Estimativa de emissões de poluentes e GEE em frotas: Aplicação Prática.



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Transcrição:

Estimativa de emissões de poluentes e GEE em frotas: Aplicação Prática. Marcelo Pereira Bales (1) ; Cristiane Dias (1) ; Silmara Regina da Silva (1) (1) CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 - Alto de Pinheiros - CEP 05459-900 - São Paulo - SP. tel: (11) 3133-6000 - e-mail: mbales@sp.gov.br; cdias@sp.gov.br; silmsilva@sp.gov.br RESENHA Com a publicação do 1º. INEAVAR (Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, Ministério do Meio Ambiente, 2011) tornou-se possível a utilização de uma nova metodologia de cálculo de emissões veiculares, primeiramente aplicada no nível nacional e posteriormente nos Estados brasileiros e nas Regiões Metropolitanas, nas quais o impacto das emissões veiculares é relevante para a elaboração de políticas públicas nas áreas de meio ambiente e mais especificamente, de qualidade do ar. O objetivo deste trabalho é apresentar uma ferramenta de inventário de emissões veiculares de frotas, baseada na metodologia proposta no 1º. INEAVAR e adaptada pela CETESB. Será apresentado um estudo de caso de uma empresa hipotética de transporte de pessoas, levando em consideração as características da frota-alvo, o número de veículos e a sua fase tecnológica, a intensidade de uso real da frota em operação e a autonomia real conhecida. A partir destas informações iniciais, é possível a obtenção das emissões veiculares e dos fatores de emissão (g/km) específicos da frota de interesse, empregando também os fatores em g/kwh publicados anualmente pela CETESB no Relatório de Emissões Veiculares no Estado de São Paulo. A ferramenta proposta possibilitaria ao frotista a estimativa de emissões específicas de poluentes e GEE, criando indicadores para operação e investimentos. PALAVRAS-CHAVES: emissões veiculares, frotas; ferramenta de inventário, fator de emissão, poluentes veiculares. INTRODUÇÃO O 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários foi publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2011 (MMA, 2011) (1) e apresenta uma metodologia de cálculo de estimativas de emissões veiculares. Desde então, essa metodologia está sendo utilizada pela CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo para a elaboração do Relatório Emissões Veiculares no Estado de São Paulo (CETESB, 2012) (2) e (CETESB, 2013) (3), publicados em 2012 e 2013. O objetivo deste trabalho é apresentar uma ferramenta prática de cálculo, utilizando essa mesma metodologia e empregando como exemplo uma empresa hipotética de transporte urbano de passageiros. Devem-se levar em consideração as características da frota-alvo, o número de veículos e a sua fase tecnológica, a intensidade de uso real da frota em operação e a autonomia real conhecida. A partir destas informações iniciais, é possível a obtenção das emissões e dos fatores de emissão específicos da frota de interesse. Para se estimar as emissões veiculares de um determinado segmento é utilizada a equação geral ou equação 1: E = Fe x Iu x Fr (Equação 1)

