ECLI:PT:TRL:2010:261.C.2001.L1.8

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Transcrição:

ECLI:PT:TRL:2010:261.C.2001.L1.8 http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ecli:pt:trl:2010:261.c.2001.l1.8 Relator Nº do Documento Ilídio Sacarrão Martins rl Apenso Data do Acordão 30/09/2010 Data de decisão sumária Votação unanimidade Tribunal de recurso Processo de recurso Data Recurso Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público Meio Processual Decisão Agravo não provido Indicações eventuais Área Temática Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores divórcio; sentença; efeitos; retroactividade; Página 1 / 5

Sumário: O pedido de retroacção dos efeitos do divórcio previstos no artigo 1789º nº 2 do Código Civil não pode ser deduzido depois do trânsito em julgado da sentença de divórcio. (sumário do Relator) Decisão Integral: Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa I - RELATÓRIO L --- deduziu incidente autónomo no próprio processo, contra o requerido S---, pedindo que o tribunal declare a retroacção dos efeitos do divórcio à data da cessação da coabitação entre os excônjuges. Alegou que foi proferida sentença nestes autos de divórcio, onde se concluiu que autora e réu não mantêm entre si a comunhão de vida que o casamento pressupõe, desde finais de 1995, tendo-se a situação de separação "consolidado" no segundo semestre de 1999, com a saída de casa do réu. A sentença considerou verificado o fundamento objectivo de divórcio litigioso dos art s 1781º alª a) e 1782º n 1 do Código Civil e atribuiu a culpa exclusiva ao réu, ora requerido. O requerido deduziu oposição, pugnando pelo indeferimento da pretensão da requerente. Alegou que a sentença que decretou o divórcio transitou em julgado há mais de seis anos e, até ser proferida, não foi formulado nenhum pedido de retroacção dos efeitos do divórcio; por isso, ficou precludido o exercício desse direito nos termos em que a requerente o pretende fazer, ou seja, fazer retroagir os efeitos da dissolução do casamento a momento anterior ao da propositura da acção. Foi proferida decisão que julgou improcedente o incidente e absolveu o requerido do pedido, com o fundamento de que o pedido formulado pela requerente tem de ser formulado até ao termo do julgamento da matéria de facto, nunca depois de proferida a decisão que decretou o divórcio. Não se conformando com a douta sentença, dela recorreu a requerente, tendo formulado as seguintes CONCLUSÕES: 1ª - O n 2 do artigo 1789º do Código Civil não fixa a data até à qual pode ser requerida a retroacção dos efeitos do divórcio, o que a lei manda fixar na sentença é a data da cessação da coabitação entre os cônjuges. 2ª - O legislador não previu a questão na redacção dada à citada disposição legal, pelo que "não se pode afirmar que ele comporte a proibição de o requerimento ser apresentado depois de proferida e transitada a sentença" - cfr neste sentido Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra - de 20/01/2004, 30/ 11 /2004 e 4/04/2006. 3ª - A ser assim, nos casos de acção de divórcio não contestada, em que só na própria sentença são fixados os factos tidos por provados, o cônjuge não pode exercer o direito que a lei lhe confere de pedir a retroacção dos efeitos do divórcio nos termos do n 2 do artigo 1789º do Código Civil. 4ª - Acresce que pode até acontecer a sentença fixar a data da cessação da coabitação e nem sequer vir a ser necessário o pedido de retroacção, como acontecerá se, por exemplo, os cônjuges chegarem a acordo quanto às relações patrimoniais. Página 2 / 5

5ª - A retroacção prevista no nº 2 do artº 1789º do Código Civil visa defender os interesses do cônjuge inocente. 6ª - De salientar que no caso dos autos está em causa a apropriação de montantes avultados em títulos de crédito - certificados de aforro do casal no total de cerca de 195.000,00 - por parte do recorrido, único culpado do divórcio, depois da data em que cessou a coabitação entre os cônjuges. 7ª À semelhança do que sucede nas hipóteses previstas nos artigos 667º e 669 do Cod. Processo Civil, mesmo após a prolação da sentença, o juiz pode fazer retroagir os efeitos do divórcio nos termos do n 2 do artigo 1789 do Cod. Civil, sem colidir com os poderes de cognição do tribunal. 8ª - O pedido de retroacção dos efeitos do divórcio após o trânsito e julgado da sentença não constitui ofensa ao caso julgado. 9ª - O pedido de retroacção dos efeitos do divórcio pode ser formulado mesmo depois do trânsito em julgado da sentença em incidente autónomo. Decidindo como decidiu, a douta sentença recorrida violou, por manifesto erro de interpretação e integração, o disposto nos artigos 1789º n 2 e outros do Código Civil, pelo que deve a mesma ser revogada e substituída por outra que decida nos termos expostos A parte contrária pugna pela manutenção da decisão recorrida. Colhidos os vistos legais, cumpre decidir. II - FUNDAMENTAÇÃO A) Fundamentação de facto A primeira instância considerou assente a seguinte matéria de facto: 1º - No âmbito dos autos de divórcio - Proc. N 261/2001 - deu-se como matéria de facto provada o constante dos pontos 3, 4, 5, 6 e 10, nomeadamente, que: Desde Outubro de 1995 e até ao Verão de 1999 a A. dormia no quarto e o R. na sala; Em data indeterminada do 2 semestre de 1999, o R. saiu de casa e passou a viver em local desconhecido da A., o que acontece até ao presente; Desde então A. e R. fazem vidas separadas; Desde data indeterminada posterior a Outubro de 1995, o R. não contribui para as despesas domésticas; 2º -No âmbito da acção de divórcio litigioso que entre A. e R. correu termos sob o n 162/97 na deste tribunal, foi proferido o acórdão constante de fls. 44 a 49, apurando-se: Em 26-7-95, o R. cortou em pedaços o cartão "Multibanco" da A. Numa noite, o R. foi dormir para a sala. A e R. não têm relações sexuais entre si. A e R. não tomam as refeições em conjunto. O R. não paga a renda da casa. Em Agosto de 1996, o R. foi passar férias a Cuba. O R. não passou o Natal de 1996 com a família. A e R. não se falam desde 26-7-95. O R. tem as contas bancárias conjuntas com a A. 3º - Na referida acção de divórcio a autora não requereu o pedido de retroacção dos efeitos do Página 3 / 5

