Perfil da criança com Paralisia Cerebral Atendida no setor de Fisioterapia da APAE de Campina Grande - PB

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Perfil da criança com Paralisia Cerebral Atendida no setor de Fisioterapia da APAE de Campina Grande - PB Karina Almeida De Lacerda Rocha 1, Adriana Lima de Holanda 2 RESUMO O objetivo, neste estudo, foi analisar o perfil da criança com paralisia cerebral atendida no setor de fisioterapia da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Campina Grande- Pb e descrever o tratamento realizado pelos fisioterapeutas nas crianças. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e transversal com abordagem quantitativa desenvolvido na APAE. A amostra foi constituída por 30 indivíduos. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um formulário de observação sistemática em um diário de campo. Como resultados esultados 60% (n=17) da amostra era do sexo masculino. A faixa etária predominante foi de 6 a 11 anos correspondendo a 53% (n=16) dos pesquisados. 100% (n=30) das mães afirmaram ter feito o pré-natal durante toda a gestação, 76% (n=23) das crianças nasceram entre 37 e 42 semanas de idade gestacional, onde 60% da amostra nasceram de parto vaginal e o peso ao nascer foi maior ou igual a 2500g em 83% (n=25) da amostra. O tipo de tônus predominante foi a hipertonia com 90% (n=27) da amostra e 76% (n=23) apresentaram o quadro de quadriparesia. 100% (n=30) das crianças apresentaram alterações na fala e déficits de inteligência. Com relação as crises convulsivas 80% (n= 24) apresentaram crises de convulsão e fazem uso de medicação antiepiléptica. Quanto ao tratamento fisioterapêutico, este foi iniciado após os três meses de idade das crianças no intervalo de duas sessões por semana e a conduta foi baseada na utilização dos métodos Bobath e Kabat além da cinesioterapia e da fisioterapia respiratória. Palavra-Chave: Paralisia cerebral, Desenvolvimento Neuropsicomotor, Fisioterapia 1- Curso de Bacharelado em Fisioterapia, FCM - Faculdade de Ciências Médicas - Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento - CESED, krocha10@hotmail.com 2- Professora do Curso de Bacharelado em Fisioterapia, FCM - Faculdade de Ciências Médicas - Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento CESED. 14

Profile of child with cerebral palsy attended in the physical therapy sector of APAE Campina Grande PB ABSTRACT This study aimed to analyze the profile of children with cerebral paralysis treated at the physiotherapy department of the Association of Parents and Friends of Exceptional Children (APAE) in Campina Grande, PB and describe the treatment given by the physiotherapists. This is an exploratory, descriptive and cross-sectional quantitative study developed in APAE. The sample consisted of 30 individuals. It was used as an instrument of data collection a questionnaire of systematic observation in the selected field. 60% (n = 17) of the sample were male. The predominant age group was between 6 to 11 years representing 53% (n = 16) of the respondents and the birth weight was greater than or equal to 2500g in 83% (n = 25) of the sample. 76% (n = 23) of children were born between 37 and 42 weeks of gestation and 100% (n = 30) of mothers reported doing prenatal care throughout pregnancy. The predominant type of tone was hypertonia which represents 90% (n = 27) and 76% of the sample (n = 23) presented quadriparesis. 100% (n = 30) of children had abnormal speech and deficits in intelligence. Regarding seizures, 80% (n = 24) had episodes of seizures and made use of antiepileptic drug therapy. As for physiotherapy, it was started after the third month of the birth of the children and the conduct was based on the use of and Bobath and Kabat methods and kinesiotherapy and chest physiotherapy exercises. Cerebral paralysis is a condition that brings as consequences, neuropsychomotor changes in children that change their course of life. Therefore, these children need greater assistance from professionals in the care fields in particular by physiotherapists. It is vital that society as a whole strives towards providing better conditions and benefits for children with cerebral paralysis and help institutions like APAE to provide professionals that can promote the best treatment for these children. KEYWORDS: Cerebral paralysis, Neuropsychomotor development, Physiotherapy. INTRODUÇÃO A paralisia cerebral é uma patologia que designa um grupo de distúrbio cerebrais de caráter estacionário, que ocorrem devido a alguma lesão ou anomalias do desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC) durante a vida fetal ou durante os primeiros anos de vida da criança (SHEPHERD, 2002). Pato (2002) descreve a Paralisia Cerebral (PC) como uma encefalopatia que acarreta distúrbios no sistema motor da criança associada a perturbações sensoriais e mentais, resultando em vários tipos de comprometimentos ao paciente e desequilíbrio emocional aos pais e familiares. Salter (1985) destaca dentre as causas mais comuns de paralisia cerebral desenvolvimento congênito anormal do cérebro prevalecendo o cerebelo, anóxia cerebral perinatal quando ligada à prematuridade, ao nascimento quando ocorre lesão traumática do cérebro em conseqüência de um trabalho de parto prolongado, ou quando ocorre uso de fórceps durante o parto, eritroblastose fetal quando ocorre incompatibilidade do fator Rh e infecções cerebrais (encefalite) na fase inicial do período pós-natal. 15

