A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ESPANHOL NO PARFOR: OS DESAFIOS DE CONCILIAR A PRÁXIS DOCENTE E A VIDA ACADÊMICA

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Transcrição:

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ESPANHOL NO PARFOR: OS DESAFIOS DE CONCILIAR A PRÁXIS DOCENTE E A VIDA ACADÊMICA Carlos Henrique da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte henrique.ir@hotmail.com Resumo As exigências da formação continuada de professores para atuarem na educação básica, corrobora com as orientações preconizadas pela Lei de Diretrizes e Bases Nacional (LDB). Assim, o Plano Nacional de Professores da Educação Básica PARFOR- oferece cursos para atenderem as demandas sociais nas mais diversas necessidades: I- Licenciatura; II- Segunda Licenciatura e III- Formação Pedagógica. Entre estes cursos ofertados destaca-se a Licenciatura Letras Espanhol para cumprir o que determina a lei 11.161 de 05 de agosto de 2005 (Lei do Espanhol) sancionada pela presidência da república do Brasil. Assim, os professores participam de formação, sem contudo, se afastarem de suas atividades de sala de aula. Diante desse panorama, o presente trabalho se propõe a pesquisar quais são os desafios que enfrentam estes educadores ao conciliarem a práxis docente e a vida acadêmica. Para constituição dos dados, foram aplicados questionários com questões abertas, junto aos professores em processo de formação de uma Licenciatura de Espanhol em uma universidade pública ofertado pelo PARFOR. Metodologicamente a pesquisa insere-se no âmbito da Linguística Aplicada e segue a abordagem dos parâmetros da pesquisa qualitativa de cunho interpretativista. Lançaremos mãos dos pressupostos teóricos defendidos por CANDAU (1997); SANTOS (1998); CABRAL (2013). Os dados da pesquisa indicam que a formação continuada do docente, se dá pela prática em sala de aula, a partir da relação concretizada entre teoria e prática e na reflexão diária de seu exercício cotidiano, visando o aprimoramento do processo ensino-aprendizado. Assim, os desafios se tornam irrelevantes diante da grandeza dos objetivos educacionais. Palavras-chave: Formação de professores; práxis docente; desafios. 1.INTRODUÇÃO O entendimento sobre o processo de formação docente exige que se observe, esse momento na profissão como parte do desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional. No tocante a formação inicial refere-se à formação pré-serviço, que é considerada uma preparação para o exercício do magistério.

A formação continuada que trataremos no decorrer deste artigo, consiste em propostas voltadas para a qualificação do profissional, deve levar em consideração a possibilidade de melhoria de sua prática pelo domínio de conhecimentos e de métodos de seu campo de trabalho, no caso em estudo, verificamos o processo de formação continuada do professor e Língua Espanhola. Para Santos (1998) afirma que a formação continuada corresponde a uma fase de formação permanente, incluindo todas as atividades planejadas pelas instituições e, até mesmo, pelos próprios profissionais, de modo a permitir o desenvolvimento pessoal e o aperfeiçoamento da sua profissão. A formação tem como objetivo levar o profissional a dirimir as dificuldades e deficiências diagnosticadas na sua prática social ou o aperfeiçoamento e o enriquecimento da competência profissional. Reconhece-se a importância de promover espaços, como seminários, fóruns, cursos de especialização e extensão, dentre outros, nos quais o profissional possa dar continuidade e à sua formação. Candau (1997), no entanto, defende que a formação continuada não pode ser concebida apenas através de (cursos, palestras, seminários, etc), mas como um processo de reflexividade sobre as práticas como também a reconstrução permanente de uma identidade pessoal e profissional, numa interação mútua. É nessa perspectiva que discutimos nesse trabalho o processo de formação continuada do professor de Lingua Espanhola. Assim, além desta parte introdutória, numa primeira seção apresentaremos os movimentos de formação dessa licenciatura no Brasil, em seguida detalharemos esta formação na estrutura do PARFOR. Numa terceira seção apresentaremos o projeto da universidade, onde realizamos a pesquisa. No segundo capítulo, destacaremos alguns dos desafios vivenciados por professores da graduação de Língua Espanhola-PARFOR. Por fim apresentaremos algumas considerações finais a cerca da temática em discussão. 1.1.O ensino da língua espanhola no Brasil A educação brasileira está regulamentada na LDB, e nela está registrado que é obrigatória pelo menos uma língua estrangeira moderna na grade curricular das escolas do ensino fundamental e médio, ficando esta escolha a critério da comunidade escolar, levando em consideração as possibilidades de ensino da instituição. No Brasil, atualmente, a língua estrangeira mais estudada é o inglês (grifo meu). Somente em cinco de agosto do ano de dois mil e cinco é que o então Presidente da República Brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 11.161 (conhecida como Lei do

