EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL LUCAS PACHIONI MONTELEONE, brasileiro, solteiro, estudante, portador da Cédula de Identidade RG/SP/SSP nº 33.369.011-4 e do CPF/MF nº 392.437.178-47, monteleonelucas@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Guairá, 51, apto. 11, no bairro da Saúde, São Paulo, CEP 01442-020, por intermédio de seus advogados e bastantes procuradores infraassinados (Instrumento de Mandato em anexo), vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS contra o médico LUCAS FONSECA, devidamente inscrito no CRM n. CRM SP-139090, http://drlucasfonseca.med.br/home/dr-lucas-fonseca/, demais dados ignorados, CLÍNICA ORTOPÉDICA IBIRAPUERA, inscrita no CNPJ n. 49.940.406/0001-43, contato@drlucasfonseca.med.br, ambos com endereço na Rua Afonso Braz n. 817, Vila Nova Conceição, São Paulo, CEP 04511-011, HOSPITAL SÃO LUIZ, devidamente inscrito no CNPJ sob o nº 06.047.087/0002-10, sem indicação de e-mail para contato, estabelecido na rua Afonso Braz n. 817, Vila Nova Conceição, São Paulo, CEP 04511-011, SUL AMÉRICA COMPANHIA DE SEGUROS SAÚDE, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no CNPJ/MF n. 01.658.053/0001-56, com sede na Rua dos Pinheiros, 1673,
Pinheiros, SP, CEP 05422-012, pelos motivos de fato e de direito abaixo articulados: 1. Há aproximadamente dois anos, o autor vinha sentindo dores nos dois tornozelos. As dores no tornozelo esquerdo intensificaram-se, e o autor teve de procurar alguns médicos especialistas na área. Em dezembro de 2016, o autor localizou a Clínica Ibirapuera, por meio do convênio da Sulamérica. Marcou com o Médico Lucas Fonseca a fim de iniciar o tratamento. 2. Na clínica, o facultativo realizou uma infiltração no autor, para que não sentisse mais a dor. O médico explicou-lhe que havia uma região de impacto ósseo na região anterior do tornozelo esquerdo, e uma possível barra óssea chamada de coalizão tarsal. Na verdade, trata-se de dois ossos que estavam muito próximos e com o impacto das atividades físicas, eles entram em atrito, causando dor. Disse também que iria fazer a cirurgia com o objetivo de raspar os ossos. Por ser uma cirurgia bem simples, o autor ficaria internado no hospital apenas um dia. 3. A cirurgia foi marcada para o dia 17/02/2017, às 17h30min no Hospital São Luiz, visto que o médico pertence à equipe médica do hospital, e o nosocômio também faz parte dos hospitais conveniados da operadora do plano de saúde. O autor teve de aguardar um longo tempo na recepção, porque não havia quarto disponível. Depois foi levado para um quarto que mais parecia uma UTI. 4. Depois disso, o autor foi levado à sala de cirurgia. Retorno ao quarto anestesiado. Ao acordar do pós-operatório, reparou que havia um curativo no pé esquerdo. Observou ainda que os dedos do pé esquerdo estavam roxos. Nesse ínterim, o médico do pós-cirúrgico solicitou que ligassem para o médico Lucas. Imediatamente, ele veio para avaliar o pé
esquerdo do autor. Realizou compressa com soro, e pediu ao autor para ficar mexendo com os dedos do pé, o máximo que conseguisse. 5. No dia seguinte, o médico Lucas tirou o curativo do pé esquerdo do autor, retirou os pontos da cirurgia e, com seringas, tentava retirar o sangue do pé do autor, colocando-as nas incisões da cirurgia. O autor percebeu que havia acontecido algo de errado, porque estava sendo removido novamente para a UTI para realizar um ultrassom. Depois disso, informou o autor de que precisaria fazer outra cirurgia para dar espaço para a circulação. 6. Posteriormente, o autor teve de se submeter à outra cirurgia chamada fasciotomia, isto é, um procedimento para salvar o pé esquerdo, com o objetivo de evitar a amputação. Depois do procedimento, o autor teve de ficar com uma manta térmica no pé esquerdo, no entanto, a situação do autor se agravou, conforme demonstram as fotos em anexo. 7. Como o médico Lucas não estava conseguindo reverter a situação, os médicos Carlos e Cláudia assumiram o tratamento. Como se pode observar, o pé esquerdo do autor começou a necrosar. Diante desse fato, o médico Carlos transferiu definitivamente o caso para a médica Cláudia, e deixou de atender o autor. Atualmente, quem está cuidando do caso é a médica Cláudia. 8. O autor entende que foi vítima de erro do médico. Uma simples cirurgia de coalizão tarsal poderá resultar na amputação do pé esquerdo do autor. Com o processo de necrose, um dos dedos do pé do autor já foi amputado. A amputação do pé esquerdo não está descartada. Há de se considerar também que o autor é estudante de educação física, e se ele tiver o pé esquerdo amputado, terá sua carreira profissional totalmente comprometida. 9. O facultativo que age com negligência, ofendendo a integridade física do paciente, causando-lhe lesão corporal, deverá indenizá-lo,
