EM RATOS WISTAR HIPERCOLESTEROLÊMICOS



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA INGESTÃO DE CHÁ VERDE (Camellia sinensis Kuntze) EM RATOS WISTAR HIPERCOLESTEROLÊMICOS SANTOS, Barbara De Bortoli Dos ¹ PEREIRA, Francine Martins ² Resumo Definidos como produtos, os alimentos funcionais contêm em sua composição alguma substância biologicamente ativa que ao ser adicionada a uma dieta usual desencadeia processos metabólicos ou fisiológicos, resultando em redução do risco de doenças e manutenção da saúde. O chá verde (Camellia sinensis) possui vários efeitos benéficos para o organismo humano, sendo um deles o controle de colesterol, através das catequinas. Esse trabalho tem o objetivo de avaliar os efeitos da ingestão de Camellia sinensis em ratos wistar hipercolesterolêmicos. Ratos Wistar (N=30) com ração e ad libitum por 30 dias foram divididos em 4 grupos experimentais: 1) Grupo Controle (N=10), animais em tratamento com ração comercial para roedores e água; 2) Grupo hipercolesterolêmico (N=10), animais submetidos à tratamento com ração hiperlipidica e água; 3) Grupo hipercolesterolêmico com ingestão de Camellia sinensis (N=10), animais submetidos à tratamento com ração hiperlipidica e ingestão de chá verde na concentração de 0,09g. Conclui-se que, o chá verde não exerce efeito sobre a redução dos níveis de colesterol total. A pesagem das quantidades de ração ingerida aponta que os animais ingeriram quantidades semelhantes, dando suporte aos resultados supracitados. Palavras Chaves: Camellia sinensis, hipercolesterolemia, ratos Wistar. ¹ Acadêmica do Curso de Nutrição FAG ² MSC. Em Fisiologia - FAG

4 1) Introdução Fitoterápico é todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnósticos, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade: é o produto final acabado, embalado e rotulado (ANVISA, 1995). Desde a pré-história, as plantas têm sido utilizadas como produtos terapêuticos. Em todo mundo milhares de produtos de origem vegetal são utilizados nas mais variadas formas: cataplasmas, infusão, macerado filtrado, tinturas, ungüentos, pomadas, xarope, cápsulas e na sua forma in natura. O chá é utilizado por infusão que é a forma mais popular dos diferentes produtos de origem vegetais. Os chás são ricos em compostos biologicamente ativos que contribuem para a prevenção e o tratamento de várias doenças. (TREVISANATO & KIM, 2000). Originário do continente Asiático (LORENZI, et al.2002) o chá, uma das bebidas mais consumidas no mundo, é uma das fontes mais ricas em flavonóides. Produzidos a partir de folhas de Camellia sinensis, os chás verde e preto são largamente consumidos em países orientais e ocidentais, respectivamente. O chá verde é constituído de folhas secas colhidas de diferentes partes da planta, o que determina os vários tipos de chás disponíveis. Já o chá preto passa por diversas etapas de processamento, dentre elas a de "fermentação", que consiste, na verdade, de uma oxidação enzimática dos flavanóis a teaflavinas, que constituem um grupo característico deste tipo de chá (MATSUBARA & AMAYA, 2006). Durante séculos, o chá verde chinês tem sido considerado, no Extremo Oriente, uma bebida saudável. Depois da água, é a bebida não alcoólica mais consumida no mundo. Existem muitas pretensões, freqüentemente exageradas, quanto aos benefícios do chá verde para a saúde. Estudos recentes produziram resultados que afastaram muitos mitos, mas

