O Conselho Regional de Serviço Social 11ª Região - CRESS-PR, vem por meio deste apresentar posicionamento e contribuições, no que se refere a Consulta Pública de Instrução Normativa do Trabalho Social em Intervenções de Habitação e Saneamento. Cabe-nos ressaltar, que o documento hora apresentado, é resultado de um trabalho coletivo coordenado pela Câmara Temática do Direito à Cidade do CRESS PR, o qual contou com contribuições de conselheiros, profissionais da base e de diversas entidades que executam politicas de desenvolvimento urbano, nos âmbitos municipal e estadual. Visando apresentar uma análise dos aspectos socio-históricos que marcaram o processo de institucionalização e legitimação do Serviço Social brasileiro e sua relação no desenvolvimento da política urbana e no âmbito da política de habitação de interesse social, afirma-se que esta é uma profissão institucionalizada e regularizada, que dentro da divisão social e técnica do trabalho, reconhece nas múltiplas expressões da questão social, sua matéria-prima de intervenção, sendo essas expressões também identificadas como as várias dificuldades encontradas pela população para que seus direitos sejam garantidos. No início dos anos 40, trata-se do período em que o Estado cria um conjunto de estratégias de regulação dos processos econômicos e sociais. Naquele momento, o Estado não teve alternativa, senão, intervir no processo de reprodução das relações sociais. Ao assumir o papel de regulador e fiador dessas relações, o Estado cria condições que viabilizam tanto o processo de acumulação do capital, como o atendimento as demandas sociais da classe trabalhadora. E diante desta dualidade, tem-se a institucionalização do Serviço Social como profissão na sociedade capitalista, que de modo geral, em países industrializados, de acordo Yazbek (2009), está associada à progressiva intervenção do Estado nos processos de regulação social. Isto significa que no cotidiano da sua prática, o assistente social mantém dupla vinculação, de um lado é demandado pelo seu maior empregador - o Estado, para realizar um trabalho mediante
assalariamento, do outro, têm os interesses da população usuária, que o profissional se compromete em defender. Para compreender e entender o significado sócio-histórico do Serviço Social, de acordo com Yazbek (2009), é necessário desvendar o significado social da profissão para além de suas demandas, tarefas e atribuições. Para tanto, a autora ressalta que [..] é preciso ultrapassar a análise do Serviço Social em si mesmo para situá-lo no contexto de relações mais amplas que constituem a sociedade capitalista, particularmente, no âmbito das respostas que esta sociedade e o Estado constroem, frente a questão social e às suas manifestações, em múltiplas dimensões. Sendo uma profissão que tem sua intervenção profundamente condicionada às relações sociais, que se caracterizam pelas complexas transformações societárias, decorrentes das relações capitalistas, o Serviço Social tem um papel protagonista no que se refere à proposição do trabalho social, em intervenções na área da política habitacional. Assim como é atribuída ao Serviço Social, à institucionalização do Serviço Social de comunidade numa visão de práxis, o que significa dizer, intervenções que se orientam por ações transformadoras da sociedade. Nesta direção, se pretende apresentar os aspectos sócio-históricos que legitimam o Serviço Social, enquanto uma profissão interventiva, que no seu exercício profissional, realiza a mediação entre Estado e sociedade civil, sem perder de vista seu compromisso ético-politico, significando que este compromisso tem se pautado no âmbito do Direito à Cidade, pelo acesso universal dos serviços públicos, na produção democrática dos bens produzidos, no incentivo ao diálogo intercultural, na luta pela defesa da construção de um modo de vida ética, pautada na igualdade, liberdades subjetivas e na equidade social. Para tanto, nos referenciaremos em aportes teóricos, que marcaram os anos 70 e 80, período em que o Serviço Social passou por profundas transformações no campo teórico-metodológico. As profundas mudanças que atingiram o Brasil no período de industrialização acarretaram um custo social muito alto para os diferentes segmentos da sociedade, sobretudo para aqueles mais empobrecidos. Assim, as décadas seguintes, até se chegar
