INFLUÊNCIA DO MODO E TIPO DE CONSUMO DE BEBIDAS NA DIURESE



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Transcrição:

INFLUÊNCIA DO MODO E TIPO DE CONSUMO DE BEBIDAS NA DIURESE Conselho Científico do Instituto de Hidratação e Saúde Resumo As recomendações de ingestão de água especificam por vezes a proporção de água a obter a partir de bebidas, embora não seja frequente que detalhem o tipo e o modo de consumo. Alguns estudos apontam para que estes dois parâmetros possam afectar o estado hídrico devido a efeitos na taxa e volume de diurese. Assim, é sugerido que a ingestão lenta de água e a adição de açúcares de absorção lenta e de sódio podem potenciar a retenção de água. Por outro lado, as bebidas com cafeína não parecem aumentar a excreção de água nem afectar os indicadores do estado de hidratação em pessoas com hábitos de consumo de cafeína frequentes. Sobre o possível efeito diurético provocado pela ingestão de álcool, os dados não são conclusivos quando um período superior a 6 horas é tido em consideração, podendo não resultar numa perda significativa de líquidos após um período de 24 horas. Palavras-chave Bebidas, Modo de ingestão, Diurese, Açúcar, Sódio, Cafeína, Álcool - 1 -

Introdução As recomendações sobre a ingestão de água por género e faixa etária podem incluir recomendações quanto à origem da água, nomeadamente se proveniente de bebidas ou alimentos [1]. Contudo, é possível que o tipo de bebida e o modo de consumo (por exemplo, a quantidade de fluidos ingerida e a velocidade de ingestão) possam afectar o estado hídrico devido a efeitos na taxa e volume de diurese. Revisão da influência do modo e tipo de consumo de bebidas na diurese Numa investigação recente, foi analisado o impacte da velocidade de ingestão da água na diurese [2]. A ingestão rápida (em 15 minutos) de um volume de água pré-definido (8,3±0,8 ml de água/kg) despoletou uma taxa média de fluxo de urina de aproximadamente 7,0 ml/minuto, enquanto que a ingestão lenta (>150 minutos) da mesma quantidade de água não afectou significativamente a diurese (média de fluxo de urina de aproximadamente 1,2 ml/minuto). Nesta investigação, foi ainda estudado o impacte que a adição de açúcares na água exerce na diurese. Verificou-se que a ingestão do volume de água pré-definido com a adição de 150 mmol de frutose/litro de água, ao longo de um período de 15 minutos, não despoletou uma resposta diurética significativa (taxa média de fluxo de urina de aproximadamente 1,7 ml/minuto). Por outro lado, quando a frutose foi substituída por glucose, verificou-se uma taxa média de fluxo de urina de 6,0 ± 1,0 ml/minuto. Globalmente, os autores concluíram que a ingestão lenta de água e a adição de açúcares de absorção lenta, nomeadamente a frutose, pode potenciar a sua retenção. Numa outra investigação, foi estudado o impacte de duas estratégias diferentes de reposição hídrica em desportistas que, após a prática de ciclismo em ambiente com temperatura elevada (28ºC), manifestaram uma moderada taxa de desidratação (perda de 3% do peso corporal) [3]. Estes desportistas foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: 1) O primeiro grupo ingeriu uma solução (água, hidratos de carbono e electrólitos) com um volume equivalente a 120% do peso perdido ao longo de 3 horas; 50% da solução na 1ª hora, 33,3% na 2ª hora e 16,7% na 3ª hora; 2) O segundo grupo ingeriu uma solução idêntica ao longo de 5 horas; 20% da solução/hora. Verificou-se que a excreção de urina na 2ª e 3ª hora de recuperação foi superior no primeiro grupo. Contudo, aconteceu uma situação inversa na 5ª e 6ª hora. Concluiu-se que o equilíbrio hídrico e o volume plasmático foi restabelecido mais rapidamente no primeiro grupo, apesar de uma maior excreção urinária temporária. Contudo, a médio prazo (após 6 horas), as diferenças não foram significativas. - 2 -

