ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA NAS AULAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE QUÍMICA

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Transcrição:

ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA NAS AULAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE QUÍMICA Rafaele dos Santos Batista Flôr 1 ; Hadassa Rodrigues de Almeida 1 ; Lucas Evangelista Fernandes Virginio 2 ; Maria Eloiza Nenen dos Santos 3 ; Lígia Maria Freitas Sampaio 4. Universidade Estadual da Paraíba. rafaelesbflor@yahoo.com.br 1 hadassarodrigues@gmail.com 1 lucas.eter@gmail.com 2 eloiza.pb@gmail.com 3 ligiafreitasampaio@hotmail.com 4 RESUMO: Não é o estudante que fracassa, é o ensino que está mal projetado, está fragmentado. Algumas escolas ainda são consideradas apenas espaços de tédio e desinteresse. Qual o objetivo da Educação? Aprender? Aprender o que? Conhecimentos ou o Desenvolver no aluno a capacidade de tomar decisões, formando cidadãos mais críticos? A essência da contextualização é a capacidade de problematizar a relação entre dois mundos saber científico e conhecimento cotidiano, pois a natureza faz parte de ambos. A experimentação é essencial para um bom ensino de ciências e a aprendizagem científica dos alunos. A química é uma ciência experimental, é necessário que o estudante tenha contato com os fenômenos químicos, é importante que eles observem e cheguem ao conhecimento desse ramo da ciência. É necessário que o professor assuma seu papel de mediador, no processo de ensino e aprendizagem, na perspectiva da educação transformadora, defendida por Paulo Freire. O presente trabalho, realizado no período de setembro de 2017, teve como objetivo abordar o ensino de química de forma contextualizada, analisando o teor de álcool na gasolina, e assim verificar se a mesma está dentro das normas exigidas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, gás natural e biocombustível), com intuito de avaliar e melhorar de forma significativa a aprendizagem dos 19 alunos do 3º ano do ensino médio, sobre os conteúdos de misturas homogêneas e heterogêneas, geometria molecular, densidade e polaridade das moléculas. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, realizado em uma escola pública no município de Campina Grande, no Estado da Paraíba. Pôdese observar uma aprendizagem relevante sobre os conteúdos de química, provando que a experimentação foi essencial para essa aprendizagem significativa, pois é por meio de atividades diferentes que podemos notar o estímulo e interesse do aluno pela disciplina. PALAVRAS-CHAVE: Experimentação, Contextualização, Educação Transformadora. 1. INTRODUÇÃO Não é o estudante que fracassa, é o ensino que está mal projetado, está fragmentado. Algumas escolas ainda são consideradas apenas espaços de tédio e desinteresse. Estimula-se muito a competição, em quem é o melhor, o mais inteligente, o que tira notas boas, enquanto o que não tira nota boa em uma prova é considerado burro. Não concordo que prova escrita seja método de avaliação do aluno e sim método de avaliar o quanto ele decora assuntos, nomenclaturas, fórmulas, etc. Para muitos professores é mais fácil fazer o que ele faz ha anos ou o que ele aprendeu por

