O MODELISTA DO VESTUÁRIO NO RIO GRANDE DO SUL



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Transcrição:

O MODELISTA DO VESTUÁRIO NO RIO GRANDE DO SUL The pattern maker of clothing in the State of Rio Grande do Sul Garcia, Anelise C.D.; Especialista; anediasgarcia@hotmail.com¹ Bittencourt, Paula R.; Mestre; Universidade Luterana do Brasil (ULBRA TORRES), paulabitten@hotmail.com² Resumo O setor de modelagem é uma das partes do processo produtivo de maior relevância na indústria da moda. Assim, destaca-se a importância do profissional de modelagem capacitado para esta função. Com isto foi desenvolvida uma pesquisa com o objetivo de conhecer e analisar o perfil dos modelistas que estão inseridos nas confecções do Rio Grande do Sul. Palavras Chave: Modelagem; Modelista; Sistema CAD/CAM. Abstract The modeling industry is one of the parts of the production process of greater relevance in the fashion industry. Thus, we highlight the importance of modeling trained professional for this function. With this was developed a research with the aim to understand and analyze the profile of the modeler that are inserted into the clothing market of Rio Grande do Sul. Keywords: Modeling; Pattern Maker;CAD/CAM System. Introdução O mercado da moda está cada dia mais competitivo, para se adequar as empresas estão qualificando o processo produtivo e inserindo novas tecnologias buscando o aprimoramento e aumento da competitividade. Um dos ¹ Anelise C. Dias Garcia Especialista em Modelagem do Vestuário UNESC. Técnologa em Design de Moda pela ULBRA / Torres. Gerente de Criação e Modelagem na Empresa FILAFIL ² Paula Rodrigues Bittencourt" Coordenadora e Professora do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/ Torres. Mestre em Design e Tecnologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS"

setores do processo que possui capacidade de proporcionar um grande diferencial é o setor de modelagem, por ter a função especial a de dar forma às ideias dos designers e estilistas e por alimentar o setor da costura com moldes bem elaborados. Para o funcionamento do setor algumas indústrias de confecções utilizam a modelagem bidimensional, outras empresas que desenvolvem produtos mais exclusivos, ou, às vezes, mais aprimorados, podem trabalhar com a modelagem tridimensional, moulage. Estas técnicas podem ser desenvolvidas manualmente ou a partir de softwares. Para este setor construir resultados relevantes para as empresas, é necessário um profissional capacitado na área. Visando desenvolver um trabalho que sirva como apoio às indústrias e às escolas de moda, tem-se como objetivo identificar e analisar a formação e o perfil dos modelistas, bem como o uso do sistema informatizado de modelagem no Estado do Rio Grande do Sul. Para isto, foi desenvolvida uma pesquisa de campo a fim de conhecer o profissional que está atuando no mercado e as tecnologias utilizadas no setor da modelagem. MODELAGEM A modelagem é uma parte do processo da concepção do vestuário que utiliza diferentes técnicas e métodos para o desenvolvimento e construção de moldes. Assim, o processo da modelagem é responsável pela construção de moldes, que darão as formas variadas, volumes e caimentos adequados a cada peça, mas somente quando ela for bem executada (ROSA, 2009). Segundo Treptow (2007, p.154), a modelagem está para o design de moda, assim como a engenharia está para arquitetura. Sendo assim, a modelagem está inserida no processo de produção do vestuário é uma das partes iniciais e fundamentais de apoio e sustentação da marca no mercado, sendo esta uma ferramenta de grande relevância. 2

