ANÁLISE ERGONÔMICA COM APLICAÇÃO DO MÉTODO OWAS - ESTUDO DE CASO EM UMA FUNDIÇÃO

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Transcrição:

ANÁLISE ERGONÔMICA COM APLICAÇÃO DO MÉTODO OWAS - ESTUDO DE CASO EM UMA FUNDIÇÃO Evelise Carpiné Spilka¹, Sabrina Sousa da Silva 1, Priscila Pasti Barbosa 1 ¹ Universidade Estadual de Maringá (UEM) isecarpine41@gmail.com; sabrinatieppo11@gmail.com; ppbarbosa2@uem.br Resumo: Com o passar dos anos, nota-se o aumento na preocupação com a ergonomia nas indústrias e empresas. A ergonomia se preocupa com as condições gerais da empresa, o custo individual é minimizado, remove aspectos do trabalho, que em longo prazo, possam provocar ineficiências ou os mais variados tipos de incapacidades físicas. O objetivo deste artigo é realizar uma avaliação das posturas nos postos de trabalho de uma fundição, localizada na cidade de Campo Mourão, Paraná. O método consiste em realizar a coleta e análise de dados referentes aos trabalhadores em seus postos, no qual se observam as ações realizadas por braços, pernas, costas e a força. Apontando assim a eficiência do método em diagnosticar formas inadequadas de realização de trabalho. Palavras-Chave: OWAS; Ergonomia; Avaliação postural. 1. Introdução Em sua atividade de trabalho o ser humano interage com os diversos componentes do sistema de trabalho com os equipamentos, instrumentos e mobiliários, por meio de interfaces sensoriais, energéticas e posturais, com a organização e o ambiente por interfaces ambientais, cognitivas, emocionais e organizacionais. O ser humano realiza essas interações de forma sistêmica, cabendo a Ergonomia modelar essas interações e otimizá-las, ou seja, buscar formas de adequação para o desempenho confortável, eficiente e seguro em face das capacidades, limitações e demais características da pessoa em atividade. A ergonomia se preocupa com as condições gerais de trabalho, tais como, a iluminação, os ruídos e a temperatura, que geralmente são conhecidas como agentes causadores de males na área de saúde física e mental, mas que o estudo

procura traçar os caminhos para a correção. O seu objetivo é aumentar a eficiência humana, através de dados que permitam que se tomem decisões lógicas. A importância da Ergonomia está na contribuição para a promoção da segurança e bem-estar das pessoas e consequentemente a eficácia dos sistemas nas quais elas se encontram envolvidas. Para a avaliação sistemática dos postos de trabalho, a ergonomia dispõe de ferramentas capazes de identificar problemas existentes, de maneira prática, simples e eficiente. Umas dessas ferramentas é o método OWAS, que foi desenvolvido na Finlândia para analisar posturas de trabalho na indústria de aço. O método tem como preocupação principal a identificação e avaliação de posturas de trabalho. No desenvolvimento do método a atividade é subdividida para análise das posturas, quando então, é feita uma categorização das posturas de trabalho. Na análise das atividades, as de levantamento manual de cargas são identificadas e categorizadas com um peso maior em termos de sacrifício imposto ao trabalhador. Apesar de não ser a preocupação principal do método, o levantamento manual de cargas também é tratado. Após a aplicação da ferramenta, obtiveram-se resultados que mostram a eficácia deste método na ergonomia. Simples e direto, o método mostra como muitas mudanças podem ser realizadas de forma simples, sem muitos gastos, obtendo um maior conforto para os trabalhadores. Desta forma, o presente artigo tem como objetivo realizar uma análise detalhada dos postos de trabalho de uma indústria de fundição, aplicando o método OWAS para esses postos estudados, avaliando assim a eficiência deste método. Destacando os erros ergonômicos cometidos pelos colaboradores da indústria, e procurando formas de melhorias, a fim de que esses funcionários trabalhem com mais segurança, conforto e satisfação. 2. A Ergonomia Da junção das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (leis, preceitos), surgiu a ergonomia, sua meta é essencialmente, analisar a adequação do trabalho ao ser humano, o que envolve principalmente observar o ambiente em que esse trabalho é executado. A acepção da palavra trabalho é ampla e compreender as

