RELATÓRIO ABEGÁS MERCADO E DISTRIBUIÇÃO Ano III - Nº 21 - Abril/2009
Sumário Panorama...4...5 Expediente Diretoria Executiva ABEGÁS - Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado Presidente: Armando Laudorio Diretor Vice-Presidente: Gerson Salomão Maranhão da Fonseca Diretores: Carlos Eduardo de Freitas Brescia; José Carlos de Mattos; José Carlos de Salles Garcez; Fernando Akira Ota; Luiz Carlos Meinert. Secretário Executivo: Augusto S. Salomon Coordenador Jurídico: Antônio Luis de M. Ferreira Coordenador Técnico: Gustavo Galiazzi Produção e Editoração Gás Brasil Mídia Editorial www.gasbrasil.com.br 02
A UNIÃO DO GÁS NATURAL MOVIMENTANDO O BRASIL 03
Panorama SOLUÇÕES PONTUAIS E PROBLEMAS CRÔNICOS Entre 2001 e 2002, assistimos a um apagão elétrico no Brasil. O escândalo do apagão foi uma crise nacional, sem precedentes no País, que afetou o fornecimento e distribuição de energia elétrica, inibiu o crescimento da economia e criou uma enorme crise institucional. A crise ocorreu por falta de planejamento e ausência de investimentos em geração e distribuição de energia, e foi agravada pelas poucas chuvas e pelo aumento da demanda energética. Com a escassez de chuva, o nível de água dos reservatórios das hidroelétricas baixou e os brasileiros foram obrigados a racionar energia. Agora, sete anos depois, vemos um apagão do mercado de gás natural. Similar ao que aconteceu no passado com o setor elétrico - em que toda uma década sem investimentos na geração e transmissão de energia elétrica no Brasil ocasionou um racionamento de energia, assistimos a um retrocesso de cinco anos na indústria do gás natural, novamente por falta de uma política energética e pela falta de competitividade do preço de custo do energético. Na época, o país se mobilizou e o problema elétrico foi solucionado. E agora, como será solucionada a questão do gás natural? Como conseqüência ao preço o valor pago pelas indústrias no Brasil é cerca de 100% (fonte: EIA/MME) mais elevado do que o de referência no mercado internacional, sendo 70% preço da commodity para o produtor, 20% carga tributária e 10% margem bruta da distribuidora, o país tem visto uma redução acentuada no consumo de gás natural e chegou ao menor nível desde 2004. A ABEGÁS vem questionando o alto custo da commodity e a conseqüente falta de competitividade. Ao invés de se tornar o preço do gás natural competitivo em relação aos demais energéticos, foi o preço do óleo combustível que subiu 14,49%, isto em plena queda do preço do barril de petróleo. Resolveram a questão da competitividade! O alto custo do energético foi uma das razões que fizeram com que muitas empresas trocassem o gás por outra fonte de energia. O preço chegou a um patamar que acabou unindo a ABEGÁS com outros agentes do mercado para propor ao governo federal a adoção de uma política de preços para o insumo, valor que hoje é controlado por um único agente. Um exemplo disso foi a reunião que tivemos no dia 29 de abril no Ministério de Minas e Energia em Brasília, com o Ministro Edison Lobão, senador Aloísio Mercadante, o presidente da Petrobras, representantes da indústria química e FIESP. Pleiteamos, junto ao senhor ministro de Minas e Energia, uma fórmula de longo prazo para calcular o preço do gás, alcançando uma política que permita a concorrência entre os energéticos seguindo práticas normais de mercado. A alternativa de realização dos leilões eletrônicos é, sem dúvida, importante, todavia, trata-se de solução paliativa diante de uma questão de maior magnitude e que foi imposta ao mercado. Ademais, a atratividade dos preços negociados nesses leilões (com deságio em relação aos atuais) para entrega futura, em um cenário de queda circunstancial e paramétrica dos mesmos, acaba por apresentar-se distorcida e, portanto, desalinhada com a realidade. Esperamos leilões semelhantes também quando cenário