Resolução do Senado nº 13/2012 ICMS nas Operações Interestaduais com bens importados René de Oliveira e Sousa Júnior Diretor na Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda e Presidente da COTEPE/ICMS, de abril/11 a julho/12 Conselheiro junto ao Conselho de Contribuintes de Minas Gerais Fevereiro de 2013 1
Sumário 1. ICMS: principal problema 2. Guerra fiscal, guerra dos portos 3. Como acabar com a guerra fiscal? 4. Reforma do ICMS 5. Res. 13/12: contexto, objetivos, histórico, redação inicial e aprovada, constitucionalidade e regulamentação. 2
1 ICMS: principal problema Cobrança de parte na origem e parte no destino: essa estrutura possibilita a guerra fiscal de dois modos: quando permite que um Estado atraia um investimento não exigindo ou devolvendo parte ou todo o ICMS gerado nas vendas destinadas a outros Estados, mas permite o destaque do imposto na Nota Fiscal que será abatido na operação que ocorrerá no Estado destinatário; quando permite que um Estado incentive a importação por seu território, não exigindo, exigindo valor reduzido ou devolvendo parte do imposto, a chamada guerra dos portos. 3
2. Guerra fiscal Guerra fiscal entre os Estados da Federação: os Estados reduzem o ICMS para atrair investimentos para seus territórios, concedendo benefícios fiscais ou financeiros de forma inconstitucional. Éo mais grave problema do ICMS. 4
2. Guerra fiscal Os Estados mais pobres alegam que foi a única opção para atrair investimentos, compensando a falta de uma política mais efetiva de desenvolvimento regional. Contudo, os Estados mais ricos também passaram a praticar a guerra fiscal, a qual perdeu força como instrumento de desenvolvimento regional e passou a gerar uma série de distorções altamente prejudiciais ao crescimento do País. 5
2. Guerra Fiscal Os Estados concedem benefícios fiscais mediante negociações caso a caso e sem qualquer coordenação, ocasionando a guerra fiscal. Como todos os Estados, grandes e pequenos, praticam a guerra fiscal, a receita do ICMS está diminuindo como um todo. 6
Receita do ICMS em relação ao PIB Ano 1968 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 % do PIB 7,28 7,15 5,45 4.86 5,42 7,59 6,76 6,98 7,21 7,30 Fonte: (1) BACEN e Confaz, (2) Prof. Fernando Resende, Fórum Fiscal dos Estados Brasileiros, Caderno nº 10 ICMS: como era, o que mudou ao longo do tempo, perspectivas e novas mudanças, p. 11. 7
2. Guerra Fiscal A guerra fiscal produz uma verdadeira anarquia tributária, gerando, além de perda de receita para os Estados, uma enorme insegurança para os investidores. 8
2. Guerra Fiscal A insegurança atinge até mesmo as empresas que receberam incentivos e que não sabem se conseguirão mantê los: por conta de decisões do STF reconhecendo a inconstitucionalidade dos benefícios concedidos e discutindo a PSV 69, sem ainda definir se é obrigatória a cobrança retroativa dos impostos que deixaram de ser pagos; porque vários Estados cumprem a Lei Complementar nº 24/75 e não aceitam o crédito de ICMS de produtos que receberam incentivos em outras unidades da Federação. 9
2. Guerra Fiscal A guerra fiscal leva à ineficiência econômica e ao deslocamento improdutivo de mercadorias entre Estados. 10
2. Guerra dos Portos A Guerra dos Portos concessão de benefícios que favorecem as importações por determinados portos, em detrimento da produção nacional. Um Estado, para atrair a receita de ICMS na importação, dispensa o pagamento no desembaraço aduaneiro e cobra 3 ou 4% quando da operação interestadual, por crédito outorgado, repassando ao destinatário crédito de 12 ou 7%. Quando o mesmo produto nacional é comprado de outro Estado, a parcela do ICMS de 12 ou 7% é efetivamente paga. 11
3. Como acabar com a guerra fiscal? Atuação firme do judiciário na exigência do cumprimento da lei; Atuação firme do Ministério Público na responsabilização dos descumpridores da lei; Atuação firme dos Tribunais de Contas na exigência do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (arts. 11 e 14); Reformulação do ICMS para corrigir problemas que possibilitam a guerra fiscal. 12
4. Reforma do ICMS Um modo de diminuir ou acabar com a guerra fiscal é reformar o ICMS, migrando a tributação, nas operações interestaduais, da origem para o destino. Medida para acabar ou diminuir a guerra fiscal dos portos: passar para o destino a tributação nas operações interestaduais com produtos importados. 13
5. Resolução do Senado nº 13/12: contexto competição desigual com produtos importados em função dos benefícios ilegais concedidos aos importados; câmbio depreciado desindustrialização (ex.: têxteis, aços, máquinas e equipamentos, matérias primas derivadas do petróleo, etc.) 14
5. Resolução do Senado nº 13/12: objetivos a eliminação ou diminuição da guerra dos portos ; a eliminação das distorções da estrutura tributária; auxiliar na competitividade dos produtos nacionais. 15
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico Dez/10 Senador Romero Jucá (líder do governo no Senado) e outros, apresenta o PRS. 16
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico PRS 72/10 redação original Art. 1º A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços e Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior, será de 0% (zero por cento). 17
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico PRS 72/10 redação original 1ºO disposto neste artigo aplica se aos bens e mercadorias importados do exterior que, após o seu desembaraço aduaneiro: I não tenham sido submetidos a processo de industrialização; II tenham sido submetidos a processo que importe apenas em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original. 18
