Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Documentos relacionados
Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

EXMO. SENHOR DR. JUIZ DE DIREITO DO

ACÓRDÃO N.º 20/2016- PL-3.ª SECÇÃO 4ROM-SRA/2016 (P. n.º 1/2014-M-SRATC)

Processo n 1313/14.OTTLSB.L1 Acordam os Juízes da Secção Social do Tribunal da Relação de Lisboa:

(Sumário elaborado pela Relatora) Acordam os Juízes no Tribunal da Relação de Lisboa:

Tribunal de Contas. Acórdão 4/2008 (vd. Acórdão 2/06 3ª S de 30 de Janeiro) Sumário

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

S. R. TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE GUIMARÃES

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, de

Ofício Circulado nº de

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

senhoria operou-se no fim do prazo estabelecido (caducidade do contrato); do estabelecimento comercial em causa outro se extinguiu;

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Portugal proferida em 12 de Dezembro de 2006, relativa a revogação da autorização concedida a Finanser - Sociedade Financeira de Corretagem,

Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Processo: 0734/05. Data do Acórdão: Tribunal: 2 SECÇÃO. Relator: JORGE LINO

Workshop Fiscalidade na Insolvência Circular n.º 10/2015. Obrigações Fiscais em Processo de Insolvência

IVA ARTIGO 78º REGULARIZAÇÕES. Para estes créditos aplicam-se sempre os nºs 7 a 12, 16 e 17 do CIVA).

Sistema Fiscal Moçambicano GARANTIAS GERAIS E MEIOS DE DEFESA DO CONTRIBUINTE PAGAMENTO DE DÍVIDAS TRIBUTÁRIAS A PRESTAÇÕES COMPENSAÇÃO DAS DÍVIDAS

DIREITO EMPRESARIAL, INVESTIMENTO E INTERNACIONALIZAÇÃO

MANUAL DE BOAS PRÁTICAS EM SEDE DE PROCESSO DE EXECUÇÃO

O presente RELATÓRIO, é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

S. R. TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE GUIMARÃES

Descritores: - EMBARGOS DE TERCEIRO; DIREITO DE CRÉDITO; DILIGÊNCIA INCOMPATÍVEL COM O DIREITO DA EMBARGANTE.

Pº R.P. 241/2008 SJC-CT-

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Processo: 0620/11 Data do Acordão:

A LGT no Orçamento do Estado para Audit Tax Advisory Consulting

Processo nº 45740/2006 Acórdão de:

S. R. TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE GUIMARÃES

S. R. TRIBUNAL CENTRAL ADMINISTRATIVO SUL

RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Acórdão n.º 10 / ª Secção-PL. P. n.º 5 ROM-SRM/2013. P. de Multa n.º 6/2012-SRM

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

ACORDAM OS JUÍZES NO TRIBUNAL DE SEGUNDA INSTÂNCIA DA R.A.E.M.:

RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Tribunal de Contas. Recurso ordinário n.º 5-RO-JRF/2013. Acórdão n.º 21/ ª Secção - PL

Orçamento de Estado 2010 Alterações Fiscais JUSTIÇA TRIBUTÁRIA. Associação Fiscal Portuguesa / Ordem dos Advogados

Fórum Jurídico. Outubro 2015 Direito Comercial INSTITUTO DO CONHECIMENTO AB. 1/5

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

PLANO de INSOLVÊNCIA

RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA. (elaborado nos termos do art.155º do C.I.R.E.)

RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Portaria 279/2013 de 26.08

Processo n.º 429/2015 Data do acórdão:

Regulamento das Cus stas Processuais A Conta de Custas no Regulamento das Custas Processuais

PN ; AG.: TC. Lagos; Ag.e: SGALCO Soc. Construções, Lda.,R. Lima Leitão, 12, 1º Esq., Lagos; Ag.o: M.P.