Espanhol), tornando obrigatória a oferta da língua espanhola nas escolas públicas e privadas de ensino médio no Brasil. Atualmente para negociações entre países, após a criação do MERCOSUL, e da probabilidade, com seu ensino e da abertura para o conhecimento de novas culturas, A LE vem conquistando aos pouco seu espaço nas grades curriculares das escolas. Segundo o Centro Educacional Hispano-brasileiro, o idioma espanhol atualmente assume um papel importante no cenário econômico, político e, sobretudo, cultural, do mundo. A LE é a segunda língua comercial, falada em mais de 20 países, totalizando mais ou menos 350 milhões de falantes. E ainda assim, não conquistou nas escolas públicas o mesmo entusiasmo que a língua inglesa. A despeito de mantermos relações com países vizinhos, dos países membros do MERCOSUL que, em sua maioria, são hispanohablantes. Para as exigências do mundo globalizado é imperativo que sejam ofertados novos espaços para a construção do conhecimento para que os sujeitos possam ter acesso a novas perspectivas culturais. Assim sendo, a oferta da Língua Espanhola nas escolas públicas é vista como um importante passo para a implantação de uma visão plurilíngue do ensino de idiomas e, consequentemente, diminuir o crescente processo de exclusão a grupos populares, impossibilitados financeiramente de ter ingresso a um curso de línguas pago. As relações existentes entre o Brasil e as nações de língua espanhola nos apontam para a necessidade de repensar o lugar que esta língua ocupa nas grades curriculares em nosso país, bem como seu valor para expandir as relações políticas, comerciais e, sobretudo, culturais com o Brasil. Apontam, também, para uma nova e próspera etapa para educação no nosso país. A inclusão da LE no sistema educacional brasileiro implica, deste modo, na superação da oferta superdimensionada do ensino de um idioma como única via de acesso ao conhecimento em língua estrangeira, produto de uma visão ultrapassada da escola. Se considerarmos o nosso atual contexto político, econômico e cultural vemos que a necessidade de incorporação efetiva da Língua Espanhola no sistema educacional brasileiro é evidente, e que para esta incorporação venha ocorrer, se faz necessário à formação de educadores para lecionar a LE nas escolas brasileiras. Mediante o exposto, é que ultimamente ocorreu um acréscimo considerável de vagas para educadores de língua espanhola nas universidades publicas em diversos estados brasileiros, vislumbrando ampliar o quadro de professores para atuar em LE na educação básica.