ao final da ditadura militar, acentuaram cada vez mais, a tendência inerente do modelo econômico brasileiro de concentração de renda. Foi diante de tal contexto, que o Serviço Social, junto a técnicos de outras formações se inseriu nas comunidades, instituindo o trabalho social na América Latina, ressaltada por Abramides, Mazzeo e Fingermann (1984). As três falam sobre como repensar o trabalho social, em relações que envolvem os interesses do Estado, da instituição e da população. Trazem a sistematização de experiência realizada por um grupo de técnicos junto à população dos conjuntos habitacionais atendidas, pelo Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais INOCOOP-SP, no final da década de 70. Dizem as autoras, O trabalho social é entendido no contexto da práxis. Esta práxis implica em uma totalidade de relações do homem com o mundo e com outros homens em sua transformação permanente. Especificamente, o trabalho social pressupõe um programa racional de ação e, portanto, se opõe à praticas espontaneistas, confusas, verbais, utilitaristas, imaginárias em míticas. (1984, p. 25). Nesta direção, que historicamente o Serviço Social brasileiro atua junto às famílias, comunidades, movimentos sociais, e demais segmentos, mediante ações interventivas e socioeducativas, orientando, assessorando, acompanhando e subsidiando tais grupos, por meio de atendimentos individuais ou coletivos no que alude ao acesso aos direitos e ampliação destes. O Serviço Social é uma profissão inscrita na divisão sociotécnica do trabalho, regulamentada pela Lei nº 8.662/93, com alterações determinadas pelas resoluções CFESS nº 290/94 e nº293/94, e balizada pelo Código de Ética, aprovado através da Resolução CFESS nº 273/93, de13 de março de 1993. Sob esta perspectiva, considerar o Serviço Social como profissão na e a partir da divisão do trabalho; supõe inseri-la no conjunto das condições e relações sociais que lhe atribuem um sentido histórico e nas quais se torna possível e necessária (IAMAMOTO,1992, p. 88) (grifos nosso). Destacamos abaixo o artigo 5º da Lei Federal 8662/93, que estabelece as atribuições privativas do Assistente Social, visando garantir padrões de
qualificação do ensino/formação profissional denotando o significado social na prestação de serviços sociais que possibilitem o acesso aos direitos em resposta às manifestações de desigualdade socioeconômicas e culturais, que dispõe: Art. 5º - Constituem atribuições privativas do Assistente Social: I coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social; II planejar, organizar e administrara programas e projetos em unidade de Serviço Social; IV- realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; VI treinamentos, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; XI- fiscalizar o exercício profissional, através dos conselhos federal e regionais; XII dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; Sobre as competências do artigo 4ºda Lei de Regulamentação da Profissão Lei 8.662/93 estabelece: I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; IV - (Vetado); V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social; XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. O exercício profissional do assistente social é orientado por princípios éticos constantes em seu Código de Ética, com destaque para: a direção dos procedimentos teórico-metodológicos do Serviço Social tendo um horizonte, que se materializa em diversos princípios, previstos em seu código de ética, entre os quais, destacamos: III Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda a sociedade, com vistas a garantia dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras. V Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática. Importa afirmar que, a delegação de responsabilidades para as quais inexiste formação ou responsabilidade normativo-jurídica, implica na desresponsabilização técnica e ética, na banalização dos requisitos indispensáveis para o trabalho social qualificado. Nesse sentido, o profissional Assistente Social, desenvolve na formação e no exercício profissional competências e habilidades para o desempenho de suas prerrogativas, no emprego de diferentes modalidades interventivas, exigindo-se o reconhecimento das demandas institucionais, a avaliação de condições materiais e subjetivas que obstaculizam o pleno desenvolvimento dos indivíduos e a qualidade de vida da população, e a análise das respostas do Estado e da sociedade e a proposição de medidas em termos da garantia e ampliação dos direitos;
A viabilização do exercício profissional passa pelo acesso às informações institucionais, participação nas decisões e garantia de condições éticas e técnicas. Considera-se como prerrogativa profissional a definição de quais informações devem ser acessadas por outros profissionais nos espaços institucionais, além da escolha de técnicas e instrumentos de trabalho. Destacam-se também as deliberações do eixo Seguridade Social nos encontros coletivos da categoria, que define como agenda e diretriz hegemônica, no que diz respeito ao item 11, que trata do trabalho social, enfatizando, a singularidade politica, expressa no exercício profissional do assistente social, coloca-se nesta conjuntura como uma das propostas a indicação da defesa da participação da/o assistente social nos projetos de trabalho técnico social (PTTS), respeitando os artigos 4º e 5º da lei 8.662/93, como forma de diferenciar suas atribuições em relação aos demais profissionais, que