Onde: E = Massa de poluente emitida no período considerado (g/ano); Fe = Fator de Emissão ou massa de poluente emitida pelos veículos ao circular por uma determinada distância. A unidade mais usual é gramas por quilômetro (g/km). Este valor é determinado em laboratórios de emissão veicular e publicado anualmente pela CETESB. Os fatores de emissão dos veículos pesados, caminhões e ônibus, são obtidos a partir de testes no motor e são expressos em g/kwh. Para uso em inventário, passam por processo de cálculo que os converte para g/km, como nos demais veículos. Iu = Intensidade de Uso ou quilometragem anual percorrida pelo veículo (km/ano); Fr = Frota Circulante por tipo de veículo e por ano (número de veículos). Para um melhor entendimento, além das descrições da equação geral, apresentamos os termos que serão utilizados neste trabalho. Consumo de combustível: Quantidade de combustível vendido ou consumido em determinada organização ou região geográfica. Expressa em volume por ano. Quando o termo consumo se referir ao veículo, veja autonomia. Autonomia: Erroneamente chamada de consumo de combustível, é a distância que o veículo percorre utilizando um determinado volume de combustível usualmente é expressa na unidade km/l. Poluentes locais: Poluentes emitidos por veículos que diretamente ou indiretamente causam prejuízos à saúde. Neste trabalho serão inventariados os seguintes poluentes: monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NO x ), material particulado (MP), hidrocarbonetos totais (HC), dióxido de Enxofre (SO 2 ) e aldeídos (RCHO). Gases do efeito estufa ou GEE: Gases emitidos também por veículos que não causam prejuízos significativos à saúde nos níveis ambientais encontrados, mas contribuem para o fenômeno do aquecimento global. O principal deles é o CO 2. Também são considerados neste estudo o metano (CH 4 ) e o óxido nitroso (N 2 O). : Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (4), que estabelece limites de emissão de poluentes para todos os veículos novos fabricados ou importados no Brasil. DIAGNÓSTICO A GreenBus do Brasil é uma empresa de transporte urbano de passageiros em uma cidade de grande porte e está engajada em promover o transporte sustentável. Para tal, decidiu realizar um inventário de emissões de sua frota e dependendo do resultado, tomar medidas práticas para a redução de suas emissões de poluentes e GEE, e como uma consequência de suas ações de controle, obter o aumento de sua eficiência produtiva. A seguir, apresentamos as informações necessárias para o cálculo das estimativas de emissões veiculares da empresa GreenBus do Brasil.

Frota Circulante A frota desta empresa é composta por mil veículos tipo ônibus urbano, com ano de fabricação e tecnologia de controle de poluição variados, distribuídos nas diversas fases do. São similares na capacidade de transporte de passageiros. Os veículos mais antigos operam em rotas mais curtas e próximas à garagem, em função da demanda por manutenção. A tabela 1 demonstra a distribuição da frota formando grupos conforme ano de fabricação, alocada em cada fase do. Tabela 1 Frota da empresa GreenBus do Brasil por ano e por fase do Nº veículos 1994 200 P3 2001 200 P4 2011 400 P5 2012 200 P7 Intensidade de Uso A tabela 2 apresenta a intensidade do uso média diária conhecida desta empresa, por ano de fabricação do veículo. Tabela 2 Intensidade de uso média diária Intensidade de uso média 1994 P3 100 km/dia 2001 P4 200 km/dia 2011 P5 200 km/dia 2012 P7 200 km/dia A tabela 3 demonstra a intensidade de uso anual resultante das atividades da empresa GreenBus do Brasil. Para o cálculo foram considerados 300 dias úteis no ano. Tabela 3 Intensidade de Uso Anual da Frota da empresa GreenBus do Brasil Intensidade Intensidade de de uso uso (km/ano) Nº ônibus (km/ano) por veículo por grupo 1994 P3 30.000 200 6.000.000 2001 P4 60.000 200 12.000.000 2011 P5 60.000 400 24.000.000 2012 P7 60.000 200 12.000.000

Autonomia A autonomia dos veículos observada varia de acordo com o ano de fabricação do veículo e consequentemente, com as fases do, como indica a tabela 5. Tabela 5 Autonomia por ano de fabricação e fase do Autonomia (km/l) 1994 P3 1,8 2001 P4 2,2 2011 P5 2,2 2012 P7 2,5 Consumo de Combustível O consumo anual de diesel é 24.496.970 litros. A tabela 4 apresenta o consumo e a quilometragem anual da frota separada ano de fabricação e por fase do. Tabela 4 Consumo de óleo diesel e quilometragem anual Nº ônibus quilometragem (km/ano) Consumo de diesel (litros) 1994 P3 200 6.000.000 3.333.333 2001 P4 200 12.000.000 5.454.545 2011 P5 400 24.000.000 10.909.091 2012 P7 200 12.000.000 4.800.000 total 24.496.970 Por estar localizada em uma grande cidade, a empresa utiliza apenas diesel de baixo teor de enxofre. Como a estimativa foi realizada em 2012, o diesel fornecido continha 50 mg/kg de enxofre. Consumo Específico O consumo específico do motor do ciclo Diesel é obtido em testes de laboratório padronizados. O consumo varia conforme o motor e também conforme a fase do que ele atende. Para efeito de estudos, são utilizados valores médios de consumo específico dos motores comercializados no Brasil. Essa informação está disponível no 1º INEAVAR. Os valores relativos a 2011 em diante estão nos relatórios publicados pela CETESB (1,2). Os valores utilizados neste trabalho que refletem a frota da empresa exemplo estão descritos na tabela 6. Tabela 6 Consumo específico