Segundo Lima e Fonseca (2004), a paralisia cerebral é classificada de acordo com o tipo e a localização do distúrbio motor e pelo grau de comprometimento do paciente relacionada a execução da AVDs. Leite e Prado (2004), estudando os aspectos fisioterapêuticos e clínicos da paralisia cerebral encontrou uma incidência de 1,5 a 2,5 por 1000 nascidos vivos em países desenvolvidos e segundo esses autores, no Brasil não foram encontrados estudos conclusivos a respeito de paralisia cerebral, pois a incidência depende do critério de diagnóstico de cada estudo, sendo assim, presume-se uma incidência elevada devido aos poucos cuidados com as gestantes. A fisioterapia, através de suas técnicas com enfoques biomecânico, neuroevolutivo e sensorial, encontra na criança com Paralisia Cerebral inúmeras possibilidades de atuação, visando restaurar os movimentos e as funções comprometidas pela doença, promovendo a reinserção bio-psico-social do paciente. Esta pesquisa possui relevância acadêmica, pois o tema é bastante atual e ainda pouco explorado no campo científico podendo acrescentar informações novas que serão úteis para a realização de futuros trabalhos na área, bem como relevância social, visto que a Paralisia Cerebral é uma patologia de causa muitas vezes desconhecida e consequentemente de difícil diagnóstico, pesquisas nessa linha podem ser úteis para o desenvolvimento de tratamentos que visem atender às necessidades dessas crianças. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) presta atendimento fisioterapêutico às crianças com distúrbios neuropsicomotores entre eles a paralisia cerebral. Esta pesquisa teve por objetivo geral analisar o perfil das crianças com paralisia cerebral atendidas no setor de fisioterapia na APAE e por objetivo especifico verificar o tipo de tônus muscular e as principais disfunções motoras apresentadas pelas crianças e verificar as principais técnicas de tratamento utilizadas pelos fisioterapeutas nas crianças. Materiais e Métodos O estudo foi realizado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), no município de Campina Grande- PB, entidade filantrópica, sem fins lucrativos e de caráter educacional, cultural e assistencial, que atende 420 pessoas de deficiência mental e/ou múltipla. A Instituição tem como filosofia promover, articular ações de defesa de direitos, prevenção, orientação e apoio à família, direcionadas a melhoria de qualidade de vida da pessoa com necessidade especial e à construção de uma sociedade mais justa e solidária. Para atender às necessidades específicas de cada usuário a APAE Campina Grande possui uma equipe multiprofissional composta por: 1 neuropediatria, 11 fisioterapeutas, 2 fonoaudiólogos, 3 psicólogos, 1 terapeuta ocupacional, 2 assistentes sociais e 12 professores (APAE, 2011). A população do estudo foi composta por todas as crianças com diagnóstico de Paralisia Cerebral da APAE e para compor a amostra foram escolhidas aquelas que se encontravam na APAE em tratamento fisioterapêutico, durante o período determinado para coleta de dados (abril e maio de 2011) e cujos responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram incluídas na pesquisa as crianças com diagnóstico médico de paralisia cerebral que estiveram em tratamento na APAE de Campina Grande PB no período estabelecido 16

