AULA 1: A DICOTOMIA LÍNGUA FALADA / LÍNGUA ESCRITA

Documentos relacionados
Sumarizando: o que é uma língua. Métodos para seu estudo...44

Interpretação de Textos a Partir de Análises Isoladas

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS E ESPANHOL - LICENCIATURA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS E ESPANHOL

Linguagem como Interlocução em Portos de Passagem

Departamento de línguas Língua Estrangeira II (Francês) Critérios de avaliação 3.º ciclo

PORTUGUÊS LÍNGUA NÃO MATERNA (PLNM) ENSINO SECUNDÁRIO 2016/2017

As Metas Curriculares de Português, para o 3º Ciclo, apresentam cinco características essenciais:

Agrupamento de Escolas Nº 1 de Abrantes DISCIPLINA: PORTUGUÊS ANO: 8º ANO LETIVO 2013/2014

Critérios Específicos de Avaliação. PORTUGUÊS ENSINO BÁSICO (7.º Ano) 2016/2017

CONTEÚDO ESPECÍFICO DA PROVA DA ÁREA DE LETRAS GERAL PORTARIA Nº 258, DE 2 DE JUNHO DE 2014

Objectivos / Competências Conteúdos Descrição dos Domínios de referência: Unidades temáticas

Síntese da Planificação da Disciplina de Português-5.º Ano Ano letivo Período

MATRIZ DE REFERÊNCIA LÍNGUA PORTUGUESA SADEAM 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE LETRAS-PORTUGUÊS - IRATI (Currículo iniciado em 2015)

Processo de Admissão de Novos Estudantes Conteúdos programáticos para candidatos que ingressarão no. 3º ano do Ensino Médio MATEMÁTICA

Koch, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997, 124 p.

AULA 6: ORALIDADE E ESCRITURALIDADE

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

PLANIFICAÇÃO ANUAL 9.º Ano

OBJETIVOS DESCRITORES DE DESEMPENHO CONTEÚDOS

Dados pessoais. Nome. Apelido. Morada. Estado Civil

Planificação anual Português 6º ano

PLANIFICAÇÃO ANUAL 5º Ano. Disciplina de Português Ano Letivo /2017. Domínios/Conteúdos/Descritores. Unidade 0 Apresentações

Informação Prova de Equivalência à Frequência 9º Ano

Língua Portuguesa 8º ano

Objectivos / Competências Conteúdos Descrição dos itens

Interpretar discursos orais com diferentes graus de formalidade e complexidade. Registar,

INTRODUÇÃO ENSINO BÁSICO E ENSINO SECUNDÁRIO PORTUGUÊS LÍNGUA NÃO MATERNA (PLNM) APRENDIZAGENS ESSENCIAIS ARTICULAÇÃO COM O PERFIL DOS ALUNOS

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. GINESTAL MACHADO PLANIFICAÇÃO ANUAL DE PORTUGUÊS 11º ANO

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DANIEL SAMPAIO. Departamento de 1º Ciclo. Ano letivo 2016/2017 PLANIFICAÇÃO A LONGO PRAZO. 4º ANO DISCIPLINA: Português

1º ano LINGUAGEM E INTERAÇÃO

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PAREDE

SANTOS, Leonor Werneck. RICHE, Rosa Cuba. TEIXEIRA, Claudia Souza. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2012.

LICENCIATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA E RESPECTIVAS LITERATURAS

Conscientização sociolinguística

Normas Gramaticais da Língua Portuguesa AULA 1. Temas: Tipos de Textos Níveis de Linguagens

Língua Portuguesa UNIDADE DE REVISÃO E RECUPERAÇÃO

LISTAGEM DOS COMPONENTES CURRICULARES COMPLEMENTARES (ELETIVOS)

PORTUGUÊS ABEL MOTA PREPARAR OS TESTES

ESPANHOL INIC. Ano Letivo 2016/2017 INFORMAÇÃO - PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA. 11º Ano de Escolaridade

ESCOLA BÁSICA DE MAFRA

REFLEXÕES SOBRE A LINGUAGEM

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA RESOLUÇÃO N.º 3.588, DE 04 DE SETEMBRO DE 2007

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE LETRAS-IRATI (Currículo iniciado em 2009) LETRAS-PORTUGUÊS

EXTERNATO S. VICENTE DE PAULO Lisboa DEPARTAMENTO DE LÍNGUA MATERNA E HUMANIDADES DOMÍNIOS 1.º PERÍODO 2.º PERÍODO 3.º PERÍODO

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS IBN MUCANA

6LET062 LINGUAGEM E SEUS USOS A linguagem verbal como forma de circulação de conhecimentos. Normatividade e usos da linguagem.