Consumo Específico (g diesel/kwh) P3 218 P4 210 P5 220 P7 224

Fatores de Emissão Os fatores médios de emissão de motores do ciclo Diesel são os constantes nos relatórios publicados anualmente pela CETESB (2,3). A tabela 7 mostra esses valores para a categoria de ônibus urbano, em g/kwh, conforme o ano de fabricação dos veículos da frota. Tabela 7 Fatores médios de emissão de ônibus urbano (g/kwh) CO HC NOx MP Consumo (g/kwh) (g/kwh) (g/kwh) (g/kwh) (gdiesel/kwh) 1994 P3 1,62 0,54 6,55 0,318 218 2001 P4 0,85 0,29 6,16 0,12 210 2011 P5 0,9 0,11 4,73 0,08 225 2012 P7 0,27 0,02 1,289 0,0125 224 Os fatores de emissão utilizados para os gases óxido nitroso (N 2 O), metano (CH 4 ) e dióxido de carbono (CO 2 ), os três GEE (gases de efeito estufa); e para o dióxido de enxofre (SO 2 ) estão apresentados na tabela 8. Para as estimativas de emissões de CO 2 e SO 2 foi empregado o método top-down, a partir do consumo de combustível. Nesse caso, utilizamse os fatores de emissão do combustível, não do veículo. Para se estimar o CO 2 equivalente empregou-se a metodologia do Potencial de Aquecimento Global (GWP) em horizonte de 100 anos, prevista pelo IPCC, 2006 (5). Tabela 8 Fatores Fatores de Emissão de de N 2 O, CH 4, CO 2 e SO 2 Gás Emissão CO 2eq CO 2 0,03 g/km 1 CH 4 0,06 g/km 21 N 2 O 0,002603 t/l 310 SO 2 0,0426 g/l N/A Fonte: IPCC (5) e ANP PROPOSIÇÕES E RESULTADOS É possível converter os fatores de emissão em g/kwh para g/km, quando estão disponíveis os dados de consumo específico de diesel e os valores de autonomia por do, demonstrados nas tabelas 5 e 6. A metodologia e as equações estão nos relatórios CETESB (2,3). Os valores resultantes estão indicados na tabela 9. Tabela 9 Fatores médios de emissão de ônibus urbano (g/km) CO HC NOx MP (g/km) (g/km) (g/km) (g/km) 1994 P3 3,47 1,16 14,02 0,68 2001 P4 1,55 0,53 11,20 0,22 2011 P5 1,53 0,19 8,03 0,14 2012 P7 0,41 0,03 1,93 0,02