MODELAGEM BIDIMENSIONAL A modelagem bidimensional pode ser chamada de plana ou geométrica, pois esta utiliza padrões da geometria e aprofunda-se em cálculos matemáticos. Os modelos são traçados a partir de uma tabela de medidas detalhada, contendo perímetros e comprimentos do corpo humano necessário para a produção da modelagem (MARIANO, 2011). O traçado inicial para a produção do molde é chamado de diagrama, este normalmente é elaborado de acordo com a tabela de medidas da confecção formando um molde base. Este molde serve como ferramenta para o modelista desenvolver novas modelagens de novas criações que sigam a mesma base, tornando um padrão para empresa. Então, a modelagem plana representa o corpo humano por meio de um plano, através das linhas verticais e horizontais em ângulos que estão relacionados com o plano de equilíbrio do corpo, as simetrias, alturas, comprimentos e inter-relações das partes (MENEZES, 2010). Após ser desenvolvida a modelagem base da criação e aprovada será feito a gradação que amplia e reduz os moldes para os outros tamanhos da tabela, tendo o cuidado das modificações de medidas não alterarem e distorcerem o modelo. MODELAGEM TRIDIMENSIONAL A modelagem tridimencional também é conhecida como moulage ou draping. Moulage, de origem francesa derivada de moule com significado de forma. No idioma Inglês, draping tem o significado de dar forma e caimento ao tecido (SILVEIRA, 2012). Duburg (2012) enfatiza que as vestes da antiguidade e dos séculos posteriores já eram modeladas tridimensionalmente, mas considera a moulage um fenômeno da história da roupa ocidental. Segundo Duburg (2012, p.11) não há registros de moulage genuína antes do século XIX. Aponta-se que a estilista francesa Madeleine Vionnet no séc. XX começou a usar a modelagem 3

tridimensional de forma sistemática, desenvolvendo sua própria metodologia onde seus modelos eram desenvolvidos em um manequim de madeira (MARIANO, 2011). A modelagem tridimensional de acordo com Nunes e Souza (2010) é uma técnica que permite desenvolver a forma da roupa diretamente sobre o manequim técnico, ou sobre o próprio corpo, tendo uma relação direta entre o tecido e o corpo. Com isso, se estimula a experimentação de diferentes possibilidades de construção, permitindo modificações e soluções em busca do resultado ideal. Souza (2006) cita diferentes funções para a técnica de moulage como o desenvolvimento de bases para diferentes modelagens; auxílio na interpretação e visualização de modelos; contribuição na modelagem plana para elaboração de modelagens mais complexas e ainda pode ser uma ferramenta de criação. TECNOLOGIA INFORMATIZADA NO DESENVOLVIMENTO DA MODELAGEM Uma ferramenta de auxílio nas modelagens é o Sistema CAD/CAM (Computer Aided Design e Computer Aided Manufacturing), traduzindo para o português (Projeto Assistido por Computador e Manufatura Assistida por Computador) que ajuda o modelista a elaborar e desenvolver a modelagem de forma mais rápida e precisa. Este sistema informatizado segundo Heirich (2007) facilita o processo produtivo, por representarem uma boa economia de tempo, e por deixarem arquivados moldes e bases que servem de auxilio para as novas. Formando e arquivando uma biblioteca de moldes. Cabe ressaltar que o uso desta tecnologia auxilia e muito no processo de modelagem, mas ele não atua sozinho é necessário um modelista capacitado que possui conhecimento especifico fazendo com que o sistema venha potencializar todas as suas habilidades (MARIANO, 2011). O Sistema CAD aparece como uma ferramenta essencial e primordial nas empresas de confecções para auxiliar e acelerar o trabalho do com isto 4

gera vantagens em tempo, custo, qualidade e armazenamento de todo processo produtivo. O MODELISTA Segundo Heirich (2007), chama-se de modelista o profissional que transforma um modelo em um objeto concreto, com técnicas pré-estabelecidas da modelagem. Esse profissional é capaz de interpretar croquis (desenho estilizado de moda) e necessita conhecer todo o processo produção. Segundo Nunes e Souza (2010 apud SOUZA, 2006) é a partir do desenho técnico que o modelista começa a construir a modelagem, levando em consideração as folgas, comprimentos, volumes, tecidos e outros que venham a contribuir ao novo modelo. Menezes (2010) fala que o modelista é o mediador entre a criação e o processo de produção de peças. A partir das informações que o setor de criação elabora, ele desenvolve a modelagem que precisa sair desta etapa de forma perfeita para entrar no setor de corte e costura. De acordo com Silveira (2009) o modelista precisa ter o conhecimento do setor de produção e fabricação, conhecimento no setor de desenvolvimento de produto, e conhecimento do setor da modelagem que implica saber ergonomia e medidas antropométricas, tabela de medidas, técnicas de modelagem plana e tridimensional, marcar e identificar moldes, conhecer informática e CAD, saber graduar, encaixar e cortar. Além disso, Silveira (2012) coloca que é indispensável para este profissional estar em contato permanente com as novidades do mundo da moda como tendências, novos materiais, novas tecnologias, pois estes conhecimentos servirão de subsídios para o aprimoramento das modelagens. 5