Face ao exposto, e ao abrigo das normas constitucionais, o CDS-PP apresenta o seguinte projecto de lei: Artigo 1º Objecto

respeitável decisão interlocutória (fs ) proferida pelo digno juiz de

UNIVERSIDADE CATÓLICA, LISBOA 27 DE NOVEMBRO DE 2015 Ana Celeste Carvalho

ACÓRDÃO 3ª TURMA NULIDADE JULGAMENTO EXTRA PETITA É nula a sentença que julga pretensão diversa da formulada pelo Autor. Buffet Amanda Ltda.

Acórdão nº 7 /CC/2016. de 13 de Dezembro

ACTA DE REUNIÃO DE TRABALHO

COMISSÃO NACIONAL DE ESTÁGIO E FORMAÇÃO

A Ré, às fls. 70/78, argui preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, insurge se em relação a declaração de sucessão e quanto a

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

PROVIMENTO N.º 2/2013. (Juízo de Execução

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na. Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão,

RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV 2015/2016 Mestrado Forense / Turma B (Rui Pinto) EXAME FINAL ( ) - Duração 2 h 30 m

ACÓRDÃO N.º 20/2013-3ª S-PL - 10Julho R.O. nº 02-JC/2013 (P. nº 03-JC/2010)

Manuel Nogueira Martins

Recuperação Judicial de Créditos vs Recuperação da Empresa

RELATÓRIO DO ADMINISTRADOR DA INSOLVÊNCIA (art.º 155.º CIRE)

Calendário: 02/10 II. Princípios do Direito Processual Tributário

RECOMENDAÇÃO N.º 3/A/2002 [art.º 20.º, n.º 1, alínea a), da Lei n.º 9/91, de 9 de Abril] I - ENUNCIADO -

Apresenta: Nótulas à Lei n.º 32/2014 de 30 de maio (PEPEX)

Coimbra - Juízos Cíveis de Coimbra ,00 (Sete Mil Trezentos e Oitenta e Um Euros) Un. Orgânica: 2º Juízo Cível

RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

RO N.º 08-ROM-2ªS/2011. (PAM n.º 42/2011-2ª Secção) 1.2. Inconformado com o referido despacho, deste interpôs recurso, tendo concluído como se segue:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Câmara Reservada ao Meio Ambiente

PERES. Decreto-Lei nº 67/2016, de 3 de Novembro

Superior Tribunal de Justiça

Resumo para efeitos do artigo 6.º, da Lei 144/2015, de 8 de Setembro:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

DL 495/ Dez-30 CIRC - Sociedades Gestoras de Participações Sociais (SGPS) - HOLDINGS

PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL

LEILÃO VISITA: SOB MARCAÇÃO Vale da Estrada (Nave) Sarzedas - Castelo Branco / GPS: 39 50'04.3"N 7 38'33.9"W

Prática Processual Civil. Programa

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul

ACÓRDÃO N.º 15/ set ª S/PL. Recurso Ordinário n.º 12/2012. (Processo n.º 152/2012)

Direção-geral da Administração da Justiça. Centro de Formação de Funcionários de Justiça

Despacho n.º 3/ XXI de 30 de novembro de 2015, do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Guimarães. Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na

Proc. R.C. 3/2008 SJC CT. Parecer

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça:

Regularização de IVA de créditos de cobrança duvidosa e créditos incobráveis

PROJETO DE LEI N.º 347/XII/2.ª FUNDO DE GARANTIA SALARIAL

Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com. escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova

Sentença nº 7/2010-3ª S/SS Processo nº: 5-A JRF/2003 3ª Secção em 1ª Instância 14/07/2010

Juros de mora e prestação de garantia

Departamento Municipal Jurídico e de Contencioso Divisão Municipal de Estudos e Assessoria Jurídica

TRIBUNAL ARBITRAL DE CONSUMO

Transcrição:

Página 1 de 9 Acórdãos STA Processo: 0446/14 Data do Acordão: 07-01-2015 Tribunal: 2 SECÇÃO Relator: ARAGÃO SEIA Descritores: Sumário: Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO FISCAL REVERSÃO INSOLVÊNCIA CULPA ÓNUS DE PROVA I Se a Fazenda Pública não tiver logrado o pagamento dos seus créditos exequendos provenientes de dívidas tributárias pela massa insolvente da sociedade originária devedora, a lei admite a prossecução da execução fiscal em ordem a conseguir esse pagamento pelo património dos responsáveis subsidiários (cf. art. 24.º da LGT), ao abrigo do disposto nos arts. 180.º, n.º 4 e 153.º, n.º 2, do CPPT. II Nesse caso, não faz sentido invocar a restrição do n.º 5 do art. 180.º do CPPT relativamente ao responsável subsidiário (relativamente ao qual inexiste qualquer declaração de insolvência). III Recaindo sobre o responsável subsidiário o ónus da prova de que o não pagamento dos tributos não é imputável à sua actuação, fica a AT desobrigada de demonstrar no despacho de reversão os elementos de facto destinados à prova dessa mesma culpa. Nº Convencional: JSTA000P18427 Nº do Documento: SA2201501070446 Data de Entrada: 11-04-2014 Recorrente: A... Recorrido 1: FAZENDA PÚBLICA Votação: MAIORIA COM 1 VOT VENC Aditamento: Texto Integral Texto Integral: Acordam os juízes da secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: A.., inconformado, recorreu da sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAF de Braga) datada de 21 de Janeiro de 2014, que julgou totalmente improcedente a oposição por este deduzida à execução fiscal nº 3590200501009850, contra si revertida e originariamente instaurada contra a sociedade B.. Lda., para cobrança da quantia global de 10.853,04 respeitante a IVA de 2004. Alegou, tendo concluído como se segue: 1. A execução objecto da oposição à execução que

Página 2 de 9 reverteu contra o Recorrente, teve por objecto dívidas de contribuições de IVA de 2004, sendo a primitiva executada a sociedade B.. LDA. 2. A execução objecto da reversão deverá ser julgada extinta. 3. Com efeito, existe uma violação do disposto no Art 180 n s 1 e 5 do CPPT. 4. Pois que, a sociedade devedora - executada foi declarada insolvente por sentença proferida em 7.02.2008 e os processos de execução fiscal contra a mesma sociedade foram apensados ao processo de insolvência. 5. Não poderia ser instaurada a reversão com a insolvência da devedora originária, pois que, como resulta do art. 180 n. 1 do CPPT, os processos de execução fiscal ficam sustados com a falência e estando sustados, não poderia existir qualquer reversão. 6. Nos termos do mesmo art. 180 n. 5 do CPPT, para que houvesse a reversão teria de ficar provado que o responsável subsidiário tinha adquirido bens depois de declarada a falência, o que não aconteceu. 7. Ao surgir a reversão, objecto da presente oposição, existe uma violação dos números 1 e 5 do artigo 180º do CPPT, o que determina a nulidade de toda a sua tramitação que conduz à ilegalidade da reversão efectuada. 8. A reversão não poderia pois prosseguir conforme Acórdão do STA de 31/01/2008. 9. E assim sendo a instância executiva, em relação ao oponente, deveria ser julgada extinta. 10. Na sentença ora em recurso é referida a contradição de disposições legais entre o citado art 180 do CPPT e o artigo 88 do CIRE, nomeadamente o seu n 2. 11. Ora, no caso concreto não se verificou a situação contemplada pelo n 2 do art 88 do CIRE, ou seja, não podia haver emissão de traslado e não avocação do processo fiscal, pois que, não havia ainda qualquer reversão contra o gerente da empresa em causa. 12. Não havia então qualquer outro executado. 13. Na mesma sentença é citada a anotação ao n 6 do art 180 do CPPT, de Jorge Lopes de Sousa. 14. Só que tal n 6 nada tem a ver com a situação em causa pois do que se trata na execução revertida é de créditos anteriores à insolvência. 15. No despacho de reversão não é atribuída CULPA ao revertido pela insuficiência de património da empresa para liquidação dos impostos. 16.Tal constitui requisito essencial tendo em conta o