5 também confirmaram alguns benefícios importantes para a saúde, em relação ao seu consumo regular (BLOCK,et al.1992; GRAHAM,1992). Os flavonóides e as catequinas são os principais componentes químicos terapêuticos da planta C. sinensis, sendo potentes antioxidantes, scavengers de radicais livres, quelantes de metais e inibidores da lipoperoxidação (COOK & SAMMAN, 1996; ANGHILERI & THOUVENOT, 2000). O chá verde apresenta efeitos protetores em fases diferentes do processo da carcinogênese, inibindo-o pela modulação da transdução de sinais que conduzem à inibição da proliferação, transformação das células e aumento da apoptose. É fundamental, para a sua ação como quimiopreventivo, a biodisponibilidade dos polifenóis nos tecidos (YANG & PRABHU & LANDAU, 2000). Segundo TIJBURG et al. (1997) componentes fenólicos do chá inibe fortemente, a oxidação da LDL, in vitro. Vários componentes fenólicos do chá são absorvidos, porém, as evidências de que o consumo de chá reduz a oxidação da LDL in vivo, não são conclusivas (OSAWA et al. 1990). Alguns flavonóis, incluindo quercitina e rutina, são potentes inibidores de agregação de plaquetas e com ação antitrombótica, in vivo, quando administrados a animais por via intravenosa (SLANE et al. 1994). A administração intragástrica de extrato de chá preto (10 ml/kg peso corporal), equivalente a três xícaras de chá para humanos inibiu, em cães, a atividade aglutinadora de plaquetas, prevenindo a trombose coronária experimental (FOLTS, 1996). Alguns estudos epidemiológicos mostraram menor incidência de doenças coronarianas em populações com elevado consumo de chá, porém as evidências ainda não são conclusivas. O conceito de que a ingestão de chá pode oferecer proteção contra doenças cardiovasculares foi baseado principalmente em experimentações com animais em que as condições e/ou concentrações usadas dificilmente ocorrem em alimentação humana (TIJBURG et al. 1997).

6 Consumidores de chá apresentam baixo risco para diferentes doenças. Considerando que as pesquisas revelam atributos benéficos do chá verde para a saúde humana, o Instituto Nacional do Câncer dos USA iniciou um plano para a utilização do chá verde como quimiopreventivo do câncer a nível nacional (SIDDIQUI et al. 2004). Define-se hipercolesterolemia pela elevação isolada dos níveis de LDL colesterol sérico. Numerosos fatores afetam os níveis de colesterol sérico, incluindo idade; dietas ricas em gordura, em gordura saturada e colesterol; fatores genéticos; hormônios sexuais endógenos; esteróides exógenos; drogas; peso corpóreo; tolerância à glicose, nível de atividade física; doenças e estações do ano (SHILS et al. 2003 ). Na população americana os níveis de colesterol sérico tem declinado desde 1960; mais da metade do declínio ocorreu entre 1976 e 1991, após esforços para ações educativas para a prevenção em nível nacional (JOHNSON, 1993). Esta patologia é classificada em: primária, derivada de problemas nos sistemas transportadores de colesterol e fatores genéticos, é denominada hipercolesterolemia familiar, e secundária, quando o aumento de colesterol se associa a certas enfermidades hepáticas, endócrinas e renais. Além desses, existem substâncias que podem aumentar os níveis de colesterol-ldl favorecendo o desenvolvimento de hipercolesterolemia, como os esteróides anabolizantes, as progesteronas e os betabloqueadores (BRAVO, 2006). Nutrientes são necessários para o desenvolvimento e crescimento normais dos indivíduos. Mas não é somente para todas essas necessidades, é preciso também, proteger os indivíduos contra os riscos do meio ambiente, incluindo os hábitos alimentares, reduzindo riscos que poderiam ser minimizados ou, protelados, através de uma nutrição preventiva, iniciada logo após o desmame e continuada ao longo de toda a vida. Obviamente, que não se proíbe o consumo de alimentos menos recomendados, mas é necessária moderação (ANGELIS, 2001).

7 Este trabalho visa avaliar os efeitos da ingestão de Camellia sinensis kuntze em ratos machos hipercolesterolêmicos da linhagem Wistar.