METODOLOGIA DE PESQUISA A pesquisa tem o intuito de conhecer o perfil dos modelistas que estão inseridos na indústria de confecção do Rio Grande do Sul, bem como o uso de sistemas computadorizados no setor. Dessa forma, foi desenvolvida uma pesquisa de campo, quantitativa de caráter exploratório. Para limitar a pesquisa, foi usado o Guia 2013 das Indústrias e Comércio da FIERGS, tornando assim uma amostra de tipo intencional. O instrumento de pesquisa utilizado foi a replicação de um questionário desenvolvido pela Prof. Doutora Icléia Silveira e pelo departamento de moda da Universidade do Estado de Santa Catarina em 2008/2009. O questionário foi enviado por e-mail para 504 indústrias cadastradas. Obtivemos a resposta de 119 empresas, 23,6% do total das indústrias abordadas. Após resposta dos e-mails, os dados obtidos foram analisados e estudados. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO O total das 119 empresas contou-se com o número de 74 microempresas e 45 pequenas empresas divididas nas regiões do Estado. Os resultados apresentados de micro e pequenas empresas confirmam assim os dados obtidos pela FIERGS (2011) que apontam que 91% das indústrias do vestuário são microempresas, 8% são pequenas empresas e apenas 1% são as médias e grandes empresas do vestuário no Estado. O instrumento da pesquisa aborda basicamente dois assuntos relacionados ao setor de modelagem, primeiramente as perguntas têm relação direta com o profissional modelista, se ele está presente dentro da indústria e qual o grau de instrução deste profissional. E as outras perguntas correspondem ao uso do sistema informatizado para a execução de modelagens. 6

PROFISSIONAL MODELISTA Na figura 1, pode-se observar o resultado da primeira pergunta do questionário: A empresa do vestuário possui modelista no seu quadro de funcionários?. O objetivo desta pergunta é verificar se este profissional está inserido dentro das indústrias do vestuário do Rio Grande do Sul. Conforme a análise dos dados verificou-se que 65% das empresas possuem modelistas no seu quadro de funcionários. Este resultado mostra a inclusão deste profissional, mas pode-se considerar que este resultado precisa melhorar visto a importância deste dentro do setor. Nas empresas onde não há o profissional, as modelagens podem ser desenvolvidas a partir da terceirização do serviço, ou por pessoas que fazem parte da empresa como cortadores, proprietários e outros. Figura 1: As empresas do vestuário e o profissional modelista (Resultados da pesquisa), 2013. Um dado importante mostra que estes profissionais estão presentes em sua maioria nas empresas de pequeno porte, pode-se argumentar que estas empresas movimentam uma grande variedade de peças do vestuário, e possuem maior rentabilidade assim conseguem manter este profissional. A FORMAÇÃO DO MODELISTA Referente à segunda pergunta: O modelista tem formação? depara-se com algumas alternativas como antiga costureira, curso técnico ou universitário. Na figura 2, o gráfico mostra que da amostra de empresas que possuem modelistas, 39% destes possuem formação através de cursos 7

técnicos, não que estes apenas possuam esta formação, pois a maioria destes profissionais já tinha o conhecimento empírico na área da modelagem e buscam este tipo de formação para aperfeiçoamento. Figura 2: A formação do modelista no RS (Resultado da pesquisa), 2013. Um dado que chamou atenção que 27% desta população possuem formação universitária e que 29% tem formação empírica, do conhecimento do dia-a-dia, como as antigas costureiras. Este posicionamento nos mostra que as empresas estão investindo neste profissional. Com isso os modelistas estão em busca de mais conhecimentos e aperfeiçoamento. Esta análise enfatiza importância deste profissional para indústria, assim daqui alguns anos se tenham muito mais profissionais de nível universitário dentro das empresas, pois hoje se caminha para a excelência profissional onde os mais capacitados terão lugar no mercado de trabalho. SISTEMA CAD/CAM A figura 3 apresenta o gráfico apontando que 55% das indústrias da amostra não possuem o sistema CAD e 45% possuem esta ferramenta. Estes dados mostram que muitas empresas ainda trabalham de forma manual dentro de suas indústrias, tendo assim uma produtividade menor no setor de modelagem acarretando consequências em todo processo produtivo, diferentemente de quem já trabalha com este sistema e usufrui de suas vantagens, aumentando o potencial competitivo. 8