Página 3 de 9 disposto no art 268, n 3 da Constituição da República Portuguesa e nos art s 23, n 4 e 77 da LGT. 17. Não basta salientar - se no despacho de reversão a ausência de bens e exercício do cargo de administrador no período. 18. Tem que ser, como estabelece o citado art 23, n 4 da LGT declaração fundamentada dos seus pressupostos e extensão, a incluir na citação. 19. Assim, não existe fundamentação no despacho de reversão. Termos em que deve a sentença proferida deve ser revogada com as legais consequências. ASSIM SERÁ FEITA JUSTIÇA Não foram produzidas contra-alegações. O Ministério Público, notificado pronunciou-se pela improcedência do recurso e manutenção da sentença recorrida. Resumidamente o Ministério Público entendeu que no caso dos autos a responsabilidade subsidiária do recorrente assenta numa presunção de culpa nos termos do artº 24º nº 1 al. b) da LGT, e assim sendo não tinha de constar do despacho de reversão as razões que levaram o OEF a formular um juízo de culpa sobre o recorrente, conclui portanto que o despacho de reversão não sofre de vicio formal por falta ou insuficiência de fundamentação, como pretende o recorrente. Colhidos os vistos legais, cumpre decidir. Na sentença recorrida deu-se como assente a seguinte factualidade concreta: 1) No processo de execução fiscal nº 3590200501009850, em que é executada originária a sociedade B... Lda. foi efectuada reversão contra o oponente, para cobrança da quantia global de 10.853,04, respeitante a IVA do período de 2004 12T, cujo prazo de cobrança terminou em 2005.02.15 - fls 2 do Pef apenso; 2) Por sentença proferida em 07/02/2008 no Proc. 426/08. ITJVNF do 2 Juízo Cível de Vila Nova de Famalicão a executada originária foi declarada insolvente, tendo sido encerrada por insuficiência da massa insolvente em 17-06- 2010 - fls 22/24 dos autos; 3) Findo o processo de insolvência, das pesquisas efectuadas, resultou não serem conhecidos bens penhoráveis à executada originária fls 4 e 5 do apenso; 4) Da consulta da certidão permanente empresa on-line

Página 4 de 9 relativamente à matrícula, inscrições, respectivos averbamentos constam os seguintes factos; - A executada originária constitui-se a 2/2/1994, com o capital social de 5.000.000$00, dividido por duas quotas de 2.500.000$00, cabendo uma ao ora oponente e outra a C.., mulher do oponente; - A gerência ficou a cargo de ambos os sócios (marido e mulher), sendo que para obrigar a sociedade bastava a assinatura de qualquer um dos gerentes; - No dia 31/12/2006, a sócia C. renunciou à gerência, ficando esta a cargo único e exclusivo do oponente; - fls 22/24 do apenso; 5) O aqui oponente foi notificado do projecto do despacho de reversão e para exercer o direito de audição prévia em 19-11-2012 -fls 39 do apenso; 6) Foi proferido despacho de reversão que se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais - fls 31 e 34 do apenso; 7) O ora oponente foi citado na qualidade de responsável subsidiário em 14-03-2013 fls 42 do Pef apenso; 8) A presente Oposição foi apresentada no Serviço de Finanças em 26-03-2013 - fls 6 dos autos. Nada mais se deu como provado. Há agora que apreciar o recurso que nos vem dirigido. Nas suas alegações de recurso o recorrente suscita duas questões que entende terem sido incorretamente julgadas na sentença recorrida: 1- a da violação do disposto no artigo 180º, n.ºs. 1 e 5 do CPPT; e 2- a falta de indicação no despacho de reversão dos elementos de facto respeitantes à culpa do gerente. Quanto à primeira questão: No essencial, para sustentar o seu recurso, o recorrente alega: -não poderia ser instaurada a reversão com a insolvência da devedora originária, pois que, como resulta do art. 180 n. 1 do CPPT, os processos de execução fiscal ficam sustados com a falência e estando sustados, não poderia existir qualquer reversão; -nos termos do mesmo art. 180 n. 5 do CPPT, para que houvesse a reversão teria de ficar provado que o responsável subsidiário tinha adquirido bens depois de declarada a falência, o que não aconteceu; -ao surgir a reversão, objecto da presente oposição, existe uma violação dos números 1 e 5 do artigo 180º do CPPT,

