O flashmob como intervenção social e política 1. Marina DARCIE 1 Maria Cristina GOBBI 2 Universidade Estadual Paulista, Bauru, SP



Documentos relacionados
USANDO A REDE SOCIAL (FACEBOOK) COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM

Introdução a EaD: Um guia de estudos

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do

Lucas Arantes Zanetti 1 Lívia Cadete da Silva 2 Orientadora: Caroline Kraus Luvizotto 3 Universidade Estadual Paulista, Bauru, SP

AULA 6.2 Conteúdo: Suportes de gêneros contemporâneos / Redes Sociais INTERATIVIDADE FINAL LÍNGUA PORTUGUESA DINÂMICA LOCAL INTERATIVA

Mídias sociais como apoio aos negócios B2C

E um dia, quem sabe, poderemos despertar para o ser empreendedor. E ganhar dinheiro com esta história toda.

SUA ESCOLA, NOSSA ESCOLA PROGRAMA SÍNTESE: NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA

Projeto Escola com Celular

Participação política na internet: o caso do website Vote na web

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Novas Tecnologias no Ensino de Física: discutindo o processo de elaboração de um blog para divulgação científica

O ORIENTADOR FRENTE À INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIENCIA NA ESCOLA REGULAR DE ENSINO

Mídias sociais como apoio aos negócios B2B

Relatório de comunicação digital da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis Janeiro a Julho/2012

Outside On-Line LTDA Telefone: +55 (19) (19) (claro) carlos@outside.com.br

Blogs corporativos: uma inovação na Comunicação Organizacional 1

INTRODUÇÃO. Sobre o Sou da Paz: Sobre os Festivais Esportivos:

Fundamentos de Sistemas de Informação Sistemas de Informação

PROPOSTA DE VEICULAÇÃO ONLINE NO PORTAL DO TRÂNSITO

Rompendo os muros escolares: ética, cidadania e comunidade 1

Número de pessoas com acesso à internet passa de 120 milhões

PROPOSTA DE ATIVIDADE

O advento das mídias sociais digitais e o mercado de trabalho para o profissional de relações públicas

Síntese do Plano de Promoção de Convivência Multicultural da Província de Shiga (Edição revisada) <Proposta>

Mídia Kit Jornal Correio

Marcello Chamusca Márcia Carvalhal. Públicos Híbridos em Relações Públicas Marcello Chamusca Márcia Carvalhal

Jornalismo Interativo

VOLUNTARIADO NO BRASIL E NO MUNDO

SONHO BRASILEIRO // O JOVEM BOX 1824 JOVENS-PONTE

Gestão da Informação e do Conhecimento

VIII JORNADA DE ESTÁGIO DE SERVIÇO SOCIAL

Movimentos sociais - tentando uma definição

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Processos Técnicos - Aulas 4 e 5

Curso Marketing Político Digital Por Leandro Rehem Módulo III MULTICANAL. O que é Marketing Multicanal?

Chamada de Participação V Competição de Avaliação - IHC 2012

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

Hiperconexão. Micro-Revoluções. Não-dualismo

SUA MAIS NOVA AGÊNCIA ON-LINE. PUBLICIDADE DESIGN WEB.

Universidade de Brasília

ASSESSORIA DE IMPRENSA 1 Felipe Plá Bastos 2

Um produto para jogar um conteúdo matemático e estudar um jogo social

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OFICINAS DE DIREITOS HUMANOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ESCOLA

PERSPECTIVAS CURRICULARES NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Curso de Especialização em Saúde da Família

O que é Social CRM, o novo paradigma para a relação com Clientes

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo.

Opção. sites. A tua melhor opção!

Faculdade de Direito Ipatinga Núcleo de Investigação Científica e Extensão NICE Coordenadoria de Extensão. Identificação da Ação Proposta

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

Você pode usar o e-book como quiser

GESTÃO DE GENTE. Modelo de Competências da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro ALINHAMENTO DE METAS E AÇÕES. O nosso jeito de servir: Sou + o Rio

FUNK CONSCIENTIZA. VAI 1 - música

SOCIEDADE VIRTUAL: UMA NOVA REALIDADE PARA A RESPONSABILIDADE CIVIL

CONCEITOS E MÉTODOS PARA GESTÃO DE SAÚDE POPULACIONAL

Resumo. Palavras-chave: twitter; ferramenta; planejamento; Greenpeace.