ocupam o cargo genérico de técnico social. Além disto, a discussão e participação do assistente social nas equipes técnicas sociais no âmbito da habitação e em ações coletivas na discussão da política de desenvolvimento urbano e a luta pela reforma urbana, são expressas ao longo da trajetória histórica da categoria e na definição de suas diretrizes. Assim, fortalecer as lutas pelo direito à cidade nas dimensões urbana e rural é uma bandeira coletiva, com a criação de GT Nacional sobre o Serviço Social e Questão Urbana para aprofundamento e debate dos seguintes itens, com apresentação de relatório final no Encontro Nacional CFESS/ CRESS, em 2012: De tal forma, as demais diretrizes apresentadas como agenda da categoria no âmbito do direito à Cidade, são as de: 1. Influir junto à categoria sobre a importância da participação nas Conferências Nacional, Estaduais e Municipais das Cidades, ocupando espaços através dos diferentes segmentos de representação, promovendo debates e pré-conferências para intervenção qualificada nesses espaços;
2. Articulação e apoio às lutas dos movimentos sociais pelo direito à terra, pela moradia digna, pelos direitos dos povos originários, quilombolas, população em situação de rua e catadores de materiais recicláveis; 3. Promover o debate sobre os impactos diferenciados sobre os grupos étnicos vulnerabilizados e outras comunidades discriminadas por raça, etnia e/ou origem; 4. Intensificação da discussão no Conjunto CFESS/ CRESS sobre a questão indígena no Brasil, a população quilombola e comunidades tradicionais, o aparato legal (legislação) que as regem, o estudo sobre o acesso desses segmentos às políticas públicas, apoiando a luta pela demarcação das terras; 5. Acompanhar e criar estratégias para fiscalização do processo de implementação do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social e do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS/FNHIS) e a criação dos sistemas no âmbito dos estados e municípios, considerando a possibilidade de alteração da lei federal que cria o Serviço Nacional de Assistência Técnica / Habitação de Interesse Social, com a inclusão do serviço de assistência técnica nas áreas social e jurídica; 6. Pautar com a categoria, qualificando ética e politicamente, a discussão dos impactos socioambientais dos megaeventos da copa/olimpíadas e PAC, conforme conceituação da rede brasileira de justiça ambiental; 7. Defender a efetiva participação popular como princípio fundamental da intervenção profissional, no âmbito da política urbana, conforme determina o Estatuto da Cidade, por meio de audiências públicas, assembleias locais e reuniões distritais; 8. Inserção da categoria nos comitês populares da Copa de 2014, espaços democráticos e populares criados para ampliar as estratégias de defesa do controle social, do direito à moradia digna e do direito à cidade; 9. Integrar a luta junto com os movimentos sociais em defesa da mobilidade urbana com o transporte público gratuito como direito social; 10. Apoio à luta do Movimento Nacional de População de Rua (MNPR), para acesso às políticas sociais e ao direito de usufruto e permanência nas cidades;
12. Criar articulação do Conjunto CFESS CRESS com as relatorias da Plataforma DHESCA- Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais e Pela Moradia Adequada, da ONU, lugar da denúncia e apoio às ações. Realizados os apontamentos necessários quanto às especificidades do trabalho do assistente social, suas atribuições privativas e competências, bem como a agenda da categoria no âmbito do direito à Cidade, destacamos a importância de garantir na equipe técnica de execução do trabalho social, pelo menos um assistente social, visto a necessidade de realização de atribuições privativas, deste profissional no desenvolvimento das ações, tais como: coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar programas e projetos na área de Serviço Social e, realizar informações e pareceres sobre a matéria do Serviço Social. As ações do Trabalho Social estão voltadas diretamente com a formação do assistente social, contudo as ações do PTS dependem de outros profissionais, exigindo a definição e garantia de uma equipe mínima nas intervenções, considerando a complexidade de cada Projeto de Intervenção, ou seja, número de famílias a serem atingidas na proposta, características do território (áreas de APP, áreas consolidadas, perfil sócio econômico, cultural e social das famílias) e quantidade de intervenções (reassentamento, recuperação ambiental, titulação), nos formatos da NOB SUAS e NOB SUS. A tônica do trabalho social, voltada para uma atuação interdisciplinar vem reforçar a tese de que a atuação no campo da execução dos PTS tem como foco uma dimensão plural, uma vez que envolve aspectos políticos, sociais, culturais, jurídicos e urbanísticos. A atuação dos profissionais de serviço social, arquitetura urbanismo, engenharia, e direito aponta para um campo de potencialização de saberes, como também da autonomia e particularidade da atuação profissional do assistente social. Apreciamos ainda que a proposta do trabalho social descrita na Instrução Normativa, aberta a Consulta Pública, é ampla, considerando que envolve articulações com as diversas políticas publicas (saúde, educação, assistência social, entre outras), o que pode possibilitar a sustentabilidade das intervenções. Contudo, esta articulação