Página 5 de 9 o que determina a nulidade de toda a sua tramitação que conduz à ilegalidade da reversão efectuada. Já na sentença recorrida se esgrimiram diversos argumentos contrários à tese defendida pelo recorrente, razão pela qual nos vem dirigido este recurso. Com interesse para a decisão desta questão, levou-se ao probatório a seguinte factualidade concreta: -findo o processo de insolvência, das pesquisas efectuadas, resultou não serem conhecidos bens penhoráveis à executada originária; -o aqui oponente foi notificado do projecto do despacho de reversão e para exercer o direito de audição prévia em 19-11-2012; -foi proferido despacho de reversão que se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais. Dispõe o artigo 180º do CPPT, sob a epígrafe Efeito do processo de recuperação da empresa e de falência na execução fiscal : 1 - Proferido o despacho judicial de prosseguimento da acção de recuperação da empresa ou declarada falência, serão sustados os processos de execução fiscal que se encontrem pendentes e todos os que de novo vierem a ser instaurados contra a mesma empresa, logo após a sua instauração. 2 - O tribunal judicial competente avocará os processos de execução fiscal pendentes, os quais serão apensados ao processo de recuperação ou ao processo de falência, onde o Ministério Público reclamará o pagamento dos respectivos créditos pelos meios aí previstos, se não estiver constituído mandatário especial. 3 - Os processos de execução fiscal, antes de remetidos ao tribunal judicial, serão contados, fazendo-se neles o cálculo dos juros de mora devidos. 4 - Os processos de execução fiscal avocados serão devolvidos no prazo de 8 dias, quando cesse o processo de recuperação ou logo que finde o de falência. 5 - Se a empresa, o falido ou os responsáveis subsidiários vierem a adquirir bens em qualquer altura, o processo de execução fiscal prossegue para cobrança do que se mostre em dívida à Fazenda Pública, sem prejuízo das obrigações contraídas por esta no âmbito do processo de recuperação, bem como sem prejuízo da prescrição. 6 - O disposto neste artigo não se aplica aos créditos vencidos após a declaração de falência ou despacho de prosseguimento da acção de recuperação da empresa,

Página 6 de 9 que seguirão os termos normais até à extinção da execução. Conforme se pode surpreender da análise conjugada da matéria de facto disponível levada ao probatório com o teor deste preceito legal, a situação concreta dos autos não se enquadra no disposto no n.º 1 uma vez que se deu como provado que o processo de insolvência já findou, ou seja, antes estamos perante a situação concreta prevista no n.º 4 do mesmo preceito legal. Portanto, toda a argumentação esgrimida pelo recorrente no tocante à imposição legal de sustação do processo de execução prevista naquele n.º 1 não é aplicável à concreta situação dos autos, uma vez que, nos termos do n.º 4, findo que seja o processo de insolvência, os processos de execução são devolvidos ao tribunal competente, neste caso à repartição de finanças competente, e aí prosseguirão a sua tramitação normal, caso a mesma seja possível. Ou seja, no momento em que é ordenada a reversão contra o ora recorrente já não se colocava a questão da sustação dos processos de execução fiscal, uma vez que o processo de insolvência já se encontrava findo e aqueles processos executivos já se encontravam novamente em poder da entidade exequente. Argumenta também o recorrente que, nos termos do mesmo art. 180 n. 5 do CPPT, para que houvesse a reversão teria que ficar provado que o responsável subsidiário tinha adquirido bens depois de declarada a falência, o que não aconteceu. Com interesse dispõe o artigo 23º da LGT, sob a epígrafe Responsabilidade tributária subsidiária : 1 - A responsabilidade subsidiária efectiva-se por reversão do processo de execução fiscal. 2 - A reversão contra o responsável subsidiário depende da fundada insuficiência dos bens penhoráveis do devedor principal e dos responsáveis solidários, sem prejuízo do benefício da excussão. 3 - Caso, no momento da reversão, não seja possível determinar a suficiência dos bens penhorados por não estar definido com precisão o montante a pagar pelo responsável subsidiário, o processo de execução fiscal fica suspenso desde o termo do prazo de oposição até à completa excussão do património do executado, sem prejuízo da possibilidade de adopção das medidas cautelares adequadas nos termos da lei.