Para haja educadores capazes de atender essa demanda, atuar nas escolas com suas múltiplas realidades, de desenvolver um trabalho pautado na qualidade do ensino, se faz necessário que este, seja capaz de superar os desafios do Estágio Supervisionado e fazer desta vivência um aprendizado para a efetivação da articulação entre a teoria e a prática, investigação e intervenção no processo ensino-aprendizagem da educação básica. 1.2. A formação do professor de Espanhol no PARFOR: O projeto O Parfor, na modalidade presencial é um Programa emergencial instituído para atender o disposto no artigo 11, inciso III do Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e implantado em regime de colaboração entre a Capes, os estados, municípios o Distrito Federal e as Instituições de Educação Superior IES. O Programa fomenta a oferta de turmas especiais em cursos de: I. Licenciatura para docentes ou tradutores intérpretes de Libras em exercício na rede pública da educação básica que não tenham formação superior ou que mesmo tendo essa formação se disponham a realizar curso de licenciatura na etapa/disciplina em que atua em sala de aula; II. Segunda licenciatura para professores licenciados que estejam em exercício há pelo menos três anos na rede pública de educação básica e que atuem em área distinta da sua formação inicial, ou para profissionais licenciados que atuam como tradutor intérprete de Libras na rede pública de Educação Básica; e III. Formação pedagógica para docentes ou tradutores intérpretes de Libras graduados não licenciados que se encontram no exercício da docência na rede pública da educação básica. A licenciatura de Espanhol tem como objetivo principal induzir e fomentar a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade, para professores em exercício na rede pública de educação básica, para que estes profissionais possam obter a formação exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB e contribuam para a melhoria da qualidade da educação básica no País Anualmente a Capes divulga o Calendário de Atividades do Programa. Nele estão definidos os prazos e as atividades a serem realizadas pelas secretarias de educação estaduais, Municipais e do DF, os Fóruns e as IES e o período das pré-inscrições. Para concorrer à vaga nos cursos ofertados, os professores devem: a) realizar seu cadastro e préinscrição na Plataforma Freire; b) estar cadastrado no Educacenso na função Docente ou Tradutor

Intérprete de Libras na rede pública de educação básica; e c) ter sua pré-inscrição validada pela Secretaria de educação ou órgão equivalente a que estiver vinculado Conforme os princípios gerais que delineiam o perfil do profissional do Curso de Graduação em Letras, já esboçado no item anterior deste Projeto, o graduado em Letras, tanto em língua materna quanto em línguas estrangeiras modernas, na modalidade de licenciatura, deverá ser identificado por múltiplas competências e habilidades adquiridas durante sua formação acadêmica convencional, teórica e prática, ou fora dela. Nesse sentido, visando à formação de profissionais que demandem o domínio da língua em estudo e de suas culturas para atuar como professores, entre outras atividades, o Curso de Graduação em Letras da UERN, habilitação em Língua Espanhola, deve contribuir para o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades: Domínio do uso da Língua Espanhola, nas suas manifestações oral e escrita, em termos de compreensão e produção de discursos.; reflexão sobre a linguagem como atividade sócio-históricocognitiva; visão crítica das perspectivas teórico-metodológicas adotadas nas investigações dos estudos da linguagem, bem como da produção dos diversos gêneros discursivos; compreensão das funções sociais da língua enquanto sistema e enquanto práticas discursivas; conhecimento das novas tecnologias e desenvolvimento de práticas de leitura, compreensão e produção de hipertextos e de gêneros digitais; domínio de teorias/abordagens relativas à formação docente; domínio de abordagens linguísticas e pedagógicas com vistas à construção de conhecimentos para atuar no ensino-aprendizagem da Educação Básica; envolvimento nas atividades de pesquisa e extensão. 2. Desafios em conciliar a práxis pedagógica a atividade acadêmica: algumas análises O Currículo do Curso de Licenciatura em Letras, habilitação em Língua Espanhola e respectivas literaturas, vinculado ao Programa Emergencial de Segunda Licenciatura para Professores em Exercício na Educação Básica Pública, nutre-se no princípio da adequação aos objetivos do Curso, à realidade e às necessidades sociais. Nesse intuito, a estrutura curricular é composta por disciplinas necessárias para a formação de professores que já atuam no ensino de Espanhol, atividades práticas, atividades complementares, estágios supervisionados. Em sua estrutura básica, o currículo da segunda habilitação de licenciatura em Língua Espanhola e respectivas literaturas está articulado por meio de duas áreas- formação pedagógica e formação específica- para as quais os professores serão licenciados.