tradição. Qual o objetivo da Educação? Aprender? Aprender o que? Conhecimentos ou o Desenvolver no aluno a capacidade de tomar decisões, formando cidadãos mais críticos? Santos e Schnetzler (2010) recomendam a abordagem de temas sociais para o desenvolvimento das habilidades do cidadão, como a participação e a capacidade de tomar decisões. Não basta ensinar o conteúdo de Química, é preciso associa-la às questões do cotidiano para que façam algum sentido para o aluno. Para Ricardo (2005) a essência da contextualização é a capacidade de problematizar a relação entre dois mundos saber científico e conhecimento cotidiano, pois a natureza faz parte de ambos. Quando por exemplo, um aluno passa a usar um conhecimento novo que aprendeu na escola, isso significa que ele internalizou o novo conhecimento e evoluiu intelectualmente. Para Rosito (2008), a experimentação é essencial para um bom ensino de ciências e a aprendizagem científica dos alunos. A química é uma ciência experimental, é necessário que o estudante tenha contato com os fenômenos químicos, é importante que eles observem e cheguem ao conhecimento desse ramo da ciência. Pensando nesse aspecto, é nesse contexto que a experimentação no ensino de química entra como instrumento motivador para a aprendizagem do conhecimento químico, estimulando o aluno em enxergar a teoria na prática, facilitando assim, a interiorização de conteúdos muitas vezes abstratos. No ensino de Química, a experimentação pode ser considerada uma ferramenta eficiente para criação de situações-problema que busquem o questionamento dos alunos, onde eles possam relacionar o conhecimento prévio com o conhecimento contextualizado (Santos, 2009). Na literatura, muitos trabalhos enfatizam a importância da utilização da experimentação em sala de aula e da aprendizagem significativa, contextualizada e interdisciplinar (Guimarães, 2009; Silva,2009). É necessário que o professor assuma seu papel de mediador, no processo de ensino e aprendizagem, na perspectiva da educação transformadora, defendida por Paulo Freire. Caracterizado por momentos pedagógicos. São eles: Problematização inicial, Organização do Conhecimento e Aplicação do Conhecimento. Na problematização inicial, o professor deve se atentar em planejar a aula de acordo com situações/problemas que os alunos vivenciam. Na organização do conhecimento, o professor deve atuar como mediador dos conhecimentos necessários para a compreensão do problema inicial. O conhecimento do aluno é naturalmente construído na sua experiência cotidiana, nas coisas que o cercam e estas não podem ser ignoradas

ou ridicularizadas. O professor deve auxilia-lo a passar por uma mudança conceitual, da antiga (senso comum) para a científica. Por ultimo, aplicação do conhecimento, capacitar alunos dos conhecimentos já sistematizados. 2. METODOLOGIA O presente trabalho foi realizado em quatro momentos. No primeiro momento, perguntou-se aos alunos Porque você acha que os carros falham/apagam ao liga-lo?, gerou-se um diálogo entre alunos e professor. No segundo momento, foi entregue aos estudantes um texto sobre a gasolina, seu método de obtenção, significado, qualidade e importância com intuito de enriquecer o conhecimento do alunado, conforme apresentado no quadro abaixo (Quadro 1). Por meio da destilação e do refinamento do petróleo, obtêm-se várias substâncias de grande importância econômica, como querosene, óleo diesel, GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), gás natural, óleos lubrificantes, parafina e asfalto. Porém, a fração do petróleo que apresenta maior valor comercial é a gasolina, usada nos automóveis. A gasolina é uma mistura de hidrocarbonetos saturados (compostos orgânicos formados somente por carbono (C) e hidrogênio (H) e que apresentam somente ligações simples entre carbonos), com cadeias carbônicas que contenham de cinco a oito carbonos. O motor a explosão de quatro tempos é o mais utilizado nos automóveis movidos à gasolina. Quanto maior a resistência da gasolina à compressão desse motor, melhor é a gasolina. Isto é, a gasolina tem que explodir ou entrar em combustão no momento certo, que é quando a vela solta a faísca ela não pode detonar antes. Quanto mais resistente for a gasolina, maior será seu índice de octanagem. A gasolina é uma mistura de hidrocarbonetos, que pode variar de uma para a outra. Dessa forma, nem sempre ela é bastante resistente à compressão. Por exemplo, o heptano é o composto vindo de frações de gasolinas que menos resiste à compressão. Já o isoctano explode na hora exata, sendo, portanto, bastante resistente à compressão. A seguir estão representadas as fórmulas estruturais desses dois compostos: Quanto mais ramificada for uma cadeia, maior será sua octanagem. Quadro 1. Texto sobre a gasolina, seu método de obtenção, significado, qualidade e importância.

