ELEMENTOS HISTÓRICOS DA PREVENÇÃO DO AFOGAMENTO NO BRASIL



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Transcrição:

ELEMENTOS HISTÓRICOS DA PREVENÇÃO DO AFOGAMENTO NO BRASIL OSNI PINTO GUAIANO Graduado em Educação Física, é Instrutor da International Life Saving Federation (ILSF). Diretor do Projeto Água Limpa, Diretor da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA), Membro do Grupo de Investigação em Atividades Aquáticas e Socorrismo (GIAAS) da Universidad de A Coruña Espanha, Membro do Conselho Acessor da Fundação para a Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Salvamento, Socorrismo e Atividades Aquáticas (Fundación IDISSA na Espanha) e Administrador da Comunidade Digital de Prevenção do Afogamento (CDPA). Consultor em Serviço de Prevenção de Acidentes no Esporte e no Lazer e Gestor de Projetos no Campo da Prevenção do Afogamento há mais de 20 anos. osniguaiano@globo.com RESUMO Pesquisamos por elementos que contribuíram para aperfeiçoar a prevenção do afogamento, de 1914 à 2002. O Serviço de Salvamento da Cruz Vermelha Americana no Brasil originou o Corpo Auxiliar de Salvamento (CAS) que se aprimorou pelo acréscimo do atendimento médico ao serviço de salvamento aquático da época, pela colaboração do Professor Haroldo Britto e pela criação dos Centros de Recuperação de Afogados. Da extinção do CAS surgiu o Salvamar e de seu desmoronamento o GMar. Posteriormente, da fundação da Sobrasa os projetos educativos. Conclui-se que a flexibilidade dos serviços de cuidado com a vida humana melhoraram com a experiência. Palavras chave: história // prevenção // afogamento ABSTRACT We researched for elements that contributed to improve the prevention of the drowning, of 1914 at 2002. The Service of Rescue of American Red Cross in Brazil originated the Auxiliary Life Saving (ALS) that was gotten better by the increment of the medical attendance in the service of aquatic rescue of the time, for the collaboration of the Teacher Haroldo Britto's and for the creation of the Recovery of Drowned Centers. Of the extinction of ALS appeared the Salvamar and of the your collapse the GMar. Later, of the foundation of the Sobrasa the educational projects. It is ended that the flexibility of the care services with the human life got better with the experience. Words key: history // prevention // drowning

2 INTRODUÇÃO Esta pesquisa resgata de forma sistemática elementos que constituem a história da prevenção do afogamento no Brasil, observando a importante contribuição do Estado do Rio de Janeiro (RJ) neste universo. Levantamos a hipótese de que seria importante ressalvar dados que contribuíram para a evolução da ciência de salvar vidas na água. Desta forma, munirmonos de ferramentas para aperfeiçoarmos o ensino e produzimos mais cultura preventiva, cooperando assim para melhorar a qualidade de vida da população. A história da preservação humana tem seus primeiros passos com a origem do próprio homem sobre a Terra. Do desejo de sobreviver surge a necessidade de ampliar o conhecimento e este intuito deu origem a diversos meios de preservar a vida. O processo, que levou o homem a entender como e porque prevenir e ajudar a outros de sua espécie no meio aquático, durou milhares de anos. Os primeiros registros da primeira formação de salvamento no mundo foi criada pelo Imperador Augusto, cerca de 63 a.c a 14 d.c. Era composta por sete cortes de seiscentos homens. A esta Armada Romana eram outorgadas recompensas pelos atos de salvamento de cidadãos, recompensas que eram extensivas aos pais dos salvadores por terem procriado tais crianças. 2 Séculos se passaram para que fossem registradas as primeiras tentativas para humanizar o conhecimento de salvar vidas na água no Brasil, em 1914. Este trabalho apresenta-se apenas como introdução, como convite de entradas. Esta pesquisa não é a história completa da prevenção do afogamento ou do salvamento aquático no Brasil. É uma tentativa para humanizar conhecimentos, concentrando-se ao redor de elementos predominantes. Foram omitidos alguns dados menores, a fim de que os escolhidos dispusessem do espaço necessário para se tornarem vivos. 2