A Licenciatura em Letras (Língua Espanhola) é constituída de 22 disciplinas obrigatórias (incluída uma do Departamento de Educação) e uma optativa, a qual o graduando deverá escolher dentre as disciplinas mencionadas no quando resumo da estrutura curricular deste Projeto Pedagógico, totalizando carga horária de 1.140. Acrescentam-se, ainda, 180 horas de Estágio Curricular Supervisionado tendo em vista a especificidade do curso, totalizando por tanto, 1.320 horas e 88 créditos. Soma-se a isso, 105 horas de atividades complementares, correspondentes a 07 créditos, perfazendo o total geral de 1.425 horas e 95 créditos. O Curso será oferecido às sextasfeiras (à tarde) e aos sábados nos turnos matutino e vespertino. A integralização se desenvolverá em dois anos ou quatro semestres. Em virtude de sua característica emergencial para dar conta da demanda exigida no que se refere a Lei do Espanhol, os cursos eram ofertados aos fins de semana, o que representa uma das dificuldades sentidas pelos professores em formação, como podem ser observadas em suas falas: Para mim a maior dificuldade é conciliar duas salas de aula e as atividades do curso de licenciatura, principalmente porque as aulas são no final de semana. Esse é o tempo que temos para elaborar e corrigir provas, etc. (Professora 08); Estudar no final de semana, após dar aula a semana inteira é muito complicado, as vezes pensava em desistir. Mas vontade de aprender outra língua me motivava a continuar o curso. ( Professora 15). As normas do curso exigiam que o professor em formação deveriam estar em sala de aula. As aulas do curso por sua vez, aconteciam sempre nos finais de semana, especificamente às sextas e aos sábados, razão pela qual explica o fato dos professores indicarem em quase sua totalidade a dificuldade de conciliar as aulas do curso, com suas atividades laborais. Especificamente neste curso, onde realizamos a pesquisa, os professores apontam uma outra dificuldade, como podem ser vistas nas falas dos professores 05 e 11: Não ter feito outro curso como a Licenciatura de Português ou Inglês que nos dar a oportunidade de estudar outro idioma, me deixou atrasada diante dos colegas, que já tinham feito/pagado outras disciplinas de línguas. (Professora 05);

Minha maior dificuldade no curso foi com a aprendizagem do idioma Espanhol, por que eu tinha feito apenas um curso de poucas horas ofertado pela Secretaria Estadual de Educação. Então me perdi um pouco, mas com a paciência dos professores, eu segui em frente. (Professora 11). Nesta turma, além de professores com formação em Letras Português e Inglês, haviam professores com outras formações inicial, como Geografia e Pedagogia. Como sabemos estes cursos não oferecem em seus currículos línguas estrangeiras. Por esta razão, alguns Professores apontam, que tiveram dificuldades nas disciplinas de Espanhol. Além disso, os professores indicam que os cursos de formação ofertados pela Secretaria de Estado da Educação (SEEC), não foram suficientes para atuarem em sala de aula de Língua Espanhola. Os cursos de formação inicial variavam em relação a carga horária. Daí portanto, se justifique a qualificação continuada em um curso de licenciatura de Língua Espanhola. Considerações finais O reconhecimento das dificuldades não nos impede de considerar as possibilidades de formação de um profissional prático reflexivo. O ensino é um trabalho que se realiza com pessoas e tem consequências formativas para elas; a reflexão sobre a prática pode possibilitar a ampliação e o desenvolvimento do conhecimento profissional, constituindo-se num elemento básico para a profissionalização. Os professores podem desenvolver sua competência profissional à medida que houver o reconhecimento de sua capacidade de ação reflexiva e de elaboração de seus saberes sobre o conteúdo de sua profissão, os contextos institucionais e sociais que condicionam sua prática. Referências CABRAL, Marlucia Barros Lopes; LIMA Luís Alberto de; JUNIOR, Pedro Adrião da Silva (Org.). Projeto político pedagógico curso de Língua Espanhola. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte- UERN; Assu, RN, 2013. CANDAU, Vera M. (Org.). Magistério: construção e cotidiano Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

PARFOR.. Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica - http://www.capes.gov.br/educacao-basica/parfor. Acesso em: 20 de outubro de 2014. SANTOS, L. L. C. Dimensões pedagógica e política da formação contínua. Belo Horizonte, Revista Tessituras n. 1, fev. 1998.