para coleta de dados e cujos pais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A). Foram excluídas àquelas que, os pais se recusaram a permitir a participação na pesquisa ou não se enquadraram nos critérios de inclusão propostos. Para coleta de dados foram utilizados formulário de observação sistemática (APÊNDICE B) e diário de campo. a) Formulário de Observação Esse formulário constou de questões abertas e fechadas com dados que atenderam aos requisitos necessários ao alcance dos objetivos da pesquisa. b) Diário de Campo - Importante ferramenta de produção de dados, a confecção do diário de campo é uma das técnicas usadas em pesquisa, pois garante um suporte memorístico de recorrência, cuja função é revelar a trajetória da pesquisa e os caminhos trilhados na tentativa de apreensão do objeto-tema investigado. Dessa forma, o diário de campo foi um instrumento fundamental utilizado neste estudo para anotar as observações complementares que extrapolaram o previsto no formulário, bem como registrar as observações e percepções da pesquisadora no campo. Os dados foram tratados através de operações estatístico-descritivas e analisados com base no referencial teórico pertinente ao tema. Os resultados foram apresentados em tabelas de frequências e proporção Inicialmente, foi mantido contato com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE em Campina Grande - PB - Brasil, para assinatura de um termo de autorização quanto à viabilidade da realização da pesquisa. Este projeto foi submetido à apreciação no Comitê de ética em pesquisa com seres humanos do Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento CESED e teve início após sua aprovação com o número CAAE 3671.0.000.405-10. Foram cumpridas fielmente as diretrizes regulamentadoras emanadas da Resolução nº. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS e suas Complementares, que aborda os aspectos éticos que envolvem a pesquisa com seres humanos, assim como do Comitê de Ética e Pesquisa da FCM. Além disso, foi solicitado aos pais das crianças que participaram da pesquisa a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo-lhes garantida a preservação do anonimato, da privacidade e o livre consentimento. As pesquisadoras assinaram também um termo de compromisso, visando assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, ao(s) sujeito(s) da pesquisa e ao estado. RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste tópico serão abordados os dados coletados na presente pesquisa e a posterior interpretação procurando obter clareza em seu objetivo de estudo e assim proporcionar uma melhor compreensão dos resultados. Este subtópico contém informações da caracterização das crianças com Paralisia Cerebral atendidas no setor da APAE de Campina Grande, apresentando variáveis referente ao gênero, faixa etária, peso ao nascimento, idade gestacional, condições associadas a gestação, ao tipo de parto, tipo de tônus muscular, comprometimento motor, déficits ou sintomas associados a fala, inteligência e crises convulsivas, uso de medicamentos e ao início do tratamento fisioterapêutico e ao número de sessões por semana. 17

Tabela 1 - Distribuição da população estudada por gênero GÊNERO N % Masculino 17 60,0 Feminino 13 40,0 TOTAL 30 100,0 De acordo com os dados da tabela 01, 60% da amostra pesquisada foi composta de meninos (n=17) e 40% de meninas (n=13). Esses dados corroboram com os encontrados por Abreu et al (2007), em seu estudo sobre a incidência de hemorragia peri-intraventricular em recém-nascidos pré termo e a relação com o peso ao nascer no qual eles afirmam que a incidência dessa patologia é maior no sexo masculino. Tabela 2 - Distribuição da população estudada por faixa etária FAIXA ETÁRIA N % 0-5 anos 6 20,0 6-11anos 16 53,0 12-17 anos 7 23,0 18-25 anos 1 4,0 TOTAL 30 100,0 Stokes (2000) descreve a paralisia cerebral como um distúrbio da função motora secundária a uma patologia não-progressiva do cérebro imaturo que ocorre antes ou durante o nascimento ou nos primeiros meses da lactância. Dessa forma percebe-se que a paralisia cerebral acomete tipicamente a faixa etária infantil que corrobora com os dados encontrados neste estudo, onde 73% (n=22) das crianças que estavam em tratamento fisioterapeutico tinham entre 0 e 11 anos. De acordo com Baracho (2007), os bebês que apresentam peso ao nascimento menor que 2.500g são considerados de baixo peso e as que apresentam peso ao nascer igual ou maior que 2.500g são consideradas de peso normal. Conforme a autora supracitada recém- nascidos de baixo peso precisam de cuidados especiais, pois são crianças frágeis e susceptíveis a ter ocorrência de patologias que resultem em distúrbios neuropsicomotores. No presente estudo foi visto que 83% (n= 25) das crianças com diagnóstico de Paralisia Cerebral apresentaram peso maior ou igual a 2.500g e 17% (n=5) apresentaram peso menor que 2.500g, o que contradiz os estudos da referida autora, pois embora o baixo peso seja considerado um agravante para a ocorrência de paralisia cerebral, verificou-se que a maioria das crianças pesquisadas, apresentaram peso normal ao nascer. 18