Página 7 de 9 4-5 - 6-7 - O dever de reversão previsto no n.º 3 deste artigo é extensível às situações em que seja solicitada a avocação de processos referida no n.º 2 do artigo 181.º do CPPT, só se procedendo ao envio dos mesmos a tribunal após despacho do órgão da execução fiscal, sem prejuízo da adopção das medidas cautelares aplicáveis. Estabelece este preceito legal o modo de se efectivar a responsabilidade tributária subsidiária, consagrando-se o benefício da excussão prévia do património do devedor originário. Ou seja, o responsável subsidiário só será chamado ao pagamento da dívida do devedor originário, após terem sido penhorados e vendidos todos os bens deste responsável principal, e não tendo sido os mesmos suficientes para o pagamento total da dívida exequenda. Resulta da matéria de facto levada ao probatório que, findo o processo de insolvência da devedora originária e principal, após a apreensão e venda de todo o seu património, continuaram a subsistir dívidas geradas em momento anterior à data da falência e respeitantes a um período em que o ora recorrente era o seu gerente. Portanto, nos termos do disposto neste artigo 23º, conjugado com o artigo 24º, n.º 1, corpo, do mesmo diploma legal, o recorrente era o responsável subsidiário pelo remanescente das dívidas da sociedade por si gerida, cfr. artigo 153º, n.º 2 do CPPT. E foi na decorrência desta responsabilidade que a execução fiscal foi contra si revertida, não se opondo à mesma o disposto no referido artigo 180º, n.º 5 do CPPT. Na verdade, a propósito deste preceito legal, já se pronunciou este Supremo Tribunal em sentido contrário ao propugnado pelo recorrente, no recurso n.º 01020/12, datado de 19/12/2012, nos seguintes termos: Assim, se a Fazenda Pública não tiver logrado o pagamento dos seus créditos exequendos provenientes de dívidas tributárias pela massa insolvente da sociedade originária devedora, a lei (porque tais dívidas não se extinguiram) admite a prossecução da execução fiscal em ordem a conseguir esse pagamento pelo património dos responsáveis subsidiários (cf. art. 24.º da LGT), ao abrigo do disposto nos arts. 180.º, n.º 4 e 153.º, n.º 2, do CPPT. Na verdade, demonstrada que seja a insusceptibilidade de os créditos serem pagos pela massa insolvente pode