Livros didáticos de língua portuguesa para o ensino básico

CURRÍCULO DA DISCIPLINA DE PORTUGUÊS/ CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 2013/2014

Introdução. 3 º Ciclo do Ensino Básico (Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro)

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

(...) Eu canto em português errado. Acho que o imperfeito não participa do passado. Troco as pessoas. Troco os pronomes ( ).

TEORIA DA LINGUAGEM Prof ª Giovana Uggioni Silveira

Data: Para: Inspeção-Geral de Educação. Direções Regionais de Educação. Escolas com ensino secundário CIREP FERLAP CONFAP

SUMÁRIO. Unidade I Teoria da Comunicação. Capítulo 1 Linguagem, Língua, Fala, Signo Linguístico, Linguagem Verbal e Linguagem não Verbal

Descrição da Escala Língua Portuguesa - 7 o ano EF

Processo de Admissão de Novos Estudantes Conteúdos programáticos para candidatos que ingressarão no. 1º ano do Ensino Médio MATEMÁTICA

Língua Falada e Língua Escrita

FRANCÊS INICIAÇÃO MAIO

Ensino Técnico Integrado ao Médio

Os programas das disciplinas em causa preconizam atividades linguísticas, estratégias e tarefas reportadas a usos comunicativos da língua.

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO

Módulo 01: As distintas abordagens sobre a linguagem: Estruturalismo, Gerativismo, Funcionalismo, Cognitivismo

DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS PORTUGUÊS 2º CICLO Gestão curricular 6ºano

Prova de equivalência à frequência. 3º Ciclo do Ensino Básico. Objeto de avaliação

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO EMENTA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CENTRO DE SELEÇÃO PROCESSO SELETIVO PARA O PREENCHIMENTO DE VAGAS DISPONÍVEIS/2015

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DA PROVA DE REDAÇÃO PARA O CURSO LETRAS LIBRAS. I ADEQUAÇÃO Adequação ao tema

Agrupamento de Escolas de Porto de Mós

Objectivos / Competências Conteúdos Descrição dos itens

INGLÊS Cont. Ano Letivo 2016/2017 INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA. 11º Ano de Escolaridade

DEPARTAMENTO DE PORTUGUÊS

Usos e funções: código oral e código escrito

META Apresentar rotinas de trabalho que promovam a familiaridade dos alunos com os diversos comportamentos leitores.

INTERAÇÃO E SILÊNCIO NA SALA DE AULA : O SILÊNCIO COMO VEICULADOR DE SENTIDO E INTERAÇÃO*

A ORALIDADE NA CONSTRUÇÃO DA ESCRITA

INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA. Prova

847- ESPANHOL (NÍVEL- CONTINUAÇÃO 10.º/ 11.º ANO)

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

PLANO DE ESTUDOS DE PORTUGUÊS 9.º ANO

tradições discursivas conceito, história e aquisição

A Câmara Superior de Ensino da Universidade Federal de Campina Grande, no uso de suas atribuições e,

TRABALHAR COM GÊNEROS TEXTUAIS NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO. Maria da Graça Costa Val Faculdade de Letras/UFMG CEALE FAE/UFMG

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ LÍNGUA PORTUGUESA e REDAÇÃO PROSEL/ PRISE 1ª ETAPA

Olá! 32 SEMANAS DE ESTUDO 20 MÓDULOS POR SEMANA 768 HORAS DE ESTUDO. Como montamos o seu Plano de Estudos: Resumo do Plano de Estudos: Matérias:

CURSOS CIENTÍFICO HUMANÍSTICOS DE LÍNGUAS E HUMANIDADES Planificação anual de ESPANHOL 10.º ano (iniciação) Turmas: E Professora: Cecília Marinho

COLÉGIO ADVENTISTA DE ALTAMIRA Ementa de Curso para Portfólio

PROGRAMAÇÃO DE PORTUGUÊS C1

Relatório. Ano lectivo

PLANO DE ESTUDOS DE PORTUGUÊS - 9.º ANO

INTRODUÇÃO ENSINO BÁSICO E ENSINO SECUNDÁRIO PORTUGUÊS LÍNGUA NÃO MATERNA (PLNM) APRENDIZAGENS ESSENCIAIS ARTICULAÇÃO COM O PERFIL DOS ALUNOS

Artigo 2 - O Curso de Letras habilitará o aluno em Português e uma Língua Estrangeira e suas respectivas literaturas.