Sabe o que fazer na hora de comprar um imóvel? CONHEÇA SEIS DICAS FUNDAMENTAIS

Como monitorar seus concorrentes e fazer pesquisa de mercado nas redes sociais. Por Gustavo Valvasori

Resgate histórico do processo de construção da Educação Profissional integrada ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DE CAMPANHA EM MARKETING DIGITAL

A INTERNET COMPLETOU 20 ANOS DE BRASIL EM 2015.

OS DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

JORNADA DIVERSIDADE CULTURAL E NOVAS TECNOLOGIAS VERA KAISER SANCHES KERR

Observatórios Virtuais

Teoria Geral da Administração II

. Indice. 1 Introdução. 2 Quem Somos. 3 O que Fazemos. 4 Planejamento. 5 Serviços. 6 Cases. 9 Conclusão


Arquitetura de Informação

7º PASSO CAMPANHA ELETRÔNICA

Agosto. São Paulo Brasil. connectedsmartcities.com.br

O caminho para a conquista do seu futuro aluno

IV CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES DE PORTO ALEGRE

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E O USO INTEGRADO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS Sérgio Abranches

Projeto Incubadora no SecondLife

Blog NoRascunho 1. Andrew Philip Saldanha de FRANÇA 2 Melissa Cirne de Lucena 3 Universidade Potiguar, Natal, RN

34 respostas. Resumo. 1. Qual sua principal ocupação ou vínculo institucional? 2. Como tomou conhecimento desta oficina? 1 of :22


DATA WAREHOUSE NO APOIO À TOMADA DE DECISÕES

1 INTRODUÇÃO. 1.1 Motivação e Justificativa

RESPONSABILIDADE SOCIAL NO CENÁRIO EMPRESARIAL ¹ JACKSON SANTOS ²

Índice. Novo canal. Canais de Comercialização. Canais de Comunicação

PRÓ-MATATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E S C O L A D E A R T E S, C I Ê N C I A S E H U M A N I D A D E

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECAS ESCOLARES NA CIDADE DE GOIÂNIA

Museu virtual e redes sociais: Uma possibilidade de interação com a comunidade

Gestão Pública em BH Programa BH Metas e Resultados e BH 2030

Redes sociais no Terceiro Setor

SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO

Intranets e Capital Intelectual

A IMPRENSA E A QUESTÃO INDÍGENA NO BRASIL

10 DICAS DE TECNOLOGIA PARA AUMENTAR SUA PRODUTIVIDADE NO TRABALHO

APRESENTAÇÃO. Sua melhor opção em desenvolvimento de sites! Mais de 200 clientes em todo o Brasil. Totalmente compatível com Mobile

1 Seminário FEAC 2014 Gestão no Terceiro setor 22 de maio

Há 200 vezes mais probabiblidade de um usuário clicar em um anúncio In-Stream que em um Banner Standard

FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL

RAZÕES PARA ADQUIRIR O TECLAN IPACK UNIFIED

TEXTO 2. Inclusão Produtiva, SUAS e Programa Brasil Sem Miséria

Segmentação Inteligente: como utilizá-la

Transcrição:

O flashmob como intervenção social e política 1 Marina DARCIE 1 Maria Cristina GOBBI 2 Universidade Estadual Paulista, Bauru, SP RESUMO As tecnologias estão cada vez mais emaranhadas ao nosso cotidiano, tornando comuns termos como ciberespaço, sociedades virtuais e redes sociais. Dentro desse contexto da internet é que surge o ciberativismo que é trazido para o espaço púbico através do flashmob porque é um fenômeno que se inicia no espaço cibernético e se estende para o espaço físico e, justamente por essa característica possui potencial sociopolítico. As mobilizações, por cresceram e se tornarem mais populares, ganham conotações antes inexistentes dentro das próprias, como o ativismo crítico e político. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação; Internet; Flashmob; Intervenção Social; Ciberativismo. O desenvolvimento tecnológico tem permitido a troca de informações em menos tempo. As empresas e a sociedade, por exemplo, não controlam mais as formas de mobilização social, que fazem uso, muitas vezes, de ferramentas que são capazes de ações que reúnem grandes quantidades de pessoas. Atualmente, com o advento da Internet 2.0 3, as tecnologias estão cada vez mais emaranhadas ao nosso cotidiano, tornando comuns termos como ciberespaço, sociedades virtuais, redes sociais e o ciberativismo. Assim, nesse contexto, é importante entender processos comunicativos como, por exemplo, o Facebook, SMS, e-mail e algumas ferramentas de mobilização que proporcionam a divulgação instantânea de informação, fazendo com o que os compartilhamentos, comentários e curtidas ganhem credibilidade e chamem a atenção de um número bastante amplo de pessoas. O surgimento do flashmob está atrelado a essa explosão da tecnologia, 1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho da V Conferência Sul-Americana e X Conferência Brasileira de Mídia Cidadã. 1 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Comunicação Social da Unesp, email: marina_paula_darcie@hotmail.com 2 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social da Unesp, email: mcgobbi@terra.com.br 3 A Internet 2.0 é um conceito que está ligado não à tecnologia empregada na rede, mas sim à forma como os usuários passaram a utilizá-la. A Internet 2.0 é um ambiente de participação e interação que agrega diversos tipos de linguagens.

ligada principalmente aos telefones celulares e à internet. A partir da junção do mundo real (sem estar mediado pelas tecnologias digitais da informação e da comunicação) com as tecnologias, novos espaços são criados e outras formas de estar juntos (LUCAS, 2005) são geradas, dando nova configuração às interações humanas e do compartilhamento de interesses. É uma ação organizada que ocorre de forma muito rápida, normalmente realizada por jovens e geralmente em lugares muito movimentados. São previamente planejadas no mundo virtual, sobretudo em redes sociais, por e-mail e SMS, e têm por objetivo ser uma manifestação inusitada em determinado espaço público. Os flashmobs são exemplos de relações que se iniciam no mundo virtual e que são trazidas para o espaço urbano. Acontece aqui um fenômeno que Bohn Kist (2009) chama de desterritorialização, que leva o homem para um espaço (o cibernético) onde a necessidade das pessoas se manifestarem tem lugar para aflorar, um espaço que pode ser acessado de qualquer lugar do mundo (BOHN KIST, 2009, p.5). Como o espaço virtual não tem barreiras e o indivíduo pode transitar em qualquer aldeia de interesses que lhe convenha, ele passa a ser um homem sem território. Neste caso, desta necessidade que o ser humano tem de buscar um espaço para si, formar grupos, é que no lugar em princípio desterritorializado que encontra no ciberespaço, ele se reterritorializa (BOHN KIST, 2009, p.6). Partindo deste preceito, de que a cada dia estas mobilizações vêm sendo mais aceitas pela sociedade, as manifestações, até então estudadas como non-sense tomam um caráter político e crítico. Muitas foram as ocasiões em diversos países diferentes em que o flashmob surgiu com o intuito de chamar atenção social para um assunto político em questão no país. É devido a isto que Bohn Kist (2009, p.9) diz que as Mobilizações Instantâneas possuem grande potencial para se tornarem manifestações com objetivos claros e específicos. O flashmob é um fenômeno que se inicia no espaço cibernético e se estende para o espaço físico e, justamente por essa característica possui potencial sociopolítico. Pelo movimento ser organizado pela internet, os participantes tem total liberdade de expressão, já que nesse meio não existe censura, fazendo com que qualquer assunto possa ser tratado. Além disso, o espaço virtual dá margem para que qualquer indivíduo possa expor suas opiniões, dessa forma a troca de informações entre os internautas é intensa. Outra característica importante desse meio é o acesso a qualquer tipo de informação na rede: o sujeito busca exatamente a informação que precisa e tem acesso a uma gama de opções muito ampla para navegar. Dentro desse contexto da internet é que surge o ciberativismo que, de acordo com