Estimativas das Emissões Veiculares A tabela 10 apresenta as emissões resultantes e a intensidade de uso, por grupos de veículos, estimados com a aplicação da metodologia sugerida neste trabalho. Tabela 10 Estimativa de emissões veiculares para a frota de ônibus urbano da empresa GreenBus do Brasil, em toneladas Emissões (t) Nº ônibus CO HC NOx MP SO Intensidade de uso 2 N 2 O CH 4 CO 2 CO 2eq (milhões km/ano) 1994 P3 200 20,81 6,94 84,13 4,08 56,80 0,18 0,36 8.677 8.740 6 2001 P4 200 18,55 6,33 134,40 2,62 92,95 0,36 0,72 14.198 14.325 12 2011 P5 400 36,65 4,48 192,64 3,26 371,78 0,72 1,44 28.396 28.650 24 2012 P7 200 4,86 0,36 23,20 0,23 81,79 0,36 0,72 12.494 12.621 12 Total N/A 1000 80,87 18,10 434,37 10,19 603,32 1,62 3,24 63.765,61 64.335,85 54 A Tabela 11 apresenta os impactos relativos das emissões e da intensidade de uso, por grupos de veículos. Tabela 11 Impactos reativos das emissões veiculares para a frota de ônibus urbano da empresa GreenBus do Brasil, em % Nº ônibus CO HC NOx MP SO 2 N 2 O CH 4 CO 2 CO 2eq Intensidade de uso por grupo 1994 P3 20% 26% 38% 19% 40% 9% 11% 11% 14% 14% 11% 2001 P4 20% 23% 35% 31% 26% 15% 22% 22% 22% 22% 22% 2011 P5 40% 45% 25% 44% 32% 62% 44% 44% 45% 45% 44% 2012 P7 20% 6% 2% 5% 2% 14% 22% 22% 20% 20% 22% O Gráfico 1 permite identificar o percentual da emissão de material particulado MP (diâmetro da bolha) em função do ano de fabricação (eixo horizontal) e da intensidade de uso dos veículos(eixo vertical). Nota-se que a emissão dos mais antigos equivale a 40% da emissão total desse poluente, apesar de representar apenas 10% da intensidade de uso. Gráfico 1 Emissão de MP em função do ano de fabricação e da intensidade de uso

Intensidade de uso Intensidade de uso 60% MP 50% 40% 30% 2011; 32% 20% 10% 0% 1994; 40% 2001; 26% 2012; 2% O Gráfico 2 permite identificar o percentual da emissão de CO 2eq (diâmetro da bolha) em função do ano de fabricação (eixo horizontal) e da intensidade de uso dos veículos (eixo vertical). Nota-se que a emissão está diretamente ligada à intensidade de uso em função da pouca diferença na autonomia dos veículos. Gráfico 2 Emissão de CO 2eq em função do ano de fabricação e da intensidade de uso 60% CO2eq 50% 40% 30% 2011; 45% 20% 10% 2001; 22% 2012; 20% 0% 1994; 14%

CONCLUSÕES Pela metodologia apresentada, é possível estimar as emissões de poluentes e GEE da operação da frota de maneira bastante simples, bastando servir-se de dados da própria operação e de informações públicas. Identificam-se claramente como as diversas faixas de modelos impactam as emissões de poluentes e de GEE. É possível ainda simular o resultado de alterações na frota e na operação, alterando-se os dados de intensidade de uso, de consumo e os fatores de emissão, úteis, por exemplo, na decisão pela renovação de parcelas de veículos da frota. No caso da GreenBus do Brasil, percebe-se que ela poderia ter ganhos interessantes na redução de poluentes, como MP, se substituísse os veículos mais antigos por modelos mais novos, com melhor controle das emissões. Já para a redução dos GEE os ganhos seriam menores com a substituição dos mais antigos, ainda que presentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) MMA, 2011 - Ministério do Meio Ambiente. 1º. INEAVAR - Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários Relatório Final, Brasília, 2011. (2) CETESB, 2012 - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CETESB. Relatório Emissões Veiculares no Estado de São Paulo 2011, São Paulo, 2012. (3) CETESB, 2013 - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CETESB. Relatório Emissões Veiculares no Estado de São Paulo 2012, São Paulo, 2013. No prelo. (4) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. Programa De Controle Da Poluição Do Ar Por Veículos Automotores /PROMOT/IBAMA, 3ª ed, Brasília, 2011. (5) IPCC, 2006 IPCC Guidelines for national Greenhouse Gas Inventories. Prepared by the National Greenhouse Gas Inventories Programme [Eggleston H.S., Buendia L., Miwa K., Ngara T. and Tanabe K. (eds)], Hayama: IGES, 2006.