Conteúdos Programáticos PORTUGUÊS 5.º Ano

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA SALA DE AULA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Quanto aos textos de estrutura narrativa, identificam personagem, cenário e tempo.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Pró-Reitoria de Ensino de Graduação Departamento de Administração Escolar

1. Introdução INFORMAÇÃO - EXAME EXAME DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA FRANCÊS 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO 2012

Documento curricular. 2º Trimestre

Transcrição:

AULA 1: A DICOTOMIA LÍNGUA FALADA / LÍNGUA ESCRITA 1. Ilari & Basso (2009) Variação diamésica: variação da língua associada aos diferentes meios ou veículos 1 Língua falada e língua escrita Há diferença? Tradição escolar: mais atenção à escrita, gerando o pensamento equivocado que se fala da mesma maneira que se escreve As profundas diferenças que se observam entre a língua falada e a língua escrita: Diferenças estão além da forma das palavras, mas principalmente com relação ao planejamento Texto escrito: Avaliação de formulações alternativas (ordem das partes, por exemplo) Possibilidades de correção e modificação, gerando uma estrutura linear quase sem retornos e redundâncias 1 Outros tipos de variação: variação diatópica variação geolinguística (dialetal); variação diacrônica variação da língua ao longo do tempo; variação diastrática variação sociolinguística. O texto escrito não exige necessariamente, por parte do destinatário, o conhecimento da situação em que o texto foi produzido Texto falado: Dispensa a necessidade de descrever os objetos e as pessoas que estão presentes na atenção dos interlocutores São planejados à medida em que são produzidos o Grande número de reformulações sucessivas e sempre parciais de um mesmo conteúdo o Processo de correções, acréscimos e reformulações o Oposição ao desenvolvimento retilíneo do texto escrito o Desenvolvimento mais típico do texto falado: espiral que atropela a si própria O que se entende por língua falada: Não são exemplos de língua falada: o telejornal, discurso de convenção política, conversas telefônicas de telemarketing Exemplos de língua lida língua que foi escrita para ser posteriormente falada Língua falada: especificidades próprias 1

Exemplo: Ilari & Basso (2009:182-183) Características do texto falado do exemplo: Falsos começos Marcas de hesitação preenchimento de silêncio para segurar o turno Muitas reformulações a fala é executada em tempo real Partículas como né" viu? monitoramento da atenção do interlocutor Expressões como (eu) acho ou sei lá modalização da fala, evitando categorizações excessivas Expressões intercaladas como bom e agora mudança de tópico A gramática do falado não coincide com a gramática do escrito 2. Castilho (2010) Línguas naturais: dialógicas Controle por um interlocutor presente ou ausente I. Caracterização da LF Pontos de caracterização da língua falada: o Língua falada resulta de um diálogo em presença, imediato ou de um diálogo em ausência (conversa telefônica) Descrever a língua falada: identificar sinais de dialogicidade o Língua falada documenta 2 momentos fundamentais da linguagem: Momento de planejamento pré-verbal (caráter cognitivo) e momento de execução verbal (caráter sócio-interacional) o Sintaxe colaborativa 1. Língua falada como diálogo em presença: o Na língua escrita é necessário explicitar as coordenadas espaço-temporais em que se movem as personagens, na língua falada, estas coordenadas já são dadas pela situação de fala o Texto falado é rico em descontinuações e o interlocutor deve preencher os vazios: L1 mas como tá demorando hoje... hein? L2 só::... e quando chega... já vem todo sujo... fedorento... L1 Isso sem falar no preço... que sobe todo mês... sem nenhuma vantagem pra gente... L2 é o tal negócio... sei lá... entende? [DID RJ 18] 2

