada dor que sentia, sorrindo e escutando o rádio dele. A minha esposa morreu sentada no meu colo, em um ambulatório público, sofrendo e sem cuidado (Pai de M. 24 anos) Ele me pede para falar com Deus para levar ele. Como uma mãe faz isso? E se Deus escutar? Ele está sofrendo muito, ele está pedindo para morrer porque está sofrendo. (Mãe de uma criança de 8 anos)

Quanto de mim morre quando alguém que eu amo está morrendo ou está gravemente adoecido?

Aconselhamento em luto x Luto x Cuidados Paliativos Bereavement couselling: does it work? Colin Murray Parkes; 1980 British Medical Journal, 281, 3-6. Artigo avalia 3 tipos de serviços de Aconselhamento: Serviços profissionais realizados por médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos treinados. Serviços voluntários selecionados e treinados que são supervisionados por profissionais. Grupos de autoajuda em que pessoas enlutadas oferecem ajuda a outras pessoas enlutadass com ou sem Aconselhamento individual ou em grupo.

Abordagem começa antes da perda. Intervenção precoce apresentou os seguintes resultados: menos deterioração na saúde; menos uso de remédios sedativos; menos preocupação com a pessoa morta; menos raiva e culpa. FATORES DE RISCO: St. Christopher s Hospice: o É realizada uma identificação de enlutados de alto risco; o Avaliações de risco foram feitas pela equipe da enfermagem (questionário preditivo). Grudar-se ao paciente antes da morte; Raiva ou comportamento de auto-reprovação; Falta de uma família suportiva; Baixo status socioeconômico, Ser jovem; Pressentimento intuitivo do pessoal de enfermagem de que o parente enlutado provavelmente enfrentaria mal a situação. Bereavement couselling: does it work? Colin Murray Parkes; 1980 / British Medical Journal, 281, 3-6.

A intervenção com enlutados procura ser sempre PREDITIVA e PREVENTIVA. TEPT; Luto complicado (Transtorno de Luto Complexo Persistente); Transtornos psiquiátricos; Disfuncionalidade permanente nos aspectos da vida; Estresse grave.

Pessoas vão mais ao médico depois de uma experiência de luto. Muitas das queixas são expressões do luto. Luto pode causar dor física. Muitos pacientes podem apresentar sintomas parecidos com os do falecido. Quando o luto é complicado os enlutados podem ficar incapacitados por semanas, meses ou anos. 20% das viúvas enlutadas procuram mais cuidados médicos no 1º ano de luto. Apenas 30% dos enlutados necessitam de atendimento psicológico especializado. Franco, M.H.P. ; 2017 Parkes, C.M. ; 1998

A forma como cada um reagirá ao rompimento dependerá do que foi perdido como foi perdido e em que momento além do suporte oferecido e recebido.

O Legado de Larry Librach

www.institutoentrelacos.com erika.pallottino@institutoentrelacos.com