ações efetuadas com o uso de equipamentos, bem como as diversas conjunturas que transcorrem na relação entre o ser humano e a produção (CORRÊA, 2015). Conhecida comumente como estudo científico da relação entre o homem e seus ambientes de trabalho, a ergonomia tem alguns objetivos básicos que são: possibilitar o conforto ao indivíduo e proporcionar a prevenção de acidentes e do aparecimento de patologias específicas para determinado tipo de trabalho. A Ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a atividade nele existentes às características, habilidades e limitações das pessoas com vistas ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro (ABERGO, 2000). 3. O Método OWAS O método OWAS é um dos métodos mais tradicionais de avaliação ergonômica, foi desenvolvido por um grupo siderúrgico finlandês denominado OVAKO OY. Foi desenvolvido em conjunto com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional em meados dos anos 70, pelos pesquisadores Karu, Kansi e Kuorinka e batizado por OWAS - Ovako Working Posture Analysis System (CAVALCANTE, 2011). O método surgiu da necessidade de identificar e avaliar as posturas inadequadas durante a execução de uma tarefa, que podem, em conjunto com outros fatores, determinar o aparecimento de problemas músculos-esqueléticos, gerando incapacidade para o trabalho (CAVALCANTE, 2011). Baseia-se em analisar determinadas atividades em intervalos variáveis ou constantes, observando-se a frequência e o tempo utilizado em cada postura. Permite que os dados posturais sejam analisados para catalogar posturas combinadas entre as costas, braços, pernas e forças exercidas, e determinar o efeito resultante sobre o sistema musculoesquelético; e para examinar o tempo relativo gasto em uma postura específica para cada região corporal, determinando o efeito resultante sobre o sistema osteomuscular. É possível obter os dados mediante observação direta (em campo) ou indireta (por vídeo), devendo ser observado todo o ciclo em um período de no mínimo trinta segundos (SOUZA; RODRIGUES, 2006). Na Figura 1, é possível observar as posições referentes à avaliação de cada um dos quatro primeiros dígitos do código a ser gerado.

FIGURA 1 Registro da postura descrita por um código de três dígitos, representando posições do dorso, braços e pernas, respectivamente no Método OWAS. FONTE: Pinkzee e Kopp (2001). O desenvolvimento do método foi baseado em avaliações quanto ao desconforto de cada postura, e os cuidados que se devem tomar imediata ou futuramente a respeito dessa postura, usando uma escala de quatro pontos, com os seguintes extremos: Não são necessárias posturas corretivas e São necessárias mudanças imediatas. Com base em tais avaliações, as posturas foram classificadas nas seguintes categorias: Classe 1 Não são necessárias posturas corretivas. Classe 2 São necessárias correções em um futuro próximo. Classe 3 São necessárias correções o mais rápido possível. Classe 4 São necessárias mudanças imediatas.

A partir da combinação do código gerado na avaliação, determina-se a os níveis de ações corretivas recomendados para tal tarefa. A Figura 2 exibe a combinação de códigos gerados na avaliação das posturas. Figura 2 - Níveis de ação segundo as posições das costas, braços, pernas e uso de força. Fonte: Corlett e Wilson (2005). 4. Metodologia Para a realização do estudo apresentado, foi necessária uma visita técnica à fábrica para se obter um conhecimento aprofundado sobre o funcionamento do chão de fábrica e dos postos de trabalho existentes em tal processo, podendo assim observar e conhecer as funções dos operadores e o modo como eles a realizavam. Procurando realizar uma avaliação minuciosa e o mais precisa possível, contou-se com o auxílio de imagens fotográficas, e observações dos membros da equipe envolvidos no trabalho realizado. As atenções se voltaram para quatro postos diferentes de trabalho, sendo estes: soldagem do material em questão; limagem e acabamento; operação do material; carregamento do alumínio fundido. A partir da análise dos dados coletados, pode-se realizar uma avaliação de posturas dos operários em seus devidos postos de trabalho, com a ajuda do software ERGOLÂNDIA. Para tanto, os dados foram inseridos no software e realizou-se por meio do Método OWAS, uma avaliação postural dos operários envolvidos com os postos de trabalho analisados neste estudo.

5. A Empresa A empresa estudada foi uma Indústria Metalúrgica, que está situada na cidade de Campo Mourão, no estado do Paraná. A empresa oferece serviços personalizados na área de metalúrgica industrial, usinagem cnc e corte e dobra cnc. 6. Análise dos Resultados Primeiramente, foi analisado o posto de trabalho em que um homem realizava a soldagem do material. A Figura 3 apresenta a atuação e os esforços ergonômicos realizados pelo operador durante a maior parte da jornada de trabalho. Pode-se observar um certo grau de inclinação nas costas do operário. Esse grau faz com que sua coluna apresente um ângulo de curvatura não recomendado. Figura 3 - Operador de soldagem realizando seu trabalho. A partir da aplicação do Método OWAS, obteve-se resultados, os quais constam na Tabela 1.

Tabela 1 Codificação OWAS para soldagem do material. Dígito OWAS Costas Braços Pernas Força Categoria de Ação 2 1 2 1 2 Para o desempenho dessa função, o operário necessita ficar em pé, porém foi observado que sua coluna não estava totalmente ereta, e suas pernas não estavam iguais, uma estava flexionada e a outra reta. E como meio corretivo tem-se que serão necessárias correções em um futuro próximo. Posteriormente foi estudado o posto de trabalho de uma mulher que realizava a limagem e o acabamento da peça. Na Figura 4 observa-se a foto do trabalho dessa mulher. Figura 4 - Operadora realizando o processo de limagem e acabamento. Para o segundo posto de trabalho analisado também foi realizado o estudo no método Owas e os resultados constam na Tabela 2.