2. Língua falada como planejamento e execução simultâneos: o Na língua falada o planejamento (fase em que selecionamos o que vai ser dito) e a fase de execução (fase verbal) são simultâneas o Com todos os usuários em presença na situação discursiva da língua falada, há interferência direta na execução e na execução dos atos de fala o Na língua escrita, o leitor não tem acesso, nem controle sobre as estratégias de preparação do texto (plano geral, diferentes versões, etc.) o Na língua falada nada se apaga permitindo uma inspeção privilegiada da linguagem 3. Sintaxe colaborativa: o Macrossintaxe: rejeição da sentença como unidade única de análise da oralidade o Colaborativa: os vazios são preenchidos pelos interlocutores de forma colaborativa. o 3 áreas principais: (i) elipse e anacoluto; (ii) segmentos epilinguísticos; e (iii) repetição o Elipse e anacoluto: respectivamente, categorias vazias que vão sendo preenchidas de maneira colaborativa pelos interlocutores (pág. 218 (2)) e restos II. (elementos linguísticos) que o locutor vai deixando para trás (pág. 218 (3)) o Segmentos epilinguísticos: segmentos que o falante conversa sobre a língua, não sobre o assunto. Exemplos de paráfrases lexicais deste tipo: como poderia chamar, digamos assim, vamos dizer, por outras palavras o Repetição: reativação dos itens lexicais, repetindo-os estratégia importante da estrutura funcional da sentença. Caracterização da LE o Compreensão da língua falada e da língua escrita: cisão dos pesquisadores em 3 direções: a. Apenas a língua falada tem estatuto próprio e a língua escrita é uma transposição da primeira b. Língua falada e língua escrita são manifestações autônomas da linguagem. Na língua falada o sentido está no contexto (sentido construído dialogicamente) e na língua escrita o sentido está no texto c. Língua falada e língua escrita se dispõem nun continuum de uso o Processos constitutivos da língua escrita 3

i. Diálogo que ocorre na ausência do interlocutor ii. Planejamento e execução ocorrem em momentos distintos o (i) o Quanto a i.: a ausência física do leitor obriga o desenvolvimento de estratégias (as expressões tem que ser explícitas), não há ancoragem na fala. Língua escrita se torna dependente do próprio texto o Uso de artifícios para trazer o leitor para o texto: o leitor torna-se sujeito da escrita (pressuposição de conhecimento do leitor) o (ii) o O planejamento e a execução não ocorrem no mesmo momento: primeira redação, correção, etc. o Texto escrito é mais elaborado, mas dissimula o processo linguístico o Processos que resultam da escrita: (a) parágrafo; (b) sintaxe especializada; (c) diversidade da escrita e gêneros discursivos o (a) parágrafo: unidade da língua escrita; não se pode omitir o tópico; utilização de marcadores orientados para o leitor: primeiramente, em segundo lugar, etc. o (b) sintaxe especializada: o preferência por estruturas sintáticas mais elaboradas, tais como nominalizações e subordinação o Construções sujeito-predicado predominam sobre as tópico-comentário o Sentenças declarativas predominam sobre interrogativas e imperativas o Uso abundante da voz passiva o Maior frequência de indicações fóricas: voltando ao que se disse anteriormente o (c) Diversidades de escrita e gêneros discursivos: o Língua escrita corrente: fins utilitários cartas familiares, correspondência oficial, correspondência comercial, linguagem jornalística, escritura, testamento, carta de doação, leis, ofícios, relatórios, mapas, etc. o Língua literária: finalidade artística, sustentada por projetos estéticos. Eixos da língua literária: da restrição à infiltração da oralidade, da discriminação à aceitação dos regionalismos; do estilo formal para o estilo 4

coloquial, urbano, cotidiano; da gramática do português europeu para a gramática do português brasileiro III O continuum língua falada- língua escrita o Na verdade, língua falada e escrita se dispõem num cotinuum indo da oralidade para a escrituralidade: Continuum LF e LE: LÍNGUA FALADA LÍNGUA ESCRITA Conversa - Diálogo de peça teatral - Conferência - Notícia de jornal - Ensaio Referências bibliográficas CASTILHO, A. T. de. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010, p. 212-223. ILARI, R. & BASSO, R. O Português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2009, p. 180-185. 5