8 2) MÉTODOS 2.1) Indução da hipercolesterolemia A indução da hipercolesterolemia nos ratos Wistar machos, cedidos pelo biotério de Fisiologia da Faculdade Assis Gurgacz (FAG), ocorreu por ingestão de ração via oral, produzida com banha de porco e farelo de ração padrão, durante 10 dias do experimento. Após esse período os animais foram mantidos em biotério, alojados em ambiente com temperatura adequada, onde foram registrados seus pesos corporais. Após foram mantidos por mais 20 dias onde foi mensurado peso corporal, peso da ração e quantidade de líquido. 2.2) Composição dos Grupos Experimentais Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 3 grupos: Grupo Controle: (N=10). Os animais receberam diariamente água e ração comercial para roedores e ad libitum, por 10 dias, onde diariamente foram registrados apenas seus ganhos de peso. Após foram mantidos por mais 20 dias sob tratamento com ração comercial para roedores e água, sendo registrados peso corporal, peso da ração e quantidade de líquido. Grupo Hipercolesterolêmico: (N=10). Os animais receberam diariamente ração produzida com farelo de ração padrão e banha de porco e água, por 30 dias. Onde foram registrados peso corporal, peso da ração e quantidade de líquido. Grupo Hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde (Camellia sinensis kuntze): (N=10). Os animais receberam diariamente ração produzida com farelo de ração padrão e banha de porco e água por 10 dias, onde foram regitrados seus pesos corporais. Após esse período, a água foi substituída pela solução de chá verde para avaliações gerais.

9 2.3) Infusão de Camellia sinensis: Para o preparo do chá foram utilizados 4 litros de água para 0,09g de chá verde extra (Yamamotoyama). A água utilizada foi previamente aquecida até a temperatura de ebulição (100ºC), quando então, foi adicionado o chá, onde ficou abafado por 10 minutos, que de acordo com a ADA (American Dietetic Association) é o tempo necessário pra que os princípios ativos do chá passem para a água, em seguida a infusão foi coada, e o recipiente foi mantido tampado e ao abrigo da luz, até que atingisse a temperatura ambiente, a solução obtida foi acondicionada em mamadeiras individuais que foram fornecidas para os animais do estudo diariamente, ou seja, a cada dia uma nova solução foi feita. 2.4) Mensuração das variáveis: Avaliações gerais Peso corporal total: Todos os animais foram pesados diariamente, para determinação do ganho de peso durante o período experimental. Ingestão de ração e líquido: A ingestão alimentar e de liquido dos animais foi registrada, através da diferença entre a quantidade ofertada em um dia e a quantidade restante no dia seguinte. Avaliações após sacrifício dos animais: Os animais foram sacrificados por decapitação em guilhotina. Gordura peritoneal: A gordura peritoneal de cada animal foi totalmente removida e pesada. Níveis de triglicérides: Os valores de triglicérides foram expressos em mg/dl. A obtenção das amostras e da avaliação de triglicérides foi realizada no mesmo ato do sacrifício dos animais. Portanto,

10 foram obtidas 10 amostras de cada grupo, num total de 30 amostras. O sangue coletado foi colocado em centrífuga para separação do plasma e hemoglobina. Após foi feito o teste de absorbância (600rpm) em espectrofotômetro 700 plus da marca Tecnal. Após os valores obtidos foram registrados. 2.5) Análise estatística: Utilizou-se ANOVA do programa SPSS seguido de teste de Tukey com p< 0,05 para significância.

11 3) RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1) Peso corporal total de ratos machos da linhagem Wistar tratados ou não com chá verde e ração hiperlipidica durante 30 dias do experimento Na figura 1 são mostradas as médias do peso corporal dos animais durante os 30 dias do experimento sendo observado que o grupo controle apresentou uma média de 0,33%, o grupo hipercolesterolêmico 0,36% e o grupo hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde 0,31%. Quando comparados estatisticamente (p<0,05) os grupos controle, hipercolesterolêmico e hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde (Camellia sinensis kuntze), não apresentaram um relevante ganho de peso. Com esses resultados observa-se que a infusão de chá verde (Camellia sinensis kuntze), não exerceu efeito na redução do peso corporal dos animais. Segundo Peres e Neto (2001), o efeito do extrato de chá verde contendo cafeína e polifenóis, aumenta o gasto energético de 24 horas assim como a oxidação de gorduras em jovens saudáveis. Os autores sugeriram que os polifenóis característicos do chá foram responsáveis pelo resultado. O provável mecanismo seria pela ação das catequinas na inibição da enzima COMT (catechol O-methyltransferase), responsável pela degradação da norepinefrina. Esta inibição resultaria em aumento, ou efeito mais prolongado da norepinefrina na termogênese do metabolismo das gorduras, mediado pelo Sistema Nervoso Simpático.