Tabela 2 - Codificação OWAS para limagem e acabamento do material. Dígito OWAS Braços Costas Pernas Força Categoria de Ação 4 1 1 2 3 Como a operadora realiza seu trabalho sentada, notou-se que sua coluna era muito curvada, e seu tronco também. Por isso precisarão ser tomadas medidas corretivas o mais rápido possível. O terceiro posto estudado foi de um operador que realizava a verificação dos moldes feitos por fundição em areia. Seu trabalho consistia em verificar e retirar a peça que estava submersa na areia. Na Figura 5 demonstra o posto de trabalho desse operador. Figura 5 - Operador realizando a verificação da peça depois de tirá-la da areia. trabalho. Na Tabela 3, consta a análise feita no modo OWAS, para o terceiro posto de

Tabela 3 - Codificação OWAS para verificação da peça. Dígito OWAS Braços Costas Pernas Força Categoria de Ação 4 3 4 2 4 Este operador trabalha de uma maneira totalmente ruim para sua coluna e sua saúde, sua coluna se encontra muito arcada, até os pés, e suas pernas pouco flexionadas. Por isso, correções devem ser tomadas imediatamente, a fim de não comprometer com problemas na coluna do operador. O quarto e último posto analisado, foi o de um carregador de alumínio derretido, na Figura 6 pode-se observar como é o posto desse operador. Figura 6 - Operador carregando o alumínio derretido. Consta, na Tabela 4, a análise segundo o método OWAS para o quarto posto de trabalho estudado.

Tabela 4 - Codificação OWAS para carregador de alumínio derretido. Dígito OWAS Braços Costas Pernas Força Categoria de Ação 4 2 2 3 4 Este operário trabalha fazendo o carregamento do alumínio derretido de um lugar a outro da fábrica, lugar esse que, por se tratar de algo pesado, é muito longe. Por isso pode-se observar que a coluna do trabalhador é torta, e o mesmo anda com muito esforço. E por esse motivo, correções devem ser tomadas imediatamente. 7. Considerações Finais A aplicação do método OWAS na Fundição proporcionou maior visibilidade em relação às posturas adotadas nas diversas funções dos operários. A ferramenta permitiu determinar se o operador desempenhava corretamente seu trabalho, de acordo com sua postura e a força que utilizava para realizar tal função. Podendo assim analisar se aquele operador poderia ou não ter algum problema de saúde em um futuro próximo, ou até mesmo imediatamente. Pode-se notar, dessa forma, que esses estudos e métodos são fundamentais dentro de qualquer empresa, pois as normas ergonômicas permitem aos trabalhadores um maior bem-estar durante suas operações, e isso trás benefícios para a empresa, visto que quando um funcionário trabalha com saúde, a empresa vai muito melhor e recebe muito mais lucros. A empresa possui um perfil bom perfil de qualidade e segurança, porém o chão de fábrica ainda precisa de algumas pequenas e simples mudanças, como uma melhor ventilação, e um melhor layout, a fim de que funções parecidas fiquem menos distantes umas das outras, para que os funcionários não necessitem andar tanto com materiais pesados, evitando uma má postura ao fazer a força, e não correndo o risco de se obter problemas de coluna futuramente. A partir dos estudos do método OWAS, permite sugerir mudanças corretivas para a prevenção de problemas de saúde dos funcionários, fazendo com que eles trabalhem com maior conforto e satisfação.

Referências CAVALCANTE, V. A.; Ergonomia: método de avaliação de postura OWAS. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/60511370/ergonomia-metodo-owas>. Acesso em 31 ago 2016. CORLETT, E. N.; WILSON, J. R.; Evaluation of human work. Boca Raton: CRC Press, 3ª ed., 2005. CORRÊA, V. M.; BOLETTI, R. R.; Ergonomia: Fundamentos e Aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015. CRUZ, V. C.; et al. Aplicação do método OWAS e análise ergonômica do trabalho em um segmento de uma empresa de grande porte situada no município de Campos dos Goytacazes. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/tn_sto_209_238_27002.pdf.> Acesso em 30 ago 2016. MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C.; Ergonomia: Trabalho adequado e eficiente. Rio de Janeiro: Elsevier Ltda, 2011. SILVA, D. A.; NETO, L. O. G.; BARBOSA, P. P.; Análise ergonômica com a aplicação do método OWAS: Estudo de caso em uma indústria moveleira do Centro-Oeste do Paraná. Disponível em: <http://www.fecilcam.br/anais/vii_eepa/data/uploads/artigos/8-02.pdf>. Acesso em 30 ago 2016. SOUZA, J. P. C.; RODRIGUES, C. L. P.; Vantagens e limitações de duas ferramentas de análise e registro postural quanto à identificação de riscos ergonômicos. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/685.pdf>. Acesso em 31 ago 2016. VIDAL, M. C.; introdução à ergonomia. Disponível em: <http://www.ergonomia.ufpr.br/introducao%20a%20ergonomia%20vidal%20ceserg.pdf.> Acesso em 30 ago 2016.