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico PRS 72/10 redação original 2º O Conselho Nacional de Política Fazendária baixará normas para fins de enquadramento de bens e mercadorias no disposto no 1º, no que se refere à definição do que se considera industrialização. 19
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico PRS 72/10 redação original 3ºAtéque o Confaz baixe as normas a que se refere o 2º, aplica se a legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Art. 2º Esta Resolução entra em vigor em 1º de janeiro de 2011. 20
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico 26/04/11 1ª audiência pública na CAE (Nelson Barbosa, Secretários Fazenda GO, ES, SP, SC e repres. CNI); Nelson Barbosa propõe de 12 para 8% em 2012 (de 7 para 4%); 4% em 2013; 2% a partir de 2014. 25/05/11 2ª audiência pública CAE com a presença do Sr. Luis Paulo Rosenberg, Economista e do Sr. Michal Gartenkraut, Professor. 21
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico 09/11/2011 PLENÁRIO do Senado Encaminha a matéria à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e, em seguida, àcae. 22
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico 20/03/2012 AUDIÊNCIA PÚBLICA CCJ Governadores de GO, SC, ES, CE, PA (vice); Nelson Barbosa MF; Paulo Skaf FIESP; Hamilton Dias de Souza, Advogado; João Cayres, Representante da CUT; Clóvis Panzarini, Consultor. 23
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico 21/03/2012 AUDIÊNCIA PÚBLICA CCJ e CAE Luiz Carlos Hauly, Secretário de Fazenda PR; Paulo Pereira da Silva, Presidente da Força Sindical; Aguinaldo Diniz Filho, Pres. Abit; Luiz Aubert Neto, Pres. Abimaq; Jorge Gerdau Johannpeter, Conselheiro do Instituto Aço Brasil; Michal Gartenkraut, consultor; Roque Carraza, Jurista; Heleno Taveira Torres, Professor USP; Tiago Cedraz, Advogado. 24
5. Resolução do Senado nº 13/12: histórico 11/04/2012 Aprovado na CCJ 17/04/2012 Aprovado na CAE 24/04/2012 Aprovado no Plenário 25/04/2012 Promulgada 26/04/2012 Publicada como Resolução do Senado nº 13/2012 25
5. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 25/04/2012 Art. 1º A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior, será de 4% (quatro por cento).
5. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 25/04/2012 Art. 1º 1º O disposto neste artigo aplica se aos bens e mercadorias importados do exterior que, após seu desembaraço aduaneiro: I não tenham sido submetidos a processo de industrialização;
5. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 25/04/2012 Art. 1º 1º II ainda que submetidos a qualquer processo de transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento, reacondicionamento, renovação ou recondicionamento, resultem em mercadorias ou bens com Conteúdo de Importação superior a 40% (quarenta por cento).
5. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 25/04/2012 Art. 1º 2ºO Conteúdo de Importação a que se refere o inciso II do 1ºéo percentual correspondente ao quociente entre o valor da parcela importada do exterior e o valor total da operação de saída interestadual da mercadoria ou bem.
5. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 25/04/2012 Art. 1º 3ºO Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) poderá baixar normas para fins de definição dos critérios e procedimentos a serem observados no processo de Certificação de Conteúdo de Importação (CCI).
5. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 25/04/2012 Art. 1º 4ºO disposto nos 1º e 2º não se aplica: I aos bens e mercadorias importados do exterior que não tenham similar nacional, a serem definidos em lista a ser editada pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) para os fins desta Resolução;
5. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 25/04/2012 Art. 1º 4ºO disposto nos 1º e 2º não se aplica: II aos bens produzidos em conformidade com os processos produtivos básicos de que tratam o Decreto Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, e as Leis nºs 8.248, de 23 de outubro de 1991, 8.387, de 30 de dezembro de 1991, 10.176, de 11 de janeiro de 2001, e 11.484, de 31 de maio de 2007.
5. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 25/04/2012 Art. 2º O disposto nesta Resolução não se aplica às operações que destinem gás natural importado do exterior a outros Estados. Art. 3º Esta Resolução entra em vigor em 1º de janeiro de 2013.
5. Resolução do Senado nº 13/12: constitucionalidade A Res. 13/12 é constitucional, pois: É competência do Senado Federal estabelecer as alíquotas nas operações interestaduais; O Senado já tinha exercido essa atribuição duas vezes; Não viola o art. 152 da CR/88 porque essa norma é destinada ao legislador estadual, distrital e municipal, não ao Senado Federal, legislador federal. Se o fosse, a Resolução nº 22/89 seria inconstitucional, pois reduz a alíquota conforme o Estado de destino; Não afeta o custo tributário final a ser suportado pelo consumidor final que será o mesmo quer seja nacional ou importado, só muda a divisão da receita entre estados.
5. Resolução do Senado nº 13/12: regulamentação 07/11/2012 Res. CAMEX 79/12 07/11/2012 Confaz extraordinário aprova: Ajuste SINIEF 19/12 Ajuste SINIEF 20/12 Convênio ICMS 123/12 21/12/2012 Confaz extraordinário (virtual) aprova Ajuste SINIEF 27/12 Em andamento: alterações no Ajuste SINIEF 35
Muito Obrigado! René de Oliveira e Sousa Júnior Conselho de Contribuintes do Estado de Minas Gerais Conselheiro 3ª Câmara rene.sousa@fazenda.mg.gov.br