3 METODOLOGIA Para apresentarmos os elementos históricos que contribuíram para aperfeiçoar a prevenção do afogamento no Brasil, nos servirmos da investigação bibliográfica e empregamos a pesquisa documental como técnica para coletar dados. Inicialmente, com propósito de relatarmos décadas desta relíquia histórica, realizamos além intensa busca na web, examinamos diversas revistas indexadas e populares, jornais, livros, documentos da administração pública do Estado do RJ e realizarmos entrevistas. Basicamente, a mostra dos dados está compreendida entre 1914 e 2002. RESULTADOS 1914 Funda-se, na então Capital da República do Brasil, o Serviço de Salvamento da Cruz Vermelha Americana (SZPILMAN, 2005). 18 1917 Pelo Decreto nº 1143, se cria o Corpo Auxiliar de Salvamento (CAS) (RIO DE JANEIRO, 1985). 6 1939 O atendimento médico é associado ao serviço de salvamento, 2 passando a subordinação do Departamento de Assistência Hospitalar do Distrito Federal (RIO DE JANEIRO, 1985). 6 1959 Em 13 de dezembro, o judô aquático é incorporado ao serviço de salvamento de afogados (JORNAL DO BRASIL, 1959). 3 1960 Em 14 de abril, a capital se transfere para Brasília e se estabelecem normas para criar o Estado da Guanabara, com o Rio de Janeiro como capital (RÍO DE JANEIRO, 2005). 9 1961 Em 16 de agosto, o Posto Ismael de Gusmão passou a ser subordinado ao Departamento de Segurança Pública (RIO DE JANEIRO, 1985). 6 1962 Cria-se Centros de Recuperação de Afogados (CRAs) (BASTOS, 1998). 1 1963 Em 5 de maio, se origina o Corpo Marítimo de Salvamento (CMS) (RIO DE JANEIRO, 2005). 7 1975 Em 15 de março, o Salvamar se liga ao Departamento Geral de Defesa Civil (RIO DE JANEIRO, 1985). 6 1980 Em 12 de agosto, se cria o Grupamento Marítimo (GMar), pela Lei de Organização Básica do Corpo de Bombeiros (CB) (RIO DE JANEIRO, 1985). 6 1983 Em maio, se inicia a formação da primeira turma de Guarda-Vidas do CB sob coordenação do então Major Nilton de Barros Junior (RIO DE JANEIRO, 1983). 8 1983 Em 29 de dezembro, os recém-formados guarda-vidas do CB se apresentam ao Diretor do CMS (RIO DE JANEIRO, 1984). 11 1984 Na Praia da Macumba, se organiza o primeiro grupo de Instrutores de Salvamento Aquático do CB (RIO DE JANEIRO, 1986). 12 3