12 0,30 a a a peso 0,20 0,10 0,00 controle hiperc hipercha grupos Figura 1. Efeito da ingestão de Camellia sinensis sobre o peso corporal total de ratos Wistar machos obesos. As médias (ANOVA) para os grupos são: controle (0,33); hipercolesterolêmico (0,36); hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde (0,31).

13 3.2) Quantidade de gordura peritoneal e níveis colesterol sérico em ratos machos da linhagem Wistar tratados ou não com chá verde e ração hiperlipidica durante 30 dias do experimento Na figura 2 a) são apresentados os níveis de gordura peritoneal sendo observado que os grupos controle, hipercolesterolêmico e hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde apresentaram respectivamente as seguintes médias: 2,57%, 6,59% e 6,17%. Conclui-se assim que os grupos hipercolesterolêmico e hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde apresentaram um significativo aumento de gordura peritoneal através da ração hiperlipidica ingerida, diferenciando-se do grupo controle que não obteve nenhum aumento na mesma, quando comparados estatisticamente (p < 0,05). Na figura 2 b) são exibidos os níveis de colesterol sérico onde podemos observar as seguintes médias: grupo controle 0,89%, grupo hipercolesterolêmico 1,78% e grupo hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde 2,01%. Assim comparados estatisticamente (p <0,05) constata-se que os grupos hipercolesterolêmico e hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde apresentaram um aumento relevante nos níveis de colesterol sérico através da ração hiperlipidica ofertada, distinguindo-se do grupo controle que não apresentou elevação nos níveis de colesterol. Os ratos tratados com infusão de Camellia sinensis kuntze não obtiveram resultado significante na redução do colesterol. Os ratos são resistentes em desenvolver hipercolesterolemia e aterosclerose em razão, possivelmente, do aumento da conversão de colesterol em ácidos biliares no fígado. Esses animais também tendem a acumular lipídeos no fígado quando recebem dietas adicionadas de colesterol, e, ou, ácido cólico. Outro fator que pode ter influenciado no resultado é a quantidade de colesterol adicionada na dieta dos animais (1,5%) (SOARES et al. 2005).

14 Segundo COSTA (2003), a adição de colesterol a 1% aumenta o colesterol plasmático sem promover grandes acúmulos de colesterol no fígado dos animais. Os chás são excelente fonte de polifenóis antioxidantes. Os mecanismos de absorção de polifenóis nos humanos e sua biodisponibilidade em geral não estão bem esclarecidas. Estão presentes em complexas formas poliméricas e glicosídicas, que não podem ser facilmente degradadas pelos sucos digestivos e sua insolubilidade pode limitar ou mesmo impedir sua absorção. Portanto os flavonóides ou polifenóis presentes na dieta podem estar envolvidos na prevenção e não no combate da hipercolesterolemia (COSTA & MARTINEZ, 1997) Os resultados mostraram que a infusão de folhas de chá verde não teve efeito sobre os níveis sanguíneos de colesterol total e triglicerideos. Conforme a composição rica em compostos fenólicos e as propriedades digestivas da planta esse resultado não é suficiente para eliminar a possível propriedade hipercolesterolêmica da planta (SOARES et al. 2005). a) 6,00 b b gordura 4,00 2,00 a 0,00 controle hiperc hipercha grupos Figura 2. a) Avaliação da ingestão de chá verde (Camellia sinensis kuntze) em ratos wistar hipercolesterolêmicos. As médias (ANOVA) para os grupos são: controle (2,57); hipercolesterolêmico(6,59); hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde (6,17).