Santos (2011), é a utilização da rede com fins políticos para alcançar metas ou lutas, muitas vezes contra injustiças da própria rede. Dessa forma, entende-se que movimentos ciberativistas são movimentos nos quais há, por parte dos indivíduos atuantes, uma meta ou objetivo político e/ou social. Essas ações permitem dar visibilidade [a uma luta social ou política] com enormes proporções e poucos custos. O interessante é perceber a capacidade de mobilização, que conta muito com a identificação de cada pessoa que se dispõe a participar, o que geralmente acontece pela Internet. O efêmero e fugaz dos eventos de flashmob se perdem quando tais eventos trazem em si uma questão social e de conscientização, seja ambiental, social ou cultural, isto é, questões que tenham impacto de cidadania. Nesse sentido, o evento assume o papel de criar novos tipos de interação e ocupação dos espaços urbanos, através do uso de mídias tecnológicas que permitem novas formas de comunicação e informação. (TRINDADE et al, 2012, p.35) Exemplos de movimentos desse tipo, citados por Santos (2011), são as revoltas ocorridas no Oriente Médio em 2011. Através da internet os movimentos realizados reuniram milhares de pessoas em praças públicas resultando no fim de diversos governos ditatoriais no continente. Esses movimentos ocorreram na Tunísia, no Egito, no Emirado do Qatar e o mais recente na Líbia, resultando no fim do longo governo do ditador Muamar Kadafi. Para Santos (2011) ainda, o ciberativismo é um meio de a população driblar os meios de comunicação tradicionais nos quais há pouco espaço para manifestações públicas. Os centros urbanos Os centros urbanos se depararam, atualmente, com uma realidade distinta do que ocorria antes dos anos 90. Ao longo dessa década, observaram um movimento de privatização dos ambientes de convivência social. De acordo com Caldeira (1997), foram criados enclaves fortificados, ou seja, as pessoas migraram do espaço urbano para viver em espaços privativos, de segurança reajustada. O caso é que ao longo da década de 90, a criminalidade, especificamente tratada na cidade de São Paulo, aumentou exponencialmente e colocou os moradores do centro em alerta. Como medida de segurança, muitas famílias de classe média alta se fecharam - para moradia - em condomínios, edifícios com porteiros 24 horas, casas com segurança reforçada (muros altos, portões grandes, cerca elétrica, alarmes). Em relação ao entretenimento, essa fatia da população foi levada aos shopping centers, principalmente. Cientes desta realidade, percebemos que os centros urbanos foram perdendo espaço na vida de partes da população, sendo tomado apenas pela fatia de classe baixa que, sem opção, vê neste seu único lugar para habitar. O flashmob chama atenção nesse sentido, pois, acima dos padrões observados na realidade atual, ele reterritorializa (SHIECK, 2005) o espaço