4 1984 Em 3 de agosto, o CB assume as competências e atribuições do CMS (RIO DE JANEIRO, 1985). 6 1984 O Comandante-Geral do CB, pela Portaria n o 002, ativa o GMar como Unidade Operacional (RIO DE JANEIRO, 2005). 7 1985 Em 27 de julho, em Copacabana, chega ao termino o primeiro Projeto Botinho realizado pelo GMar (JORNAL DOS SPORTS, 1985). 4 1987 Acontece o Estágio de Salvamento no Mar para os empregados lotados no Serviço de Salvamento Marítimo do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, na Ilha do Governador (RIO DE JANEIRO, 1988). 13 1989 Chegam no RJ os primeiros Bombeiros Militar de outros Estados do Brasil para participarem do Curso Especial de Salvamento no Mar do GMar (RIO DE JANEIRO, 1989). 10 1995 Funda-se a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA 2005). 17 1999 O CB de Cabo Frio inicia o Projeto Palestras nas Escolas (RIO DE JANEIRO, 1999). 14 1999 Em 12 de agosto, o Comandante do CB da Área do Interior, Coronel William Selmo Pena Guimarães, autoriza a realização do Projeto Salva Surf (RIO DE JANEIRO, 1999). 15 2002 Em 5 de janeiro, candidatas ao quadro de guarda-vidas formam a primeira turma de mulheres para também assumirem a função (SIQUEIRA, 2005). 16 DISCUSSÃO As belezas do litoral do RJ na maioria das vezes escondem que suas praias, com ondas e correntezas fortes, podem tornar-se potencialmente perigosas com risco de afogamentos. A cidade do RJ é uma das regiões com maior índice de casos de afogamento no Mundo. No entendimento de Szpilman (2005) 18 sensível a esta realidade, o Comodoro Wilbert E. Longfellow, funda, em 1914, na então capital brasileira o Serviço de Salvamento da Cruz Vermelha Americana, com objetivo de organizar e treinar guarda-vidas voluntários que atuariam em postos de salvamento, não apenas no RJ, mas por todo o país, supervisionando praias desguarnecidas. Com o slogan Toda pessoa deve saber nadar e todo nadador deve saber salvar, 6 fica clara a intenção de se difundir os métodos de prevenção do afogamento e de salvamento aquático no Brasil. Da primazia Longfellow, em primeiro de março de 1917, se origina o CAS pelo Prefeito do Distrito Federal, Amaro Cavalcanti, funcionando então no Dispensário de Copacabana. 6 Desta maneira, o Brasil deu os primeiros passos no caminho do controle do afogamento. No entendimento de Bastos (1998) 1 foi de forma improvisada, para proteger os banhistas, que a então Prefeitura do RJ aproveitou pescadores com suas canoas e botes para atuarem, fundamentados em suas experiências, contando com o trabalho efetivo de dois inspetores e 28 auxiliares, regulamentando, desta maneira, o banho de mar no Leme e em Copacabana. Mais tarde, em 1939, este serviço se aperfeiçoa ao agregar o atendimento médico ao Serviço de Salvamento. Para Szpilman (2005), 18 naquele tempo o Dispensário de Copacabana 4

5 foi transformado no Posto de Salvamento Ismael de Gusmão em homenagem ao seu organizador e foram construídas 18 torres fixas de salvamento ao longo da costa. 120 guardavidas trabalhavam nas praias com o auxílio de barcos motorizados, ambulâncias, carros e equipe médica equipada com o que havia de mais moderno em tecnologia de ressuscitação. Em dezembro de 1959, se origina no Brasil o termo judô aquático, mas para entendermos este surgimento foi necessário investigarmos a origem documental do combate corporal. Com isso, observamos que esta data é imprecisa, porém os legados morais, educacionais e físicos que inspiram o judô, incontestáveis. Além de ser competitivo, o judô é muito respeitado como esporte disciplinador. Neste contexto filosófico, o professor Haroldo Britto adapta posições do judô e as inseri no Serviço de Salvamento da Prefeitura. O método em questão permiti ao socorrista dominar qualquer pessoa sem magoá-la, o que, geralmente, não acontecia com os modelos usados até então, comenta o educador em entrevista ao Jornal do Brasil. 3 De qualquer modo em que o afogado apoiasse no socorrista, a vítima é manejada de forma a ficar de costas, com a cabeça fora da água, posição em que é conduzida para lugar a salvo. Em março de 1961 o Posto de Salvamento Ismael de Gusmão passou a ser subordinado ao Departamento de Assistência Hospitalar e em agosto deste mesmo ano à responsabilidade do Departamento de Segurança Pública, esclarece Szpilman (2005). 18 O crescimento demográfico explosivo, a intensa emigração para a cidade do RJ e a melhoria das condições de vida da população nos anos cinqüenta, provocaram aumento do contato do homem com o mar. Isto provoca o alerta das autoridades da época para a necessidade da criação de um serviço de salvamento e resgate especializado em acidentes aquáticos. Com isso, em 1962, se estabelecem os Centros de Recuperação de Afogados 1 e o atendimento médico se aperfeiçoa. Em 1963, o CAS é extinto e se origina o CMS, conhecido também como Salvamar, então, sujeito à Secretaria de Segurança Pública, conforme o Decreto n o 1648. 7 A teoria é que na presença do crescimento e da complexidade das funções do Serviço de Salvamento da época, estas tarefas não poderiam ser atribuídas ao pequeno escalão alcançado pelo serviço no então Estado da Guanabara. Szpilman (2005) 18 entende que o Salvamar iniciou suas atividades com pequeno grupo de amadores recrutados entre pessoas com afinidade e experiência para este tipo de serviço. Mais adiante, quatro anos depois, com a criação do Centro de Instrução de Salvamento e Formação de Guarda-Vidas, em 9 de outubro, 27 praias foram guarnecidas pelo serviço de salvamento utilizando-se 40 torres e 200 salvavidas. Neste mesmo ano foram realizados 4.032 resgates na orla com apenas 17 óbitos. Com a fusão entre o Estado da Guanabara e do RJ, em 1975, o CMS foi vinculado ao Departamento Geral de Defesa Civil, cujo Diretor, automaticamente, passou a ser o Comandante do CB. Com objetivo de ampliar seus serviços, o CB do Estado, cria o GMar, em 1980, com a missão exclusiva de proteção e combate a incêndios nos limites da Baía de Guanabara, 6 mas com a realização do Curso Especial de Salvamento no Mar, entre maio e agosto de 1983, 8 o escopo da corporação é esclarecido. Com isso, o serviço de salvamento aquático no Estado evolui. Entre 1981 e 1983, época em que o serviço de salvamento ainda era realizado pelo Salvamar, foram registradas média de 3621,66 ± 252,54 ocorrências por ano (34,83 óbitos / mil afogamentos). Que fatores teriam contribuído para que a administração do Salvamar entrasse em colapso? Em 29 de dezembro de 1983, sessenta dos recém-formados guarda-vidas do CB, 5

