DIREITO À EDUCAÇÃO: POLÍTICAS DE PLANEJAMENTO DAS TECNOLOGIAS E SUA INSERÇÃO NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE CAMPO GRANDE MS Resumo Adriana Atanazio Lima 1 adriana-atanasio@hotmail.com Valdivina Alves Ferreira 2 valdivina5784@hotmail.com Este texto tem como objetivo fazer uma reflexão sobre o direito à educação como um dos direitos sociais da cidadania apontando uma das formas de garantir esse direito, e o direito à educação tecnológica. Para tanto, faremos uma análise das políticas públicas que tratam sobre o planejamento das tecnologias nas escolas municipais de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul (MS). Objetiva-se ainda verificar como vem sendo realizado o acompanhamento e a avaliação das políticas públicas que tratam sobre as tecnologias utilizadas nos laboratórios de informática das escolas, seu planejamento, bem como as medidas adotadas, tendo como base o Plano de Ações Articuladas (PAR). É uma pesquisa bibliográfica e documental e os resultados parciais indicam que o município aderiu ao Compromisso Todos pela Educação, buscando sua implementação na elaboração do PAR, que permite observar as ações definidas pelo município, no que se refere a formas de acompanhamento e participação, que podem ser consideradas fundamentais para garantia da qualidade da educação. Palavras-chave: Direito à Educação; Políticas Públicas; Tecnologias da Informação e da Comunicação; Plano de Ações Articuladas. Introdução O textotem como objetivo fazer uma reflexão sobre o direito à educação como um dos direitos sociais da cidadania apontando uma das formas de garantir esse direito, e o direito à educação tecnológica. Para tanto, discutimos as políticas públicas que tratam sobre o planejamento das tecnologias nas escolas municipais de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul (MS). Objetiva-se ainda verificar como vem sendo realizado o acompanhamento e a avaliação das políticas públicas que tratam sobre as tecnologias utilizadas nos laboratórios de informática das escolas, seu planejamento, bem como as medidas adotadas, tendo como base o Plano de Ações Articuladas (PAR). A metodologia utilizada consiste na pesquisa bibliográfica e documental. Buscou-se no aporte teórico de pesquisadores como(saviani, 2009) para fundamentar a pesquisa aqui 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, pesquisadora voluntária no PIBIC - UCDB 2 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Mestrado e Doutorado - UCDB
apresentada. A pesquisa documental primou pela discussão dos dados sobre a temática na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 (LDB), no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e no Plano de Ações Articuladas (PAR) do município de Campo Grande (2011-2014). A Educação como Direito Humano e o Direito à Educação no Brasil O entendimento da educação como um direito humano está reconhecido no art. 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, onde consta que toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. Ao se tratar do direito à educação não se refere somente à educação escolar,a educação apresenta um sentido amplo. O processo educativo é continuo para a vida inteira. No qual a aprendizagem realiza-se em diversos âmbitos, na comunidade, no trabalho, na família, na escola. Na sociedadeatual, o conhecimento obtido com o aprendizado escolar se torna essencial e faz parte da vida,sendo necessário para o convívio social. O conhecimento possibilita à pessoa desenvolver-se plenamente e, a educação é um bem público da sociedade, na medida em que possibilita o acesso aos demais direitos. O direito à educação no Brasil é garantido pela Constituição Federal de 1988, onde dispõe em seu art. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL,1988). No intuito de organizar e garantir o que se estabelece na Constituição no que se refere à educação, cria-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Lei 9.394, de 1996) que detalha os direitos e organiza os aspectos gerais do ensino, e o Plano Nacional de Educação (Lei1 3.005, de 2014), que estabelece diretrizes e metas a serem alcançadas no prazo de dez anos. Também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (Lei 8.069, de 1990) que estabelece importantes princípios e obrigações a serem observados no campo educacional.