No terceiro momento, foi analisado o teor de álcool na gasolina. Os materiais utilizados foram: uma proveta de 100mL; dois béqueres de 50mL, um bastão de vidro, 50mL de água e 50mL de gasolina. Adicionou-se na proveta 50 ml de gasolina e 50 ml de água, misturou-se a solução e esperou cinco minutos para que as duas camadas se separassem completamente. Logo após calculou a porcentagem de álcool presente na gasolina, observando-se os volumes finais da solução heterogênea. Considerando-se V o volume da mistura água/álcool e V o volume de álcool na gasolina, temos: V = V 50mL O volume da mistura álcool/água encontrado foi de 62 ml, assim temos: V = 62 50 V = 12mL A partir do volume se calcula a porcentagem de álcool na gasolina (x): 50mL ----- 100% 12mL ----- x Portanto, x = 24% No quarto e ultimo momento, foi entregue aos alunos, um questionário que apresentava as seguintes perguntas: O que acontece quando o teor de álcool está superior a porcentagem exigida pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, gás natural e biocombustível)? Porque se mistura álcool na gasolina? Que substâncias se separam? Por quê? O que ficou na parte de cima? Por quê? Você gostou dessa aula? Contribuiu em algo para seu conhecimento e sua vida? Justifique. Realizado no período de setembro de 2017, teve como objetivo abordar o ensino de química de forma contextualizada, analisando o teor de álcool na gasolina e assim verificar se a mesma está dentro das normas exigidas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, gás

natural e biocombustível), com intuito de avaliar e melhorar de forma significativa a aprendizagem dos 19 alunos do 3º ano do ensino médio, sobre os conteúdos de misturas homogêneas e heterogêneas, geometria molecular, densidade e polaridade das moléculas. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, realizado em uma escola pública no município de Campina Grande, no Estado da Paraíba. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A aula experimental foi baseada nos três momentos pedagógicos. Na problematização inicial, abordou-se o tema do cotidiano dos alunos. Porque você acha que os carros falham/apagam ao liga-lo?. A maioria (74%) responderam corretamente. Afirmaram que o problema é devido a adulteração da gasolina. 16% dos estudantes afirmaram que o problema ocorre devido ao motor do carro e não devido a gasolina. Apenas 10% não responderam ou não souberam responder, conforme apresentado na Figura 1. Figura 1. Problematização Inicial. ( Porque você acha que os carros falham/apagam ao liga-lo? ). Na organização do conhecimento, os alunos participaram efetivamente do experimento adicionando as substâncias na proveta ate o traço de aferição, misturando as substâncias com o bastão de vidro, observando a separação de fases e calculando o percentual de álcool na gasolina. O resultado obtido na análise da amostra de gasolina (24%) mostrou que o teor de álcool está dentro dos parâmetros exigidos pela ANP. Portanto, o combustível é de boa qualidade, ou seja, não está adulterado de acordo a portaria MAPA nº 554 de 27 de 05 de 2003, que estabelece o percentual de álcool anidro na gasolina deve estar entre 20 e 25%.

Por ultimo, aplicação do conhecimento, foi discutido sobre os conteúdos de misturas homogêneas e heterogêneas, geometria molecular, densidade e polaridade das moléculas. Na primeira questão do questionário, perguntou-se: O que acontece quando o teor de álcool está superior a porcentagem exigida pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, gás natural e biocombustível)? A maioria (84%) considerou que se a gasolina estiver superior a porcentagem permitida, ela não está no padrão da ANP e portanto a gasolina está adulterada. 16% dos alunos consideraram que a adição acima do limite traz danos ao veículo, o carro ou moto começa a falhar, precisando dar partida várias vezes para funcionar. Como representa a figura 2. Figura 2. Resposta da primeira pergunta do questionário. ( O que acontece quando o teor de álcool está superior a porcentagem exigida pela ANP? ). Na segunda questão, perguntou-se Porque se mistura álcool na gasolina?. A resposta adequada seria melhora a octanagem do combustível, evitando sua explosão ao ser comprimido no motor, o que causa estouros que podem danificá-lo. De acordo com a compreensão do texto entregue aos alunos, porém não obtivemos sucesso entre as respostas. 53% dos alunos responderam que é para render mais, 42% responderam que é para sair mais barato e os donos de postos de gasolina lucrarem mais com isso e apenas 5% relacionaram a combustão em suas respostas, como representa a figura 3.