com outras políticas publicas deve estar garantida em outros níveis de gestão, com o envolvimento e articulação de todos os níveis de governo (Municipal, Estadual e Federal) para sua real efetivação. O peso ou a s faltas de respostas desta articulação não pode recair o trabalho social, devido seu escopo limitado no tempo e espaço territorial, mas deve estar sob responsabilidade de todos que possibilitam o desenvolvimento do trabalho social de forma continuada, sendo estes: Ministério das Cidades, na qualidade de gestor e responsável pela articulação interministerial; Administração pública dos estados, do Distrito Federal ou municípios, na qualidade de Proponentes/Agentes Executores e responsável pela articulação das diversas Secretárias. Por fim, cabe concluir que, se atualmente existe um trabalho social estruturado no âmbito das políticas de desenvolvimento urbano habitação e saneamento, este se deve à construção individual de cada uma das categorias profissionais que ora compõe a equipe e à articulação entre as mesmas. Deste modo, além das ponderações inerentes à categoria doas assistentes sociais, acima expostas, também ratificamos o documento elaborado pela Associação Nacional dos Técnicos Sociais da Caixa SOCIAL CAIXA datado em 15 de novembro de 2012: Nota pública 01/2012 da Associação Nacional dos Técnicos Sociais da CAIXA SOCIAL CAIXA A Associação Nacional dos Técnicos Sociais da CAIXA SOCIAL CAIXA, vem a público manifestar contrariedade à revisão da Instrução Normativa do Trabalho Social em Habitação e Saneamento, proposta pelo Ministério das Cidades, com relação à flexibilização da obrigatoriedade de formações específicas do responsável técnico e coordenador da equipe técnica encarregada pelo planejamento, execução e avaliação das ações de Trabalho Social em habitação e saneamento. Em face disso, destacamos: 1. Lei Federal nº 10.257/2001 estabelece como diretrizes gerais que ordenam o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, em seu artigo 2º:
II gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; [...] 2. Lei Federal nº 8662/ 1993 estabelece como competência do Assistente Social (graduados em serviço social): I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; [...] VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo; IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade. 3. Lei Federal nº 6888/1980 estabelece como competência do sociólogo (bacharéis em Sociologia, Sociologia e Política ou Ciências Sociais): I - elaborar, supervisionar, orientar, coordenar, planejar, programar, implantar, controlar, dirigir, executar, analisar ou avaliar estudos, trabalhos, pesquisas, planos, programas e projetos atinentes à realidade social; [...] III - assessorar e prestar consultoria a empresas, órgãos da administração pública direta ou indireta, entidades e associações, relativamente à realidade social; IV - participar da elaboração, supervisão, orientação, coordenação, planejamento, programação, implantação, direção, controle, execução, análise ou avaliação de qualquer estudo, trabalho, pesquisa, plano, programa ou projeto global, regional ou setorial, atinente à realidade social. 4 CBO- Classificação brasileira de ocupações: 2516-05 Assistente social Prestam serviços sociais orientando indivíduos, famílias, comunidade e instituições sobre direitos e deveres (normas, códigos e legislação), serviços e recursos sociais e programas de educação; planejam, coordenam e avaliam planos, programas e projetos sociais em diferentes áreas de atuação profissional (seguridade, educação, trabalho, jurídica, habitação e outras), atuando nas esferas pública e privada; orientam e monitoram ações em desenvolvimento, em assuntos referentes à economia doméstica, nas áreas de habitação, vestuário e têxteis, desenvolvimento humano, economia familiar, educação do consumidor, alimentação e saúde; desempenham tarefas administrativas e articulam recursos financeiros disponíveis. 2511-20 Sociólogo 2511-05 Antropólogo 2511-15 Cientista político (cientista social) Realizam estudos e pesquisas sociais, econômicas e políticas; participam da gestão territorial e socioambiental; estudam o patrimônio arqueológico; geram patrimônio histórico e cultural. Realizam pesquisa de mercado. Participam da elaboração, implementação e avaliação de políticas