divórcio à data em que cessou a coabitação. 4º - Em de Março de 2006, a requerente instaurou acção de inventário para partilha de bens na sequência de divórcio, que corre os seus termos. B) Fundamentação de direito A questão que importa resolver consiste em saber se o requerimento a que alude o nº 2 do artigo 1789º do Código Civil tem de ser apresentado antes de ser proferida sentença a decretar o divórcio, ou se pode ser apresentado após a prolação dessa sentença. Na primeira instância entendeu-se que tal requerimento nunca pode ser apresentado depois da decisão que decretou o divórcio. Segundo o nº 1 do citado artigo 1789º, "Os efeitos do divórcio produzem-se a partir do trânsito em julgado da respectiva sentença, mas retrotraem-se à data da proposição da acção quanto às relações patrimoniais entre os cônjuges". E o subsequente nº 2, na redacção anterior à Lei nº 61/2008, de 31 de Outubro, refere que "Se a falta de coabitação entre os cônjuges estiver provada no processo, qualquer deles pode requerer que os efeitos do divórcio se retrotraiam à data, que a sentença fixará, em que a coabitação tenha cessado por culpa exclusiva ou predominante do outro". E o nº 3 prescreve que "Os efeitos patrimoniais do divórcio só podem ser opostos a terceiros a partir da data do registo da sentença". A retroacção prevista no citado nº 2 constitui um benefício concedido ao cônjuge inocente ou menos culpado, exigindo-se dois requisitos: a prova da cessação da coabitação e a culpa exclusiva ou predominante do outro cônjuge nessa cessação. Na defesa da sua tese, a agravante louva-se, entre outros, nos acórdãos da Relação do Porto de 17.01.1989 e da Relação de Lisboa de 16.01.1996[1]. Discordamos dessa argumentação. Decorre dos termos do referido preceito que a data da cessação da coabitação entre os cônjuges só pode ser fixada na sentença que decretou o divórcio, não podendo ser fixada em momento posterior, no processo de divórcio (por via incidental) ou noutra acção. Assim foi decidido pelo Acórdão do SJT de 22.01.1997 e de 19.10.2004[2]. No primeiro dos referidos acórdãos foi decidido que: Não é possível, após ter sido decretado divórcio por mútuo consentimento, fixar a data em que cessou a coabitação entre os cônjuges no subsequente processo de inventário para separação de meações. Tal data só pode ser fixada na sentença que decretar divórcio litigioso. Pelo que não o pode ser, posteriormente, por via incidental. O segundo decidiu da seguinte forma: O pedido de retroacção dos efeitos do divórcio, a que alude o artigo 1789º nº 2 do Código Civil, quando este se fundamente na cessação da coabitação, com culpa do outro cônjuge, tem de ser formulado até à prolação da sentença. Por conseguinte, ficando tal direito precludido com a sentença de divórcio, não pode ser pedido depois dela, em incidente autónomo no processo [3]. Como se diz no acórdão do STJ de 22.01.1997, o nº 2 do artigo 1789º exige, desde logo, que a Página 4 / 5

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) falta de coabitação entre os cônjuges esteja provada no processo de divórcio. Depois, é indispensável requerimento do cônjuge a pedir que os efeitos do divórcio se retrotraiam à data da cessação de coabitação, pedido que, necessariamente, terá de ser formulado no processo de divórcio, antes da prolação da respectiva sentença. E isto porque essa data terá de ser fixada na sentença que decretar o divórcio litigioso, apurada que esteja a culpa exclusiva ou predominante do requerido na cessação da coabitação[4]. Improcedem, assim, as conclusões das alegações da agravante. EM CONCLUSÃO: O pedido de retroacção dos efeitos do divórcio previstos no artigo 1789º nº 2 do Código Civil não pode ser deduzido depois do trânsito em julgado da sentença de divórcio. III - DECISÃO Pelo exposto, nega-se provimento ao agravo, confirmando-se a decisão recorrida. Custas pela agravante. Lisboa, 30 de Setembro de 2010 Ilídio Sacarrão Martins Teresa Prazeres Pais Carla Mendes ---------------------------------------------------------------------------------------- [1] CJ I/89.180 e I/96.85. [2] CJ STJ 1/97.63 e III/2004.67. [3] No mesmo sentido foi decidido pelo acórdão da RL de 02.02.2007, in www.dgsi.pt. [4] Neste sentido, Pires de Lima e Antunes Varela, Código Civil Anotado, IV, 2ª edição revista e actualizada, pág. 561e Abel Delgado, O Divórcio, 2ª edição, pág. 131. Página 5 / 5