6 todos do sexo masculino, são apresentados ao Diretor do CMS e desta maneira, passam à disposição do Salvamar (1984). 11 Em 1984, o Exmo. Sr. Governador do Estado do RJ, Leonel Brizola, passou a competência e atribuições do CMS para o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (CBERJ). Em 16 de outubro de 1984, foi ativado o GMar, com base operacional em Botafogo e três destacamentos principais (Ramos, Copacabana e Barra da Tijuca), mantendo em suas estruturas os CRAs anteriormente criados, de forma a estabelecer atendimento integrado entre o resgate realizado nas praias e o atendimento médico, comenta Szpilman (2005). 18 No primeiro ano de serviço do CB nas praias cariocas foram registrados 5123 ocorrências de afogamento (12,1 óbitos / mil afogamentos), ou seja os guarda-vidas do CB realizaram 41,48% a mais de ocorrências e evitaram 36,55% menos óbitos contra a média do Salvamar entre 1981 e 1983. A transição durou cerca de dois meses, mas a gerência do serviço de salvamento foi árdua e vagarosa, pois houve a necessidade de treinar bombeiros militares para trabalharem nesta atividade altamente especializada. Com isso, os funcionários do extinto CMS, quase inteiramente, são transferidos para outra Secretaria de Estado, explica Szpilman (2005). 18 Alguns profissionais entretanto, permaneceram no GMar (Jorge de Carvalho, Luiz Carlos, Baptista, Robson, Alencar, Neil, Fernando, Molina e Sergio Siqueira) com a finalidade de junto com (Maj Nilton Barros, Ten Robson Milagres, Ten Jean Carlos, Sds Cunha, Tinoco, Guaiano, Onofre, Gomes, Puerta, Otoniel, Vinícius, Amauri, Moreira, Amorim e outros) treinarem outros militares para a nova função. Mais tarde, em 5 de setembro de 1986, este fato foi parcialmente reconhecido na publicação do boletim 165 do GMar. 12 Nos três primeiros anos de serviço dos guarda-vidas bombeiros foram registrados 15582 ocorrências de afogamento (5129 ocorrências / ano) (12,48 óbitos / mil afogamentos). Na concepção de Szpilman (2005), 18 com o passar dos anos o número de salvamentos cresceu e o número de óbitos reduziu nas praias do RJ, o que comprovou o acerto na decisão da mudança no sistema de salvamento aquático e o alto grau de profissionalização adquirido por seus homens. A larga experiência do CB em servir a população, somado as oriundas atividades desempenhadas pelo antigo Salvamar, direcionou o serviço do GMar a realizar diversos serviços de prevenção à população, a começar pelo Projeto Botinho, o qual favoreceu, em julho de 1985, cerca de 400 crianças e jovens na faixa etária entre oito e 17 anos. 4 Mais adiante, os benefícios deste serviço chegam a todo o litoral do Estado do RJ. Atento ao novo serviço do CB, neste mesmo ano, o Superintendente do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (AIRJ), Sr. Maurício Martins Seidi, 13 solicita colaboração no sentido de que instrutores do GMar ministrassem o Estágio de Salvamento no Mar para os empregados do Serviço de Salvamento Marítimo do AIRJ, sendo então, destacados cinco militares para este serviço. Nosso trabalho durante todo este processo nos permitiu vivenciar a primeira grande difusão do conhecimento de salvar vidas no meio áqüeo no país. A partir de 1989, a cada ano, chegavam mais Bombeiros Militares, mas de outros Estados, para se coligarem ao mais novo e atualizado modelo de serviço de salvamento aquático do Brasil. 10 O Brasil com seu enorme litoral é natural que o fenômeno ocorrido no RJ se faria sentir mais cedo ou mais tarde em outras regiões. A antiga Capital Federal representa até hoje, o centro econômico, político e cultural do país, e foi a pioneira na atividade de salvamento aquático. Adquiriu conhecimento e experiência, tornando-se centro de formação de pessoal especializado em salvamento aquático em todos os níveis, não somente guarda-vidas e 6