Página 8 de 9 considerar-se verificada a condição prevista pela alínea a) do n.º 2 do art. 153.º do CPPT para o chamamento à execução fiscal dos responsáveis subsidiários. Ora, no caso de ser chamado à execução fiscal um responsável subsidiário, não faz sentido invocar a restrição do n.º 5 do art. 180.º do CPPT nas situações, como a ora sob apreciação, em que, relativamente a ele, inexiste qualquer declaração de insolvência aquela restrição só tem razão de ser se a empresa, o falido ou responsável subsidiário mencionados na norma legal (n.º 5 do art. 180.º do CPPT) forem o executado ao tempo e em relação ao qual a declaração de insolvência determina a sustação da execução e remessa ao tribunal judicial competente para apensação ao processo de recuperação ou de falência, nos termos do art. 180.º, n.ºs 1 e 2, do CPPT. Só em relação a esses se compreende que a cobrança coerciva do que ainda se mostre em dívida à Fazenda Pública fique restrita a bens ulteriormente por eles adquiridos, em respeito à intangibilidade do acervo de bens e de direitos da massa falida/insolvente e ao princípio da universalidade da instância falimentar. É que só então, porque tais bens não podiam ter integrado a massa insolvente, a execução fiscal poderá prosseguir em relação ao insolvente sobre bens não apreendidos no processo de insolvência, não saindo prejudicada a aludida finalidade universal do processo em relação ao insolvente nem a intangibilidade do acervo de bens e de direitos da massa insolvente.. Também aqui no nosso caso não temos notícia de que o ora Recorrente tenha sido declarado insolvente, pelo que, não faz sentido convocar, relativamente a ele, o disposto no n.º 5 do art. 180.º do CPPT. Improcede, assim, esta primeira questão. Quanto à segunda questão: Alega o recorrente que o órgão de execução fiscal não procedeu à indicação, no despacho de reversão, dos elementos de facto respeitantes à sua culpa. A respeito desta questão, escreveu-se na sentença recorrida: Ora, nos presentes autos, foi determinada a reversão contra o oponente, nos termos do disposto no artigo 24.º, n.º 1, alínea b), da LGT, que se refere às situações em que é imputável a falta de pagamento da dívida ao gerente de facto, quando o prazo legal de pagamento/entrega da mesma terminou no período de exercício do cargo. Estas situações comportam aquelas em que no período do

Página 9 de 9 exercício do cargo de gerência concorrem o facto constitutivo e a cobrança. Nos termos do disposto na alínea b), do art. 24.º, da LGT, a prova de que não houve culpa na falta de pagamento das dívidas fiscais, recai sobre os gerentes, ónus, esse, decorrente da necessidade de realizar a prova de que a falta de pagamento lhes não é imputável (art. 350.º, n.º 2 do Código Civil). Assim não é à Administração Tributária que incumbe demonstrar a culpa mas sim ao oponente. Em jeito de conclusão, dir-se-á que o oponente não demonstrou ou provou, conforme, se lhe impunha, de que não teve culpa na omissão do pagamento devido. Na verdade, apenas, enuncia de forma conclusiva a falta de culpa, sem apresentar quaisquer factos demonstrativos da sua alegada ausência e, nessa sequência, apresentando prova adequada, confirmativa do alegado.. Como se encontra provado, a dívida em execução é enquadrável naquela alínea b) do n.º 1 do artigo 24º da LGT, uma vez que diz respeito a uma dívida cujo prazo de pagamento terminou em 15/02/2005, durante o período durante o qual o recorrente era gerente. Portanto, a argumentação expendida na sentença recorrida, que aqui se reitera, é manifestamente suficiente para dar a conhecer ao recorrente a falta de razão que assiste à sua posição, uma vez que não era ao órgão de execução fiscal que incumbia invocar os factos indiciadores da sua culpa no despacho em que determinou a reversão, pelo contrário, no caso concreto era ao recorrente que incumbia a prova de que não lhe era imputável a si o não pagamento do imposto em falta. Pelo exposto, também improcede nesta parte o recurso que nos vinha dirigido. Nestes termos, e pelo exposto, nega-se provimento ao recurso, confirmando-se a decisão recorrida. Custas pelo recorrente. D.N. Lisboa, 7 de Janeiro de 2015. Aragão Seia (relator) Francisco Rothes Casimiro Gonçalves (vencido, nos termos da fundamentação do acórdão de 15.2.2012, no recurso nº 877/11, que subscrevi e que, aliás é referenciada no presente acórdão).