porque cometeu ato ilícito. A negligência médica caracteriza-se pela falta de cuidado ou desatenção no procedimento médico. Implica omissão ou falta de observação no dever de cuidar. Não age com cuidado. 10. Dispõe o artigo 186 do Código Civil que: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Para caracterizar a responsabilidade civil do médico, faz-se necessário demonstrar três elementos essenciais à caracterização da responsabilidade civil: a ação ou omissão, o dano efetivo e o nexo de causalidade. 11. No Direito Médico e da Saúde, dar-se-á a caracterização do erro do médico por meio de perícia, visto que se trata de matéria de direito. Estabelecendo o perito o nexo de causalidade entre a máprática médica e a lesão, caracterizado está o dano, impondo-se o dever de indenizar. 12. A indenização deverá abranger não somente as despesas do tratamento, mas também os lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de prejuízos que o ofendido teve. Essa é a informação que se infere do artigo 949 do Código Civil: No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. 13. O artigo supramencionado é aplicado ao médico que, no exercício profissional, causou lesão ou inabilitou o paciente para o trabalho, segundo dispõe o artigo 951 do Código Civil: O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia,
causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. 14. Nesse mesmo sentido, o artigo 14, 4º, do Código de Defesa do Consumidor explicita que: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 4 A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. 15. Repise-se, portanto, que o médico assistente responde pelas lesões corporais causadas ao paciente, mediante a verificação de culpa, harmonizando este preceito com o artigo 1º, da Resolução do CFM n. 1.931/2009 (Código de Ética Médica) que disciplina o seguinte: É vedado ao médico causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. Nesse sentido: 16. Além do médico assistente, o autor entende que a operadora, a clínica e o hospital devem figurar no polo passivo da ação, porque pertencem à mesma cadeia na prestação de serviço. O artigo 34 do Código de Defesa do Consumidor é explícito ao afirmar que: O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. 17. O pé esquerdo do autor está necrosando, conforme demonstram as fotos em anexo. Já perdeu um dos dedos do pé. O dano é expressivo, podendo, inclusive ter de amputar o pé esquerdo. Trata-se de um jovem estudante que já teve seu direito lesado, porque teve de trancar matrícula e deixar os estágios da Faculdade de Educação Física.
18. Com base nas argumentações aqui desenvolvidas, entende o autor que tem direito à indenização no valor de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais), sendo R$ 500.000,00 (quinhentos mil) a título de dano moral e R$ 300.000,00 (trezentos mil) a título de dano estético. 19. Entende também que tem direito a uma pensão mensal no valor de um salário-mínimo desde à época de sua internação até completar 64 anos, visto que terá restrição em desenvolver suas atividades profissionais como educador físico. Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de condenar solidariamente os réus no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) a título de dano moral e R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) a título de dano estético, totalizando o valor indenizatório de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais), conforme fundamentação, além das custas, despesas e honorários advocatícios, tudo devidamente atualizado. Requer a Vossa Excelência que se digne de conceder-lhe, nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil, os benefícios da justiça gratuita, porque é pessoa pobre na acepção jurídica do termo e não tem como arcar com as custas e despesas processuais. O autor não está trabalhando, porque está realizando tratamento médico para paralisar a necrose do pé esquerdo. O autor opta pela audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do artigo 319, inciso VII, do Código de Processo Civil, por isso, requer a Vossa Excelência que se digne de determinar a citação dos réus, de acordo com o artigo 246, inciso I, do Código de Processo Civil, para que, querendo, compareçam à audiência a ser designada por esse juízo. Por fim, requer a Vossa Excelência que se digne de determinar prioridade na tramitação do feito, visto que o autor é portador de
doença grave, conforme disciplina o artigo 1.048, inciso I, do Código de Processo Civil. Dá-se à causa o valor de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) a título de alçada. Termos em que pede deferimento. São Paulo, 05 de julho de 2017. Joseval Martins Viana Zuleica D. de Moraes Viana OAB/SP n. 142.455 OAB/SP 158.828