Foi também analisada a interacção entre o volume e a composição de líquidos ingeridos na reposição hídrica de 12 voluntários do género masculino com uma perda de 2% do peso corporal durante a prática de exercício [4]. Foram constituídos 2 grupos de participantes: 1) O primeiro grupo consumiu uma solução com 23 mmol de sódio/litro, ao longo de 4 semanas. O volume de solução ingerida foi de 50, 100, 150 e 200% do peso perdido, em cada um das semanas, respectivamente. 2) O segundo grupo seguiu um protocolo idêntico, mas com uma maior adição de sódio na solução (61 mmol de sódio/litro). Os resultados sugerem que tanto o volume de líquidos ingerido como a quantidade de sódio presente influenciam o processo de hidratação. Os protocolos mais efectivos na hidratação foram aqueles que combinavam uma elevada ingestão de líquidos (150 ou 200% do peso perdido) com a dose superior de sódio. Outros estudos têm destacado que, para se conseguir uma adequada reposição hídrica após a prática de actividades físicas, o volume de líquidos a ingerir deve ser superior às perdas verificadas com o suor [5, 6]. O Colégio Americano de Medicina Desportiva, nas directrizes publicadas em 2007 sobre este mesmo tema, salientou a importância de se ingerir 1,5 litros de líquidos por cada quilograma de peso perdido após a prática de exercício. Esta ingestão adicional de água (0,5 litros) serve para compensar o aumento da excreção urinária resultante do consumo de elevadas quantidades de água [6]. Para maximizar a retenção de líquidos, esta instituição recomenda ainda que esta ingestão seja feita ao longo do tempo, em vez de concentrada em alguns momentos. Parece ser ainda consensual que a adição de sódio (pelo menos 50 mmol/litro) na água ingerida diminui a diurese [5]. Relativamente à ingestão de bebidas com cafeína como o café, o chá e as colas torna-se pertinente referir que, contrariamente ao que vulgarmente se pensa, estas bebidas não parecem aumentar a excreção de água nem afectar os indicadores do estado de hidratação em pessoas com hábitos de consumo de cafeína frequentes [7]. Sobre o possível efeito diurético do álcool, os dados também não são conclusivos quando um período superior a 6 horas é tido em consideração [8]. De facto, embora nas 3 horas subsequentes ao consumo de uma bebida alcoólica se verifique uma maior diurese, parece ocorrer um efeito antidiurético 6 horas após a ingestão, que poderá prolongar-se até 12 horas. Numa posição convergente à anterior, o Instituto de Medicina dos EUA referiu, nas directrizes para a ingestão de água publicadas em 2004, que o efeito diurético provocado pela ingestão de álcool parece ser transitório e de curta duração, e pode não resultar numa perda significativa de líquidos após um período de 24 horas [1]. - 3 -

Sabendo que o estado de hidratação pode influenciar o desempenho cognitivo, a produtividade (mental e física) e a saúde, importantes associações americanas de segurança e saúde laboral como a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), a Occupational Safety & Health Administration (OSHA) e o National Institute of Occupational Safety & Health (NIOSH) recomendam uma ingestão frequente de pequenas quantidades de água no período laboral, tal como um copo (250 ml) em cada 20 minutos [9]. Note-se no entanto que estas recomendações podem representar uma quantidade muito elevada ou muito reduzida de água, tendo em conta o indivíduo, a intensidade do trabalho, a humidade e a temperatura ambiente em questão. Conclusões Alguns estudos apontam para que a ingestão lenta de água e a adição de açúcares de absorção lenta e de sódio podem potenciar a retenção de água. As bebidas com cafeína não parecem aumentar a excreção de água em pessoas com hábitos de consumo de cafeína frequentes. Sobre o possível efeito diurético provocado pela ingestão de álcool, os dados não são conclusivos podendo não resultar numa perda significativa de líquidos após um período de 24 horas. - 4 -

Bibliografia 1. Institute of Medicine and Food and Nutrition Board: Dietary Reference Intakes for Water, Potassium, Sodium, Chloride, and Sulfate In. Washington: DC: National Academies Press; 2004. 2. Shafiee MA, Charest AF, CheemaDhadli S, Glick DN, Napolova O, Roozbeh J, Semenova E, Sharman A, Halperin ML: Defining conditions that lead to the retention of water: the importance of the arterial sodium concentration. Kidney Int 2005, 67(2):613-621. 3. Kovacs EM, Schmahl RM, Senden JM, Brouns F: Effect of high and low rates of fluid intake on Post-exercise rehydration. Int J Sport Nutr Exerc Metab 2002, 12(1):14-23. 4. Shirreffs SM, Taylor AJ, Leiper JB, Maughan RJ: Post-exercise rehydration in man: effects of volume consumed and drink sodium content. Med Sci Sports Exerc 1996, 28(10):1260-1271. 5. Maughan RJ, Leiper JB, Shirreffs SM: Factors influencing the restoration of fluid and electrolyte balance after exercise in the heat. Br J Sports Med 1997, 31(3):175-182. 6. Sawka MN, Burke LM, Eichner ER, Maughan RJ, Montain SJ, Stachenfeld NS: American College of Sports Medicine position stand. Exercise and fluid replacement. Med Sci Sports Exerc 2007, 39(2):377-390. 7. Grandjean AC, Reimers KJ, Bannick KE, Haven MC: The effect of caffeinated, noncaffeinated, caloric and non-caloric beverages on hydration. J Am Coll Nutr 2000, 19(5):591-600. 8. Taivainen H, Laitinen K, Tahtela R, Kilanmaa K, Valimaki MJ: Role of plasma vasopressin in changes of water balance accompanying acute alcohol intoxication. Alcohol Clin Exp Res 1995, 19(3):759-762. 9. Kenefick RW, Sawka MN: Hydration at the work site. J Am Coll Nutr 2007, 26(5 Suppl):597S-603S - 5 -