e programas públicos, organizam informações sociais, culturais e políticas. Elaboram documentos técnico-científicos. 5. Histórico das quatro áreas de formação: Ciências Sociais, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social na construção de um marco teórico e metodológico do trabalho social em habitação e saneamento. a. O trabalho social foi institucionalizado entre 1968 e 1986, a partir dos marcos definidos pelo BNH (Banco Nacional de Habitação), com a contribuição de sociólogos, psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. b. Esses profissionais atuaram ao longo de mais de 40 anos no combate à mercadorização da habitação e na construção de uma política urbana comprometida com a universalização de direitos fundamentais. 6. Atuação das quatro áreas de formação (Ciências Sociais, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social) na consolidação da equipe social da CAIXA como referência na construção da matriz teórica e operacional do trabalho social em habitação e saneamento. 6.1 As atividades relativas à área técnica social e o quadro funcional do BNH (Banco Nacional de Habitação) são incorporados pela CAIXA a partir de 1986, dando continuidade ao tratamento das questões sociais relacionadas aos programas habitacionais absorvidos. 6.2 A partir de 1996, com o cargo comissionado de Técnico Social, o qual contemplava as áreas de formação (Ciências Sociais, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social), o trabalho técnico social é institucionalizado e a CAIXA passa a desempenhar o papel de orientação e acompanhamento das ações sociais na área de habitação e saneamento implementadas pelo governo federal. 6.3 Com a criação do Ministério das Cidades e a ampliação das ações na área de habitação e saneamento, a equipe técnica social da CAIXA desempenha papel elementar na construção dos novos marcos referenciais da área de habitação e saneamento. 7 Aspectos negativos da flexibilização da obrigatoriedade de formações específicas do responsável técnico e coordenador da equipe técnica de Trabalho Social. 7.1 Justificar o desrespeito às profissões regulamentadas, contribuindo para a precarização e desprofissionalização das categorias profissionais das quatro áreas de formação. 7.2 Não reconhecer o conjunto de habilidades, técnicas, atribuições e competências atinentes à essas áreas de formação. 7.3 Favorecer estratégias de controle do trabalhador, pelo afastamento das regulamentações, influenciando negativamente na capacidade organizativa dos trabalhadores. 7.4 Contribuir para o retrocesso do processo de institucionalização do trabalho social, com a depreciação do caráter técnico e possível reafirmação das práticas de cunho caritativo e filantrópico. 7.5 Propiciar o reestabelecimento de políticas municipais com traços de clientelismo e patrimonialismo, as quais visam a permanência da subserviência e não a emancipação das comunidades.
Diante desses argumentos, verificamos a necessidade de revisão da Instrução Normativa do Trabalho Social em Habitação e Saneamento, proposta pelo Ministério das Cidades, com a definição obrigatória das categorias profissionais de nível superior que comporão as equipes do trabalho social em habitação e saneamento. a) Definir as categorias profissionais de nível superior responsáveis pela gestão técnica das equipes do trabalho social em habitação e saneamento, as quais recomendamos: Assistente Social; Pedagogo; Psicólogo; Sociólogo. b) Definir as categorias profissionais de nível superior que, preferencialmente, deverão compor as equipes do trabalho social em habitação e saneamento, as quais recomendamos: Assistente Social; Pedagogo; Psicólogo; Sociólogo; Outras formações em Ciências Humanas com experiência em desenvolvimento comunitário. Estamos em defesa do Trabalho Social enquanto Projeto Político, pautado na participação democrática e no exercício da cidadania, com vistas à emancipação e autonomia das comunidades beneficiadas por programas de habitação e saneamento. Nesse sentido, convidamos outras organizações da sociedade a apoiarem nossa manifestação, em prol do fortalecimento das categorias profissionais que acumulam uma experiência preciosa e desenvolvem com conhecimentos específicos as ações do Trabalho Social. Referências Bibliográficas: BARROCO, Maria Lucia Silva. Código de Ética do/a Assistente Social comentado/ Maria Lucia Silva Barroco, Sylvia Helena Terra; Conselho Federal de Serviço Social CFESS, (organizador). São Paulo: Cortez, 2012; CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS) /ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL(ABEPSS). Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais. YAZBEK, M.C. Fundamentos históricos e teóricos-metodológicos do Serviço Social;
Repensando o Trabalho Social: A Relação entre Estado, Instituição e População/ Maria Beatriz Costa Abramides, Solange Carvalho Mazzeo, Trofimena M. F. Noschese Fingermann coordenadoras; São Paulo: Cortez, 1984; SILVA, Maria Luiza Lameira da. Serviço Social de Comunidade: numa visão de práxis/ São Paulo: Cortez, 1986.