7 instrutores, mas também na formação de pessoal médico e paramédico especializado, servindo de padrão para todas as unidades da Federação. 18 Em março de 1995, o conceito de prevenção do afogamento tem maior abrangência com a fundação da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, também no Estado do Rio de Janeiro. 17 Criada pela iniciativa do Bombeiro Militar e médico Dr. David Szpilman, a Sobrasa tem, também, grande participação na difusão do conhecimento de salvar vidas no entorno aquoso, ensinando à população civil como prevenir e agir em casos de afogamento no Brasil. A Sobrasa se torna a primeira entidade desta natureza fundada em toda a América do Sul, sendo desta maneira, a representante da Federação Internacional de Salvamento Aquático no Brasil. Com representantes em 11 diferentes Estados brasileiros, a Sobrasa passa a ser coirmã de organizações internacionais no mundo. Mais tarde, na abertura do ano letivo de 1999, o CB da cidade de Cabo Frio dá início ao intitulado Projeto Palestras nas Escolas, o qual se destinou a atender ao ensino público, fundamental e médio, do Município de Búzios e de Cabo Frio. 14 Na pauta: noções de preservação ambiental, primeiros socorros e salvamento aquático. Logo depois, de 1º a 21 de setembro de 1999, iniciou-se, também em Cabo Frio, o Projeto Salva Surf, primeiro projeto desta natureza organizado pelo CB, visando transmitir aos surfistas voluntários embasamentos técnicos para, em casos de afogamento, prestar socorro e atendimento de primeiros socorros. Com isso, despertar na população surfista o sentimento de ajuda mútua em casos de afogamento. Na concepção de Nascimento (1999), 5 a região administrada pelo CB da cidade de Cabo Frio possuía grande deficiência de guarda-vidas e devido a presença diária da comunidade surfista nas praias, surgiu a intenção de capacitá-los com técnicas de salvamento aquático. A chegada das mulheres para também assumirem a função de guarda-vidas no Estado acontece 19 anos depois dos homens, em 5 de janeiro de 2002. Para Siqueira (2005), 16 durante o processo de seleção, somente 15 candidatas passaram nas provas de admissão e destas, 66,67% fizeram o curso de guarda-vidas, e do total, 30% foram reprovadas. O curso foi realizado de maio a novembro, nas Praias da Barra da Tijuca, Macumba, Grumari e São Conrado. Todas tinham idades entre 23 e 26 anos. Em atividade-fim, encontram-se hoje, somente 42,86% delas, sendo 14,29% no RJ e 28,57% na cidade de Campos, interior do Estado. As demais realizam atividades burocráticas. 7

