CONCESSÃO DO TRANSPORTE PÚBLICO EM POUSO ALEGRE, MG Contribuições para melhoramento do serviço Audiência Pública 11/12/2017 Documento completo no link: https://goo.gl/anu7hs 1. Política tarifária 1.1. Reajuste Tarifário. a) Modelo atual é o modelo CUSTO DO SERVIÇO Referência: último contrato celebrado com a Princesa do Sul R = 0,48 x i 1 + 0,23 x i 2 + 0,24 x i 3 + 0,5 x i 4 Sendo: R Índice de reajuste a aplicar entre os períodos considerados i 1 Variação anual do Reajuste Salarial dado pela empresa operadora i 2 Variação anual do preço do óleo diesel e lubrificantes coluna 54 da Revista Conjuntura Econômica da FGV i 3 variação anual dos Preços por Atacado Oferta Global produtos industriais Material de Transporte Veículos a Motor coluna 43 da revista conjuntura econômica da FGV i 4 índice acumulado anual do IPC do IGP-DI/FGV Obs.: nos itens i2 e i3 a variação citada refere-se a 12 meses, começando 2 meses antes do último reajuste e vai até 2 meses Página. 1-7
antes a data da solicitação do novo reajuste, devido a disponibilidade dos dados no mercado financeiro. b) Modelo necessário para eficiência no sistema: Modelo de revisão chamado PRICE CAP ou regulação por incentivo; Estimula a eficiência em explorações por monopólio (fator de concorrência em serviços prestados no regime de exclusividade); Modelo surgido e praticado na Inglaterra, posteriormente EUA. No Brasil temos experiências no setor energético regulado pela ANEEL. Nos termos do regime tarifário aplicado no Brasil a receita inicial da concessionária é dividida em duas parcelas. A parcela A envolve os chamados custos não gerenciáveis pela concessionária, explicitamente indicados no contrato. São custos cujo montante e variação escapam à vontade ou influência da concessionária, como a energia elétrica adquirida para atendimento aos clientes. A parcela B compreende o valor remanescente da receita, envolvendo os ditos custos gerenciáveis, que estão sujeitos ao controle ou influência das práticas gerenciais adotadas pela concessionária ou seja, os custos de operação (pessoal, material e serviços de terceiros). O contrato de concessão determina que o reajuste tarifário anual é calculado através de fórmula que assegura o repasse integral, nas datas de reajuste, das variações anuais de custos observadas na parcela A. Já a parcela B, na data de reajuste anual, é reajustada pelo IGP- M, com vistas à sua atualização monetária, sendo que o referido índice de preços é ajustado por um fator X, determinado pela ANEEL na revisão tarifária periódica. Dessa forma, a remuneração do capital investido na prestação do serviço não é pré-determinada (como no regime de custo do serviço), mas surge como parcela residual de receita, resultante da redução dos custos de operação com tarifas constantes em termos reais. No regime de regulação por incentivos, tais regras estimulam a concessionária a reduzir os custos de operação cobertos pela Parcela B da receita ao longo do período anterior à revisão tarifária, uma vez que menores custos para um mesmo nível real de tarifas, implicam em maiores benefícios para a concessionária, sob a forma de maior remuneração do capital. Levando em consideração que na precificação da tarifa leva-se em consideração CUSTOS NÃO GERENCIÁVEIS pela operadora e CUSTOS GERENCIÁVEIS. A noção é a de que na fórmula de reajuste há um Página. 2-7
incentivo de produtividade nos CUSTOS GERENCIÁVEIS, o denominado FATOR X. Desse modo, no Fator X a fórmula em termos gerais se daria da seguinte forma: R=I-X Sendo: R = Limite máximo de reajuste da tarifa; I = Índice de preços escolhido; e X = Fator de produtividade; De acordo com o modelo, se ao final de doze meses o índice de preços for de 10% e o fator X de produtividade for de 1%, o reajuste médio das tarifas seria de 9% (R = 10-1). receitas Dois principais efeitos: 1) a ciência do concessionário no dever de eficiência; 2) quanto maior a eficiência da concessionária, maior serão suas 1.2. TIR Taxa Interna de Retorno. Normalmente, a TIR é utilizada como um dos critérios de vencimento na concorrência para a exploração em monopólio do serviço. Porém, no contrato atual não há regras em relação à constância e manutenção da TIR pelo período da concessão, o que pode levar a abusos ou prejuízos por parte da concessionária. 2. ÓRGÃO REGULADOR. Indicativos, segundo relatos, de que não há estrutura administrativa composta por servidores de carreira, bem remunerados e com condições técnicas para agir de forma independente na função reguladora. Outro indicador é a contratação da prefeitura do exato suporte técnico que o órgão regulador deveria dar suporte, vide ementa do pregão: Página. 3-7