de preços estiver apontando para o crescimento dos mesmos, ainda que não passem de paliativos. Esses leilões resultaram em volumes de vendas efetivas muito aquém daqueles que foram ofertados, o que mostra, infelizmente, que a solução que vem sendo dada ao mercado é muito pequena em relação à magnitude da questão imposta. A questão da falta de competitividade subtraiu 19 milhões de metros cúbicos por dia do mercado. Os leilões realizados ofereceram, em média, 10 milhões m³/dia e conseguiram alocar, também em média, 4,5 milhões m³/dia. Temos que buscar uma política de preços com muita estabilidade para um mercado regido, mundialmente, por contratos de longo prazo. Participe e opine. Vamos em frente! Armando Laudorio Presidente 04
ESTATÍSTICAS E MERCADO 05
Consumo abril Consumo de Gás Natural cai no primeiro quadrimestre do ano A média diária caiu de 49,9 para 33,6 milhões de m³ em um ano. Depois de esboçar uma reação no mês de março, o consumo nacional de gás natural perdeu forças novamente. De acordo com os dados estatísticos da ABEGÁS - Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado, o volume de gás natural comercializado atingiu a média diária de 32,8 milhões de metros cúbicos de gás, uma queda de 4,54% em relação ao mês anterior. De janeiro a abril de 2009, por falta de competitividade em relação aos demais combustíveis, o consumo de gás natural teve uma diminuição de 34,97% se comparado ao mesmo período do ano passado. Só o segmento industrial - que mais consome gás natural no Brasil viu o seu consumo despencar em 28,08%. As indústrias consumiram a menos cerca de oito milhões de metros cúbicos por dia. No primeiro quadrimestre de 2008, o uso do insumo para indústrias havia sido da ordem de 26 milhões m³/dia, enquanto que no mesmo período em 2009 foi de 18,7 milhões m³/dia. Os segmentos de co-geração, automotivo e comercial também apresentaram retração. Respectivamente, a queda foi de 17,73%, 13,68% e 4,35%. Um menor acionamento das térmicas diminuiu o consumo elétrico em pouco mais de sete milhões de metros cúbicos por dia a menos, de um quadrimestre a outro, representando uma queda de 60,34%. Em contrapartida, os números do volume comercializado do segmento residencial demonstraram que o mercado tenta reagir. Apesar das dificuldades enfrentadas em razão do alto preço e, principalmente, a perda de competitividade em relação ao GLP, o consumo do gás natural em residências atingiu a média de 625 mil m³/dia, o que representa crescimento de 1,42% no quadrimestre. Os números com relação a março também não são animadores. À exceção do segmento residencial, todos os outros apresentaram queda. O resultado foi que, desde o ano de 2004, o consumo de gás natural não era tão baixo como o valor apresentado neste mês. Os dados demonstram que a falta de política energética e o preço do insumo têm refletindo de forma negativa para o setor. Mesmo assim, o mercado continua apostando no gás natural. Cerca de 37 mil clientes passaram a utilizar o insumo no mês de abril, seja em indústria, comércio e residência, entre outros. As distribuidoras também investiram na rede com um incremento de 86 km. 06
Comercialização de Gás Natural no Brasil Comercialização Histórica de Gás Natural no Brasil - 1998 a 2008 e Comparativo de Abril de 2009 em relação ao mesmo período de 2008 em milhões de m³/dia Fonte: ABEGÁS 07
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Comercialização de Gás por Região Acumulada por Região Abril em Mil de m³/dia Industrial - Abril em Mil de m³/dia Automotivo - Abril em Mil de m³/dia Residencial - Abril em Mil de m³/dia Comercial - Abril em Mil de m³/dia Geração Elétrica - Abril em Mil de m³/dia Cogeração - Abril em Mil de m³/dia GNC e Outros - Abril em Mil de m³/dia 09