8 CONCLUSÃO A melhoria do sistema de prevenção do afogamento no Estado do RJ é fato estabelecido. Fica evidente o importante papel da administração pública neste processo. Os primeiros passos para se desvendar os segredos de salvar vidas na água e a sucessão de acontecimentos contribuiu para o avanço do serviço de prevenção do afogamento no Rio de Janeiro e conseqüentemente, no Brasil. Como resultado, este serviço, desta sua origem, reflete a última e mais significante mudança no panorama relacionado a salvaguardar a vida humana na água no país. O recorde de ocorrências de afogamentos registrados, alcançados pelos guarda-vidas do CB do Estado do RJ, 179348 ocorrências de afogamento (3,81 óbitos / mil afogamentos), no momento, é imbatível. Entretanto, há muito mais o que se fazer. Neste caso, o que importa é desenvolver a cultura da população sobre como prevenir e atuar na presença do afogamento, implicando em manifestar com isso, a educação para a saúde. Os resultados desta pesquisa sugerem que a experiência ampliou o conhecimento sobre a preservação da vida humana no Brasil, resultando na melhoria da qualidade do serviço de prevenção do afogamento. 8

9 REFERENCIAS 1 Bastos, R. M. O guarda-vidas Bombeiro Militar como gerente principal do processo de salvamento no mar. Rio de Janeiro RJ, 1998. Trabalho de Conclusão do Curso Superior de Bombeiro Militar CBMERJ, 1998. 2 Gonzaléz, A. R. B. Natacion y salvamento. Montevideo: [s.n], 1996. 3 Jornal do Brasil. Rio de Janeiro: 13 dez. 1959. 4 Jornal dos Sports. Rio de Janeiro. 28 jul. 1985. 5 Nascimento, M. F. C. Salvamento aquático adentra sala de aula. Cabo Frio: O Buziano, 1999. 6 Rio de Janeiro (Estado). Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Manual de Salvamento Aquático. Rio de Janeiro: Diretoria de Pessoal do Estado Maior Geral, 1985. 7 Rio de Janeiro (Estado). Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Um pouco de história. Disponível em: <http://www.gmar.rj.gov.br/index2.htm>. Acesso em: 19 fev. 2005. 8 Rio de Janeiro (Estado). Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Matrícula no curso de Guarda-Vidas. Rio de Janeiro: Boletim do Comando Geral, 42, 3 mai. 1983. 9 Río de Janeiro (Estado). Asamblea Legislativa del Estado de Río de Janeiro. Historia y organización. Disponible en <http://www.alerj.rj.gov.br/center_arq_aleg_prod_link3.htm>. Accedo en: 22 may. 2005. 10 Rio de Janeiro (Estado). Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Dados sobre a primeira turma de militares de outros Estados. Rio de Janeiro: Boletim do Comando Geral, 206, nov. 1989. 11 Rio de Janeiro (Estado). Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Praças à disposição do corpo marítimo de salvamento. Rio de Janeiro: Boletim do Comando Geral, 2, 1984. 12 Rio de Janeiro (Estado). Corpo Marítimo de Salvamento. Grupo de Instrutores de Salvamento Aquático do Corpo de Bombeiros. Rio de Janeiro: Boletim, 156, set. 1986. 13 Rio de Janeiro (Estado). Grupamento Marítimo. Transcrição do ofício nº 082 SUPAE SBG. Rio de Janeiro: Boletim do GMar, 23, 1988. 14 Rio de Janeiro (Estado). Secretaria de Estado da Defesa Civil. Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Primeiro Sub-Grupamento de Bombeiro Militar do nono Grupamento de Bombeiro Militar. Palestra de salvamento aquático em salas de aula. Cabo Frio: Assessoria de Relações Públicas, 15 set. 1999. 15 Rio de Janeiro (Estado). Secretaria de Estado de Defesa Civil. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro. Comando do Corpo de Bombeiros da Área do Interior. Operações e instruções: projeto salva surf. Nova Friburgo: Nota CBAI Gab Cmdo, 1, 1999. 9

10 16 Siqueira, S. H. A. Entrevista sobre o ingresso de mulheres guarda-vidas no grupamento marítimo do Estado do Rio de Janeiro. Acesso em jan. 2005. Mensagem recebida por osniguaiano@aol.com em 14 de fevereiro de 2005. 17 Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático. Fundação. Disponível em: <http://www.sobrasa.org/diretoria/diretorias.htm>. Acesso em: 26 mai. 2005. 18 Szpilman, D. História do salvamento aquático no Brasil. Disponível em: <http://www.szpilman.com/historia/fr_historia_salv_brasil.htm>. Acesso em: 15 de Mar. 2005. 10