07/08/2017 14:00 Pregão 73/2017 CONTRATAÇÃO DE ASSESSORIA TÉCNICA CONSULTIVA À PREFEITURA MUNICIPAL DE POUSO ALEGRE COM O OBJETIVO DE DESENVOLVER OS TRABALHOS NECESSÁRIOS PARA UM ESTUDO DE RACIONALIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO DE PASSAGEIROS DO MUNICÍPIO ANEXO II a. Pesquisas e Coleta de Dados b. Diagnóstico do Atual Sistema de Transporte Coletivo c. Caracterização da oferta: d. Perfil da demanda manifesta: e. Índices operacionais do transporte coletivo: f. Diagnóstico do Sistema Atual: g. Desenvolvimento do Projeto de Racionalização Modelo de consultoria, infelizmente, não dá condições para que a política de um órgão regulador independente adira à estrutura administrativa. Não se gerencia o que não se mede; não se mede o que não se define; não se define o que não se entende; não há sucesso no que não se gerencia. Fonte: DEMING, William Edwards! A necessidade de um órgão regulador com: a) capacidade técnica; b) permeabilidade à sociedade; c) atuação independente; a) Assimetria informacional e Captura de interesses. Problemas que afetam a independência e capacidade de real agente homeostático. Página. 4-7
Um dos maiores problemas a ser enfrentado pelo regulador setorial diz respeito à assimetria de informações entre este e a empresa regulada. Para que o agente regulador atue de forma a conseguir extrair da empresa a prestação do serviço de forma eficiente, este necessita de informações detalhadas sobre as atividades econômico-financeiras e operacionais das firmas. As melhores fontes de obtenção dessas informações são as próprias firmas reguladas, pois elas são as detentoras das informações consideradas relevantes. Entretanto, essa forma de adquirir informações pode levar ao chamado problema de captura do regulador. Além deste aspecto, a busca de informação é um processo oneroso para o órgão regulador e, na maior parte dos casos, não é do interesse dos regulados. 2.1. Análise (regulação) econômica, análises (regulação) de eficiência, tipo contratual e regime de concessão. No documento justificativo da concessão há um juízo de valor de que o sistema é deficitário, necessitando, portanto, de aporte por parte do poder concedente nos termos do art. 11 da Lei 8987. Porém, não há qualquer indicador técnico que essa seja a realidade, mesmo havendo subsídio cruzado, típico do serviço de transporte público.! Página. 5-7
3. TRANSPARÊNCIA. Baixa transparência do sistema atual, o que inviabiliza o controle por parte da sociedade e demais órgãos de controle. - No site da concessionária atual, consultado às 12h36, há apenas os horários das linhas; - No portal da prefeitura, em consulta no mesmo horário, não tem nenhuma informação a não ser a da presente audiência pública. Referências: 1. Reajuste tarifário, Regulação por incentivos, Price Cap, Fator X: ANEEL. Cálculo do Fator X na revisão tarifária periódica das concessionárias de distribuição de energia elétrica: proposta de metodologia. Audiência Pública AP 023/2002. Nota técnica n. 326/2002/SRE/ANEEL. Superintendência de Regulação Econômica 25 de outubro de 2002. GOMIDE, Alexandre de Ávila. Transporte urbano e inclusão social: elementos para políticas públicas. Texto para discussão n. 960. Brasília, julho de 2003. OLIVEIRA, Tania Ferreira de. A importância da evolução dos contratos de concessão para a melhoria da qualidade do sistema de transporte público coletivo no Brasil. Curso de Gestão da Mobilidade Urbana. Ensaio Crítico - Turma 17. Associação Nacional de Transportes Públicos - ANTP. ROMANELLI, Fernanda Piaginni. A regulação por incentivos como forma de efetivação do princípio da eficiência na prestação de serviço público. Revista TCEMG jul. ago. set. 2014. Doutrina. 2. Taxa Interna de Retorno: GUERRA, Sérgio. Revisão da Taxa Interna de Retorno nas concessões. Revista Conjuntura Econômica Novembro 2015. TEIXEIRA, João A.; RIBEIRO, João S. O descompasso tarifário das concessões brasileiras. Valor econômico, 01/09/2015-05:00. Página. 6-7
3. Órgão regulador: FITZGERALD, Guy; WILLCOCKS, Leslie. Contracts and Partnerships in the Outsourcing of IT. ICIS 1994 Proceedings. 17. Disponível em: <http://aisel.aisnet.org/icis1994/17>. MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Agências Reguladoras Independentes. Belo Horizonte: Fórum, 2005. MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Concessões. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2015. PINTO JR, Helder Q.; PIRES, Melissa Cristina Pinto. Assimetria de informações e problemas regulatórios. Agência Nacional do Petróleo ANP, fevereiro/2000. 4. Estudos comparados: Ver estudo da PwC sobre o serviço de transporte público do Rio de Janeiro: <https://drive.google.com/open?id=0b0ksgndgshfcz0pabg94meuwou k>. Página. 7-7