urbano independendo de classe social ou outros diferenciais entre seus participantes. Dentro desta movimentação em específico, não importa quem são as pessoas que estão ali, e sim o interesse comum de se sentir parte de um todo para realizar uma atividade comum. Esta intervenção urbana analisada acaba por retomar um espaço da cidade que antes era discriminado e causava insegurança. Conclusão Observamos, ao longo do progresso deste texto, que os centros urbanos sofreram, após a década de 90, aumento da criminalidade e, consequentemente, da insegurança populacional, o que levou parte da população principalmente de classe média/alta a procurar novos locais para viver: os enclaves fortificados. Neste sentido, as flash mobilization se caracterizam como uma reterritorialização do espaço público sem distinção entre os participantes. Todos que participam possuem apenas o interesse de satisfazer a necessidade de fazer parte de um grupo. As mobilizações, por cresceram e se tornarem mais populares, ganham conotações antes inexistentes dentro das próprias, como o ativismo crítico e político. O flash mob reúne um grande número de pessoas para realizar uma ação comum no espaço urbano e, por conta desta característica principal, ganhou novos significados e significâncias por parte tanto de quem planeja e participa, quanto de quem assiste ao movimento e se questiona favor de quê aquela pequena multidão se reúne. Por conta da facilidade de mobilização que a Internet proporcionou, podemos relacionar os flash mobs com os movimentos sociais (recentes ou não) em nossa sociedade, tomando como exemplo para debate as manifestações de Junho de 2013. Desse modo, diriam: movimentos sociais são articulações da sociedade civil constituídas por segmentos da população que se reconhecem como portadores de direitos e que se organizam para reivindicá-los. No entanto, a pergunta pode levar a outras respostas quando se quer conhecer mais a fundo o fenômeno dos movimentos sociais que pode assumir diversas configurações dependendo de suas motivações, do lugar, do tempo histórico e da conjuntura em que se movem. (PERUZZO, 2013, p.75) Um movimento social, acordando ainda com Peruzzo (2013), pressupõe um processo de organização prévia e também consistência nos valores que unem as pessoas umas às outras e nas táticas e estratégias que foram articuladas pelo grupo. A internet e o amadurecimento de ferramentas que facilitam a aproximação, a troca substancial de conhecimento entre pessoas

com interesses comuns e a produção e compartilhamento de informações, características que auxiliaram no crescimento da participação crítica e social de grupos antes impossibilitados de se manifestar. A web 2.0 contribuiu para ampliar as possibilidades de participação dos atores conectados no desenvolvimento e circulação de conteúdos, embora seja necessário enfatizar que vivenciamos, todos, uma transição conturbada dos padrões da sociedade moderna para a pós-moderna, ancorada no hibridismo das mídias de massa modernas (TV aberta e jornais impressos diários entre outros) com as novas mídias (internet e redes sociais). As redes sociais, em especial, propiciaram o surgimento de novos contornos para o ativismo e o empreendedorismo principalmente entre as populações jovens. (Fundação Telefônica, 2014, p.11) As novas tecnologias de informação facilitam a participação cidadã e intensificam a atuação de manifestações sociais. O mundo da comunicação está mais aberto à produção de informação pela sociedade e esta nova modalidade de comunicação não passa pelo filtro de meios de comunicação tradicionais. Agora, o cidadão tem seu próprio local para se informar, se organizar e mobilizar, independentemente de interesses externos ao seu próprio (Fundação Telefônica, 2014). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Enclaves Fortificados: a Nova Segregação Urbana. Estudos Cebrap, São Paulo, v. 47, p. 155-176, 1997. KIST, Éverton Bohn. FLASH MOBS, MOVIMENTOS QUE TRANSCENDEM O CIBERESPAÇO: UMA FERRAMENTA ALTERNATIVA DE COMUNICAÇÃO. INICIACOM - Revista Brasileira de Iniciação Científica em Comunicação Social, p. 01-16, 12 out. 2009. LUCAS, Giovana Azevedo Pampanelli. Muito barulho por nada? Flash Mobs como forma de coesão social e apropriação do espaço urbano. Revista Contemporânea (UERJ. Online), v. 04, p. 144-155, 2005. SANTOS, Fernando Jacinto Anhê Santos. O ciberativismo como ferramenta de grandes mobilizações humanas: das revoltas do Oriente Médio às ações pacíficas do Greenpeace no Brasil. Revista Anagrama: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação. Ano 5 Edição 1. Setembro Novembro de 2011. SCHIECK, Mônica. Flash Mob: da interação em rede à intervenção urbana. In: XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom, 2005, Rio de Janeiro. Trabalhos apresentados congressos anuais Intercom. São Paulo : Intercom, 2005. p. 1-15. TRINDADE, ANA LÍGIA DE OLIVEIRA ; FAVERZANI FIGUEIREDO, EWERTON LUIS ; WEBER SANTOS, NÁDIA MARIA ; KAYSER VARGAS MANGAN, PATRÍCIA ; DA SILVA CONSTANTE, ROBSON. Multiculturalismo Urbano: o Fenômeno Flash Mob. Texto Digital (UFSC), v. 8, p. 25/5007-39, 2012.