Tabela 3 - Paralisia Cerebral e idade gestacional IDADE GESTACIONAL N % Pré- termo (IG < 37semanas) 6 20,0 Á termo (IG de 37-42 semanas) 23 76,0 Pós- termo (IG > 42 semanas) 1 4,0 TOTAL 30 100,0 De acordo com Lima e Fonseca (2004), a paralisia cerebral acomete com mais freqüência os recém nascidos prematuros com uma incidência de 3 a 21 vezes mais que em recém nascidos a termo. No presente estudo foi observado que 76% (n=23) das crianças pesquisadas com paralisia cerebral apresentaram idade gestacional entre 37 e 42 semanas de gestação, sendo assim, considerada gestação a termo o que contradiz com as informações dos autores supracitados. CONCLUSÕES O referido estudo teve como objetivo analisar o perfil da criança com paralisia cerebral atendida no setor de fisioterapia da APAE de Campina Grande, PB. Para tanto foi traçado um perfil dessas crianças e em seguida foi observado os cuidados dispensados a elas. Desta forma esta pesquisa revelou o seguinte perfil: 60% (n=17) da amostra era do sexo masculino. A faixa etária de maior prevalência foi de 6 a 11 anos com 53% (n= 16) da amostra pesquisada, 83% (n= 25) apresentou peso maior ou igual a 2500g ao nascimento e a maioria delas, 76% (n=23) nasceu a termo, ou seja, entre 37 a 42 semanas de idade gestacional. Com relação ao pré-natal, 100% (n = 30) das mães das crianças que compuseram a amostra realizaram o acompanhamento desse procedimento durante a gestação, duas delas relataram ter tido crises de infecção urinária de repetição e apenas uma delas relatou ter tido sífilis durante a gestação. Foi observado também que 60% (n = 18) dos partos ocorreram por via vaginal. O tipo de tônus predominante nos portadores de Paralisia Cerebral foi a hipertonia com 90% (n= 27) da amostra, 76% (n=23) apresentaram o quadro de quadriparesia e 100% das crianças apresentaram alterações na fala e déficits de inteligência. Com relação às crises convulsivas 80% (n= 24) apresentaram crises de convulsão e fazem uso de medicação antiepiléptica. Quanto ao tratamento fisioterapêutico, este foi iniciado predominantemente antes dos dois anos de idade das crianças e a conduta fisioterapêutica foi baseada na utilização dos métodos Bobath e Kabat além da cinesioterapia e da fisioterapia respiratória. Com as informações obtidas durante esta pesquisa, percebeu-se que as crianças que iniciaram tratamento fisioterapêutico nos primeiros meses de vida tiveram uma melhor evolução no seu desenvolvimento neuropsicomotor, o que leva a concluir que o tratamento precoce da paralisia cerebral favorece um bom prognóstico e melhora significativamente a qualidade de vida dessas crianças. Enfim, considerando-se que a paralisia cerebral é uma patologia que necessita de tratamento fisioterapêutico, tem-se que tentar reabilitar e melhorar o quadro funcional dos 19

pacientes, no intuito de que os mesmos sintam-se capazes de realizar suas atividades de vida diária com segurança. Conclui-se que a paralisia cerebral é uma patologia de alta incidência, portanto necessita de uma assistência maior dos profissionais da área de saúde, em especial dos fisioterapeutas, sendo de fundamental importância que a sociedade como um todo se empenhe, no sentido de proporcionar melhores condições e benefícios às crianças com paralisia cerebral e ajudem instituições como a APAE a disponibilizar profissionais que possam promover o melhor tratamento possível para essas crianças. REFERÊNCIAS ABREU, A. G. Incidência de hemorragia peri-intraventricular em recém-nascidos pré-termo e a relação com o peso ao nascer. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano. 2007.V.17 n.2. São Paulo.2007 APAE - ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS. Disponível em: <http://www.apaecampinagrande.org.br/institucional.php>. Acesso em: 01 maio 2011 BARACHO, E. Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecológia e aspectos de mastológia. 4 ed.ver e ampliada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. LEITE, J.M.R.S.; PRADO,G.F. Paralisia cerebral aspectos fisioterapêuticos e clínico. Revista Neurociências - Volume 12 n.1-2004 - Paralisia cerebral. Disponível em:< www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/vol12_1/paralisia_cerebral.htm> Acesso em: 24 maio.2010. LIMA, C.L.A.; FONSECA, L. F. Paralisia cerebral. neurologia, ortopedia, reabilitação. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan 2004. PATO, T. R. Epidemiologia da paralisia cerebral. Acta Fisiátrica. Vol 9. n.2, p. 71-76, 2002. SALTER, R. Distúrbios e lesões do sistema músculo-esquelético. 2º Ed. São Paulo: Medsi, 1985 SHEPHERD, R. B. Paralisia cerebral. In: Fisioterapia em Pediatria. 3º Ed. São Paulo: Santos Livraria Editora, 2002. STOKES, M. S. Neurologia para fisioterapeuta. 1º Ed. São Paulo: Premier, 2000. 20