15 b) 2,00 b b 1,50 colest 1,00 a 0,50 0,00 controle hiperc hipercha grupos Figura 2. b) Avaliação da ingestão de chá verde (Camellia sinensis kuntze) em ratos wistar hipercolesterolêmicos. As médias (ANOVA) para os grupos são: controle (0,89); hipercolesterolêmico (1,78); hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde (2,01). 3.3) Ingestão de ração e liquido em ratos machos da linhagem Wistar tratados ou não com chá verde e ração hiperlipidica durante 30 dias do experimento Na figura 3 a) é mostrado as médias de ingestão de ração durante os 30 dias do experimento, sendo observado que os grupos, controle, hipercolesterolêmico e hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde obtiveram as respectivas médias:19,26%, 22,49% e 20,25%. Quando comparados estatisticamente (p <0,05) considera-se que os grupos ingeriram quantidades semelhantes de ração. Na figura 3 b) apresenta-se a quantidade de líquido ingerida durante os 30 dias do experimento, assim foram registradas as seguintes médias: grupo controle 51,29%, grupo hipercolesterolêmico 58,95%, grupo hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde 47,37%.

16 Observa-se que os grupos ingeriram quantidades não semelhantes de líquido quando comparados estatisticamente (p <0,05). A alimentação é o processo pelo qual um animal seleciona itens alimentares específicos dentre as fontes presentes no meio, sendo norteado pelos constituintes químicos do alimento e pela sua quimiosensibilidade (ADAMS et al.1988). Independentemente dos órgãos sensoriais envolvidos na alimentação, o paladar é considerado o responsável pela seleção final, definindo a ingestão ou a rejeição de um alimento, ou até mesmo a quantidade a ser consumida (ADRON e MACKIE, 1978; RHOADES, 1979; ADAMS e JOHNSEN, 1986; e MEARNS, 1986). LINSTED (1971) classificou os elementos químicos presentes nos alimentos em dois grupos: aqueles que exerceriam efeito à distância, podendo desencadear comportamento atrativo ou repelente, e aqueles que requerem contato, tendo ação incitante, repulsora, estimulante ou ainda dispersora. Esta classificação foi complementada por MEARNS et al. (1987), que separaram os alimentos em inibidores, estimulantes, incitantes e excitantes. Nas infusões como a de Camellia sinensis as lipases presentes nas folhas liberam ácidos graxos insaturados das membranas celulares que, por sua vez, sofrem outras reações de degradação originando compostos voláteis indesejáveis para este produto. A degradação de carotenóides leva à formação de compostos responsáveis pelo aroma doce e agradável. A conversão de b-caroteno em b-ionona e outros compostos com ionona substituinte e/ou seus produtos de oxidação, bem como a conversão de outros carotenóides em linalol, aldeídos terpênicos e cetonas são dependentes da concentração e do tipo de carotenóide presente nas folhas, bem como da presença de antioxidantes, notadamente os polifenóis. Os aminoácidos originam aldeídos que podem ser oxidados a ácidos carboxílicos ou reduzidos a álcoois. A fenilalanina, por ex., sofre desaminação para originar o fenilacetaldeído, composto com aroma

17 floral. O chá verde possui uma coloração verde clara quando em infusão, palatabilidade leve e ligeiramente amargo. (MACHADO et al. 2007). a) 20,00 a a a 15,00 ração 10,00 5,00 0,00 controle hiperc hipercha grupos Figura 3. a) Avaliação da ingestão de chá verde (Camellia sinensis kuntze) em ratos wistar hipercolesterolêmicos. As médias (ANOVA) para os grupos são: controle (19,26); hipercolesterolêmico (22,49); hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde (20,25).

18 b) 60,00 b líquido 40,00 a c 20,00 0,00 controle hiperc hipercha grupos Figura 3. b) Avaliação da ingestão de chá verde (Camellia sinensis kuntze) em ratos wistar hipercolesterolêmicos. As médias (ANOVA) para os grupos são: controle (51,29), hipercolesterolêmico (58,95), hipercolesterolêmico com ingestão de chá verde (47,37).

19 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que, o chá verde não exerce efeito na redução de colesterol total e gordura peritoneal. A pesagem das quantidades de ração ingerida aponta que os animais ingeriram quantidades semelhantes, dando suporte aos resultados já citados.

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