Figura 3: O Setor de modelagem e o uso de sistema CAD (Resultado da pesquisa), 2013. Além disso, não é qualquer empresa que consegue adquirir algum tipo de sistema disponível no mercado, pois hoje o custo médio inicial é muito alto, pois não é apenas o software, são necessários outros complementos para a utilização do sistema. O SISTEMA CAD/CAM MAIS UTILIZADO NO RIO GRANDE DO SUL Atualmente, o mercado de sistema CAD possui um número significativo de empresas que oferecem estes softwares. A pesquisa apresenta o software mais utilizado no Rio Grande do Sul, com 78% das confecções da amostra é o sistema brasileiro AUDACES, seguido de 9% que utilizam o sistema alemão GERBER, 7% utilizam o sistema brasileiro Moda01, 4% o Optitex e apenas 2% utilizam o sistema francês Lectra. Acredita-se que o sistema Audaces está presente na maioria das empresas do Estado por ser uma empresa brasileira proporcionando mais segurança ao empresário. Independentemente do sistema escolhido, a empresa que possui esta ferramenta está mais capacitada para atuar no mercado da moda, ela terá inúmeras vantagens diante das empresas que não possuem esses diferenciais tecnológicos. 9

CONSIDERAÇÕES FINAIS 10º Colóquio de Moda 7ª Edição Internacional Com base na pesquisa pode-se enfatizar a importância de profissionais qualificados na indústria da moda, bem como o uso de novas tecnologias, principalmente no setor de produção onde atuam os modelistas. Verifica-se assim, que este profissional tem a capacidade de dar forma aos desenhos, imagens e informações, mas para isso ele precisa ter o conhecimento geral de todo o processo produtivo, dominar as técnicas e conceitos utilizados na modelagem, tornando-se um agente agregador de valor do vestuário. Assim, acredita-se que o modelista precisa ser completo e que ofereça todas as possibilidades para as indústrias, colaborando para que o estilo da marca prevaleça e contribuindo para a valorização da empresa no mercado. Neste momento então se percebe a necessidade das empresas investirem em pessoas capacitadas para as funções, ou em capacitar seus funcionários, assim como em novas tecnologias, em novos maquinários, para que as confecções permaneçam no mercado competitivo da moda. REFERÊNCIAS DUBURG, Annette. Moulage: arte e técnica no design de moda. Tradução: Bruna Pacheco. Porto Alegre: Bookman, 2012. FIERGS. Guia da Indústria e Comércio do Rio Grande do Sul. 2013 FIERGS. Fotografia do Mercado De Trabalho Formal do Rio Grande do Sul. Unidade de Estudos Econômicos Sistema FIERGS. 2011 HEIRICH, Daiane Pletsch. Modelagem: ferramenta competitiva para a indústria da moda. Porto Alegre: SEBRAE/RS: FEEVALE, 2007. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br>. Acesso: 20 ago. 2013 MARIANO, Maria L. V. Da construção a desconstrução: a modelagem como recurso criativo no design de moda. 2011. Dissertação (Mestrado em Design) Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Design, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo. MENEZES, Marizilda dos Santos, SPAINE, Maria Aparecida de Almeida. Modelagem Plana Industrial do Vestuário: diretrizes para a indústria do vestuário e o ensino aprendizado. Revista Projética. V. 1. N.1 p 82-100. Dez 2010. Londrina: 2010 10

NUNES, Valdirene Aparecida Vieira, SOUZA, Patricia de Mello. Integração das técnicas do ensino na modelagem. In: Colóquio de Moda, 6, 2010. Disponível em: <http://www.coloquiomoda.com.br/anais/anais/6-coloquio-de-moda>. Acesso: 24 agt 2013 ROSA, Stefania. Alfaiataria: modelagem plana masculina. Brasília: SENAC-DF, 2009. SILVEIRA, Icléia et al. A formação e o trabalho dos modelistas nas empresas do vestuário do Estado de Santa Catarina. Moda Palavra E periódico, Santa Catarina, ano 2, n.4, p. 4-17, ago./dez. 2009. SILVEIRA, Icléia. Ergonomia do produto/vestuário. Apostila Organizada pela professora Drº Icléia Silveira, para Pós Garduação em Modelagem na UNESC. Florianópolis, 2012. SOUZA, Patrícia Mello. A modelagem tridimensional como implemento do processo de desenvolvimento do produto de moda. Tese (Mestrado em Desenho Industrial), Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2006. TREPTOW, Dóris. Inventando Moda: planejamento de coleção. Brusque, 2007. 11