Figura 3. Resposta da segunda pergunta do questionário. ( Porque se mistura álcool na gasolina? ). A terceira questão trazia a seguinte pergunta: Que substâncias se separam? Por quê?. Como resposta adequada, consideramos o entendimento que as moléculas que possuem cargas elétricas deslocadas são denominadas polares (possui pequenos polos elétricos positivos e negativos) e as que não possuem são denominadas apolares. Uma regra geral quanto a dissolução das substancias moleculares prevê que: solventes polares dissolvem substancias polares, enquanto solventes apolares dissolvem substancias apolares. A água é uma substancias polar e a gasolina é uma substância apolar, o que torna uma não miscível na outra, formando duas fases quando misturadas. Todos os alunos responderam corretamente e conseguiram assimilar a questão de líquidos miscíveis e imiscíveis, bem como polaridade das moléculas. Na quarta questão, foi perguntado aos estudantes: O que ficou na parte de cima? Por quê? Obtivemos sucesso também nesse quesito, já que todos os alunos correlacionaram essa pergunta à densidade. Por fim, na quinta e última questão, perguntou-se: Você gostou dessa aula? Contribuiu em algo para seu conhecimento e sua vida? Justifique. 11% dos alunos responderam que não, porém não justificaram. 89% dos estudantes responderam que sim. Os alunos mencionaram: Sim. Sim. Porque entendi um pouco sobre polaridade e a identificar gasolina adulterada ; Sim, aprendi muito ; Sim, pois no futuro posso utilizar desse conhecimento ; Sim, é importante para sabermos como fazer um experimento e saber se está acima ou abaixo do teor necessário ; Sim, interessante saber como acontece as coisas ; Sim, pois tirou duvidas e aprimorou meu conhecimento ; Sim,

para entender quando a gasolina tem qualidade ou não, assim usar a melhor para abastecer meu automóvel. Como representa a figura 5. Figura 5. Você gostou dessa aula? Contribuiu em algo para seu conhecimento e sua vida? Justifique. Podemos então relacionar com Ferreira et al., (2010) no qual revelaram que abordagem de um experimento é eficiente para o conhecimento químico, bem como perceber que a química está presente no cotidiano e que pode ter significado para as suas vidas. 4. CONCLUSÃO Pôde-se observar uma aprendizagem relevante sobre os conteúdos de química, já que a maioria dos alunos souberam responder corretamente as perguntas do questionário. Bem como, perceber que houve uma mudança de conceito antigo (senso comum) para o conhecimento científico. A experimentação foi essencial para uma aprendizagem significativa. Não basta ensinar o conteúdo de Química, é preciso associa-la às questões do cotidiano para que façam algum sentido para o aluno. É válido ressaltar que estes recursos não substituem outros métodos de ensino, porém por meio de atividades diferentes, podemos notar o interesse e estímulo dos alunos pela disciplina.

5. REFERÊNCIAS ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT-NBR 13992: Gasolina Automotiva- Determinação do teor de álcool etílico anidro combustível (AEAC). Rio de Janeiro. Brasil. 1997. FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; OLIVEIRA, R. C. Ensino Experimental de Química: Uma Abordagem Investigativa Contextualizada. Química Nova na Escola, Vol. 32, n 2, p. 101-106, 2010. GUIMARÃES, C.C. Experimentação no ensino de Química: caminhos e descaminhos rumo à aprendizagem significativa. Química nova na escola,v.3, n. 3,2009. RICARDO, E. C. Competências, interdisciplinaridade e contextualização: dos Parâmetros Curriculares Nacionais a uma compreensão para o ensino das ciências. Tese de doutorado em Educação Científica e Tecnológica, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2005. ROSITO, B. A. O Ensino de Ciências e a Experimentação. In: MORAES, R. (org.). Construtivismo e Ensino de Ciências: reflexões Epistemológicas e Metodológicas.Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. SANTOS, A. P. B., et al., Vamos jogar uma Suequímica, Química Nova na Escola, v. 31, n.3, 2009. SANTOS, W.L.P., E SCHNETZLER, R.P, Educação em Quimica, compromisso com a cidadania (4ª edição). Ijuí-RS: Unijuí, 2010. SILVA, R. T. et al. Contextualização e experimentação. Uma análise dos artigos publicados na seção experimentação no ensino de Química da revista química nova na escola 200-2008. Ensaio Pesquisa, Educação e Ciência, v.11, 2009.