A LDB é baseada no princípio do direito universal à educação para todos, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional em seus artigos, nos quais a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996). Buscando meios de garantir uma educação de qualidade garantindo o que estabelece na LDB, o Ministério da Educação (MEC), cria o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) em 24 de abril de 2007, o qual foi oficializado por meio da promulgação do Decreto nº 6094/2007 dispondo sobre o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. O PDE é constituído por um conjunto de 29 ações que contemplam todos os programas que estão sob a responsabilidade do MEC (SAVIANI, 2009). Na Seção II desse Decreto trata sobre o Plano de Ações Articuladas (PAR) que se denomina como conjunto articulado de ações, apoiado técnica ou financeiramente pelo Ministério da Educação, que visa o cumprimento das metas do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação e a observância das suas diretrizes (BRASIL, 2007). No PAR está prescrito o apoio financeiro e técnico do Ministério da Educação que será orientado e efetivado mediante a quatro eixos de ação expressos na seguinte forma: gestão educacional;formação de professores e profissionais de serviços e apoio escolar;recursos pedagógicos;infraestrutura física (BRASIL, 2007). Por sua vez, cada um desses eixos se divide em áreas de atuação e cada uma das áreas contém indicadores que tem a especificidade de pontuar a qualidade nos quais são atribuídos níveis de pontuação de 01 a 04. O PAR é elaborado por entes compromissados analisando a realidade educacional local, e,que enviam ao MEC a real necessidade de implementação e mudanças dos setores educacionais de cada Município. Nessa pesquisa buscou-se analisar o 4º eixo, que se refere aos recursos pedagógicos e infraestrutura física, primando pelaanálise das políticas públicas que tratam sobre o
planejamento das tecnologias nas escolas municipais de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul (MS). A inclusão digital faz parte do direito à educação, vivemos num mundo globalizado, numa sociedade da informação e do conhecimento, onde as novas tecnologias educacionais impulsionam a maneira de ensinar (professores) e aprender (alunos) no processo ensinoaprendizagem. Dessa forma, faz-se necessário o acompanhamento e a avaliação da implementação dos Programas de Políticas Públicas de informática aplicadas à educação bem como identificar as contribuições do uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de educação básica. O PAR no município de Campo Grande: Uso da Tecnologia Atualmente Campo Grande, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015) tem uma população estimada em 853.622, com área total de 8.092.951 km², com uma densidade demográfica de 97,22 hab/km². Com a era tecnológica e as culturas digitais, há de haver a busca por espaços, nas escolas, onde alunos utilizam as tecnologias que estão inseridas no seu cotidiano. Nesse sentido, a utilização das tecnologias na aprendizagem escolar é necessária e requer o conhecimento da política de implantação, implementação e manutenção das mesmas no ambiente escolar. Ao analisar os dados do PAR referente aos anos de 2011 à 2014, observa-se que há de se considerar melhorias, quanto ao uso da tecnologias.os dados observados no PAR nos permitem observar que todas as unidades escolares possuem laboratório de informática, contudo faz-se necessário a manutenção dos mesmos bem como a aquisição regular de insumos para a utilização nas práticas pedagógicas. Para que as tecnologias se efetivem no processo educacional é preciso expandir a infraestrutura existente, no sentido de adequá-la para atender a demanda existente em relação às constantes práticas de formação, em particular prevendo o estudo das utilizações pedagógicas dos novos recursos proporcionados pela tecnologia digital. Considerações finais
A educação é umdireito que visa contribuir para a efetivação da cidadania. Para tanto, precisa ser organizada possibilitando o acesso, aquisição e desenvolvimento de novos conhecimentos para o exercício dos direitos e deveres das pessoas envolvidas. Observa-se que a adesão do município de Campo Grande ao PAR possibilita que a equipe responsável pelo acompanhamento do mesmo monitore os seus indicadores e, a partir desses indicadores utilizem a possibilidade da adoção de ações que se aproximem de uma democratização da gestão da educação básica. O monitoramento das ações evidencia os esforços do município em adequar-se ao contexto tecnológico em que a sociedade está inserida e que, por sua vez, a escola não pode ficar a margem desse contexto. Nota-se que apesar das escolas possuírem laboratórios de informática, ainda se faz necessário a manutenção dos mesmos e a aquisição de insumos necessários ao seu funcionamento. Referência Bibliográfica BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades de Mato Grosso do Sul. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/. Acessado 19/10/2016. BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03?leis. /9394.htm>. Acesso em: 19/10/2016. BRASIL. Ministério da Educação. Orientações para elaboração do Plano de Ações Articuladas (PAR) dos municípios (2011-2014). Brasília, 2011. Disponível em www.fnde.gov.br. Acesso em 20/10/2016. BRASIL. PDE. O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas. Brasília: MEC, 2007. BRASIL. Ministério da Educação. SistemaIntegrado de Monitoramento e Controle. Disponível em: http://simec.mec.gov.br/. Acesso em 20/10/2016. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS, ONU, 1948. Disponível em www.dudh.org.br/declaracao/. Acesso em 20/10/2016. SAVIANI, Demerval. PDE Plano de Desenvolvimento da Educação: uma análise crítica da política do MEC. Campinas: Editores Associados, 2007.