Competitividade Para a composição do Estudo de Competitividade do Gás Natural foram consideradas as seguintes premissas: Preços: Como fonte de consulta foram utilizadas as estruturas tarifárias das distribuidoras analisadas; Critérios: Foram utilizadas como base de levantamento duas distribuidoras, respeitando os maiores volumes comercializados nos seguintes segmentos: Residencial, Comercial, Automotivo e Industrial; Geração Térmica: Este segmento não foi analisado neste estudo, devido às diferentes condições comerciais de fornecimento dos energéticos; Apresentação: Os números utilizados como base de avaliação por região seguiram os seguintes critérios de análise: Gráficos em R$/MMBtu; Gráfico R$ preços médios. 10
Industrial - Preço s/ ICMS Industrial - Evolução dos Preços s/ ICMS Fontes: Gás Natural: Tarifas das Concessionárias Óleo Combustível A1: Preço Distribuidoras GLP: ANP e Preço Distribuidoras Preço Médios nas Refinarias + Frete Energia Elétrica: ANEEL Tarifas Médias por Classe de Consumo (Industrial) Lenha e Carvão: AMS - Associação Mineira de Silvicultura - Preços Médios Poder Calorífico GN: 9.400 kcal/m³ OC A1: 10.100 kcal/kg GLP: 11.175 kcal/kg E.E.: 860.000 kcal/mwh Lenha: 3.300 kcal/kg Carvão 7.500 kcal/kg Fonte: CTGÁS - Dados de Unidades de Conversão 11
Residencial - Preço s/ ICMS Residencial - Evolução dos Preços s/ ICMS Fontes: Gás Natural: Tarifas das Concessionárias GLP: ANP Preço Médios - Revenda P13 Energia Elétrica: ANEEL Tarifas Médias por Classe de Consumo (Residencial) Poder Calorífico: GN: 9.400 kcal/m³ GLP: 11.175 kcal/kg E.E.: 860.000 kcal/mwh Fonte: CTGÁS - Dados de Unidades de Conversão 12
Comercial - Preço s/ ICMS Comercial - Evolução dos Preços s/ ICMS Fontes: Gás Natural: Tarifas das Concessionárias GLP: ANP Preço Médios nas Refinarias + Frete Energia Elétrica: ANEEL Tarifas Médias por Classe de Consumo (Comercial, Serviços e Outras) Poder Calorífico: GN: 9.400 kcal/m³ GLP: 11.175 kcal/kg E.E.: 860.000 kcal/mwh Fonte: CTGÁS - Dados de Unidades de Conversão 13
Automotivo - Preço s/ ICMS Automotivo - Evolução dos Preços s/ ICMS Fontes: Gás Natural: ANP - Preço Revenda Álcool: ANP - Preço Revenda Diesel: ANP - Preço Revenda Gasolina: ANP - Preço Revenda Poder Calorífico: GNV: 9.400 kcal/m³ Álcool: 6.400 kcal/l Diesel: 10.200 kcal/l Gasolina: 11.100 kcal/l Fonte: CTGÁS - Dados de Unidades de Conversão 14
Energia Despacho térmico no Sul do país O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por definir a Curva de Aversão ao Risco (CAR), divulga o Programa Mensal de Operação Eletroenergética (PMO) no qual estabelece as diretrizes eletroenergéticas de curto prazo, para otimizar a utilização dos recursos de geração e transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN). Uma das informações constantes do PMO é o Nível de Segurança dos subsistemas. Para a região Sul, o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) determinou - em 22/04/2009 - a adoção do Nível de Segurança de 40% da Energia Armazenada Máxima (EARMáx) para balizar o despacho de geração térmica complementar nessa região. Desta forma, no mês de maio o ONS solicitou à ANEEL o despacho da UTE Araucária para evitar que a região opere abaixo deste nível, mesmo sendo superior ao nível indicado pela CAR (13% EARMáx). 15
Energia Geração de Energia: Térmica a Gás Geração de Energia: Hidráulica Fonte: ONS Fonte: ONS Comparativo Geração de Energia Térmica a Gás em Mwmed 2008 2009 % Janeiro 4.697,17 2.161,18 190,71% Fevereiro 5.627,19 1.820,95-67,64% Março 5.111,64 2.246,01-56,06% Abril 4.133,86 1.703,44-58,79% Fonte: ONS Comparativo Geração de Energia Hidráulica em Mwmed 2008 2009 % Janeiro 44.338,80 44.931,36-3,97% Fevereiro 44.341,21 48.104,29 8,49% Março 45.472,45 49.361,00 8,55% Abril 46.118,48 46.837,22 1,56% Fonte: ONS Níveis dos Reservatórios Energia Armazenada por Região em Abril/2009 REGIÃO ABRIL N 98,25% NE 98,62% SE/CO 83,68% S 38,55% Fonte: ONS 16
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